Esse ponto de contato interior, apesar de toda a sua importância, não é, entretanto, mais do que um ponto. Após o longo período de materialismo de que ela está apenas despertando, nossa alma acha-se repleta de germes de desespero e de incredulidade, prestes a soçobrar no nada. A esmagadora opressão das doutrinas materialistas, que fizeram da vida do universo uma vã e detestável brincadeira, ainda não se dissipou. A alma que volta a si permanece sob a impressão desse pesadelo. Uma luz vacilante brilha tenuemente, como um minúsculo ponto perdido no enorme círculo da escuridão. Essa luz fraca é apenas um pressentimento que a alma não tem coragem de sustentar; ela se pergunta se a luz não será o sonho, e a escuridão a realidade. Essa dúvida e os sofrimentos opressivos que ela deve à filosofia materialista distinguem nossa alma da alma dos primitivos. Por mais levemente que se a toque, nossa alma soa como um vaso precioso, que se encontrou rachado na terra. É por isso que a atração que nos leva ao primitivo, tal como o sentimos hoje, só pode ser, sob sua forma atual e factícia, de curta duração.
Salta os olhos que essas duas analogias da arte nova com certas formas de épocas passadas são diametralmente opostas. A primeira exterior, será sem futuro. A segunda é interior e encerra o germe do futuro. Após o período de tentação materialista a que aparentemente sucumbiu, mas que repele como uma tentação ruim, a alma emerge, purificada pela luta e pela dor. Os sentimentos elementares, como o medo, a tristeza, a alegria, que teriam podido, durante o período da tentação, servir de conteúdo para a arte, atrairão pouco o artista. Ele se esforçara por despertar sentimentos mais matizados, ainda sem nome. O próprio artista vive uma existência completa, relativamente requintada, e a obra, nascida de seu cérebro, provocara no espectador capaz de experimentá-las, emoções mais delicadas, que nossa linguagem é incapaz de exprimir.
Esperança e cor: O domínio do preto marca a extinção de tudo, e depois disso só podemos entrever, quem sabe, o nascimento de um Novo Mundo.
O espírito, como o corpo, pode ser fortalecido e desenvolvido pelo exercício frequente. Tal como o corpo, se negligenciado, cresce fraco e impotente, o espírito perece se abandonado.
A cor é uma energia que influencia diretamente a alma.
O artista deve treinar não apenas seus olhos, mas principalmente sua alma.
Uma tela em branco é uma maravilha viva… muito mais bela do que certas imagens.
É belo o que procede de uma necessidade interior da alma.
Não há nenhum dever na arte porque a arte é livre.
Criar uma obra de arte é criar um mundo.
Tudo começa num ponto.
Toda forma, toda cor, significa um sentimento: não existe nada no mundo que não diga nada.
Toda a obra de arte é filha do seu tempo e, muitas vezes, a mãe dos nossos sentimentos.
Toda cor provoca uma vibração psíquica. Quanto mais cultivado é o espírito sobre a qual ela se exerce, mais profunda é a emoção que essa ação elementar provoca na alma.”