AutorValter da Rosa Borges

Valter da Rosa Borges

O amor é como a religião: precisa de rituais e de mistérios

Valter da Rosa Borges

A paz é a consciência de que, essencialmente, só somos necessários a nós mesmos

Valter da Rosa Borges

Sofrer o mal como se fosse efĂŞmero. Gozar o bem como se fosse eterno.

Valter da Rosa Borges

Não há busca para algo definitivo. Só a busca é definitiva.

Valter da Rosa Borges

Termos inimigos é inevitável. Porém depende de nós não ser inimigo de ninguém.

Valter da Rosa Borges

Poucos resistem ao fascĂ­nio de obter sucesso, e ao fascĂ­nio do sucesso, quando obtido.

Valter da Rosa Borges

Casamento: duas pessoas que vivem juntas na ilusĂŁo de que ainda sĂŁo as mesmas.

Valter da Rosa Borges

Ninguém se sacrifica por fazer o que gosta.
Sofrer Ă© fazer o que nĂŁo se quer.
Para quem faz o que não quer, até uma flor é pesada.

Valter da Rosa Borges

Há duas formas de escravidão: a escravidão às coisas e a escravidão às idéias.

Valter da Rosa Borges

O apego Ă© a maior escravidĂŁo.
Aquele que se apega, renunciou ao direito de liberdade.

Valter da Rosa Borges

Livre pensador é aquele que está livre até de suas próprias idéias.

Valter da Rosa Borges

Nem sempre é possível libertarmo-nos dos fatos, mas, sim, das idéias que temos sobre eles.

Valter da Rosa Borges

Amamos o saber ou, na verdade, amamos o poder que o saber nos dá?

Valter da Rosa Borges

Solitário é aquele que pensa só em si.
A sua dor Ă© maior, porque Ă© dele sĂł.
A sua alegria Ă© menor, porque nĂŁo Ă© acrescida pela alegria dos outros.

Valter da Rosa Borges

Por que alguém nos deve fazer felizes?
Se não nos fizermos felizes, ninguém mais no mundo poderá fazê-lo.

Valter da Rosa Borges

Há doentes que fazem de sua enfermidade uma forma eficaz de domínio sobre as pessoas, aprisionando-as nas cadeias da comiseração.

Valter da Rosa Borges

Quem é humilde, não busca, voluntariamente, a humilhação, mas se sujeita à humilhação, que lhe é imposta.
Há, no entanto, os que se humilham para satisfazer a vaidade de parecerem humildes.

Valter da Rosa Borges

A fé é a certeza sem prova.
A ciĂŞncia Ă© a probabilidade da certeza.

Valter da Rosa Borges

É uma infelicidade a ânsia de ser feliz.

Valter da Rosa Borges

Quem se apega ao que foi, carrega um cadáver às costas.

Valter da Rosa Borges

A inveja é um desejo paralítico, que não suporta e ambição bem sucedida.

Valter da Rosa Borges

A verdadeira infidelidade Ă© ser fiel ao que nĂŁo mais somos.

Valter da Rosa Borges

Toda biografia é, na verdade, uma sucessão de pessoas semelhantes e, em outros momentos, também diferentes.

Valter da Rosa Borges

O sempre e o nunca são criações do homem desejoso de impor leis à natureza.

Valter da Rosa Borges

Palavras e números são invenções humanas e, por isso, inúteis para a compreensão do real.

Valter da Rosa Borges

Um vazio pulsante Ă© o que somos,
vivendo na ilusĂŁo da solidez.
Matéria são vazios que colidem.
As formas sĂŁo momentos do vazio.
Tudo é mudança.
Mas, o que dirige
a universal mudança do vazio?

Valter da Rosa Borges

Os mistérios são alucinógenos.
A mĂ­stica Ă© a embriaguĂŞs
de quem provou o infinito.

Valter da Rosa Borges

Apegar-se ao conhecimento Ă© o mesmo que se apegar Ă s coisas.
Todo apego, seja de que natureza for, Ă© uma prisĂŁo.
Quem nĂŁo Ă© livre do que sabe, nĂŁo pode aprender sempre.
Sábio não é aquele que se imobiliza no seu vasto saber, mas aquele que é capaz de renunciar a tudo o que sabe para saber mais.

Valter da Rosa Borges

Quem procura sempre agradar, esquece de se agradar.

Valter da Rosa Borges

Fatos se tornam sonhos
e sonhos se tornam fatos.
Qual deles Ă© o real?
O fato que já passou?
O sonho que ainda Ă© sonho?

Valter da Rosa Borges

Saudade há que dura um corpo:
Ă© chaga para toda a vida.
Sangra quando lembrada
e nunca mais cicatriza.

Valter da Rosa Borges

Pensar além das galáxias
e das fronteiras atĂ´micas,
Ă© o nosso Ăşnico modo
de ser também infinito.

Valter da Rosa Borges

A consciĂŞncia sustenta
o corpo, o tempo e o espaço.
O que sustenta a consciĂŞncia?

Valter da Rosa Borges

Onde o sonho nĂŁo Ă© possĂ­vel,
começa o território do vazio,
o oco do ser, o chĂŁo do nada,
a despercepção e a desmemória.

Valter da Rosa Borges

O presente nunca Ă© puro:
há sempre as nódoas do passado.

Valter da Rosa Borges

O tempo Ă© a eternidade
que se perdeu de si mesma.

Valter da Rosa Borges

NĂŁo existe sedativo
para uma dor cultivada
que nĂŁo morreu quando devia.

Valter da Rosa Borges

O tempo nem sempre apaga
as nódoas do já vivido,
principalmente o sofrido
e as fundas marcas do amado.

Valter da Rosa Borges

Nem o ácido do tempo
dissolve a dura saudade
em que o amor se tornou.

Valter da Rosa Borges

Tudo não pára de viver,
tudo não pára de morrer.
Eis a imortalidade!

Valter da Rosa Borges

Não há explicação para a alegria,
nem nos interessa explicá-la.
Porém, a doença, o sofrimento,
a velhice e a morte inevitável
nos fazem pensar que a vida
tem alguma explicação.

Valter da Rosa Borges

O esquecimento Ă© maior que a morte,
porque termina o que a morte começou.

Valter da Rosa Borges

Um dia, volveremos ao infinito.
Onde estaremos? E o que seremos?
O nada do infinito nĂŁo responde,
pois não há ninguém para escutar.

Valter da Rosa Borges

De tudo somos possuĂ­dos:
coisas, pessoas e idéias.
Mas sĂł a morte nos possui de vez.

Valter da Rosa Borges

Quem morre, nĂŁo sonha mais:
agora Ă© sonho dos outros.

Valter da Rosa Borges

O vento sabe todos os caminhos,
mas nĂŁo deixa seus rastros nas areias.

Valter da Rosa Borges

O espaço do passado
cresce a cada instante
pelos aluviões do presente;
Mas o espaço do presente
Ă© sempre o mesmo.

Valter da Rosa Borges

O passado tem muitas portas
e, nele, nos perdemos muitas vezes,
sem encontrar a porta do presente.

Valter da Rosa Borges

O passado cresce como musgo
nas paredes do presente,
até que não haja paredes
livres para o presente.
Até que não haja presente
e nem existam paredes.

Valter da Rosa Borges

O máximo de liberdade
ocorre na solidĂŁo.
A liberdade menor
Ă© partilhada com os outros.
Mas, sem eles, de que serve
a máxima liberdade
estéril da solidão?

Valter da Rosa Borges

Eu sĂł serei definitivo
quando morrer.

Valter da Rosa Borges

A felicidade nĂŁo se guarda:
Ă© para consumo imediato.

Valter da Rosa Borges

DĂłi pensar no infinito.
DĂłi pensar na eternidade.
Masoquismo cognitivo,
obsessão incurável,
que o tempo nĂŁo alivia
e sĂł na morte se acaba.

Valter da Rosa Borges

Aprendemos a morrer
quando o dormir Ă© profundo
e não há sonhos lembrados.
Na insĂ´nia, a vida resiste.

Valter da Rosa Borges

Já disseram que somos deuses.
O que Ă© ser um deus?
Nem mesmo sequer sabemos
o que Ă© ser humano!

Valter da Rosa Borges

Ninguém deixa de amar:
o amor Ă© que muda de objeto.

Valter da Rosa Borges

O elogio Ă© um sedativo,
ou um estimulante.
De qualquer jeito vicia.

Valter da Rosa Borges

Outrora, essa rua era
um enorme e denso silĂŞncio.
Muitas árvores. Poucas pessoas.
Porém, o rio do barulho urbano
invadiu a rua e as casas.
E o silĂŞncio se foi na correnteza
para nunca mais ser escutado.

Valter da Rosa Borges

Um dia, ficamos adultos
e os nossos brinquedos mudaram.
Ninguém pode viver sem seus brinquedos.

Valter da Rosa Borges

Santificaram a pobreza.
Mas muitos pobres preferem
a riqueza Ă  santidade.
Satanizaram a riqueza.
Mas os ricos nĂŁo se importam
se sua riqueza é satânica.

Valter da Rosa Borges

Um inimigo visĂ­vel pode ser vigiado.
Um inimigo invisĂ­vel nos vigia.

Valter da Rosa Borges

Máscaras de Deus, só existimos,
enquanto Deus em nĂłs se representa.
O Bem e o Mal são condições do palco
e cessam ao término do espetáculo.
O pecado Ă© pensar que existimos
nos papéis que nos foram destinados.
No pior vilĂŁo, no excelso herĂłi,
o mesmo Deus se exalta como ator.

Valter da Rosa Borges

Os teĂłlogos sĂŁo os
ficcionistas de Deus.
SĂŁo exĂ­mios contadores
de histĂłrias,
que acreditam
serem verdadeiras.

Valter da Rosa Borges

Deus nĂŁo tem face.
Ele Ă© a face
de todas as coisas.

Valter da Rosa Borges

Brotamos de Deus
como as flores, folhas e frutos
brotam da árvore.
Todos são e não são a árvore.
Todos somos e nĂŁo somos Deus.
Somos Deus brotando
de si mesmo.

Valter da Rosa Borges

Deus é espaço e tempo,
infinito e eternidade.
Nascimento, mudança, morte
e renascimento de tudo.

Valter da Rosa Borges

Deus é a substância de tudo,
e tudo é Sua manifestação.

Valter da Rosa Borges

O vazio nĂŁo Ă©
a ausĂŞncia de Deus,
mas a Sua invisibilidade.

Valter da Rosa Borges

Quem ora a Deus,
ora a si mesmo.
E faz milagres
como um Deus finito.

Valter da Rosa Borges

Deus Ă© o caos criador da ordem.
A ordem que retorna ao caos.
O caos que se converte em ordem
na massa pulsante do infinito.

Valter da Rosa Borges

Deus nĂŁo criou a vida.
Ele Ă© a vida.
E tudo o que existe
Ă© vida.

Valter da Rosa Borges

A verdadeira oração se dirige
ao Deus que Ă© aquele que ora.
Conversar com Deus Ă© dialogar
com o mais Ă­ntimo de nĂłs.

Valter da Rosa Borges

Deus não está
prĂłximo nem longe de nĂłs:
Ele simplesmente está.

Valter da Rosa Borges

É difícil aceitar
a face escura de Deus.
RarĂ­ssimos sĂŁo aqueles
que o conseguem.
E os que se tornam
a face escura de Deus?
Como as pessoas comuns
poderĂŁo compreendĂŞ-los?

Valter da Rosa Borges

Deus nĂŁo Ă© para ser achado.
Porque achamos que Deus
Ă© isso ou nĂŁo Ă© aquilo,
ficamos na ilusĂŁo
de O ter achado.

Valter da Rosa Borges

Deus nasce todo dia em cada homem
e aprende conosco o que Ele sabe.
Deus se deixa encontrar a cada instante,
sem ser chamado, sem ser procurado,
nos terrenos mais férteis ou mais sáfaros,
em meio à oração ou à heresia,
sem encontro marcado e em qualquer parte.

Valter da Rosa Borges

Há mais mistérios na mente do que em toda a extensão do universo.

Valter da Rosa Borges

Nascemos de uma explosĂŁo:
átomo ou ovo primordial
a miniatura do nada.
Espaço, tempo, matéria
e o infinito num ponto.
Onde Ă© que Deus estava
nesta singularidade?

Valter da Rosa Borges

O infinito nos priva
da emoção de chegar.
Somente o que Ă© finito
tem inĂ­cio, meio e fim.
O infinito Ă© caminho,
que não termina ou começa
em qualquer tempo e lugar.

Valter da Rosa Borges

Uma folha que cai
desarruma o universo.
O respiro de uma ave
afeta o clima da Terra.
O balançar de uma teia#11;
e aranha afeta a galáxia.
Uma criança que nasce
muda o destino do mundo.
Cada gesto de amor
salva toda a humanidade.

Valter da Rosa Borges

Nada há que segurar.
O vazio Ă© que sustenta
mundos,
seres
e coisas.

Valter da Rosa Borges

Por causa dos nossos olhos
O mundo Ă© cheio de cores.
E por causa dos ouvidos
O mundo Ă© cheio de sons.
Se as pessoas, de repente,
ficassem cegas e surdas,
o mundo teria cores,
o mundo teria sons?
Quem o testemunharia?

Valter da Rosa Borges

Os livros estĂŁo extinguindo
as árvores.
Temos livros de mais
e árvores de menos.

Valter da Rosa Borges

O homem inventou a igualdade.
Na natureza tudo Ă© desigual.
A perfeição é invenção geométrica.
A ordem do mundo Ă© o caos mutante.
A criação é sempre nova:
sĂł acontece uma vez.
Se vocĂŞ aprender a ver
nunca mais dirá que o mundo
Ă© o mesmo o tempo todo.

Valter da Rosa Borges

Inventamos a linha reta
e queremos que nossa vida
seja uma linha reta.
A Vida nĂŁo Ă© geometria,
mas uma farra de formas.
Há coisa mais monótona
do que o corredor?
Ele Ă© Ăłtimo para as correntes de ar
e os fantasmas.
A vida Ă© um labirinto
cheio de passos e de impasses.
A vida Ă© o caos que o homem tenta
inutilmente disciplinar.
SĂł o caos Ă© criativo.
A ordem produz rotinas
e é repressora do inédito.
Quando o caos se cansa,
vira ordem.

Valter da Rosa Borges

Um ateu diria que Deus
fez esse mundo tĂŁo mal feito,
tĂŁo cheio de sofrimentos
que ficou envergonhado
e até hoje vive escondido.

Valter da Rosa Borges

O que Ă© um borrĂŁo
senĂŁo uma forma sem nome.
Não tem certidão geométrica.
É uma forma sem forma.
Um transgressor chamado amorfo.
Mas, acontece que a vida
é cheia de borrões
e não dos entes geométricos,
que o homem inventou.

Valter da Rosa Borges

Um dia, morreremos
(ou acordaremos?).
E, se acordarmos,
o que seremos?

Valter da Rosa Borges

A visĂŁo Ă© maior que os olhos:
o real Ă© mais do que o visto.
Os olhos nos prendem Ă  vida,
que Ă© nosso modo de ver.
Na morte, a visĂŁo sĂŁo olhos
de ver em outro lugar.

Valter da Rosa Borges

Como duas partĂ­culas
no universo quântico,
um dia, nos encontramos
pelos acasos do amor.
Embora nos separemos
e nunca mais nos vejamos,
estaremos sempre em contato
em qualquer lugar do infinito.
Essa nĂŁo-localidade
(o amor também é quântico)
une todas as partĂ­culas
e corações no universo.
O espaço dos que se amam
ocupa todo o infinito.

Valter da Rosa Borges

Um dia, todos seremos
um dos bilhões de esquecidos,
que tinham a ilusĂŁo
de continuarem lembrados.

Valter da Rosa Borges

As armas nĂŁo garantem a paz.
O poder enlouquecido
também mata os poderosos.
A paz depois da guerra
Ă© o silĂŞncio dos mortos
e o espanto mudo dos vivos.

Valter da Rosa Borges

Qual o peso e o tamanho
da saudade que sentimos?
Que distância é a saudade
entre as pessoas ausentes?
Qual o tempo da saudade
para doer na perda
das afeições mais queridas?
Qual o peso da saudade
no coração solitário?

Valter da Rosa Borges

A quem devo invocar se já não creio
em tudo o que foi dito e revelado?
A dúvida é forte como a fé
e se sustenta no seu próprio vácuo.
E nem creio sequer em minha dĂşvida,
porque tudo o que Ă© crido Ă© construĂ­do
dos nossos medos e fragilidades.
Deus nĂŁo Ă© a dor justificada,
o prêmio e o castigo além do túmulo,
mas tudo o que nĂŁo pode ser descrito
nem humanamente compreendido.
Ser humano que sou, nĂŁo sei que humano
possa exceder à sua condição
e revelar mistérios que não passam
de criações da carne atormentada.

Valter da Rosa Borges

O mundo Ă© feito por nĂłs.
NĂłs somos os nĂłs do mundo
e em tudo estamos atados.
O eu sem nĂłs nĂŁo existe.
A morte Ă© o eu desatado.

Valter da Rosa Borges

NĂŁo me dĂłi o que perdi,
pois tive o prazer de ter.
DĂłi-me tudo o que nĂŁo tive
e o quanto nĂŁo pude ser.

Valter da Rosa Borges

Enquanto penso,
fico pĂŞnsil
entre o sonho e o real.

Valter da Rosa Borges

Pior que o amor perdido
Ă© o amor que nĂŁo foi dado
e tudo o que nĂŁo foi gasto
no tempo que era devido.

Valter da Rosa Borges

O que Ă© o vento senĂŁo
o vazio em movimento?
O que o espaço senão
o vazio parado?

Valter da Rosa Borges

Procuramos Deus no Cosmos.
Procuramos Deus no átomo.
Onde o seu esconderijo?

Valter da Rosa Borges

Com qual medida medimos
o homem que tudo mede?
Que metro que nĂŁo o homem
pode medir o além do humano?
Que metro pode medir
o infinito e a eternidade?

Valter da Rosa Borges

O acaso Ă© um deus imprevisĂ­vel.
Mas Deus Ă© previsĂ­vel?

Valter da Rosa Borges

Há algo imóvel,
que move tudo.
Há o vazio
em todas as coisas.
Há o silêncio
por trás de todos os ruídos.
Há uma essência
comum a todos os seres.
Há o imortal escondido
em todas as mortes.
Há o eterno disfarçado
em todas as aparĂŞncias
do transitĂłrio.

Valter da Rosa Borges

Qual a medida da alma?
Em que espaço e em que tempo
a alma Ă© encontrada?
Como morre o que nĂŁo Ă©
capaz de ser mensurado?
Como nasce o que nĂŁo Ă©
feito de matéria e tempo?
Mas, o que faz esse corpo
pensar que Ă© alma imortal?

Valter da Rosa Borges

NĂŁo chore as flores que murcharam:
elas já cumpriram seu papel.
Reverencie as flores que florescem,
porque, na sua essĂŞncia,
elas sĂŁo as mesmas flores
que morreram.

Valter da Rosa Borges

A carne Ă© sonho transitĂłrio.
Quando dormimos, voltamos
Ă  nossa essĂŞncia onĂ­rica.
Quando morrermos, seremos
o sonho definitivo
que, um dia, foi homem,
que pensava ser real.

Valter da Rosa Borges

Se afago a madeira,
afago a árvore.
A floresta persiste
em cada mĂłvel.
Mesas, cadeiras e armários
são árvores amnésicas.

Valter da Rosa Borges

SĂł os mortos nĂŁo mudam.
deserdados do futuro,
exilados do presente,
são imagens estéreis,
que nĂŁo mais se reproduzem.
Só os vivos são férteis,
gerando suas imagens
constantemente no mundo.

Valter da Rosa Borges

O vazio, alma da forma.
O vazio Ă© qualquer forma.
A alma Ă© o vazio,
que cria todas as formas.

Valter da Rosa Borges

Somos uma das infinitas
versões de Deus.
Embora diferentes,
todos somos um.
Tudo Ă© clone de Deus.

Valter da Rosa Borges

Saudade do que fiz.
Saudade do que nĂŁo fiz.
NĂŁo sei qual delas dĂłi mais.

Valter da Rosa Borges

A solidĂŁo procurada.
A solidĂŁo consentida.
A solidĂŁo imposta
e aberta como ferida.
A solidĂŁo com tantos.
A solidão sem ninguém .
A solidĂŁo, companhia
para o mal e para o bem.
A solidĂŁo que estimula.
A solidĂŁo que amofina.
A solidão construção.
A solidĂŁo sĂł ruĂ­na.

Valter da Rosa Borges

Escrever Ă© uma forma
de deixar a nossa alma
preservada nas palavras,
no corpo de cada livro,
fazendo parte da mente
das pessoas que nos lĂŞem.
Quem escreve, clona a alma.

Valter da Rosa Borges

Odeia-se aquele que Ă© livre,
porque perturba o descanso
das pessoas rotineiras.
O louco é insuportável,
porque vive perdido
na liberdade total.

Valter da Rosa Borges

O escritor é um médium:
vive vidas nĂŁo vividas,
personagens que nĂŁo foi,
memĂłrias alienĂ­genas,
lugares que nunca andou,
dores e amores vários,
o que nunca sofreu ou amou,
tudo escorrendo do braço
para a mĂŁo que psicografa
o que jamais escreveu
ou que sentiu ou pensou.
Criação ou adoção
o que escreveu como seu,
filho que nunca gerou?

Valter da Rosa Borges

A cidade cresce para cima:
faz fronteira com o nada,
porque nada existe além
do Ăşltimo andar.
A cidade cresce para cima,
em edifĂ­cios cada vez mais altos:
aumenta seus subĂşrbios verticais.

Valter da Rosa Borges

Quarto de hotel Ă© promĂ­scuo.
Por mais que seja limpo
por zelosas faxineiras,
permanece sempre o cisco
de emoções e pensamentos
de seus hĂłspedes fugazes,
nos lençóis, nos travesseiros,
nas fronhas, mesmo lavados,
diligentemente trocados,
no chĂŁo e no guarda-roupa,
na cama e nas cadeiras.
Nos cabides pendurados
problemas ali deixados
e também mágoas dormidas
fedendo nos cobertores.

Valter da Rosa Borges

Escreve-se por escrever,
para brincar com palavras
e inventar absurdos –
importa que sejam belos
ou arrepiem a lĂłgica –
e frases que sejam coisas
diferentes das comuns.
Inventar novas palavras
de semântica imprevista.
Escrever como quem brinca
de desarrumar as coisas
e arrumá-las de outro jeito.
Palavras e sĂł palavras.
Neste caos fraseolĂłgico
que mundo pode eclodir?

Valter da Rosa Borges

Tortura tecnolĂłgica
para manter quase vivo
o que quase morto está.

Valter da Rosa Borges

Misto de sonho e carne,
somos carne que sonha
ou sonho que se fez carne?
O sono Ă© que nos divide
em dois seres paralelos.
Qual deles Ă© o ser real?

Valter da Rosa Borges

O sonho Ă© o nosso modo
de caminhar sem o corpo.
O corpo pouco nos leva:
somos nĂłs que o arrastamos.
Queremos ver mais que os olhos,
ouvir mais que os ouvidos,
e exercer a onipresença,
em qualquer lugar do mundo.

Valter da Rosa Borges

O que nĂŁo serve para nĂłs
apenas nĂŁo nos serve.
Quem percebe
a totalidade
sabe que nada Ă© inĂştil,
e que as coisas existem
sem explicação.
Se tudo tem um sentido,
qual o sentido do homem,
da flor, da pulga, da estrela?

Valter da Rosa Borges

Cansado de eternidade,
Deus fez-se tempo e espaço,
e explodiu em átomos e galáxias
no infinito de si mesmo.

Valter da Rosa Borges

Os átomos se fizeram homens
para se conhecerem a si mesmos
e tudo o mais que fizeram.
Como homens, pensam que Deus
foi o criador de tudo.
Os átomos enlouqueceram?

Valter da Rosa Borges

Uma estátua, por mais bela,
nĂŁo se equipara
Ă  pessoa mais humilde.
Uma simples planta no jardim
Ă© mais formosa
do que qualquer natureza morta.

Valter da Rosa Borges

A brincadeira nos devolve
a pureza original.
O paraĂ­so Ă© o lĂşdico.
A inocĂŞncia perdida
nos condenou ao trabalho.
SĂł o Ăłcio primordial
é a redenção do homem
que não soube ficar criança.

Valter da Rosa Borges

Todos vigiam e sĂŁo vigiados.
Eis o que é segurança.
E a liberdade?

Valter da Rosa Borges

O silêncio também é voz.
É aquilo que não foi dito,
porque, se dito, era pouco.
O silĂŞncio nĂŁo se mede
pela medida da frase.
Excede qualquer semântica.
Não é dicionarizável.
No princĂ­pio era o verbo,
mas antes dele o silĂŞncio,
anterior ao princĂ­pio.

Valter da Rosa Borges

Será que foi de propósito
que Deus fez a vida
sem propĂłsito?
Foi o homem que inventou
o propĂłsito da vida.
Por isso, nĂŁo pode entender
que a vida Ă© sem propĂłsito.
E sofre assim sem propĂłsito.

Valter da Rosa Borges

NĂŁo somos mais aqueles cujo amor
imaginou a juventude eterna.
Hoje, idosos, os corpos sem calor…
O fogo da paixĂŁo agora hiberna.
Somente o amor, essa visĂŁo interna
consegue ainda ver todo o esplendor
da convivĂŞncia cada vez mais terna
em saudades diárias a compor
e recompor, histĂłria por histĂłria,
as imagens dos dias consumidos
a fim de preservar mĂştua memĂłria.
Mesmo que restem fatos esquecidos,
no turbilhĂŁo da vida transitĂłria,
jamais se perderĂŁo, porque vividos.

Valter da Rosa Borges

A cada dia basta a sua prĂłpria verdade.

Valter da Rosa Borges

A cada dia que acordamos, começa a eternidade.

Valter da Rosa Borges

A verdade é uma força. Mas, sempre há o perigo de a força se disfarçar em verdade.

Valter da Rosa Borges

Tecnologicamente, chegamos ao ponto em que podemos destruir-nos completamente. A natureza não sentirá a nossa falta.

Valter da Rosa Borges

O povo Ă© um rebanho sempre a procura de um pastor. Mas, quase sempre, nĂŁo sabe escolher o pastor.

Valter da Rosa Borges

A ética se imporá naturalmente, quando compreendermos que ela é indispensável à sobrevivência da sociedade.

Valter da Rosa Borges

Os dois maiores inimigos do ser humano: o fascĂ­nio do poder e a paralisia do medo.

Valter da Rosa Borges

O verdadeiro mago Ă© quem faz de sua vida um contĂ­nuo encantamento.

Valter da Rosa Borges

A ignorância é também uma das causas da tranquilidade.

Valter da Rosa Borges

É perigoso alguém tornar-se um mito, pois perderá o direito de errar.

Valter da Rosa Borges

Nem sempre a velhice torna as pessoas mais suaves como acontece com os vinhos envelhecidos.

Valter da Rosa Borges

O mistério nasce na distância e morre na intimidade.

Valter da Rosa Borges

O livre-pensador Ă© visto como um perigoso inimigo do rebanho humano.

Valter da Rosa Borges

A vaidade é sempre sincera. A modéstia nem sempre.

Valter da Rosa Borges

As pessoas morrem duas vezes: morrem no corpo e na memĂłria dos vivos.

Valter da Rosa Borges

A filosofia nĂŁo Ă© um modo de conhecer o mundo, mas o de nos conhecermos no mundo.

Valter da Rosa Borges

A arte é uma sedução que seduz o próprio sedutor.

Valter da Rosa Borges

Se pudéssemos prever tudo, perderíamos o prazer do inédito.

Valter da Rosa Borges

Quem nĂŁo sabe sorrir e chorar, Ă© um ser humano incompleto.

Valter da Rosa Borges

Quem necessita de admiradores, não tem suficiente admiração por si mesmo.

Valter da Rosa Borges

No agora não há palavras:
o que se fala, passou.
A palavra Ă© sempre eco
do que nĂŁo existe mais.
A percepção é agora.
O pensamento Ă© depois.

Valter da Rosa Borges

NĂŁo vejo as tuas pegadas
nem escuto os teus passos,
pois és feito de silêncio
e de invisibilidade.
O real nĂŁo Ă© a medida
da nossa percepção.
Eu creio no que nĂŁo vejo,
no que não ouço, nem toco.
Os sentidos me apequenam
e a razĂŁo me aprisiona,
o corpo me faz mortal.
Tempo e espaço são o cárcere
do prisioneiro ilusĂłrio.
Quem crĂŞ em suas paredes,
nĂŁo pode ver o infinito.

Valter da Rosa Borges

Ninguém vai chorar por você,
mas pela falta que você fará,
a companhia e a presença,
o tempo compartilhado,
os espaços preenchidos,
seu ouvido disponĂ­vel,
sua voz consoladora.
A morte destrĂłi o corpo,
nĂŁo o amor que ficou,
embora em dor e saudade.
Lembrança é quase pessoa,
vagando por toda a casa,
perfume de coisas ĂłrfĂŁs,
gemendo em cada lugar.

Valter da Rosa Borges

SĂł somos uma vez e nunca mais:
não há repetições na Natureza.
NĂŁo se confunda o som com o seu eco.
Os fantasmas sĂŁo ecos que assombram
os ouvidos sensĂ­veis da saudade.

Valter da Rosa Borges

Somente quando te fizeres vazio,
experimentarás o Vazio.
Somente quando nĂŁo tiveres vontade,
conhecerás a Vontade.
Somente quando deixares de ser,
encontrarás o Ser.
Somente quando te despojares
do que julgas ser teu,
possuirás o que é teu.
Somente quando te sentires vazio de tudo,
reconquistarás a Plenitude.

Valter da Rosa Borges

Sentimos a flor conforme a vemos
não pelos átomos que a compõem.
Quem disseca a flor, nĂŁo vĂŞ a flor.
É procurar o homem no cadáver.

Valter da Rosa Borges

Da janela do presente
observa-se o presente
com os olhos do passado.
Da janela do presente
observa-sse o futuro
como extensĂŁo do passado.
Quando somos o presente,
não há futuro e passado,
porque só há o presente
observando o presente.

Valter da Rosa Borges

O que será do guerreiro
se ninguém quiser lutar?!

Valter da Rosa Borges

Fatos são flutuações,
o vento alisando as ondas
do oceano impassĂ­vel.

Valter da Rosa Borges

Todo sonho Ă© um fato
que ainda falta acontecer.

Valter da Rosa Borges

O espĂ­rito Ă© um sonho
que, um dia, se fez carne
e pensou que era carne,
até voltar a ser sonho.

Valter da Rosa Borges

Liberdade de uma folha
girando solta no ar,
nas circunstâncias do vento,
o vento que Ă© sem caminho
embora seja caminho
onde vaga o seu voar.
Se o vento Ă© que nos dirige
por que, folha, nĂłs queremos
dirigir nosso voar?!

Valter da Rosa Borges

O vento sopra impetuoso,
vergando a copa das árvores.
As folhas caem no chĂŁo:
folhas secas, folhas verdes.
Por que nĂŁo somente as secas?

Valter da Rosa Borges

Nascer é uma aquisição
em meio Ă  luta feroz
de milhões de seres possíveis.
Morrer é uma perda solitária

Valter da Rosa Borges

Porque ainda somos cegos,
tateamos deuses falsos.
A bengala Ă© falso guia.
A fé devolve a visão
e permite ver o mundo
além do mundo trilhado
pela bengala dos cegos.

Valter da Rosa Borges

O tempo vazio.
O espaço vazio.
O coração vazio.
Um oco que nĂŁo tem fim.
A solidĂŁo sem fronteiras.
Um silĂŞncio surdo-mudo
Ă© testemunha do nada.

Valter da Rosa Borges

O futuro Ă© o prĂłximo ato,
o prĂłximo passo,
o prĂłximo fato.
Ele existe enquanto nĂŁo existe
e morre logo que se torna hoje.

Valter da Rosa Borges

Aquele que envelheceu,
nĂŁo sonha mais impossĂ­veis.
Conformado e conformista,
o mundo é o seu cansaço.
Ele é o que já foi
e o futuro será igual.
O passado que nĂŁo existe
habita o presente morto.
Envelhecemos quando o que fomos
Ă© maior do que o que somos.

Valter da Rosa Borges

Se por aqui vaguei, meu corpo sabe.
As células festejam meu retorno.
Meus pés andam sozinhos, eles sabem
onde encontrar os passos que ficaram
gravados na memĂłria das areias.
Os átomos que fui, andam no mundo.
Um dia, me dirĂŁo por onde estive.

Valter da Rosa Borges

O sol de fim de tarde pouco aquece.
Em tudo sopra uma saudade fria.
Recolho os sonhos e recolho os fatos:
todos serĂŁo iguais no anoitecer.

Valter da Rosa Borges

Há muitos mundos possíveis.
Há muitos de nós possíveis:
sĂł esperam acontecer.

Valter da Rosa Borges

Procuramos Deus no cosmo.
Procuramos Deus no átomo>
Onde o seu esconderijo?

Valter da Rosa Borges

Falamos do que nĂŁo sabemos,
porque a morte nos espanta
e dĂłi a mortalidade.
O que Ă© ser imortal?

Valter da Rosa Borges

Se, um dia, soubermos
a verdade do que somos,
o que será do que somos?

Valter da Rosa Borges

A lógica não é o metro da realidade. É uma atividade pragmática do espirito e limitada a uma determinada área operacional.
A lógica não apreende o real. Não está nas coisas, pois se constituí em mera atividade do espirito. Nem prova o real, embora demonstre que certos fatos aparentemente se comportam segundo seu modelo. Por isso, somos inclinados a admitir que os fatos que acontecem segundo a nossa lógica são reais e os que assim não se comportam são ilusões.
A lógica, por outro lado, tem uma função psicológica: dá ao homem o sentimento de
controle sobre os fatos. Daí o seu apego a tudo o que é lógico, pois a lógica lhe dá uma sensação de segurança e poder. A lei da causalidade se torna, assim, de importância fundamental para o homem: é a certeza de sua capacidade de controle sobre as coisas. Explicar é uma tentativa que lhe proporciona um sentimento vicário de dominar situações. Por isso, o homem é tentado a explicar tudo para se sentir senhor dos fatos.

Valter da Rosa Borges

Ordem e desordem, portanto, são conceitos funcionais. Caos, para o homem, é tudo aquilo que não se ajusta aos seus padrões de ordem, a esquemas perceptuais inatos ou ad-quiridos.
O caos nĂŁo existe em si, mas referenciado a um dado sistema. Pensamos que a natu-reza Ă© paradoxal, porque acreditamos na repetibilidade absoluta das coisas. Pensamos que sĂł Ă© verdadeiro aquilo que se repete.
Se o homem permanecer durante algum tempo naquilo que ele denomina de caos, em breve descobrirá uma ordem no caos. A ordem é hábito.

Valter da Rosa Borges

Real é o que existe em relação a nós. Isto não importa negar o real com o qual não nos relacionamos.
O real objetivo é o real compartilhado, o chamado mundo das relações.
O real subjetivo é o real privado, com as suas peculiaridades, mas possuindo, também, conteúdos do real compartilhado.
O real Ă© o fĂ­sico e o psĂ­quico, mesmo que este nĂŁo se converta naquele.
A realidade, como significado, é uma convenção. É possível que a realidade tenha um significado, mas não o conhecemos. Por isso, criamos modelos significativos para a realidade. O convencional, porém, só é real como forma de relações humanas. O mundo social é realidade criada pelo homem e este pode modificar o mundo que criou.
Há um real independente de nós. Há um real criado para nós: é o nosso modo peculiar de perceber o real.
Tudo nos leva a crer que há infinitos níveis e formas da realidade.

Valter da Rosa Borges

O real nos parece um fluxo e no fluxo não há modelos. Daí, a eterna controvérsia dos que admitem, como Heráclito, que o fluxo ou devir é a realidade e dos que entendem, como Parmênides, que o real é imutável e o devir é aparência. Os modelos, portanto, são nossas formas perceptuais e transitórias de apreender, a cada momento, o fluxo. Assim, cada forma perceptual do fluxo só é real em relação ao percebedor no momento da percepção e só se torna aparência ou Maya se prossegue além da percepção.
O real é o agora. O agora é sempre inédito. Quem vê, não precisa de palavras, pois só se fala para aqueles que não viram. E o que se diz, já não é: o presente é mais rápido que o laço da palavra. Por isso, quem fala, não vê, porque, se fala, fala do que já não vê. O eu não existe no presente: surge, quando a experiência já terminou. O eu é o passado.
Cada percepção do real é única e irrepetível. Jamais saberemos o que perdemos, ja-
mais repetiremos o que experimentamos. A riqueza do viver não consiste na acumulação do vivido, mas na capacidade de viver plenamente o momento que passa. Nenhuma experiência deve deixar restos ou saldos, pois eles deformam as novas percepções da realidade.

Valter da Rosa Borges

A realidade, para nós, é aquilo que percebemos ou que organizamos. As palavras e as idéias são tijolos e cimento de muitas das nossas realidades. Em verdade, o verbo se fez mundo. E, sob esse enfoque, nós somos o pai do verbo. Porque só conhecemos o relativo, jamais poderemos livrar-nos, totalmente, do antropomorfismo e do antropocentrismo.

Valter da Rosa Borges

Tudo parece indicar que a tendĂŞncia do universo nĂŁo Ă© a manutenção do nomadismo do elĂ©tron, mas do seu aproveitamento no sistema operativo do átomo. A rigor, talvez, nĂŁo existam elĂ©trons livres na natureza, porĂ©m em trânsito de um sistema atĂ´mico para outro, na conformidade das leis de atração, que regem o microcosmo. O associacionismo parece ser a impulsĂŁo teleolĂłgica do universo. A unidade, a sua permanente meta. Uma unidade cada vez mais rica operacionalmente. Por isso, o elĂ©tron que, como unidade, tem um campo di-minuto, sente-se atraĂ­do a participar da unidade maior do átomo. Por sua vez, os átomos procuram associar-se a outros átomos, segundo as suas estruturas eletromagnĂ©ticas e afinidades quĂ­micas e, assim, sucessivamente, do átomo Ă  molĂ©cula, da molĂ©cula Ă  cĂ©lula, numa escala cada vez mais complexa de associações, na sĂ­ntese de individualidades cada vez mais estáveis, atĂ© atingir o fenĂ´meno humano e – o que nos parece lĂłgico – prosseguir alĂ©m dele.

Valter da Rosa Borges

O que chamamos de real Ă© o nosso relacionamento com os outros, a experiĂŞncia comum, a vida partilhada. A essa fase de nossa mente denominamos de consciĂŞncia.
O sonho é, também, um tipo de consciência que não resulta inteiramente das nossas relações com o mundo exterior.
A consciência vigílica nos dá o ser social. A consciência onírica nos dá um ser ina-
preensível pelos padrões da consciência vígil.
O que é a alucinação, senão um conteúdo onírico objetivado? O sonho não é apenas a explicação simbólica dos nossos recalques: é uma atividade autônoma da mente.
Não será a loucura um sonho de que não se acorda? Um sonho com a aparência de vigília? Os hipnotizados também dão a impressão de que estar conscientes das coisas que os rodeiam.
Vigília é a vida psíquica seletiva. O sonho, parece-nos, é vida psíquica total. O fluxo psíquico entre as mentes parece incessante e a vigília nada mais é do que uma interrupção desse fluxo. O nosso eu é uma perturbação desse processo psíquico total.
Observou-se que o estado de plena vigĂ­lia nĂŁo dura mais que um minuto ou dois por hora. Assim, as nossas distrações ou “fugas” da realidade externa sĂŁo mais freqĂĽentes do que pensamos. Há pessoas que, por deficiĂŞncia da censura ou controle do ego, permanece, por tempo muito longo, no mundo do sonho. A sua vida vigĂ­lica se torna, assim, um hiato no seu universo onĂ­rico.
Há um universo psíquico paralelo ao universo físico. Uma forma de percepção que não recolhe seu material do mundo físico, embora manipule com os dados desse universo. Contudo, as experiências do mundo psíquico nem sempre coincidem com as do mundo físico. Há um outro eu, movimentando situações e pessoas que não conhecemos na vida vigílica.

Valter da Rosa Borges

Cada vez mais se constata que a atividade psíquica não é um produto exclusivamente fisiológico. Sabe-se, experimentalmente, que a ausência da atividade onírica provoca estados psicóticos, os quais, inclusive, podem levar é morte, caso persistam por muito tempo. A importância da vida mental para o organismo ficou comprovada nesses experimentos.
O homem, quando dorme, apenas muda o nĂ­vel de sua atividade psĂ­quica. Se o que ele percebe, em estado de vigĂ­lia, Ă© real, por que real seria o que ele percebe oniricamente?
Qual, na verdade, a diferença entre o que passou e o sonho? A memória não prova o que aconteceu, pois o presente, agindo sobre o passado, o modifica. Só o presente, então, parece real. Mas, o presente é instantâneo e está influenciado pela memória e pelas expectativas do futuro.
O sonho Ă© o que nĂŁo se tornou fato e o passado Ă© o fato que se tornou sonho, pois a memĂłria tem a mesma estrutura do sonho.

Valter da Rosa Borges

A dúvida é a ginástica da inteligência.
Duvidar nĂŁo Ă© apenas negar o que existe, mas negar que o que existe seja a Ăşnica coisa que existe. Negar, assim, Ă© ampliar a visĂŁo da realidade. A dĂşvida que apenas nega Ă© destrutiva.
O dogma é o cansaço da razão.
O homem que nĂŁo duvida, cansou de crescer.
A dúvida é a saúde do espirito. Duvida-se, porque se quer mais. Porque se sabe que o que se sabe é provisoriamente necessário e necessariamente provisório. Porque o saber não tem fim. E o provisório não é irreal, enquanto provisório.
A dúvida é a fé de que há algo mais além do que se crê e a fé é a dúvida de que todo
real Ă© sĂł o que conhecemos.

Valter da Rosa Borges

Só há uma lei universal: a de que existem leis e que estas variam em universos diferentes.
Leis podem variar, mas sempre existem leis – esta Ă© a lei.
Porque vemos as coisas acontecerem da mesma maneira, acreditamos que elas sempre acontecerão assim para sempre. A esta nossa crença demos o nome de leis da natureza.

Valter da Rosa Borges

Mais fiel que a nossa sombra
Ă© a nossa solidĂŁo.
Jamais nos perde de vista
no meio da multidĂŁo.
É a nossa alma gêmea?
É o nosso anjo da guarda?
O xifĂłpago invisĂ­vel?
Ninguém viu a solidão
que nasceu quando nascemos.
Em cada homem que morre,
morre a gĂŞmea solidĂŁo.

Valter da Rosa Borges

A alma Ă© feita de surpresa.
Sua virtude é o inédito.
A sociedade a tornou
previsĂ­vel e monĂłtona.

Valter da Rosa Borges

Aonde vai quem morreu,
quando o seu onde perdeu?
Onde está quem não está
seja aqui ou seja lá?
Se o quem se fez invisĂ­vel,
agora Ă© carne impossĂ­vel,
sem onde e quando, desfeito
no nada de que foi feito.

Valter da Rosa Borges

O mundo Ă© o que tecemos
juntos todos os dias.
Tecelões e tessitura,
somos mĂŁos e somos linhas.
O mundo Ă© carne e tecido,
seres, fatos e coisas
vestindo o nu existir.

Valter da Rosa Borges

Na infância, os olhos límpidos
vĂŞem o mundo claramente
sem a catarata do tempo.
A fé no visto e no sonho.
A vida maior que a morte.
O corpo livre do peso
do vivido e nĂŁo vivido,
do perdido e do nĂŁo gasto.
Na velhice, os olhos turvos,
a opacidade do mundo,
a fé no que não se vê,
a morte maior que a vida,
recordações (e não sonhos),
algumas já desbotadas
ou outras reinventadas,
e as sensações prazerosas,
que o corpo já esqueceu.

Valter da Rosa Borges

SĂŁo as tintas dos olhos
que dĂŁo as cores ao mundo.
Com elas, pintamos sonhos
e fatos nunca vividos.
Os olhos fazem os sonhos
com a matéria do visto
do nĂŁo-visto e do imprevisto.

Valter da Rosa Borges

Falas tanto de tua dor.
Queres ficar bom ou cultivar a dor?
A dor valorizada se transforma em vĂ­cio.
Parece paradoxal, mas o cultivo da dor pode ser uma forma de preencher o tempo vazio.
Quem tem muito o que fazer, nĂŁo tem tempo disponĂ­vel para dedicar-se Ă  dor.
Afinal, a dor nunca Ă© boa companhia.

Valter da Rosa Borges

Todo o perigo da dor
nĂŁo Ă© seu prĂłprio doer:
Ă© a sua anestesia.
A dor que já não se sente,
nem em si e nem nos outros.
A dor que perdeu a voz.
A dor a que falta o espasmo.
A dor que nĂŁo causa espanto.
A dor que nĂŁo mais revolta.
A dor que nos fez eunuco
no amargo céu da impotência.

Valter da Rosa Borges

Quando você sofrer, há sempre um remédio:
Ou vocĂŞ se acostuma ou se anestesia.
Não faça da dor um pretexto, castigo ou purificação.
A dor é um fato e só. Merece medicação e não explicação.
A dor é uma visita incômoda. Por que pensar por que ela veio? Já não basta o próprio doer?
SĂł nos cabe em tais momentos nos livrar deste incĂ´modo.

Valter da Rosa Borges

DOS VAIDOSOS
Tudo fazem para aparecer.
Ou fingem se esconder
para que sejam achados.

Valter da Rosa Borges

Existe a vaidade de ter, mas também a vaidade de dar e de gastar.
A vaidade é a auto-satisfação que decorre da presunção de que se é admirado.
A modéstia ostensiva nada mais é do que a vaidade disfarçada.

Valter da Rosa Borges

Há uma verdade absoluta: a que cada um tem a sua própria verdade.
Há pessoas, no entanto, que vivem à procura da verdade nos outros. E há outras que procuram impor sua verdade aos outros.
Umas querem ser escravizadas. Outras querem escravizar.
Quem precisa de senhor, tem vocação de escravo.
Quem escraviza, precisa de escravos.
E se precisa de escravos, é porque não alcançou a liberdade.

Valter da Rosa Borges

A fé é a vontade que se fez poder.
É também uma forma de perceber a realidade.
Não há uma razão para a fé: ela é a sua própria razão.
A fé é o recurso extraordinário do homem para resolver problemas que a razão não consegue.

Valter da Rosa Borges

Não somos influenciados apenas pelas nossas ações, mas também pelos nossos sonhos.
O homem Ă© um compĂłsito de fatos e sonhos.

Valter da Rosa Borges

O ódio é nosso grilhão: o fantasma cultivado do que já não mais existe.

Valter da Rosa Borges

O louco é insuportável,
porque vive perdido
na liberdade total.

Valter da Rosa Borges

Pior que o amor perdido
Ă© o amor que nĂŁo foi dado.

Valter da Rosa Borges

Saudade do que fiz.
Saudade do que nĂŁo fiz.
NĂŁo sei qual delas persiste mais!

Valter da Rosa Borges

O saber confere erudição. Mas só a compreensão transforma o vasto saber em sabedoria.

Valter da Rosa Borges

O povo não entende o sábio. O sábio será sempre uma gota de óleo, boiando na superfície da água plebéia.

Valter da Rosa Borges

Quem anseia pelo aplauso do povo, mesmo que seja um erudito, não é um sábio. O sábio não busca a aprovação popular.

Valter da Rosa Borges

O sábio, quanto mais sabe, mais se isola. A sua convivência com as outras pessoas é sempre superficial. Porém isso não o torna um misantropo. Pelo contrário: ele é afável com as pessoas, mas só se relaciona com elas em assuntos triviais. Embora acostumado às profundezas, ele sabe, nos momentos necessários, subir à superfície e até mesmo divertir-se com as pessoas comuns.

Valter da Rosa Borges

A sabedoria Ă© um patrimĂ´nio sem herdeiros.

Valter da Rosa Borges

As religiões transformam o ser humano em pecador, imperfeito e perdido, necessitado, portanto, de salvação. Quem nisso acredita, precisa de salvação.

Valter da Rosa Borges

As religiões são as maiores fontes de mistérios. E subsistem por causa deles.

Valter da Rosa Borges

As religiões são oficinas da loucura quando produzem mártires, suicidas e assassinos.

Valter da Rosa Borges

Matar ou morrer em nome de Deus Ă© a mais perigosa de todas as psicoses coletivas da humanidade.

Valter da Rosa Borges

O maior castigo que Deus infligiria aos demônios seria obrigá-los a fazer eternamente o bem. É lamentável que os teólogos não tenham pensado nisso.

Valter da Rosa Borges

Somente um Deus antropomórfico e cruel se rejubilaria com o aviltamento e sofrimento voluntários das pessoas que pensam, com isso, glorificá-lo. Eis uma divina relação sadomasoquista entre um Deus vaidoso e essas criaturas ingênuas.

Valter da Rosa Borges

Quando alguém diz que viu Deus, falou com Ele, é o Seu enviado, por certo, alucinou ou está enganando as pessoas crédulas, que constituem a grande maioria da humanidade.

Valter da Rosa Borges

Onde houver ignorantes, milagres existirĂŁo.

Valter da Rosa Borges

O amor é uma dádiva sem retorno.

Valter da Rosa Borges

A humildade é também uma forma sutil de poder. Uma pessoa externamente humilde e famosa por sua humildade se transforma, aos olhos dos outros, em um ser superior.

Valter da Rosa Borges

A vaidade é sempre sincera. A modéstia, nem sempre.
Ninguém se finge de vaidoso. E há os que se envaidecem de sua própria vaidade.

Valter da Rosa Borges

SĂŁo as mentiras convencionais que sustentam a vida social. E, para nossa tranqĂĽilidade, acreditamos nelas, porque precisamos estar convictos de que sĂŁo verdadeiras.

Valter da Rosa Borges

Toda a propaganda em prol da verdade jamais a tornou apetecĂ­vel, a nĂŁo ser convencionalmente. A mentira, embora publicamente combatida, continua sempre forte, vivendo na sua clandestinidade social.

Valter da Rosa Borges

NĂŁo se compartilha a solidĂŁo. A solidĂŁo Ă© indivisĂ­vel.

Valter da Rosa Borges

Envelhecer Ă© cultivar adeuses
e empobrecer em cada despedida.
Os afetos morrendo com os mortos.
Lembrar Ă© praticar necromancia.
O que fazer de tudo o que já foi,
mas fica latejando em nossa vida?
É o incurável câncer da saudade:
o que passou matando o ainda vivo.

Valter da Rosa Borges

A desobediĂŞncia, em certos casos, Ă© o exercĂ­cio da liberdade.
Quem sempre obedece, nĂŁo Ă© livre.

Valter da Rosa Borges

Todo ditador é um megalomaníaco. Julga-se um Messias político. Alguns são paranóicos e enxergam inimigos em toda parte. Até os seus aliados mais próximos estão sob suspeita. Governa pelo medo que impõe às pessoas e manda eliminar quantas forem necessárias para exibir a força do seu poder. Torna-se adorado pelo povo mediante manipulação da mídia. Acusa seus opositores de inimigos do povo e se diz ameaçado por eles. Inventa atentados para punir os adversários e os classifica como inimigos da pátria. Proclama ser o pai dos pobres, mas se faz amigo dos ricos e deles se utiliza para seus propósitos.
Há ditadores cultos, ignorantes, brutais, populistas, reservados, falantes. Prometem ou o que não podem ou que não querem cumprir, e culpa os adversários pela não realização do prometido. Corruptores, são cercados por uma alcateia de corruptos. E todos enriquecem à surdina ou ostensivamente. Há corruptos que têm o dom da invisibilidade e, quando descobertos, fazem o papel de vítimas. Há, porém, os corruptos debochados, que se vangloriam de sua capacidade de ilusionistas, proclamando os seus atos ilícitos como algo natural e aceitável. Os tesouros da corrupção estão a salvo do conhecimento do povo e geralmente inacessíveis à investigação da justiça.
A quadrilha de governos aparentemente democráticos ou ostensivamente tirânicos está ligada a outras quadrilhas e elas permutam benefícios recíprocos. É um acordo secreto e dificilmente investigado por parte da imprensa que não foi subornada pelo tirano. As verdades oficiais não são contestadas e o povo desinformado e despolitizado acredita nelas.
A corrupção, em muitos casos, é a alma do poder, notadamente na política. A sociedade apodrece moralmente e as pessoas, gradualmente, passam a não mais sentir o cheiro da podridão. Esta perda olfativa da ética faz com que elas achem natural conviver com a podridão e dela tirar o maior proveito possível.
O ditador é um camaleão e sua cor depende do tipo de regime em que vive, seja democrático ou não. Por isso, o povo não percebe a diferença quando se trata de um tirano na democracia.

Valter da Rosa Borges

O amor, como um chafariz,
Dessedenta os bons e os vis.

Valter da Rosa Borges

O amor é como a religião: precisa de rituais e de mistérios

Valter da Rosa Borges

A paz é a consciência de que, essencialmente, só somos necessários a nós mesmos

Valter da Rosa Borges

Sofrer o mal como se fosse efĂŞmero. Gozar o bem como se fosse eterno.

Valter da Rosa Borges

Não há busca para algo definitivo. Só a busca é definitiva.

Valter da Rosa Borges

Termos inimigos é inevitável. Porém depende de nós não ser inimigo de ninguém.

Valter da Rosa Borges

Poucos resistem ao fascĂ­nio de obter sucesso, e ao fascĂ­nio do sucesso, quando obtido.

Valter da Rosa Borges

Casamento: duas pessoas que vivem juntas na ilusĂŁo de que ainda sĂŁo as mesmas.

Valter da Rosa Borges

Ninguém se sacrifica por fazer o que gosta.
Sofrer Ă© fazer o que nĂŁo se quer.
Para quem faz o que não quer, até uma flor é pesada.

Valter da Rosa Borges

Há duas formas de escravidão: a escravidão às coisas e a escravidão às idéias.

Valter da Rosa Borges

O apego Ă© a maior escravidĂŁo.
Aquele que se apega, renunciou ao direito de liberdade.

Valter da Rosa Borges

Livre pensador é aquele que está livre até de suas próprias idéias.

Valter da Rosa Borges

Nem sempre é possível libertarmo-nos dos fatos, mas, sim, das idéias que temos sobre eles.

Valter da Rosa Borges

Amamos o saber ou, na verdade, amamos o poder que o saber nos dá?

Valter da Rosa Borges

Solitário é aquele que pensa só em si.
A sua dor Ă© maior, porque Ă© dele sĂł.
A sua alegria Ă© menor, porque nĂŁo Ă© acrescida pela alegria dos outros.

Valter da Rosa Borges

Por que alguém nos deve fazer felizes?
Se não nos fizermos felizes, ninguém mais no mundo poderá fazê-lo.

Valter da Rosa Borges

Há doentes que fazem de sua enfermidade uma forma eficaz de domínio sobre as pessoas, aprisionando-as nas cadeias da comiseração.

Valter da Rosa Borges

Quem é humilde, não busca, voluntariamente, a humilhação, mas se sujeita à humilhação, que lhe é imposta.
Há, no entanto, os que se humilham para satisfazer a vaidade de parecerem humildes.

Valter da Rosa Borges

A fé é a certeza sem prova.
A ciĂŞncia Ă© a probabilidade da certeza.

Valter da Rosa Borges

É uma infelicidade a ânsia de ser feliz.

Valter da Rosa Borges

Quem se apega ao que foi, carrega um cadáver às costas.

Valter da Rosa Borges

A inveja é um desejo paralítico, que não suporta e ambição bem sucedida.

Valter da Rosa Borges

A verdadeira infidelidade Ă© ser fiel ao que nĂŁo mais somos.

Valter da Rosa Borges

Toda biografia é, na verdade, uma sucessão de pessoas semelhantes e, em outros momentos, também diferentes.

Valter da Rosa Borges

O sempre e o nunca são criações do homem desejoso de impor leis à natureza.

Valter da Rosa Borges

Palavras e números são invenções humanas e, por isso, inúteis para a compreensão do real.

Valter da Rosa Borges

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