o sapo, num salto,
cresce ao lume do crepúsculo
buscando a manhã
barco vagabundo,
desliza à pele do rio
a árvore morta
notícias do sol –
os pássaros da manhã
cantam na varanda
dissolve-se a tarde
no alarido das araras
e em flocos de chumbo
caminho de terra,
o mato à margem exala
perfumes silvestres
o pouso silente
da borboleta de seda
celebra a manhã
urubus desenham
no teto cinza da tarde
lentas espirais
alta madrugada,
vaga-lumes no jardim
brincam de ciranda
sobre a mesa posta
o olhar do peixe descansa
fitando o infinito
as nuvens vermelhas,
o sol sumindo no rio
– silêncio noturno