“…ninguém pode resolver tua vida por ti e, para poder tocar o céu, é preciso ter morrido. Desconfia daqueles que têm mais respostas do que perguntas. Daqueles que te oferecem a salvação como quem oferece uma maçã. Nosso destino é um mistério, e talvez o sentido da vida não seja mais do que a busca desse sentido”. (Nyneve falando a Leola sobre aqueles que seguiam para a Terra Santa na Cruzada das Crianças, no século XII, em “A História do Rei Transparente”, de Rosa Montero)
Ele vinha da infância e nunca tivera uma parceira estável, queria me viver até me esgotar, queria que montássemos juntos uma casa, que sonhássemos um futuro, que nos enchêssemos de compromissos de eternidade até as orelhas. Eu provinha da fatigante travessia da idade madura e sabia que a eternidade sempre se acaba, e tanto mais cedo quanto mais eterna.
Quero dizer que nunca ninguém ganhou uma luta defendendo-se. Para vencer, é preciso atacar.
Os homens costumam chamar destino àquilo que acontece com eles quando perdem as forças para lutar.
Todos estes livros, reparo, estão me mudando por dentro. Eu não podia imaginar que isso de ler era como viver.
A dor real é indescritível. Se você consegue falar sobre o que te aflige, você está com sorte: isso significa que não é assim tão importante. Porque quando a dor cai sobre você sem paliativos, a primeira coisa que leva são as palavras.
Quanto mais perto você chegar do essencial, menos você consegue nomeá-lo.
O tutano dos livros está na esquina das palavras.
O mais importante dos bons romances reside nas elipses, no ar que circula entre os personagens, nas frases menores.
Todos precisamos da beleza para que a vida nos seja suportável.