AutorTeruko Oda

Teruko Oda

Apito de fábrica
A poluição é o tempero
da marmita fria.

Teruko Oda

Névoa úmida.
Olhos turvos da viúva
frente à sepultura.

Teruko Oda

Cartões de Natal
coloridos, tão iguais!
Mas este, ah… o amor…

Teruko Oda

Sobe a piracema…
A continuidade da vida
na contramão.

Teruko Oda

Toque de alvorada:
Periquitos já discutem
Cardápio do dia.

Teruko Oda

Era verde ou azul?
Sumiu num piscar de olhos
veloz colibri.

Teruko Oda

Como versos livres
– ao toque dos tico-ticos –
as flores que caem…

Teruko Oda

Carro de bombeiros
Sirene e cor rasgando
Névoa matinal.

Teruko Oda

Insetos que cantam
parecem adivinhar
minha solidão…

Teruko Oda

Insetos que cantam…
Parece que as sombras se amam
nos cantos escuros.

Teruko Oda

Boneca se aquece
com o meu chapéu de lã.
Eu visto saudades.

Teruko Oda

Nas bodas de prata
retornando à terra natal –
flor de laranjeira!

Teruko Oda

Na velha pedreira
o vibrar de britadeiras –
zunir de cigarras.

Teruko Oda

Gaiola no muro.
Filhote de gato ensaia
primeira caçada.

Teruko Oda

Que importa o nome
da primeira namorada?
Nuvens de primavera…

Teruko Oda

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