AutorSusanna Busato

Susanna Busato

Seguem severas
os escassos verdes da calçada.
Arrancam nos passos
anseios
receios
e fogem de olhares fuzis.
Temem a morte
na rua
temem a sorte
na esquina
à noite
de dia
em casa
na sala
no quarto
no ato.

Susanna Busato

a lâmina da manhã
A aranha a lã alcança
arranha e lança
na pele as finas
camadas de esperança.

Susanna Busato

marugem
As coisas surgem
do caule da gente
insurgem
marugem
de esponjas
quais monjas
silenciosas

Susanna Busato

part
ida
à espera e à deriva
como um lenço ao longe
a cena assina
sino úmido
lusco-fusco
som pregueado no branco
punho abrupto de pedra
réstia de tempo
que se engole
sem pressa

Susanna Busato

As lojas estão fechadas
Os passos sumiram das escadas
Os carros desalojaram as ruas
Não se respira no caule das torres envidraçadas
(A poesia pura
perpendicula
nos varais e fios de alta tensão
A poesia grita
na pausa dos postes
sussurra
ouvido colado ao chão)

Susanna Busato

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