Num Universo de sim ou não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não, para quem quer ouvir sim é significa sim para quem espera ouvir não.
A dor muito prolongada faz-nos cruéis e indiferentes à crueldade, o que é ainda pior.
O que importa é mudar a ovalidade do mundo sem dele fugir.
Porque é que a afirmação dum homem tem de se fazer sempre em oposição a todos os outros?
Trago em mim o inconciliável e é este o meu motor.
É isso o amor. Manter a ternura pelo mesmo homem, embora se deseje outros a momentos diferentes.
Penso, como ele, que a fronteira entre a verdade e a mentira é um caminho no deserto. Os homens dividem-se dos dois lados da fronteira. Quantos há que sabem onde se encontra esse caminho de areia no meio da areia?
A minha vida é o esforço de mostrar a uns e a outros que há sempre lugar para o talvez.
Não há amor resistente à solidão.
A dureza do diamante é uma ilusão: não é mais que gotas de suor esmagadas pelas toneladas de terra que o cobrem.
No novo ano, o futuro continuava tão longe como no ano velho.
Não há nada pior no homem que a falta de imaginação.
A vida é criação constante, morte e recriação, a rotina é exactamente o contrário da vida, é a hibernação.
Queremos transformar o mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios. Queremos ser livres, fazemos a nossa vontade, e a todo o momento arranjamos desculpas para reprimir os nossos desejos.
Os loucos são felizes, basta ver como se riem das coisas mais estúpidas que se possa imaginar. Riem felizes do voo de uma borboleta.
A amizade é assim, tem sempre dois lados e devemos realçar o melhor.
Nem tudo na vida é doloroso ou inviável.
O papel das elites é formular as necessidades que as populações sentem. Esse é o papel do intelectual.
Num Universo de sim ou não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não para quem quer ouvir sim e significa sim para quem espera ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam as combinações?
Quem na lama quer remexer, que lama seja.
O amor é um duelo. Mas o amor realizado é também uma combinação, diz-se mesmo que os velhos casais acabam por se assemelhar fisicamente.
A minha história é a dum alienado que se aliena, esperando libertar-se.
“Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura do café, vinda da mãe, misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante português. Trago em mim o inconciliável e é este o meu motor. Num Universo de sim e não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não para quem quer ouvir sim e significa sim para quem espera ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam as combinações? Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raros são os outros, o Mundo é geralmente maniqueísta”.