AutorZemaria Pinto

Zemaria Pinto

o sapo, num salto,
cresce ao lume do crepúsculo
buscando a manhã

Zemaria Pinto

barco vagabundo,
desliza à pele do rio
a árvore morta

Zemaria Pinto

notícias do sol –
os pássaros da manhã
cantam na varanda

Zemaria Pinto

dissolve-se a tarde
no alarido das araras
e em flocos de chumbo

Zemaria Pinto

caminho de terra,
o mato à margem exala
perfumes silvestres

Zemaria Pinto

o pouso silente
da borboleta de seda
celebra a manhã

Zemaria Pinto

urubus desenham
no teto cinza da tarde
lentas espirais

Zemaria Pinto

alta madrugada,
vaga-lumes no jardim
brincam de ciranda

Zemaria Pinto

sobre a mesa posta
o olhar do peixe descansa
fitando o infinito

Zemaria Pinto

as nuvens vermelhas,
o sol sumindo no rio
– silêncio noturno

Zemaria Pinto

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