Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega ao fim.
Você não está dormindo e não está morta. Estou aqui e eu amo você. Sempre amei e sempre amarei. Fiquei pensando em você, vendo seu rosto em minha mente, durante cada segundo que me ausentei. Quando lhe disse que não a queria, foi o tipo mais atroz de blasfêmia.
Por que pode acreditar na mentira, mas não na verdade?
O tempo passa.
Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa do modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa.
Até para mim!
– E então o leão se apaixonou pelo cordeiro… – murmurou ele.
Virei a cara, escondendo os olhos enquanto me arrepiava com a palavra.
– Que cordeiro imbecil – suspirei.
– Que leão masoquista e doentil.
O jeito como eu sinto por você nunca vai mudar. É claro que eu te amo – e não há nada que você possa fazer pra mudar isso!
Nunca pensei muito em como morreria – embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso (…). Sem dúvida era uma boa forma de morrer, no lugar de outra pessoa, de alguém que eu amava. Nobre, até. Isso devia contar para alguma coisa.
O amor é irracional, eu lembrei pra mim mesma. Quanto mais você ama alguém, menos sentido as coisas fazem.
– Só me diga agora se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo o que a fiz passar. Pode? – sussurrou ele.
– Que tipo de pergunta idiota é essa?
Às vezes eu me perguntava se via as mesmas coisas que o resto do mundo.Talvez houvesse um problema no meu cérebro.
Ninguém te contou ainda? A vida não é justa.
E se eu não for um super-herói? E se eu for o vilão?
De três coisas eu estava convicta. Primeira, Edward era um vampiro. Segunda, havia uma parte dele – e eu não sabia que poder essa parte teria – que tinha sede do meu sangue. E terceira, eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.
– Bella! – Ele voltou toda a força de seus olhos dourados e abrasadores para mim.
– Que é? – murmurei, distraída.
– Divirta-me! – insistiu ele.
Durma, minha Bella. Tenha sonhos felizes. Você foi a única que tocou meu coração. Serei sempre seu. Durma, meu único amor.
Amares aquele que te matava, deixava-te sem outra opção. Como poderias fugir, como poderias lutar, se ao fazê-lo magoavas o teu amor? Se a tua vida era tudo o que tinhas para dar, como poderias recusá-la a alguém que amavas verdadeiramente?
Eu era um vampiro e ela era o sangue mais doce que eu havia cheirado em oitenta anos. Eu nunca imaginei que um cheiro assim pudesse existir. Se eu soubesse que existia, eu já teria saído procurando há muito tempo. Eu teria vasculhado o planeta por ela. Eu podia imaginar o sabor…
O cheiro dela me atingiu como uma bola, como um bastão de jogo. Não há nenhuma imagem violenta o suficiente para encapsular a força do que aconteceu comigo naquele momento. Naquele instante, eu não era nada nem perto do humano que um dia eu fui, nenhum traço da humanidade na qual eu estive tentando me esconder. Eu era um predador. E ela era a minha presa.
Adeus, eu te amo, foi meu último pensamento…
Ainda assim, naquele instante, eu me senti bem. Inteira. Pude sentir meu coração batendo no peito, o sangue pulsando quente e rápido por minhas veias de novo. Meus pulmões encheram-se do doce aroma que vinha da pele dele. Era como se nunca tivesse havido um buraco em meu peito. Eu estava perfeita – não curada, mas como se nunca tivesse sido ferida.
O amor nem sempre vem em pacotes convenientes.
Porque só havia uma coisa em que eu precisava acreditar para poder viver, eu precisava saber que ele existira. Era só. Todo o restante eu podia suportar. Desde que ele tivesse existido.
Eu tenho cara de quê? Mágico de OZ? Você precisa de um cérebro? Precisa de um coração? Venha aqui, pegue o meu. Leve tudo que tenho.
E o leão se apaixonou pelo cordeiro…
Se sua vida é tudo o que você tem para dar ao amado, como não dá-la?
Ele abriu o tipo de sorriso que teria feito meu coração parar se ele ainda estivesse batendo.
Acho que seus amigos estão com raiva de mim por eu ter roubado você. Eles vão sobreviver. Mas é possível que eu não a devolva.
O mundo não me interessa sem você!
Ele é como uma droga pra você, Bella. Eu vejo que você não consegue viver sem ele agora. É tarde demais. Mas eu teria sido mais saudável pra você. Não uma droga. Eu teria sido o ar, o sol.
Bella: Você acha que eu vou me acostumar a isto? – eu perguntei, principalmente para mim mesma – Algum dia o meu coração vai parar de tentar saltar para fora do meu peito quando você tocar em mim?
Edward: Eu realmente espero que não – disse ele, um pouco presunçoso.
Edward: Eu nunca vou me perdoar por ter te deixado – ele murmurou – Nem se eu viver cem mil anos.
Eu coloquei a minha mão no seu rosto frio e esperei até que ele suspirou e abriu os olhos.
Bella: Você só estava tentando fazer a coisa certa, e eu tenho certeza de que teria funcionado com alguém menos louco que eu. Além do mais, você está aqui agora. Essa é a parte que importa.
Ele pegou meu rosto nas mãos, quase com indelicadeza, e me beijou, os lábios inflexíveis movimentando-se nos meus. Não havia desculpa nenhuma para o meu comportamento. Obviamente, agora eu sabia disso, e no entanto, não consegui deixar de reagir exatamente como naquela primeira vez.
Em vez de ficar imóveis, meus braços se estenderam para agarrar com força seu pescoço, e eu de repente estava colada em sua figura pétrea. Eu suspirei e meus lábios se separaram. Ele recuou, cambaleando, interrompendo sem esforço meu abraço.
Edward: Droga, Bella! – explodiu ele, ofegante – Você vai me matar, juro que vai.
Eu me curvei, segurando meus joelhos para me apoiar.
Bella: Você é indestrutível – murmurei, tentando recuperar o fôlego.
Edward: Será que você poderia por favor me dizer o que você está pensando? Antes que eu fique louco?
Se não fosse Edward lá fora, se eu não soubesse com todas as células do meu corpo
que eu o amo – incondicionalmente e irrevogavelmente, e honestamente, irracionalmente – eu nunca seria capaz de levantar desse chão.
Edward: Você é minha vida agora.
Edward: A cama? Eu acho ela legal.
Bella: É desnecessária.
Eu consegui botar pra fora. Ele puxou o meu rosto de volta pra o dele, e os meus lábios se encaixaram nos dele. Lentamente dessa vez, ele rolou até estar em cima de mim. Ele se segurou cuidadosamente pra que eu não sentisse nada do peso dele, mas eu podia sentir a frieza de mármore do seu corpo pressionado no meu. O meu coração estava batendo tão alto que foi difícil ouvir o riso baixo dele.
Edward: Isso é debatível. Isso ia ser difícil no sofá.
Edward: Parece que deixei uma parte minha com você.
Bella: Então venha buscar!
Bella: Algo de que eu tinha certeza […] Era que o amor pode dar às pessoas o poder de despedaçar você.
Edward: Ele disse que você está bonita. É praticamente um insulto, do jeito que você está agora. Você é muito mais do que bonita.
Edward: Mas eu achei que essa era uma boa representação. É duro e frio. E faz arco-íris na luz do sol.
Bella: Você esqueceu da similaridade mais importante. É lindo.
Edward: O meu coração é igualmente silencioso. E ele também agora é seu.
Edward: Então prepare-se para que este seja o fim, porque este será o crepúsculo de sua vida, embora sua vida mal tenha começado. Você está pronta para desistir de tudo.
Bella: Não é o fim, é o começo.
Edward: Eu não valho tudo isso.
Bella: Lembra quando você me disse que eu não me via com muita clareza? Você obviamente tem a mesma cegueira.
Bella: O que é mais tentador pra você, meu sangue ou meu corpo?
Edward: Dá empate. Agora, porque é que você não para de testar sua sorte e vai dormir?
Bella: Tá.
Edward: It’s too easy to be myself with you.
Bella: Você pode ter a minha alma. Eu não a quero sem você, ela já é sua!
Edward: Você ainda está tonta pela corrida? Ou foi minha habilidade com beijos?
Ele me perguntou qual era a minha pedra preciosa favorita, e eu respondi que era o topázio sem pensar. Meu rosto ficou vermelho porque, até pouco tempo atrás, minha pedra preciosa favorita era o Ônix. Era impossível olhar pra os seus olhos da cor
do topázio, e não entender o motivo da troca. E, naturalmente, ele não ia descansar enquanto eu não admitisse porque estava envergonhada.
Edward: Me diga
Bella: É a cor dos seus olhos hoje.
Bella: Você tem trinta segundos pra me falar todas as palavras antes que eu dê Renesmee pra Rosalie e arranque sua cabeça fora. Seth não poderá me parar essa vez.
Jacob: Jesus, Bells. Você não era tão melodramática. Isso é uma coisa de vampiro?
Bella: Vinte e seis segundos.
Edward sempre havia pensado que pertencia ao mundo de histórias de terror. Claro, eu sabia que ele estava muito errado. Era óbvio que ele pertencia aqui. Ao conto de fadas.
E agora eu estava na história com ele.
Bella: Agora você sabe – eu disse levemente, e ergui os ombros – Ninguém jamais amou alguém tanto quanto eu amo você.
Edward: Você está quase certa – Ele sorriu, e seus olhos ainda estavam um pouco mais arregalados que o normal – Eu só sei de uma exceção.
Eu sempre amaria essa frágil garota humana, pelo resto da minha existência sem limites.
(Edward)
“Só pela dúvida”, ele murmurou no meu cabelo, me apertando num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas.
“Não consigo – respirar”, eu asfixiei.
Ele me soltou imediatamente, mantendo uma mão na minha cintura pra que eu não caísse. Ele me puxou, mais gentilmente dessa vez, de volta para a cama.
“Durma um pouco, Bells. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar. Você precisa entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso”.
– Jacob
– Você sabe aquela história na Bíblia? – Jacob perguntou de repente, ainda lendo o teto vazio. – Aquela sobre o rei e as duas mulheres brigando por um bebê?
– Claro. Rei Salomão.
– Isso mesmo. Rei Salomão -, ele repetiu. – E ele disse, cortem a criança no meio… mas era só um teste. Só pra ver quem desistiria de sua metade pra proteger a criança –
– Sim, eu lembro.
Ele olhou de volta para o meu rosto. – Eu não vou mais te cortar no meio, Bella.
Eu sorri. “Ele é um pouco novo demais pra mim”. A carranca de Jacob se aprofundou mais ainda. “Ele não é assim tão mais novo do que você. É só um ano e alguns meses.”
Eu tinha uma sensação de que não estávamos mais falando de Quil. Eu mantive minha voz leve, zombeteira. “Claro, mas considerando a diferença de maturidade entre rapazes e garotas, não temos que contar como a idade dos cachorros? O que isso me torna, uns doze anos mais velha?”
Ele sorriu, revirando os olhos. “Ok, mas se vamos começar a ser seletivos assim, você tem que contar o seu tamanho também. Você é tão pequena que teria que descontar uns dez anos do seu total”.
Quando nós chegamos em La Push, eu estava com vinte e dois anos e ele estava com trinta – ele definitivamente estava colocando a balança a favor das habilidades dele.
“Eu falo sério, Bella. Eu não estou…” ele relutou, sua voz ficando ainda mais rouca enquanto ele lutava pra controlar suas emoções. Seus olhos estavam torturados. “Eu já não sou mais bom o suficiente pra ser seu amigo, ou nada mais. Eu não sou mais quem era antes. Eu não sou bom”.
“O quê?”, eu encarei ele, confusa e apática. “O que você está dizendo? Você é muito melhor do que eu, Jake. Você é bom! Quem disse que você não é? Sam? Ele é um mentiroso, Jacob! Não deixe que ele te diga isso!” de repente eu estava gritando de novo.
O rosto de Jacob ficou duro e vazio. “Ninguém me disse nada. Eu sei o que sou”. “Você é meu amigo, é isso que você é! Jake – não!”
Ele estava dando as costas pra mim. “Eu lamento, Bella”, ele disse de novo.
– Às vezes acho que você me prefere como lobo.
– E às vezes prefiro. Provavelmente tem alguma relação com o fato de você não poder falar.
– Não, não acho que seja isso. Acho que é mais fácil para você ficar perto de mim quando não sou humano porque você não precisa fingir que não sente atração por mim.
– Estou tentando cumprir… – ele bufou de raiva, fazendo peso para trás e para a frente, enquanto o alto da árvore o sacudia – … minha promessa!
– Quando foi que prometeu se matar caindo da árvore de Charlie?
Eu queria dizer uma coisa.
(…) E você já sabe… Mas acho que devo dizer assim mesmo. (…)
– Estou apaixonado por você, Bella. – disse Jacob numa voz segura e firme. – Bella, eu te amo. Quero que me escolha, e não a ele.
“Bem, pelo menos eu espero que você aproveite, pelo menos. Já viu algo que você gostasse?”, eu caçoei, balançando a cabeça na direção de um grupo de garotas alinhadas na parede com os enfeites.
“Sim”, ele suspirou. “Mas ela está acompanhada”.
Ele olhou pra baixo pra me olhar nos olhos só por um segundo – então nós dois desviamos o olhar, envergonhados.
“Aliás, você está muito bonita”, ele acrescentou, timidamente.
“Discutam quando nós voltarmos, vamos!” Alice se virou para o carro, desaparecendo na sua pressa. Eu corri atrás dela, parando automaticamente pra trancar a porta. Jacob agarrou meu braço com a mão tremendo. “Por favor, Bella. Eu estou implorando”.
Os olhos escuros dele estavam brilhando com lágrimas. Um caroço preencheu minha garganta.
“Jake, eu preciso”. “Mas você não precisa. Você realmente não precisa. Você podia ficar aqui comigo. Você podia ficar viva. Por Charlie. Por mim”.
O motor da Mercedes de Carlisle ronronou; o ritmo do ronco se intensificou quando Alice acelerou impacientemente. Eu balancei minha cabeça, lágrimas saltando dos meus olhos com uma emoção devastadora. Eu puxei meu braço, e ele não lutou comigo. “Não morra, Bella”, ele gaguejou. “Não vá. Não”.
– Posso te dizer qual é a pior parte disso? – ele perguntou hesitantemente quando eu não disse nada. – Você se importa? Eu vou ser bonzinho. (…) A pior parte é saber o que teria sido.
– O que poderia ter sido – Eu suspirei.
– Não – Jacob balançou a cabeça. – Eu sou exatamente certo pra
você, Bella. Teria sido fácil pra nós – confortável, fácil como respirar. Eu era o caminho natural que a sua vida teria tomado…
(…)
Eu podia ver o que ele via, e eu sabia que ele estava certo. Se o mundo fosse o lugar são que devia ser, Jacob e eu teríamos ficado juntos. E nós teríamos sido felizes. Ele era a minha alma gêmea nesse mundo.
“Jake? Você está bem?”, eu perguntei ansiosamente.
Eu dei meio passo na direção dele, e então Edward me agarrou e me puxou de novo pra trás do seu próprio corpo. “Cuidado! Ele não está sob controle”, ele me avisou.
Mas Jacob já era algo de si mesmo novamente; só os braços dele estavam tremendo agora. Ele olhou pra Edward com puro ódio. “Ugh. Eu nunca machucaria ela”.
Manter-me concentrada no presente não foi tão difícil como eu pensara. O bosque era parecido com qualquer outra parte da península e Jacob criava um estado de espírito muito diferente.
Ele assobiava animado uma música desconhecida, balançando os braços e andando com facilidade pelo terreno irregular. As sombras não pareciam tão escuras. Não com meu sol particular me fazendo companhia.
Ele espremeu o corpo no espaço inexistente, forçando o zíper para cima. E depois eu não pude me opor – eu não queria mais me opor. Ele era tão quente! Seus braços se fecharam à minha volta, apertando-me confortavelmente contra seu peito nu. O calor era irresistível, como ar depois de ficar embaixo d’água por tempo demais.
Querida Alice, eu gostaria de ter o seu verdadeiro email. Eu gostaria de poder te contar sobre o Jake. Ele me faz sentir melhor. Quero dizer, ele me faz sentir viva. O buraco no meu peito… Bom, quando estou com Jake é como se ele ficasse quase curado por um tempo.
Era o próprio Jacob. Jacob era apenas uma pessoa eternamente feliz, e carregava essa felicidade como uma aura, dividindo-a com quem quer que estivesse perto.
Como um sol na terra, Jacob sempre aquecia quem estava em seu campo gravitacional.
Era natural, fazia parte da sua felicidade. Não surpreendia que eu ficasse tão ansiosa pra vê-lo.
Eu nunca vou ver ninguém mais, Bella. Eu só vejo você. Até quando eu fecho meus olhos e tento ver outra coisa. Pergunte ao Quil ou Embry, isso deixa eles todos loucos.
– (…) Espero que possa ficar para o jogo.
Jacob sorriu.
– A idéia é essa… Nossa TV quebrou na semana passada. Billy fez uma careta para o filho.
– E é claro que Jacob estava ansioso para ver Bella novamente – acrescentou ele. Jacob deu-lhe um olhar zangado e abaixou a cabeça enquanto eu lutava com um surto de remorso. Talvez eu tivesse sido convincente demais na praia.
– Pronto – disse Jacob, satisfeito. – Sente-se melhor?
Eu era capaz, afinal, de falar com clareza.
– Sim.
– Seus lábios ainda estão azuis – refletiu ele – Quer que eu os aqueça também? É só pedir.
Você sempre será a minha Bella.
Eu o amo. Não porque ele é bonito ou porque é rico. Preferia que não fosse nem uma coisa nem outra. Assim o abismo entre nós seria um pouquinho menor… Porque ele ainda seria a pessoa mais adorável, altruísta, inteligente e decente que já conheci. É evidente que eu o amo. É tão difícil entender isso?
Ele aperta minha mão, e meu coração soca minhas costelas. É quase uma dor esse prazer.
Do andar de cima, soou um barulho novo. O único que me podia tocar naquele momento interminável. Um palpitar frenético, um batimento acelerado… Um coração que se transformara.
A vida é uma droga. E depois você morre.
O amor é a melhor parte de qualquer história.
A violência é parte de sua escolha de vida. A sua definição de humano não é igual à minha. Para você, isso significa algo… negativo. Para mim, é um elogio.
De repente não é mais a gravidade que te prende à terra, é ela e você faria qualquer coisa, seria qualquer coisa só pra estar ao lado dela: um pai, um amigo, um irmão, um protetor.
“É mesmo?” ele disse. “Bem, então talvez haja esperança para esse planeta afinal de contas.”
“É um mundo estranho.” Eu murmurei, mais para mim do que para a outra alma nativa.
“O mais esquisito de todos.” Ele concordou.
Edward: “Minha vida era meia-noite, sem mudanças, sem fim. Devia, por necessidade, sempre ser meia-noite pra mim. Então como era possível que o sol estivesse nascendo agora, bem na metade da meia-noite?”
Como? Como ajudaria dizer que vejo o rosto dele todas as noites quando fecho os olhos? Que acordo e começo a chorar quando vejo que ele não está? Que as memórias são tão fortes, que já não posso mais separá-las das minhas?
Talvez eu fosse naturalmente antissocial.
Era muito reconfortante estar longe da civilização, e isso me preocupou. Eu não deveria achar a solidão tão acolhedora.
Pensei na palavra desajustado um momento. Talvez fosse a melhor descrição de mim mesma que eu já tivesse ouvido. Onde foi que um dia eu me encaixei?
Mas eu minto melhor que você. Posso mentir até para mim mesmo.
Senti o chão de madeira sob meus joelhos, depois sob as palmas das mãos e em seguida, comprimindo sob a pele do meu rosto. Eu esperava estar desmaiando, mas para minha decepção, não perdi a consciência. As ondas de dor que me haviam assaltado pouco tempo antes, se erguiam agora com força e inundaram a minha cabeça, me puxando para baixo. Não voltei à superfície.
O silêncio era mais seguro.
Talvez tivesse que ser assim. Talvez sem os pontos baixos, os pontos altos não pudessem ser alcançados.
Você nunca sabe quanto tempo vai ter…
Qualquer felicidade é bem melhor do que ficar sofrendo por um alguém que você não pode ter…
Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas havia estrelas… Pontos de luz e razão… E depois você atravessou meu céu como um meteoro. De repente tudo estava em chamas; havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver as estrelas. E não havia mais razão para nada.
Não poderia haver nenhuma alegria neste planeta sem o peso igual da dor para equilibrá-las em uma balança desconhecida.
Você poderia fugir de alguém que você temesse, você poderia tentar lutar contra alguém que odiasse. Todas as minhas reações estavam voltadas para esses tipos de assassinos – os monstros, os inimigos. Quando você começou a amar aquele que estava te matando, isso não te deixou nenhuma opção. Como você poderia correr, como você poderia lutar se, ao fazê-lo, estaria magoando aquele que ama?
Algo de que eu tinha certeza – sabia disso na boca do estômago, no cerne de meus ossos, sabia disso de minha cabeça à sola dos pés, sabia no fundo de meu peito – era que o amor pode dar às pessoas o poder de despedaçar você.
Como? Como ajudaria dizer que vejo o rosto dele todas as noites quando fecho os olhos? Que acordo e começo a chorar quando vejo que ele não está? Que as memórias são tão fortes, que já não posso mais separá-las das minhas?
Edward: It’s too easy to be myself with you.
“Só pela dúvida”, ele murmurou no meu cabelo, me apertando num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas.
“Não consigo – respirar”, eu asfixiei.
Ele me soltou imediatamente, mantendo uma mão na minha cintura pra que eu não caísse. Ele me puxou, mais gentilmente dessa vez, de volta para a cama.
“Durma um pouco, Bells. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar. Você precisa entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso”.
– Jacob
Eu sorri. “Ele é um pouco novo demais pra mim”. A carranca de Jacob se aprofundou mais ainda. “Ele não é assim tão mais novo do que você. É só um ano e alguns meses.”
Eu tinha uma sensação de que não estávamos mais falando de Quil. Eu mantive minha voz leve, zombeteira. “Claro, mas considerando a diferença de maturidade entre rapazes e garotas, não temos que contar como a idade dos cachorros? O que isso me torna, uns doze anos mais velha?”
Ele sorriu, revirando os olhos. “Ok, mas se vamos começar a ser seletivos assim, você tem que contar o seu tamanho também. Você é tão pequena que teria que descontar uns dez anos do seu total”.
Quando nós chegamos em La Push, eu estava com vinte e dois anos e ele estava com trinta – ele definitivamente estava colocando a balança a favor das habilidades dele.
“Eu falo sério, Bella. Eu não estou…” ele relutou, sua voz ficando ainda mais rouca enquanto ele lutava pra controlar suas emoções. Seus olhos estavam torturados. “Eu já não sou mais bom o suficiente pra ser seu amigo, ou nada mais. Eu não sou mais quem era antes. Eu não sou bom”.
“O quê?”, eu encarei ele, confusa e apática. “O que você está dizendo? Você é muito melhor do que eu, Jake. Você é bom! Quem disse que você não é? Sam? Ele é um mentiroso, Jacob! Não deixe que ele te diga isso!” de repente eu estava gritando de novo.
O rosto de Jacob ficou duro e vazio. “Ninguém me disse nada. Eu sei o que sou”. “Você é meu amigo, é isso que você é! Jake – não!”
Ele estava dando as costas pra mim. “Eu lamento, Bella”, ele disse de novo.
– Estou tentando cumprir… – ele bufou de raiva, fazendo peso para trás e para a frente, enquanto o alto da árvore o sacudia – … minha promessa!
– Quando foi que prometeu se matar caindo da árvore de Charlie?
Eu queria dizer uma coisa.
(…) E você já sabe… Mas acho que devo dizer assim mesmo. (…)
– Estou apaixonado por você, Bella. – disse Jacob numa voz segura e firme. – Bella, eu te amo. Quero que me escolha, e não a ele.
“Bem, pelo menos eu espero que você aproveite, pelo menos. Já viu algo que você gostasse?”, eu caçoei, balançando a cabeça na direção de um grupo de garotas alinhadas na parede com os enfeites.
“Sim”, ele suspirou. “Mas ela está acompanhada”.
Ele olhou pra baixo pra me olhar nos olhos só por um segundo – então nós dois desviamos o olhar, envergonhados.
“Aliás, você está muito bonita”, ele acrescentou, timidamente.
“Discutam quando nós voltarmos, vamos!” Alice se virou para o carro, desaparecendo na sua pressa. Eu corri atrás dela, parando automaticamente pra trancar a porta. Jacob agarrou meu braço com a mão tremendo. “Por favor, Bella. Eu estou implorando”.
Os olhos escuros dele estavam brilhando com lágrimas. Um caroço preencheu minha garganta.
“Jake, eu preciso”. “Mas você não precisa. Você realmente não precisa. Você podia ficar aqui comigo. Você podia ficar viva. Por Charlie. Por mim”.
O motor da Mercedes de Carlisle ronronou; o ritmo do ronco se intensificou quando Alice acelerou impacientemente. Eu balancei minha cabeça, lágrimas saltando dos meus olhos com uma emoção devastadora. Eu puxei meu braço, e ele não lutou comigo. “Não morra, Bella”, ele gaguejou. “Não vá. Não”.
– Posso te dizer qual é a pior parte disso? – ele perguntou hesitantemente quando eu não disse nada. – Você se importa? Eu vou ser bonzinho. (…) A pior parte é saber o que teria sido.
– O que poderia ter sido – Eu suspirei.
– Não – Jacob balançou a cabeça. – Eu sou exatamente certo pra
você, Bella. Teria sido fácil pra nós – confortável, fácil como respirar. Eu era o caminho natural que a sua vida teria tomado…
(…)
Eu podia ver o que ele via, e eu sabia que ele estava certo. Se o mundo fosse o lugar são que devia ser, Jacob e eu teríamos ficado juntos. E nós teríamos sido felizes. Ele era a minha alma gêmea nesse mundo.
“Jake? Você está bem?”, eu perguntei ansiosamente.
Eu dei meio passo na direção dele, e então Edward me agarrou e me puxou de novo pra trás do seu próprio corpo. “Cuidado! Ele não está sob controle”, ele me avisou.
Mas Jacob já era algo de si mesmo novamente; só os braços dele estavam tremendo agora. Ele olhou pra Edward com puro ódio. “Ugh. Eu nunca machucaria ela”.
Ele espremeu o corpo no espaço inexistente, forçando o zíper para cima. E depois eu não pude me opor – eu não queria mais me opor. Ele era tão quente! Seus braços se fecharam à minha volta, apertando-me confortavelmente contra seu peito nu. O calor era irresistível, como ar depois de ficar embaixo d’água por tempo demais.
Eu nunca vou ver ninguém mais, Bella. Eu só vejo você. Até quando eu fecho meus olhos e tento ver outra coisa. Pergunte ao Quil ou Embry, isso deixa eles todos loucos.
Você sempre será a minha Bella.
O silêncio era mais seguro.
Talvez tivesse que ser assim. Talvez sem os pontos baixos, os pontos altos não pudessem ser alcançados.
Talvez eu fosse naturalmente antissocial.
Era muito reconfortante estar longe da civilização, e isso me preocupou. Eu não deveria achar a solidão tão acolhedora.
Manter-me concentrada no presente não foi tão difícil como eu pensara. O bosque era parecido com qualquer outra parte da península e Jacob criava um estado de espírito muito diferente.
Ele assobiava animado uma música desconhecida, balançando os braços e andando com facilidade pelo terreno irregular. As sombras não pareciam tão escuras. Não com meu sol particular me fazendo companhia.
Querida Alice, eu gostaria de ter o seu verdadeiro email. Eu gostaria de poder te contar sobre o Jake. Ele me faz sentir melhor. Quero dizer, ele me faz sentir viva. O buraco no meu peito… Bom, quando estou com Jake é como se ele ficasse quase curado por um tempo.
– (…) Espero que possa ficar para o jogo.
Jacob sorriu.
– A idéia é essa… Nossa TV quebrou na semana passada. Billy fez uma careta para o filho.
– E é claro que Jacob estava ansioso para ver Bella novamente – acrescentou ele. Jacob deu-lhe um olhar zangado e abaixou a cabeça enquanto eu lutava com um surto de remorso. Talvez eu tivesse sido convincente demais na praia.
– Pronto – disse Jacob, satisfeito. – Sente-se melhor?
Eu era capaz, afinal, de falar com clareza.
– Sim.
– Seus lábios ainda estão azuis – refletiu ele – Quer que eu os aqueça também? É só pedir.
Senti o chão de madeira sob meus joelhos, depois sob as palmas das mãos e em seguida, comprimindo sob a pele do meu rosto. Eu esperava estar desmaiando, mas para minha decepção, não perdi a consciência. As ondas de dor que me haviam assaltado pouco tempo antes, se erguiam agora com força e inundaram a minha cabeça, me puxando para baixo. Não voltei à superfície.
Eu não sabia por que desejara tão desesperadamente experimentá-lo (o amor). Tudo o que sabia, agora que o experimentara, é que valia todo grama de risco que custara. Era melhor do que eu havia imaginado. Era tudo.
Mas eu não tinha muitas alternativas… É que cheguei a um ponto em que tive de escolher… Às vezes, não há como conseguir um meio termo.
Vacilando com o pensamento do preço, eu me perguntei se teria tomado outro caminho, se Edward não tivesse ido embora. Se eu não soubesse como era viver sem ele. Aquele conhecimento era uma parte muito profunda de mim, e eu não conseguiria imaginar como me sentiria sem ela. “Ele é como uma droga pra você, Bella.” A voz dele ainda era gentil, nem um pouco crítica. “Eu vejo que você não consegue viver sem ele agora. É tarde demais. Mas eu teria sido mais saudável pra você. Não uma droga; eu teria sido o ar, o sol”. O canto da minha boca virou pra cima em um meio sorriso saudoso. “Eu costumava pensar em você desse jeito, sabe. Como o sol. Meu sol particular. Você equilibrava bem as nuvens pra mim”. Ele suspirou. “Das nuvens eu posso cuidar. Mas eu não posso lutar contra um eclipse”.
Qualquer felicidade é bem melhor do que ficar sofrendo por um alguém que você não pode ter…
Porque só havia uma coisa em que eu precisava acreditar para poder viver, eu precisava saber que ele existira. Era só. Todo o restante eu podia suportar. Desde que ele tivesse existido.
De repente não é mais a gravidade que te prende à terra, é ela e você faria qualquer coisa, seria qualquer coisa só pra estar ao lado dela: um pai, um amigo, um irmão, um protetor.
Sou o melhor predador do mundo, não sou? Tudo em mim convida você… Minha voz, meu rosto, até meu cheiro. Como se eu precisasse disso! (Edward Cullen)
E não importava se ele não me quisesse. Eu jamais desejaria nada a não ser ele, não importava o quanto eu vivesse. (Bella)
Naquela noite o céu estava completamente negro. Talvez não houvesse lua – um eclipse lunar, uma lua nova. Uma lua nova. Eu tremi embora não estivesse com frio. (Bella)
Minha vida era a meia-noite, sem mudanças, sem fim. Deveria, por necessidade, sempre ser a meia-noite para mim. Então como era possível que o sol estivesse nascendo agora, bem no meio da meia-noite? (Edward Cullen)
Mas eu precisava dele, precisa dele como de uma droga.
Eu peguei o capacete vermelho, medindo o peso em minhas mãos. “Eu vou parecer estúpida”.
“Não, você vai parecer esperta. Esperta o suficiente pra não se machucar.” Ele jogou a coisa preta, o que quer que fosse, por cima do braço e pegou o meu rosto nas mãos. “Existem coisas entre minhas mãos agora sem as quais eu não posso viver. Você podia cuidar delas”.
Só porque estou resistindo ao vinho não quer dizer que não possa apreciar o buquê. (Edward)
O amor é irracional, lembrei a mim mesma. Quanto mais você ama alguém, menos tudo faz sentido.
Se eu pudesse sonhar seria com você.
Por quase noventa anos eu estive andando entre a minha espécie, e a sua… Todo o tempo pensando que estava bem sozinho, sem saber o que eu estava procurando. E sem encontrar nada, porque você ainda não estava viva! (Edward)
Edward a Alice: – Você é pequena demais para ser tão irritante.
O que tem para o café da manhã? – Perguntei, meio sarcástico. – O negativo ou AB positivo? – Bella mostrou a língua pra mim.
Mas de uma coisa eu sabia: cada segundo que eu passava com ela só iria aumentar a dor que eu sentiria depois. Como um viciado com seu suprimento limitado, o dia do ajuste de contas estava chegando. Quanto mais doses eu tomasse agora, mais difícil seria quando meu estoque acabasse.
Talvez fosse fácil – como segurar a mão dele ou ter seus braços me envolvendo. Talvez fosse ótimo. Talvez não fosse uma traição. Além disso, a quem eu estava traindo, aliás? Só a mim mesma.
– Não tenha medo – murmurei. – Nós pertencemos um ao outro.
De repente fui dominada pela verdade de minhas palavras. Aquele momento era tão perfeito, tão correto, que não havia dúvidas.
(…)
– Para sempre – concordou ele.
“O meu coração é igualmente silencioso”, ele meditou. “E ele também agora é seu”.
Edward: “Acho que seus amigos estão com raiva de mim por eu ter roubado você.”
Bella: “Eles vão sobreviver.”
Edward: “Mas é possível que eu não a devolva.”
O príncipe nunca voltaria para me despertar de meu sonho encantado com um beijo. Eu não era uma princesa, afinal. Então, o que dizia o protocolo dos contos de fada sobre outros beijos? Do tipo comum, que não quebra feitiços?
Tão ansiosa pela danação eterna.
(Edward Cullen)
Não que isso importe. Se você ficar, não preciso do paraíso.
Depois que você gosta de uma pessoa, é impossível ser lógica com relação a ela.
Prometo que esta será a última vez que vai me ver. Não voltarei. Não a farei passar por nada como isso novamente. Você pode seguir com sua vida sem qualquer interferência minha. Será como se eu nunca tivesse existido.
Se eu não tiver um senso de equilíbrio melhor em minha próxima vida, vou exigir reembolso.
Olha, você se incomoda de deixar pra fazer as coisas estúpidas quando eu estiver por perto? Eu não vou ser capaz de me concentrar se eu pensar que você está pulando de penhascos na minhas costas.
Adeus, eu te amo, foi meu último pensamento.
Não conseguia suportar que ele ficasse magoado, e ao mesmo tempo não podia evitar que ele me magoasse.
Ninguém quer um refletor sobre si quando é provável que vá cair de cara no chão.
Mesmo enquanto afugentava as imagens, senti meus olhos cheios de lágrimas, e a dor a cercar o buraco em meu peito.
Parecia que eu estava presa em um daqueles pesadelos apavorantes em que você precisa correr, correr até os pulmões explodirem, mas não consegue fazer com que seu corpo se mexa com rapidez suficiente.
– Joguei comida no cabelo dela – Eu disse, dando outra gargalhada.
– Não vou esquecer disso, cachorro – Sibilou Rosalie.
– Não é tão difícil apagar a memória de uma loura – contra-ataquei. – É só sobrar a sua orelha.
“E o som do seu coração”, ele continuou, mais sério, mas ainda sorrindo um pouco. “É o som mais significante no mundo. Eu estou tão conectado a ele agora, que eu juro que poderia identificá-lo a milhas de distância. Mas nenhuma dessas coisas importa. Isso”, ele disse pegando o meu rosto nas mãos. “Você. É isso que eu vou guardar. Você sempre será a minha Bella, só que você só será um pouco mais durável”.
Estou preocupada com Edward… Os vampiros podem entrar em estado de choque?
Se pudéssemos ficar juntos em outro lugar, então seria um final feliz.
Como eu poderia explicar de modo que ele entendesse? Eu era uma concha vazia. Como uma casa vazia, por meses sem ninguém – uma casa condenada –, eu era completamente inabitável. Agora havia algumas melhorias. A sala da frente estava em reformas. Mas era só isso – só um cômodo pequeno. Ele merecia alguém melhor – melhor do que uma casa em ruínas com um cômodo só. Nenhum investimento dele poderia me deixar funcional outra vez.
À medida que o relógio começava a soar a hora, vibrando sob a sola de meus pés lentos, eu sabia que era tarde demais para mim – e fiquei feliz que alguma coisa sedenta de sangue esperasse nos bastidores.
Como eu poderia combater as fronteiras tênues do nosso relacionamento, se eu gostava tanto de ficar com ele?
De certo modo ele se tornara essencial para minha sobrevivência.
Mas isso não era um sonho, e, ao contrário do pesadelo, eu não estava correndo para salvar a minha vida; eu corria para salvar algo infinitamente mais precioso. Hoje minha própria vida pouco significava para mim.
Mas eu conseguiria fazer isso? Conseguiria trair meu coração ausente para salvar minha vida patética?
Pela primeira vez em séculos, eu senti esperança.
Não confie num vampiro, confie em mim.
Ele pegou meu rosto entre as suas mãos de pedra, segurando-o com firmeza enquanto seus olhos de meia-noite cintilavam nos meus com a força gravitacional de um buraco negro.
Seria tão errado tentar fazê-lo feliz? Mesmo que o amor que eu sentia por ele não passasse de um eco fraco do que eu era capaz de amar, mesmo que meu coração estivesse muito longe, vagando e lamentando por meu romeu volúvel, seria assim tão errado?
– Eu nunca vou conseguir tirar tudo isso do meu cabelo! – apontei para minha cabeça, onde parecia que uma galinha estava aninhada.
Então você seduziu seu marido louco para ser seduzido. Isso não é um pecado capital.
O buraco em meu peito estava pior do que nunca. Pensei que o tivesse sob controle, mas me vi recurvada dia após dia, tentando não desmoronar, ofegante.
É uma coisa extraordinária conhecer alguém com quem podes partilhar a tua alma e que te aceita pelo que és.
“Adeus, pensamos juntas. A mão de Doc apertou suavemente o pano contra o meu rosto. Eu respirei fundo, ignorando o odor denso, desconfortável. Ao respirar fundo uma segunda vez, vi as estrelas de novo. Elas não estavam me chamando; estavam me deixando ir, deixando-me para o universo negro onde eu peregrinara por tantas vidas. Eu derivei para o negro, e ele foi ficando cada vez mais brilhante. Claro que não era negro – era azul. Um azul cálido, vibrante, brilhante… Eu flutuei no azul sem medo algum.”
“Os minutos se passaram, e tudo estava calmo, exceto a minha respiração. Ela dava arrancos, entrecortada, tendendo a soluçar em silêncio”.
Você nunca sabe quanto tempo vai ter…
Era o próprio Jacob. Jacob era apenas uma pessoa eternamente feliz, e carregava essa felicidade como uma aura, dividindo-a com quem quer que estivesse perto.
Como um sol na terra, Jacob sempre aquecia quem estava em seu campo gravitacional.
Era natural, fazia parte da sua felicidade. Não surpreendia que eu ficasse tão ansiosa pra vê-lo.
Ele aperta minha mão, e meu coração soca minhas costelas. É quase uma dor esse prazer.
Do andar de cima, soou um barulho novo. O único que me podia tocar naquele momento interminável. Um palpitar frenético, um batimento acelerado… Um coração que se transformara.
Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas havia estrelas… Pontos de luz e razão… E depois você atravessou meu céu como um meteoro. De repente tudo estava em chamas; havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver as estrelas. E não havia mais razão para nada.
Você poderia fugir de alguém que você temesse, você poderia tentar lutar contra alguém que odiasse. Todas as minhas reações estavam voltadas para esses tipos de assassinos – os monstros, os inimigos. Quando você começou a amar aquele que estava te matando, isso não te deixou nenhuma opção. Como você poderia correr, como você poderia lutar se, ao fazê-lo, estaria magoando aquele que ama?
Não poderia haver nenhuma alegria neste planeta sem o peso igual da dor para equilibrá-las em uma balança desconhecida.
O conto de fadas tinha voltado. O príncipe retornara, o feitiço fora quebrado.
Pensei por pouco tempo nos clichês, sobre como você devia ver sua vida passar diante dos olhos. Eu tinha muito mais sorte. Quem afinal queria ver uma reprise? Foi ele que eu vi, e não tive vontade de lutar.
Posso não ser humano, mas sou um Homem.
Jacob – Ela olhou para mim com outro sorriso fraco.
Bella – Jake é um piadista.
Jacob – Que ótimo agora eu era o bobo da corte.
O futuro era um grande abismo escuro que eu só poderia conhecer quando pulasse nele.
É difícil descrever. Não é como amor à primeira vista. É mais como… uma atração gravitacional. Quando a vê, de repente não é mais a Terra que mantém você aqui. É ela. E nada importa mais do que ela. E você faria qualquer coisa por ela, seria qualquer coisa por ela… Você se torna o que ela precisa que seja, um protetor, amante, amigo ou irmão.
Ele a ama mais do que você entende. Apavora-o ficar longe de você.
O verdadeiro amor estava perdido para sempre. O príncipe nunca voltaria para me despertar de meu sono encantado com um beijo. Eu não era uma princesa, afinal.
Eu já tinha mais do que a minha cota de participações em experiências de quase morte; não era algo a que uma pessoa se acostume.
Eu espero um século para casar contigo.
Comecei a correr, mas me vi andando na frustante câmera lenta de quem sonha.
Eu troquei uma vida toda de escravidão por uma caixa de corações entrelaçados.
Parece que já faz anos. Outra era. Uma época mais feliz.
Mas nunca mais verei ninguém, Bella. Só vejo você. Mesmo quando fecho meus olhos e tento ver outra coisa.
Mas nunca haverá mais do que nós dois. E nunca me sentarei em alguma varanda, com ele grisalho a meu lado, cercada de netos.
Estava impaciente pela morte, para dar um fim à dor. Demorava tanto…
Lembro de ficar apavorada que a dor não fosse cessar…
E então me lembro disso, quando tantas lembranças agradáveis desapareceram por completo.
Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega ao fim.
Você não está dormindo e não está morta. Estou aqui e eu amo você. Sempre amei e sempre amarei. Fiquei pensando em você, vendo seu rosto em minha mente, durante cada segundo que me ausentei. Quando lhe disse que não a queria, foi o tipo mais atroz de blasfêmia.
Por que pode acreditar na mentira, mas não na verdade?
O tempo passa.
Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa do modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa.
Até para mim!
– E então o leão se apaixonou pelo cordeiro… – murmurou ele.
Virei a cara, escondendo os olhos enquanto me arrepiava com a palavra.
– Que cordeiro imbecil – suspirei.
– Que leão masoquista e doentil.
O jeito como eu sinto por você nunca vai mudar. É claro que eu te amo – e não há nada que você possa fazer pra mudar isso!
Nunca pensei muito em como morreria – embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso (…). Sem dúvida era uma boa forma de morrer, no lugar de outra pessoa, de alguém que eu amava. Nobre, até. Isso devia contar para alguma coisa.
O amor é irracional, eu lembrei pra mim mesma. Quanto mais você ama alguém, menos sentido as coisas fazem.
– Só me diga agora se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo o que a fiz passar. Pode? – sussurrou ele.
– Que tipo de pergunta idiota é essa?
Às vezes eu me perguntava se via as mesmas coisas que o resto do mundo.Talvez houvesse um problema no meu cérebro.
Ninguém te contou ainda? A vida não é justa.
E se eu não for um super-herói? E se eu for o vilão?
De três coisas eu estava convicta. Primeira, Edward era um vampiro. Segunda, havia uma parte dele – e eu não sabia que poder essa parte teria – que tinha sede do meu sangue. E terceira, eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.
– Bella! – Ele voltou toda a força de seus olhos dourados e abrasadores para mim.
– Que é? – murmurei, distraída.
– Divirta-me! – insistiu ele.
Durma, minha Bella. Tenha sonhos felizes. Você foi a única que tocou meu coração. Serei sempre seu. Durma, meu único amor.
Amares aquele que te matava, deixava-te sem outra opção. Como poderias fugir, como poderias lutar, se ao fazê-lo magoavas o teu amor? Se a tua vida era tudo o que tinhas para dar, como poderias recusá-la a alguém que amavas verdadeiramente?
Eu era um vampiro e ela era o sangue mais doce que eu havia cheirado em oitenta anos. Eu nunca imaginei que um cheiro assim pudesse existir. Se eu soubesse que existia, eu já teria saído procurando há muito tempo. Eu teria vasculhado o planeta por ela. Eu podia imaginar o sabor…
O cheiro dela me atingiu como uma bola, como um bastão de jogo. Não há nenhuma imagem violenta o suficiente para encapsular a força do que aconteceu comigo naquele momento. Naquele instante, eu não era nada nem perto do humano que um dia eu fui, nenhum traço da humanidade na qual eu estive tentando me esconder. Eu era um predador. E ela era a minha presa.
Adeus, eu te amo, foi meu último pensamento…
Ainda assim, naquele instante, eu me senti bem. Inteira. Pude sentir meu coração batendo no peito, o sangue pulsando quente e rápido por minhas veias de novo. Meus pulmões encheram-se do doce aroma que vinha da pele dele. Era como se nunca tivesse havido um buraco em meu peito. Eu estava perfeita – não curada, mas como se nunca tivesse sido ferida.
O amor nem sempre vem em pacotes convenientes.
Porque só havia uma coisa em que eu precisava acreditar para poder viver, eu precisava saber que ele existira. Era só. Todo o restante eu podia suportar. Desde que ele tivesse existido.
Eu tenho cara de quê? Mágico de OZ? Você precisa de um cérebro? Precisa de um coração? Venha aqui, pegue o meu. Leve tudo que tenho.
E o leão se apaixonou pelo cordeiro…
Se sua vida é tudo o que você tem para dar ao amado, como não dá-la?