Não supunha que fosse ser feliz um dia. Sentia-se fadado ao limbo, a monótona rotina, desprovida de momentos felizes ou tristes. Sua vida era apenas um vazio preenchido por tímidas emoções. Seguia bem assim.
O pôquer simula a vida. Às vezes você perde, às vezes você ganha, mas o negócio é manter-se lá, jogando.
Sou seu termômetro de criminalidade, seu espelho de morbidez, sua bússula de loucura. Mas a verdade é que: se estivesse no meu lugar, você teria feito o mesmo. É fácil condenar alguém, pulverizar a responsabilidade, montar teorias e encontrar culpados.
Quando criança, passava noites sem dormir, as mãos trêmulas diante dos olhos, tentando desvendar os próprios pensamentos. Sentia-se um monstro. Não gostava de ninguém, não nutria nenhum afeto para sentir saudades: simplesmente vivia. Pessoas apareciam e ele era obrigado a conviver com elas. Pior: era obrigado a gostar delas, mostrar afeto.
Com frequência, tinha a sensação de que vivia num filme em que pessoas do outro lado do mundo o acompanhavam através de câmeras ligadas vinte e quatro horas por dia.
Gosto de lugares assim, com a podridão humana estampada no rosto das pessoas.
Se no mundo houvesse mais loucos, haveria menos violência.
A beleza sempre ocorre no particular, enquanto a crueldade prefere a abstração.
As vezes eu paro e penso, “Será que existe uma alma gêmea tentando me encontrar?”
Não escrevo a lápis para não poder apagar o que foi escrito. Nada deve ser omitido.
Pra mim, Bíblia é feito catálogo da Avon: só abro pra fazer pedido.
O ser humano é um bicho escroto por natureza. Não importa o que digam, todo mundo é assim. Rico ou pobre, negro ou branco, velho ou novo, não interessa. Somos todos iguais em escrotidão.
Normais matam mais do que loucos. Se no mundo houvesse mais loucos, haveria menos violência.