Olhe bem pra nossa cor
Só enxergam a cor do pecado
Não enxergam a cor do amor
E é nisso que eu dou valor
Seja como for,
Se minha estrada é um rio
Eu deságuo num mar de amor
Pois nunca me esqueço quem sou
Sangue preto não estanca em terra branca
Igual lama de mangue
Tão nessa de ser melhor?
Então tomem o meu pior
Eu sumi e voltei maior
Pra ser eterno igual Belchior
Jogue fora essa falsa imagem que não vem de mim
Pra que roupa e tanta maquiagem se eu não sou assim
Não escondo os meus olhos cansados e o que já passei
Ser perfeito, eu nem levo jeito, nisso sempre errei
Cabra, só Deus sabe da minha má fase
Tinha fome e devorava o som
Guardo cada face, cada frase
Como base pra não ser em vão
Cada porta que abre é um milagre
Só me cabe ser muito mais que bom
Vou chegar ao céu mantendo os pés no chão
Quando componho tenho o mundo em minhas mãos
– RAPadura Xique-Chico
Mudei a arquitetura lógica e a ótica
Por ter luz própria
Virei incógnita
Apaguei estrelas mórbidas, após botar o Ceará na órbita
Sou como Hipócrates pra hipócritas no mic
Poeira cósmica, o que come os hóspedes do hype
O pai é rápido demais
Um chips sobre um beat é hit
Sobre o feed, need for speed
Eólica suprime
Deixa energia tóxica pra trás
Ideias avançadas causam mortes cerebrais
No meu ramo, rimo sem suportes cardeais
Múltiplos sentidos, nunca perco o rumo
Remo ao norte dos demais, bye
– RAPadura Xique-Chico
Cansei de escombros em meus lombos levando o Brasil nos ombros
Das minhas mãos, provém o dom, que mata a fome
Meu pé no chão, é a raiz do som, que parte iPhone
Se o preconceito me der moeda, eu nego a miséria
Com notas tão altas que a classe média, perde a matéria
Não tem show de humor pra plateia, a comédia fica séria
Diz que minha terra é um inferno? E ainda querem vim passar as férias?