Queríamos interrogar o futuro. Que dia será amanhã? Terei minha liberdade? Você é capaz de ler o livro escrito depois de nós. Como será a liberdade para cada um de nós?
Não sabemos da vasta multidão de pessoas que, em cada pedaço do Brasil, travou sua batalha solitária. Na verdade, é essa longa teia de resistência que permite a vitória, mas a história é cruel com os anônimos.
– Pode-se voltar no tempo?
– Não. Isso não. O passado passou.
– Não posso voltar?
– Não pode.
– O tempo vivido é irreversível?
– Sim.
O futuro nada sabe de nós? De que serve ser do futuro se é para ficar na ignorância do que foi vivido?
Quando se marca o tempo em fatias e depois as sobrepõe até fechar um bloco de minutos, horas dias e meses e, em seguida, cria-se uma fronteira bem marcada, à qual define como recomeço, é inevitável ter algum otimismo. Tudo pode acontecer, dado que é novo o tempo diante de nós.
Pensei nos livros nos quais me recolhi em tempos tristes e vi que os terei outra vez. Eles sempre serão a minha casa quando eu me sentir desterrada. São como fortalezas contra invasores.
A crônica é livre e louca, nasce de onde ela quer.