AutorAldir Blanc

Aldir Blanc

Que eu não ponho cada coisa em seu lugar
Comigo nunca foi assim
Princípio, meio e mais o fim
Que o meu fim é no começo das estórias
Onde eu morro pra nascer
No escuro é que eu sei ver
Eu não tenho esse poder de julgamento
Mas quando há bondade em mim
O bom nasce do ruim
Prezo muito a intensidade do momento
Meu amor quer me beijar
Eu procuro aproveitar

Aldir Blanc

O tempo, no fundo é uma eterna criança,
que não soube amadurecer.
Eu posso, ele não vai poder me esquecer!
(Música Resposta ao Tempo, composta em parceria com Cristovão Bastos)

Aldir Blanc

Desencontro Marcado
É, não vem,
não vou.
Deixa pra lá,
depois se vê.
Você queima
e eu não ponho
a mão no fogo por você.

Aldir Blanc

Hefesto
Um dia inteiro
para
em queda livre
beijar o solo.
No tempo mitológico
o dia é a vida.
Os filhos que ficam
grudados na mãe
passam toda a vida
caindo.

Aldir Blanc

Lamas
Ter coragem de olhar
pela última vez
e mentir calmamente:
quem sabe?… Talvez…
como se a última vez
ficasse pra outra vez

Aldir Blanc

Você
…foi mais ou menos isso:
um susto louco
ao dobre do crepúsculo,
como se meu corpo
fosse todo-olvidos.

Aldir Blanc

Angústia de Influência
A mulher e o toureiro
têm em comum o cheiro
de sangue no esmero da roupa
têm em comum a graça
com que transpassam
a besta com a capa e a espada
têm em comum o estro
poético do gesto antes da
morte, os olhos de martírio
o homem-fera
babuja a bainha da Valquíria
quando
o infinito
lavra no lacre
seu sinete:
a besta expira, atônita
diante da verônica
de Manolete

Aldir Blanc

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