AutorLloyd Jones

Lloyd Jones

Se todos os nossos atos fizessem sentido, o mundo seria um lugar diferente. A vida seria menos interessante, vocês não acham?

Lloyd Jones

“E enquanto o coração de um homem estiver certo, embora sua cabeça esteja errada, sejamos pacientes com ele, procuremos ajudá-lo. Não passemos o tempo apenas provando que estamos certos e que todos os outros estão errados”.

Lloyd Jones

Os homens que tentam fazer algo e falham são infinitamente melhores do que aqueles que tentam fazer nada e conseguem.

Lloyd Jones

A maneira de provar a si mesmo ou a qualquer homem é olhar debaixo da superfície.

Lloyd Jones

⁠O que é a pregação?
É a lógica pegando fogo!
É a teologia em chamas!
É o raciocínio eloquente!

Lloyd Jones

É impossível que o amor de Deus por nós sofra mudança.

Martyn Lloyd-Jones

Você pode controlar suas ações até certo ponto, mas quando tenta purificar seu coração, eu lhe asseguro que quanto mais você tentar, mais negro ele ficará.

Martyn Lloyd-Jones

Nunca e de forma alguma a nossa salvação deve ser fundamentada em qualquer coisa que haja em nós. Baseia-se inteiramente no Senhor Jesus Cristo.

Martyn Lloyd-Jones

Dizer às pessoas que não importa o que alguém crê, contanto que viva uma vida louvável e faça o bem, não somente é uma negação do Evangelho, é também fadado a desencorajar as pessoas, levando-as a rejeitar a única verdade que pode salvá-las.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

A justificação pela fé significa que, apesar do que você é, Cristo morreu por você.

Martyn Lloyd-Jones

Se tentação não fosse atraente, ninguém jamais olharia para ela. E é dessa maneira que o pecado sempre se aproxima de nós – enganando, seduzindo, cativando, cheio de beleza e atração.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Nunca houve um santo sobre a face da terra que não tenha visto a si mesmo como um vil pecador – de modo que se você não sente que é um vil pecador, não é parecido com os santos.

David Martyn Lloyd-Jones

Em nenhum sentido a graça é contingente ou dependente do que o homem faz.

Martyn Lloyd-Jones

O que compete ao conhecimento é levar-nos ao amor.

Martyn Lloyd-Jones

Se você pensa que é a sua vida virtuosa que faz de você um cristão, está tornando a ficar debaixo da lei. Mas é inútil fazê-lo por esta razão. Se você tornar a colocar-se debaixo da lei, estará condenando a si próprio, pois “nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” Se você quiser tentar justificar-se por sua vida e por suas obras, você estará indo direto para a condenação, porque as melhores obras do homem não são suficientemente boas aos olhos de Deus. Todos fomos condenados pela lei – “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. “Não há um justo, nem um sequer”.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Por que somos como somos? Por que há tantas falhas em nossas vidas, e tanto pecado? A resposta acha-se aqui: simplesmente não conhecemos a Deus! “Pai justo”, disse o Senhor Jesus, “o mundo não te conheceu; mas eu te conheci” “Oh”, disse Ele, “se eles tão somente te conhecessem, não viveriam como vivem, mas não te conhecem!” Eles falam de Deus, e argumentam, mas não O conhecem. “Pai justo, o mundo não te conheceu.” Mesmo conosco, que somos cristãos, o problema é que não conhecemos a Deus. Esqueçam das suas fórmulas, esqueçam-se de si próprios, e daquilo que os está mantendo na fossa. Não é esse o seu problema. A sua natureza é corrupta, e se vocês se livrarem desse problema particular, terão alguma outra coisa contra o que lutar. O verdadeiro problema é que não conhecemos a Deus. Os homens que buscavam a Deus e buscavam a Sua face é que foram mais santos. O de que necessitamos primordialmente não é de alguma experiência, é deste conhecimento de Deus, dos atributos de Deus – Sua glória, Sua inefabilidade, Sua santidade, Sua onipotência, Sua eternidade, Sua onisciência, Sua onipresença. Se eu e você simplesmente tivéssemos a percepção de que onde quer que estivermos, e o que quer que fizermos, Deus nos estaria vendo, isso transformaria as nossas vidas!

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Cristo é o fim da lei no sentido de que Ele a cumpriu por aqueles que crêem nEle. Ele é o fim da lei no sentido de que Ele executou os ditames da lei perfeitamente, em todos os aspectos. Tudo quanto a lei requer, em função da justiça perante Deus, Cristo realizou.

Martyn Lloyd-Jones

Religião é o homem em busca de Deus; o Cristianismo é Deus buscando o homem, manifestando-se a ele, puxando o homem para Si.

Martin Lloyd-Jones

O segredo de uma vida cristã feliz é compreender que é tudo pela graça, e regozijar-se nesse fato. “Assim também vós”, diz o Senhor numa outra passagem, “quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”. Esse é o Seu ponto de vista, esse é o Seu ensino, esse é o segredo de tudo. Não era esse o Seu modo? Era, de acordo com o apóstolo Paulo, que disse: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. Vocês entendem o que isso significa. Ele não olhou para Si mesmo, Ele não pensou em Si mesmo e nos Seus interesses; Ele deixou de lado Sua reputação, deixou de lado as insígnias da Sua eterna glória. Ele não considerou Sua igualdade com Deus algo a que devesse se agarrar, dizendo: “Aconteça o que acontecer, não vou largar”. Ele não fez isso. Ele o deixou de lado, Ele Se humilhou, esqueceu-Se de Si mesmo, e enfrentou e suportou e fez tudo o que fez olhando somente para a glória de Deus. Nada mais importava para Ele, apenas que o Pai fosse glorificado, e que homens e mulheres viessem ao Pai. Esse é o segredo. Sem olhar para o relógio, sem avaliar a quantidade de trabalho, sem manter um balanço, mas esquecendo tudo exceto a glória de Deus, o privilégio de ser chamado para trabalhar para Ele, o privilégio de ser um cristão, lembrando somente da graça que olhou para nós e nos removeu das trevas para a luz.

Martyn Lloyd-Jones

(…)Como se argumenta no grandioso capítulo nove da Epístola aos Hebreus, há o fato de que o ensino geral de Moisés, com tudo mais que ele apresentou, foi tão-somente um expediente temporário. Bem, precisamos falar sobre isso com absoluta clareza. Era nestas coisas que os membros do Sinédrio se gloriavam, e eles estavam rejeitando Cristo. No entanto, examinem aquilo em que eles se apegavam! Vejam a lei. Uma parte de todo o problema deles era que não percebiam que a Lei não pode salvar ninguém. A Lei só nos pode dizer o que fazer; não pode dar-nos o poder que nos capacitaria a fazer o que ela diz. Por isso o apóstolo Paulo escreve aos romanos sobre “o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne…” (Romanos 8:3). Moisés se levantara diante do povo e praticamente dissera: “Cumpram estes mandamentos, e vocês serão salvos”. A Lei deixa conosco: “Não matarás. Não adulterarás. Não cobiçarás”. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda o teu entendimento e de todas as tuas forças, e a teu próximo como a ti mesmo.” Tudo ótimo, mas você pode fazer isso? A Lei diz: “Faze isto, e viverás”. Mas ninguém pode fazer isso. Portanto, como já vimos, a Lei nos deixa condenados, sem esperança e desamparados, e nos diz que precisamos ser libertados.

Martyn Lloyd-Jones

O Novo Testamento sempre introduz os aspectos práticos com o vocábulo “portanto” ou seu equivalente. O que você faz na prática sempre deve ser uma dedução do que você crê; e se você inverter essa ordem, correrá perigo mortal. Se você não tiver um “portanto” em seu sistema, que decorra da sua doutrina, o que você terá é uma seita, e não o ensino do Novo Testamento, não o cristianismo.

Martyn Lloyd-Jones

Há o perigo de que, havendo começado no Espírito, retornemos à carne. Este é o grande tema da Epístola aos Gálatas, resumindo nas palavras, “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gálatas 3:3) O apóstolo estava escrevendo a crentes autênticos, e é uma das “ciladas do diabo” com relação ao crente. É o perigo de que, tendo começado pela visão clara de que a justificação é somente pela fé, e de que tudo na vida cristã é pela fé, você pode, inconscientemente, começar a escorregar para trás, voltando a confiar nas suas obras, de uma forma ou de outra. É uma tentação muito sutil e astuta. Até Pedro chegou a sucombir sob ela como resultado do temor que teve dos irmãos que tinham vindo de Jerusalém e, em Antioquia, o apóstolo Paulo teve que lhe resistir “na cara”, como ele no-lo recorda no capítulo dois, versículo 11 de Gálatas. É o perigo de retroceder de uma posição correta. Havendo visto, na ocasião da sua conversão, que a salvação vem inteiramente pela fé e confiança no Senhor, logo você começa a confiar em suas obras e atividades, naquilo que você é, em seu próprio entendimento; e nesse ponto você introduz estes aspectos fatais. Qualquer tipo de acréscimo é sempre e inevitavelmente um erro. No caso dos Gálatas foi a circuncisão, por causa do ensino dos judaizantes. Mas, surja como surgir a tentação para que retrocedamos, é essencial lembrar que não podemos aperfeiçoar a obra da graça ao nível da carne; tudo deve ser feito ao nível do Espírito, e sempre pela fé. Em última instância, tudo é pela fé e baseado na fé, e não devemos recuar dessa verdade fundamental.(…) Faça tudo que puder, obtenha todo o conhecimento que puder, trabalhe quanto puder, porém nunca ponha a sua confiança nessas coisas. Temos que confiar única e completamente em Cristo.

Martyn Lloyd-Jones

Por que o cristão, homem ou mulher, fica deprimido? É porque ele examinou a si mesmo desta maneira minuciosa – é sempre uma questão de pormenores, de pontos refinados, de tomar o pulso espiritual, de medir a temperatura espiritual. É levada a efeito toda investigação que se pode imaginar, e depois os resultados são reduzidos a uma sinopse. Eis aí, então, o registro; e é péssimo. A conclusão óbvia que se tira é: “Muito bem, será que sou cristão mesmo? Alguma vez fui realmente cristão? Será possível?”
O objetivo do diabo é conseguir que alimentemos esse sentimento. Se ele conseguir fazer que nos examinemos de tal maneira que isso não seja apenas uma introspecção, mas nos leve à conclusão de que nunca fomos cristãos, ele ficará mais que satisfeito. Estou procurando fazê-los lembrar-se de que a resposta fundamental ao diabo, é que, seja como for que nos sintamos, continuamos sendo cristãos. Contudo, como prová-lo a nós mesmos? Essa é a real necessidade nesse ponto. O modo de fazê-lo – e esta é a razão por que os reformadores protestantes viram que esse é o artigo fundamental de uma igreja para que se firme ou caia – é lembrar-nos da justificação só pela fé! O diabo diz: “Olhe a sua ficha, só há uma conclusão, você não é cristão, nunca foi.” Responda ao diabo dizendo-lhe que o que torna um homem num cristão não é nada que se ache nele, e sim “o Sangue de Jesus e Sua Justiça”. Graças a Deus por isso, pois se todos nós examinássemos verdadeiramente a nós mesmos e tentássemos decidir com base no registro da nossa própria vida se somos cristãos ou não, nunca existiria nem um único cristão!Há somente uma coisa que nos faz cristãos – a justiça de Cristo e nada mais.

Martyn Lloyd-Jones

Você e eu não temos que estar olhando nossa vida passada; nunca devemos ficar olhando para qualquer pecado que tenhamos cometido no passado, de modo nenhum, a não ser para louvar a Deus e engrandecer a Sua graça em Cristo Jesus. Eu o desafio a fazer isso. Se você olhar para o seu passado e este o deixar deprimido você deverá fazer o que Paulo fez. “Eu fui blasfemo”, disse ele, mas não parou aí. Disse em seguida: “Sou indigno de ser pregador do Evangelho”?
O que na verdade ele diz é exatamente o oposto: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1 Tm 1:12). Quando Paulo olha para o passado e vê seu pecado, não fica recolhido, de castigo num cantinho, a dizer: “Não presto para ser cristão; fiz coisas horríveis”. Nada disso. O que tudo isso produz nele, o efeito que lhe causa, é levá-lo a louvar a Deus. Ele se gloria na graça de Cristo, e diz: “Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus” (1 Tm 1:14).

Martyn Lloyd-Jones

O teste final quanto a se Deus está atuando em nós é ver se desejamos ser cada vez mais como Cristo, santo e puro, separado do mundo e do pecado, famintos e sedentos de justiça, para que agrademos a Deus que assim começou a agir em nós.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Não há valor nenhum numa profissão de fé cristã, se não for acompanhada pelo desejo de ser semelhante a Cristo, pelo desejo de livrar-se do pecado, pelo desejo de obter santidade positiva.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Sábio é o homem que sempre pensa. Não age baseado apenas no instinto ou no impulso ou no desejo. Não, ele insiste em aplicar-se ao pensamento, à razão e à meditação.

Martyn Lloyd-Jones

Quando o ego tem a ascendência, ele sempre joga com os nossos sentimentos. O ego não pode resistir a um verdadeiro exame intelectual.

Martyn Lloyd-Jones

Se tentarmos combater o diabo e estes poderes unicamente em termos da nossa sabedoria e do nosso entendimento, inevitalmente seremos derrotados.

Martyn Lloyd-Jones

Qualquer entendimento que possamos ter da Bíblia poderá ser uma cilada para nós, se deixarmos de aplicá-la.

Martyn Lloyd-Jones

Toda concentração no ego, de qualquer modo ou forma, é sempre do diabo

Martyn Lloyd-Jones

O pecado vem da forma mais atrativa possível, e naturalmente, sempre oferece “vida”, sempre oferece diversão, sempre oferece sucesso, sempre oferece felicidade. Se não fosse assim, ninguém olharia para o pecado.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Nenhuma seita gosta da doutrina do pecado; e isso pelo forte motivo de que você jamais ficará popular, se pregar a doutrina bíblica do pecado. No entanto, as seitas têm que ser populares, pois, do contrário, não poderão ter sucesso.

Martyn Lloyd-Jones

A maior dificuldade acerca da vida cristã é que as pessoas correm em busca do experimental antes de terem entendido a verdade. O experimental é decorrência do entendimento da doutrina, da verdade.

Martyn Lloyd-Jones

Não poderemos experimentar libertação do poder do pecado enquanto não formos, primeiramente, libertados da culpa do pecado.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Se tão somente conhecêssemos o amor de Deus por nós, isso causaria uma revolução em nossas vidas.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Somente pessoas que entenderam a verdade, desejam obedecê-la. A tragédia das outras é que nunca a entenderam realmente.

Martyn Lloyd-Jones

Se a nossa idéia de salvação não for em termos da satisfação da lei de Deus, é errônea.

Martyn Lloyd-Jones

O homem é responsável por sua condenação, mas nunca é responsável por sua salvação.

Martyn Lloyd-Jones

Só existem duas posições: ou estamos em Adão, ou estamos em Cristo. Não há posição intermediária. Você não poderá ser um salvo sem estar ligado a Cristo, sem estar em Cristo. E, assim como não há posição intermediária, assim também não pode haver processo progressivo nesse ponto.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

O melhor corretivo contra o orgulho e contra tudo o que o acompanha é conhecer a Deus, Seu caráter e a verdade sobre Ele.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

A maneira de provar a si mesmo ou a qualquer homem é olhar debaixo da superfície.

Lloyd Jones

⁠O que é a pregação?
É a lógica pegando fogo!
É a teologia em chamas!
É o raciocínio eloquente!

Lloyd Jones

O segredo da sabedoria é que o homem mantém o seu ser interior preso – o que ele é por natureza e por instinto – e o tempo todo relaciona o que encontra e descobre com as grandes certezas fundamentais.

Martyn Lloyd-Jones

Nunca devemos pôr os olhos ou confiar nalguma coisa que somos ou nalguma coisa que fazemos – nunca! Talvez você foi convertido há 50 anos, e tem crescido na graça e tem se desenvolvido tremendamente, mas eu lhe digo neste momento que, se você confia em alguma coisa que haja em você, em alguma coisa que acaso você seja, em alguma coisa que tenha feito, você, por assim dizer, abandonou a posição da graça e voltou a estar debaixo da lei.

Martyn Lloyd-Jones

Visto que Deus já tratou com o pecado da maneira explicada nas Escrituras, somos perdoados absolutamente e uma vez por todas. O perdão é definitivo. Somos reconciliados completamente com Deus pela morte de Seu Filho. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados.” “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:19-21). Deus tratou dos nossos pecados de maneira tão completa em Cristo, e por Seu sangue, que Ele os pôs para fora uma vez para sempre, e nunca mais os tornará a ver.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Quando as suas mãos estão ociosas, quando você não está fazendo nada, satanás está sempre pronto a tirar vantagem da situação e vem seduzi-lo. É perigoso ficar nessa condição. Por isso o cristão é exortado em muitas partes das Escrituras a manter-se ativo na obra do Senhor. Naturalmente, da maneira certa! Não estou defendendo um mero e tolo ativismo, uma agitação em atividade sem sabermos o que estamos fazendo. Estou falando da vida cristã normal. Pessoas há que pensam que ser ativo significa fazer algo fora de nós, por assim dizer, ao passo que a principal atividade a que sempre somos exortados nas Escrituras é viver a vida cristã propriamente dita.

Martyn Lloyd-Jones

Se você passar muito do tempo de que você dispõe numa atmosfera mundana, verá que o fio da sua vida espiritual ficará embotado. Não há nada de errado, inerentemente, em ver televisão ou ouvir rádio, mas se passar muito tempo fazendo isso, é certo que não será capaz de orar muito bem, e que perderá o gosto pelas Escrituras.

Martyn Lloyd-Jones

Sempre que nos virmos inclinados ao desânimo, e a reclamar e murmurar que parece que o Senhor não está cumprindo as Suas promessas a nós, nesse preciso momento temos que dar ouvidos a esta exortação a “Ficar firmes”. “Junte forças!” “Encha-se de coragem!” Não devemos dar lugar aos pensamentos de autopiedade que vêm juntar-se em nossa mente e coração. Como cristãos, nunca devemos lamentar por nós mesmos. Não importa qual seja a nossa situação, ou o que nos esteja acontecendo, nunca devemos lamentar por nós mesmos. No momento em que o fizermos, perderemos a nossa energia, perderemos a nossa vontade de lutar e a vontade de viver, ficaremos paralisados. Por mais forte que você seja, assim que você der lugar a esse sentimento, já estará perdendo algo da sua energia vital.

Martyn Lloyd-Jones

Sejam vigilantes, sejam sóbrios, por causa do caráter e da natureza do seu inimigo. Noutras palavras, vigiem a primeira abordagem dele; ataquem-no e resistam a ele de imediato, sem nenhuma hesitação. Se vocês uma vez começarem a dar ouvidos ao diabo, ele já os capturou. Não lhe dêem ouvidos, não recebam dele nem uma só expressão; à primeira investida, repliquem imediatamente, como fez o nosso Senhor na Tentação, e o derribarão. Mas se vocês começarem a aceitar algumas das suas sugestões, se uma vez começarem a arrazoar ou argumentar, ele já os derrotou. O que quer que ele diga, fogo nele imediatamente! Ele dirá que vem como amigo, ele quer fazer propostas, ele tem uma sugestão…Não lhe dêem ouvidos. Fogo! Ele é sempre o inimigo, ele é sempre um mentiroso, ele é sempre o “pai da mentira”, ele é “mentiroso desde o princípio”. Não dêem a mínima atenção a ele, em nenhum aspecto. Sejam vigilantes, sejam sóbrios, estejam sempre prontos, sempre vivos, sempre alerta, sempre despertos, e sempre vigiando em todas as direções. Não se entreguem ao cansaço, não fiquem pensando na longa duração da batalha, não se ponham a dizer: ” Isso não vai ter fim?” A resposta é: de pé! Em frente! “Avante, cristãos! A luta enfrentai!”

Martyn Lloyd-Jones

Após alguma experiência particularmente alta e exaltada, muitas vezes vem um período de grande perigo. Vocês poderão ver isso na história de Davi, rei de Israel, depois que ele venceu todos os seus inimigos e se encheu de alegria e de orgulho por suas extraordinárias vitórias. Foi justamente quando o diabo o tentou a contar os filhos de Israel; e isso levou o seu povo a grande dificuldade e a grande sofrimento.

Martyn Lloyd-Jones

Quando você se julga forte, e provavelmente invencível, quando você acaba de ter uma grande vitória, corre o perigo de achar que nada mais é necessário, que você se tornou um cristão de tal maneira forte que imagina que pode resistir facilmente. Você se esquece da exortação que diz: “Aquele que cuida estar de pé, olhe, não caia.”

Martyn Lloyd-Jones

A justificação pela fé somente estaria clara para nós? Estaríamos livres de qualquer tendência para voltar às obras? Há em nós alguma partícula que esteja confiando em qualquer coisa que tenhamos feito ou pensado ou dito ou experimentado? Porque, se estivermos baseando o fato de que somos aceitos por Deus na mínima extensão que seja em qualquer dessas coisas, já escorregamos de volta.

Martyn Lloyd-Jones

Se, quando acontece que você cai em pecado, você sente que, por causa disso não é cristão, e nunca pode ter sido, significa que você continua pensando em termos da justificação pelas obras. Se você pode encher assim de dúvida quando cai, ou quando lhe acontece alguma outra coisa; se você sente algum tipo de incerteza sobre a sua salvação por causa de alguma coisa imprópria que haja em você ou de alguma deficiência sua – se isso o faz duvidar de que é cristão – então você retrocedeu em seu pensamento e se converteu à justificação pelas obras. Nunca e de forma alguma a nossa salvação deve ser fundamentada em qualquer coisa que haja em nós. Baseia-se inteiramente no Senhor Jesus Cristo.

Martyn Lloyd-Jones

O homem que morreu com Cristo terminou uma vez por todas com o pecado, e o fez como ser, como entidade, como alma. Nunca mais deverá levantar a questão da sua justificação ou do seu perdão ou da sua chegada à glória. “Aos que justificou a estes também glorificou.” “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus” – sim, “e nos regozijamos na esperança da glória de Deus.” Apesar de estarmos ainda no corpo, apesar de sabermos que o pecado está no corpo, e apesar de ainda cairmos em pecado, uma vez que morri com Cristo, estou salvo. Estou tão seguramente salvo agora como estarei quando estiver na glória.

Martyn Lloyd-Jones

“Cria em mim um coração puro, ó Deus”. Amigo, você tem chegado a essa conclusão sobre si mesmo? Você tem visto todos os seus problemas e dificuldades procederem dessa causa central? Isso, eu afirmo, é algo que acontece a todo verdadeiro cristão. ”Eu nasci na iniqüidade; e em pecado me concebeu minha mãe.” O problema com o homem não é que ele faz certas coisas que não deveria fazer; é que ele sempre tem um coração propenso a fazê-las. São essas coisas dentro de nós que nos faz cobiçar; embora nossa consciência nos avise que não deveríamos fazê-las, ainda assim nós as fazemos. Essa é a maldição, esta coisa no coração. Precisamos de um coração limpo.

Martyn Lloyd-Jones

Um cristão nunca deveria, como a pessoa do mundo, ficar deprimido, agitado, alarmado, frenético, sem saber o que fazer. É a reação típica a problemas da parte daqueles que não são cristãos, e é por isso que está errado ficar assim. O cristão é diferente de outras pessoas, ele tem algo que o não-cristão não possui, e o ideal para o cristão é o que o apóstolo Paulo expressou tão bem no capítulo quatro de Filipenses: “Aprendi a contetar-me com o que tenho. . . Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Essa é a posição cristã, é assim que o cristão deve ser. Ele nunca deve ser arrastado por suas emoções, quaisquer que sejam elas — nunca. Isso sempre é errado num cristão. Ele deve sempre ser controlado, como espero mostrar aqui. O problema com esses homens era que eles não tinham domínio próprio. Por isso eles eram infelizes, por isso estavam agitados e alarmados, apesar do Filho de Deus estar com eles no barco. Não há como enfatizar esse ponto em demasia. Eu o apresento como uma simples proposição, que um cristão nunca deve perder o controle, nunca deve estar num estado de agitação, terror ou alarme, quaisquer que sejam as circunstâncias. Essa é, obviamente, a primeira lição. A situação desses homens era alarmante. Estavam em perigo, e parecia que iam se afogar a qualquer momento, mas o Senhor de fato disse: “Vocês não deviam estar nessa condição. Como meus seguidores, vocês não têm o direito de estar em tal estado, ainda que estejam em perigo”.

Martyn Lloyd-Jones

Precisa falar conosco mesmos. Eu já disse isso muitas vezes antes, e vou continuar dizendo-o pois há um sentido em que as Escrituras nos ensinam a falar conosco mesmos. Lembrei vocês que precisam falar consigo mesmos, com seu horrível “eu”. Falem com ele, e então “desperte(m) do dom”. Lembrem a si mesmos de certas coisas. Lembrem a si mesmos de quem são e o que são. Cada um precisa falar consigo mesmo e dizer: “Não serei dominado por você, esta atitude não vai me controlar. Vou sair disso, vou vencer”. Então levantem-se e andem, e façam algo. “Despertem o dom”. Esta é a exortação constante das Escrituras. Se permitirem que essa atitude os controle, continuarão se sentindo miseráveis, mas não devem permitir isso. Livrem-se disso. Não aceitem essa atitude. Digam de novo: “Fora, inércia e indolência”.

David Martin Lloyd-Jones

Oh, amigos cristãos, não façam barganhas com Deus! Se o fizerem, receberão apenas o que estava no acordo; mas se deixarem tudo nas mãos dEle e de Sua graça, provavelmente receberão mais do que poderiam imaginar. O Senhor disse a respeito dos fariseus: “Já receberam sua recompensa”. Eles faziam aquelas coisas para serem vistos pelos homens; eles eram vistos pelos homens, isso era o que queriam, e isso era o que iriam receber, e nada mais.

David Martin Lloyd-Jones

Não mantenham um balanço ou registro do seu trabalho. Desistam dessa contabilidade. Na vida cristã nada devemos desejar além da Sua glória, nada além de agradar a Ele. Então, não fiquem de olho no relógio, mantenham seus olhos nEle e na Sua obra. Não fiquem registrando seu próprio trabalho, mantenham seus olhos nEle e em Sua glória, em Seu amor e em Sua honra e na expansão do Seu reino. Mantenham sua atenção nisso e em nada mais. Não se preocupem com quantas horas dedicou ao trabalho, nem com o que vocês fizeram. Deixem a contabilidade aos cuidados dEle e da Sua graça; deixem que Ele mantenha o registro. Ouçam o que Ele diz a esse respeito: “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. É assim que devem trabalhar no Seu reino, devem trabalhar de tal forma que sua mão esquerda nem saiba o que a direita está fazendo. Por esta razão: “Teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. Não há necessidade de perder tempo mantendo um balanço: Ele está fazendo isso. E a contabilidade dEle é maravilhosa! Digo isso com reverência, não conheço nada mais romântico do que o método de contabilidade de Deus. Preparem-se para surpresas no Seu reino. Vocês jamais saberão o que vai acontecer. Os últimos serão os primeiros. Que inversão total da nossa perspectiva materialista — os últimos, primeiro; os primeiros, por último, tudo de cabeça para baixo. O mundo todo foi virado de cabeça para baixo pela graça. Não é do homem, é de Deus, é o reino de Deus. Que coisa esplêndida!

David Martin Lloyd-Jones

Se temos uma concepção mágica da vida cristã, certamente vamos ter problemas, porque quando as dificuldades vierem, seremos tentados a perguntar: “Por que isto foi permitido?” E nunca deveríamos fazer essa pergunta. Se entendêssemos esta verdade fundamental, nunca faríamos tal pergunta. Nosso Senhor dorme e permite que o temporal venha. A situação pode realmente se tornar desesperadora, e nossas vidas podem aparentemente estarem perigo. Tudo parece estar contra nós, entretanto — bem, um poeta cristão o expressou por nós: Quando tudo parece estar contra nós, Para nos levar ao desespero… Mas ele não se deixa desesperar, porque continua dizendo: Sabemos que há uma porta aberta, Alguém ouvirá nossa oração… A situação pode parecer desesperadora: “Tudo parece contra nós, para nos levar ao desespero”. Vamos então estar preparados para isso. Sim, mas devemos fazer mais que isso. Enquanto tudo isso está acontecendo conosco, o Senhor parece estar totalmente indiferente. É aí que entra o verdadeiro teste da fé. O vento e as ondas eram terríveis, e a água estava entrando no barco. Isso era terrível, mas o que mais os aterrorizou foi a aparente indiferença do Senhor. Adormecido, aparentemente sem se importar. “Mestre, não se te dá que pereçamos?” Ele parece indiferente, sem Se preocupar conosco, nem consigo mesmo, com Sua causa ou Seu reino. Imaginem os sentimentos daqueles homens! Eles O tinham seguido, ouviram Seus ensinamentos sobre a vinda do reino, tinham visto Seus milagres e estavam esperando que coisas maravilhosas acontecessem; e agora parecia que tudo ia acabar em naufrágio e afogamento. Que anticlimax, e tudo por causa da Sua indiferença! Somos realmente muito inexperientes na vida cristã se não sabemos algo a respeito disso. Será que todos nós não conhecemos algo dessa situação de provas e dificuldades, sim e de uma sensação de que Deus parece não Se importar? Ele nada faz a respeito. “Por que Ele permite que eu, um cristão, sofra nas mãos de não-cristãos?” muitos perguntam. “Porque Ele permite que as coisas dêem errado comigo, e não com outra pessoa?” “Por que esse homem é bem sucedido, enquanto que eu sou um fracasso? Por que Deus não faz nada a respeito?” Com que frequência cristãos fazem essas perguntas! Eles têm indagado isso sobre a situação geral da Igreja hoje em dia. “Por que Ele não envia um reavivamento? Por que permite que humanistas e ateus tenham tanta proeminência? Por que Ele não interfere e faz algo, por que Ele não reaviva Sua obra?” Quantas vezes somos tentados a dizer tais coisas, exatamente como aqueles discípulos no barco!

David Martin Lloyd-Jones

Fé é algo que precisamos colocar em ação. Isso é exatamente o que o Senhor disse a esses homens. Ele disse: “Onde está a vossa fé?”, o que significa: “Por que não estão tomando a sua fé e aplicando-a a esta situação?” Pois foi porque eles não fizeram isso, foi porque não colocaram sua fé em ação, que os discípulos se desesperaram e ficaram nesse estado de consternação. Como então podemos colocar a fé em ação? Que quero dizer, ao afirmar que a fé é algo que precisamos aplicar? Posso dividir minha resposta desta forma. A primeira coisa que preciso fazer quando me encontro numa situação difícil, é não permitir que a situação me controle. Este é um aspecto negativo. Esses homens estavam no barco, o Mestre estava dormindo, as ondas estavam jogando água dentro do barco, e eles não conseguiam tirar a água com suficiente rapidez. Parecia que iam naufragar, e o problema foi que eles se deixaram controlar pela situação. Eles deviam ter colocado sua fé em ação, assumindo o controle e dizendo: “Não vamos entrar em pânico”. Deviam ter começado assim, masnão o fizeram. Permitiram que a situação os controlasse.
A fé se recusa a entrar em pânico. Gostam desse tipo de definição de fé? Isso lhes parece terreno demais, e pouco espiritual? Mas esta é a própria essência da fé. Fé é uma recusa de se entrar em pânico, aconteça o que acontecer. Acho que Browning tinha isso em mente quando definiu fé desta forma: “Para mim, fé significa incredulidade perpetuamente mantida em silêncio, como o dragão sob os pés de Miguel”. Aí está Miguel, e aí está o dragão sob seus pés, e ele o mantém quieto sob a pressão do seu pé. Fé é incredulidade mantida em silêncio, mantida prisioneira. E foi isso que esses homens não fizeram, eles permitiram que a situação os controlasse, e entraram em pânico. Fé, entretanto, é uma recusa em deixar isso acontecer. Ela diz: “Não vou ser controlada por essas circunstâncias — eu estou no controle”. Então, assumam o controle de si mesmos, ergam-se, dominem-se a si mesmos. Não percam o controle, perseverem e vençam.

David Martin Lloyd-Jones

Depois de dar esse primeiro passo, assumindo o controle de si mesmos, então devem lembrar-se do que crêem e do que sabem. E isso também foi algo que aqueles tolos discípulos não fizeram. Se eles tão somente tivessem parado por um momento, dizendo: “Que vai acontecer? É possível que naufraguemos com Ele a bordo? Existe algo que Ele não pode fazer? Nós vimos os Seus milagres, Ele transformou a água em vinho, Ele curou o cego e o coxo, até ressuscitou os mortos; será que Ele vai permitir que tanto nós como Ele naufraguemos desta maneira? Impossível! Em todo caso, Ele nos ama, Ele cuida de nós, Ele disse que até os cabelos da nossa cabeça estão contados!” É assim que a fé raciocina. Ela diz: “Muito bem, eu vejo as ondas e os vagalhões, mas” — ela sempre inclui este “mas”. Isso é fé; ela se firma na verdade e raciocina baseada naquilo que sabe ser um fato. Essa é a maneira de aplicar a fé. Aqueles homens não fizeram isso, e por esta razão ficaram agitados e entraram em pânico. E nós também entraremos em pânico e agitação se falharmos em agir assim. Quaisquer que sejam as circunstâncias, portanto, fique firme meu amigo, espere por um momento. Diga: “Reconheço tudo isso, mas…” Mas o quê? Mas Deus! Mas o Senhor Jesus Cristo! Mas o quê? Toda a minha salvação! É assim que a fé age. Tudo pode parecer contra mim, “para me levar ao desespero”, e eu talvez não entenda o que está acontecendo; mas eu sei de uma coisa, eu sei que Deus me amou de tal maneira que enviou Seu Filho unigênito a este mundo por mim; eu sei que, quando eu ainda era um inimigo, Deus enviou Seu único Filho para morrer na cruz do calvário por mim. Ele fez isso por mim quando eu era um inimigo, um estranho rebelde. Eu sei que o Filho de Deus “me amou e se deu a si mesmo por mim”. Eu sei que, à custa do Seu sangue, eu tenho a salvação e que sou um filho de Deus e herdeiro da bem-aventurança eterna. Eu sei disso. Muito bem, então, sei tudo isso, que “se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muitomais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Romanos 5:10). É uma lógica inevitável, e a fé argumenta nesses termos. A fé lembra o que as Escrituras chamam de “grandíssimas e preciosas promessas”. A fé diz: “Não posso crer que Aquele que me trouxe até aqui vai me abandonar neste ponto. É impossível, não estaria de acordo com o caráter de Deus”. Então a fé, recusando-se a ser controlada pelas circunstâncias, lembra-se do que sabe e em que acredita.

David Martin Lloyd-Jones

A única resposta apropriada para as dúvidas é olhar para Jesus. E quanto mais O conhecemos, e a Sua glória, mais ridículas elas se tornarão. Então mantenhamos nosso olhar firmemente em Jesus.

Martin Lloyd-Jones

É a “batalha da fé”; vocês estão andando sobre águas turbulentas e a única maneira de prosseguir é manter os olhos nEle.

Martin Lloyd-Jones

“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. Aqui ele volta ao mesmo ensinamento: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor”. “Vocês precisam entender que não estão vivendo por suas próprias forças”, ele diz a esses romanos. “Vocês estão pensando nesta tarefa como se tivessem que viver a vida cristã por si mesmos. Vocês sabem que foram perdoados, e podem dar graças a Deus que seus pecados foram apagados e lavados, mas parecem pensar que isso é tudo, e que foram deixados para viver a vida cristã por si mesmos. Se pensam assim”, diz Paulo, “não é de espantar que estão vivendo sob um espírito de temor e escravidão, porque desse ponto de vista a coisa é totalmente sem esperança. Significa simplesmente que vocês têm uma nova lei, que é infinitamente mais difícil do que a velha lei. Mas esse não é o caso, porque o Espírito Santo habita em vocês”.

Martin Lloyd-Jones

“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne pecaminosa, pelo pecado condenou o pecado na carne”. O que ele quer dizer com “o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne”? Ele quer dizer que a lei não podia salvar ninguém, a lei não podia capacitar ninguém a viver a vida cristã, porque a lei é fraca, por causa da fraqueza da minha carne. “O que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne”. Não há carne na lei, portanto não podem falar sobre a fraqueza da carne da lei. O que significa é que a lei foi dada, mas que o homem, em si mesmo, é ordenado a cumpri-la. A fraqueza da carne está no homem, não na lei. A lei não é fraca, é o homem que deve cumpri-la que é fraco. Ouvi um idoso pregador expressar isso muito bem. Ele usou a ilustração de um homem cavando uma horta com uma pá, e enquanto estava cavando, o cabo da pá quebrou. Ele salientou o ponto que não havia nada de errado com a pá em si, era o cabo que era muito fraco. A pá em si era forte, feita de ferro; o problema estava no cabo, que era feito de madeira, e portanto era fraco. Não é igualmente verdadeiro que quando impomos uma nova lei a nós mesmos nesta vida cristã, a qual precisamos guardar por nossas próprias forças, estamos nos condenando ao fracasso? Mas não devemos fazer isso, porque o Espírito agora habita em nós. “Vós não estais na carne, mas no Espírito”. Observem como o assunto é desenvolvido dos versículos 5 ao 14. A diferença essencial entre o homem natural e o cristão, é que o último tem o Espírito de Cristo habitado nele. Qualquer que seja a experiência que um homem teve, se ele não tem o Espírito de Cristo, ele não é um cristão: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”

Martin Lloyd-Jones

Este Deus eterno Se tornou nosso Pai, e no momento em que compreendemos isso, tudo o mais tende a mudar. Ele é nosso Pai e está sempre cuidando de nós, Ele nos ama com um amor eterno, Ele nos amou tanto que enviou Seu Filho unigênito a este mundo e à cruz para morrer por nossos pecados. Esse é nosso relacionamento com Deus, e a partir do momento que compreendemos isso, tudo se transforma. Doravante meu desejo não é mais guardar a lei, mas agradar meu Pai. A natureza nos ensina algo sobre isso. Amor filial, reverência filial, temor filial são tão diferentes daquele temor servil. Estão baseados no desejo de agradar nosso Pai, e no momento em que captamos isso, perdemos aquele espírito de escravidão. Nossa vida cristã deixa de ser uma questão de regulamentos e regras, e passa a ser marcada pelo desejo de expressar nossa gratidão por tudo que Ele fez por nós.

Martin Lloyd-Jones

O tipo mais confortável de religião é sempre uma religião vaga, nebulosa e incerta, cheia de fórmulas e rituais. Não me surpreende que o catolicismo romano atraia certas pessoas. Quanto mais vaga e indefinida a sua religião, mais confortável ela será.

Martyn Lloyd-Jones

Se você tiver a visão correta da verdade, terá que senti-la. Se a não sentir, será porque não tem a visão certa. Você crê de fato que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que Ele entregou o Seu corpo para ser moído e o Seu sangue para ser derramado para que você fosse perdoado? Você afirma que esta é a sua crença, e que você aceita o conceito vicário, substituitivo, da expiação, e crê que o Filho de Deus o amou até esse extremo. Se você disser que não sentiu nada em decorrência dessa sua fé, eu lhe digo que você não crê nisso, que você não chegou a ter a visão da fé, pois “Tão maravilhoso, tão divino amor, requer a minha alma, a minha vida e todo o meu ser!”

Martyn Lloyd-Jones

A introspecção doentia e a morbidez são erradas, na verdade são pecaminosas, e o cristão não tem o direito de ficar deprimido dessa maneira. A libertação virá quando você perceber o que o diabo está tentando lhe fazer, e que ele o cegou temporariamente para justificação somente pela fé. A justificação pela fé é sempre o lugar onde você pode se firmar. Toda vez que você ver que está escorregando para baixo na rampa da depressão, o lugar onde sempre você haverá de recuperar a estabilidade e de encontrar um ponto de apoio para os pés, é a justificação pela fé somente. Ela vence a maioria das ciladas do diabo. Portanto, estejamos seguros quanto a isto, pois é o remédio por excelência contra a morbidez e a introspecção doentia.

Martyn Lloyd-Jones

Na medida em que somos governados pelo ego, ficamos doentiamente sensíveis e, nessas condições, facilmente nos sentimos feridos, deprimidos e desanimados. O ego está sempre à espera de insultos e desfeitas. É sempre hipersensível. É frágil, fica melindrado por toda e qualquer coisa. Qualquer coisinha o pertuba e o deixa alarmado. Ego é totalitarismo; ele exige tudo, e fica irritado e magoado se não consegue tudo. Em consequência, ele vem a ser uma fecunda causa de conflitos, divisões e infelicidade na vida da Igreja, na vida da comunidade, na vida do Estado e, por último, na vida do mundo em geral.

Martyn Lloyd-Jones

Mundaneidade é aquele estado no qual o nosso pensamento é governado pela mente e pela perspectiva do mundo. (…) Tudo é feito e criado por Deus, e assim sendo, todas as coisas não apenas são boas, como também são legítimas para o cristão. O uso destas coisas se torna mundano quando permitimos que aquilo que é correto e legítimo consuma demasiadamente o nosso tempo, a nossa atenção, o nosso interesse e o nosso entusiasmo.

Martyn Lloyd-Jones

No livro de Jó, o homem sábio disse: “Fiz aliança com meus olhos” (Jó 31.1). Era como se dissesse: “Olhem diretamente, não olhem para a direita ou para a direita. Cuidem de seus olhos propensos a vaguear, esses olhos que se movem quase automaticamente e veem coisas que iludem e induzem ao pecado”. “Faça uma aliança com os seus olhos”, declara esse homem. Concorde em não olhar para coisas que tendem a levá-lo ao pecado. Se isso era importante naqueles dias, é muito mais importante em nossos dias, quando temos jornais, cinemas, outdoors, televisão e assim por diante! Se há uma época em que os homens precisam fazer aliança com seus olhos, esta época é agora. Tenham cuidado com o que leem. Certos jornais, livros e diários, se os lerem, eles lhes serão prejudiciais. Vocês devem evitar tudo que lhes prejudica e diminui sua resistência. Não olhem na direção dessas coisas; não queira nada com elas… Na Palavra de Deus, vocês são instruídos a mortificar “os feitos do corpo” e não satisfazer “a carne no tocante às suas concupiscências”. Agradeça a Deus pelo evangelho poderoso. Agradeça a Deus pelo evangelho que nos diz que agora somos seres responsáveis em Cristo e que nos exorta a agir de um modo que glorifica o Salvador. Portanto, “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”.

Martyn Lloyd-Jones

Se vocês apenas reprimirem uma tentação ou esse primeiro movimento do pecado, ele provavelmente surgirá novamente com mais vigor. Nesse sentido, concordo com a psicologia moderna. A repressão é sempre má. “Então, o que devo fazer?”, alguém pergunta. Eu respondo: quando sentir aquele primeiro movimento do pecado, erga-se e diga: “Isto é mau; isto é vileza; é aquilo que expulsou do Paraíso os nossos primeiros pais”. Rejeite-o, enfrente-o, denuncie-o, odeie-o pelo que é. Assim, terá lidado realmente com o pecado. Você não deve apenas fazê-lo recuar, com um espírito de temor e de maneira tímida. Traga-o à luz, exponha-o, analise-o e, denuncie-o pelo que ele é, até que o odeie.

Martyn Lloyd-Jones

Se querem mortificar os feitos do corpo, “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. O que isso significa? Em Salmos 1, achamos um discernimento claro quanto ao significado dessas palavras do apóstolo. Eis a prescrição: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores” (Sl 1.1). Se vocês querem viver esta vida piedosa e mortificar os feitos do corpo, não gastem tempo permanecendo nas esquinas das ruas, porque, se fizerem isso, provavelmente cairão em pecado. Se permanecerem no lugar por onde o pecado talvez passará, não se surpreendam se voltarem para casa em tristeza e infelicidade, porque caíram no pecado. Não se detenham no “caminho dos pecadores”. E, menos ainda, devem vocês assentar-se “na roda dos escarnecedores”. Se permanecerem em tais lugares, não haverá surpresa em caírem no pecado. Se vocês sabem que certas pessoas lhes são má influencia, evitem-nas, fujam delas. Talvez vocês digam: “Eu me ajunto com elas para ajudá-las, mas percebo que, todas as vezes, elas me levam ao pecado”. Se isso é verdade, não estão em condições de ajudá-las…

Martyn Lloyd-Jones

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe”. Não haja em vocês nenhuma dessas conversas ou gracejos tolos! Não façam isso! Abstenham-se! É tão simples e claro como estas palavras: parem de fazer isso!

Martyn Lloyd-Jones

Pedro disse: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1 Pe 2.11). Esse é um ensino bastante claro. Aqui não há qualquer sugestão de que somos incapazes, temos de desistir da luta e entregar tudo ao Senhor ressuscitado. Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes…” — parem de fazer isso, parem imediatamente, não o façam mais! Vocês precisam se abster totalmente desses pecados, essas “paixões carnais, que fazem guerra contra a alma”. Vocês não têm o direito de dizer: “Sou fraco, não posso; as tentações são poderosas”.

Martyn Lloyd-Jones

Não tenham nada a ver com as obras das trevas. Sejam drásticos. Não façam nenhum trato com elas. O princípio importante, parece-me, é este: vigie o começo. Não debata, não discuta, não tenha nada a ver com o pecado, se é que você é sábio: despoje-se totalmente do velho homem. Não temos todos nós experiência disso? No momento em que você mal dá ouvidos ao diabo, praticamente já ficou por baixo. Se você discutir com ele, certamente você será derrotado. Não converse com ele, não troque expressões com ele. Se você começar a falar com o diabo e a ouvi-lo e disser: ora, por que não? Eu quero entender… você já estará batido, ele sempre o derrotará; ele é astuto, ele é esperto, ele é brilhantena arte da resposta pronta; ele conhece todos os argumentos. Assim que você começa a dar lado ao pecado, você está liquidado. Não tenh nenhuma ligação, nenhuma comunhão, com as obras infrutuosas das trevas.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

A nossa morte com o nosso Senhor é algo que diz respeito a nós exatamente do mesmo modo como é verdade que todos nós pecamos quando Adão pecou.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Qualquer ensino concernente à santificação ou à santidade que nos diga que realmente não precisamos fazer nada, e que o maior apelo dirigido a nós é que paremos de tentar fazer alguma coisa com vistas à nossa santificação, é evidentemente uma contradição doutrinária.

Martyn Lloyd-Jones

Estar debaixo da Lei significa que você tem que tentar justificar-se na presença de Deus por suas ações, por suas próprias obras, por seus feitos. A Lei é sempre uma coisa que chega ao homem e lhe diz: “Faze isto, e viverás.” É o oposto da justificação pela fé.

Martyn Lloyd-Jones

A lei nunca nos pode livrar da escravidão do pecado, porque nunca foi destinada a isso. “Pela lei vem o conhecimento do pecado.” Não a libertação do jugo do pecado, mas o conhecimento dele! Ela nunca foi designada para fazer mais do que isso. Devemos ir até mais longe. Diz o apóstolo que a Lei, longe de libertar-nos da tirania e da escravidão do pecado, tende antes a agravar o pecado em nós, e a agravar a escravidão e a tirania do pecado sobre nós.

Martyn Lloyd-Jones

Não há nenhum poder na Lei de Deus que nos livre do poder e da tirania do pecado em nenhum sentido. Nunca houve o propósito de que fizesse isso. A função da Lei foi dizer-nos o que tínhamos que fazer: “Pela lei vem o conhecimento do pecado.” Essa é a única razão pela qual a Lei foi dada. Seu efeito, Paulo afirma, foi pôr às claras “a profunda gravidade do pecado”, ajudar as pessoas a verem a natureza e o caráter do pecado – a coisa terrível que era – e a enxergarem sua necessidade de Cristo. “A lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo”, para mostrar a nossa condição de desamparo e a nossa terrível necessidade. Sim, mas, por causa da natureza decaída, a Lei de fato incentiva o pecado em nós. Longe de libertar-nos, agrava o problema. Se estivermos debaixo da Lei, esse será o efeito que a Lei terá sobre nós; e isso, por sua vez, produzirá um estado de completa depressão e uma sensação de desamparo. E isso nos torna mais suscetíveis ainda ao poder do pecado; pois, sempre que alguém está deprimido, está mais aberto à tentação. Ele desanima-se, e assim o pecado aproveita a oportunidade. Além disso, a Lei nos desanima porque nos mostra a santidade de Deus; mostra-nos o caráter enganoso do pecado dentro de nós; assinala-o; desmascara-o, agrava-o, e assim estimula em nós. Ela nos diz que não façamos alguma coisa e, dizendo-nos isso, apresenta-nos a ela e desperta dentro de nós o desejo de fazê-la.
Eis um homem que está debaixo da Lei. Sente-se desamparado, deprimido e desanimado; e quanto mais a Lei lhe diz que não faça certas coisas, mais ele deseja fazê-las. Não é o que faz toda criança? Diga-lhe que não faça uma coisa, e imediatamente ela vai querer fazê-la. A natureza humana é assim.

Martyn Lloyd-Jones

O homem jamais é livre; é sempre escravo. Ele nasce escravo do pecado.

Martyn Lloyd-Jones

O homem que é escravo do pecado e de todos os seus poderes não pode crer; portanto, o simples fato de que um homem crê no Evangelho é prova de que ele foi “libertado do pecado”.

Martyn Lloyd-Jones

A salvação é toda de graça, cada pequena porção dela; é inteira e unicamente pela graça. A graça reina, e não compartilha o trono com ninguém, nem com coisa alguma. Você não deve colocar as obras ali, nem a igreja, nem os sacerdotes, nem os santos, nem a “Virgem Maria”, nem coisa alguma. A graça ocupa sozinha o trono; e se você tentar pôr alguma coisa ao lado dela, significa que você não entendeu o que é “o reinado da graça”.

Martyn Lloyd-Jones

A graça não quebra a Lei, nem a anula. Não devemos pensar nela em termos de sentimento ou emoção. Esse é um modo inteiramente errado de pensar na graça de Deus.

Martyn Lloyd-Jones

Ou você está “debaixo da lei” ou está “debaixo da graça”. Não pode ficar a meio caminho; não pode estar às vezes numa posição, às vezes na outra. Se Deus o declarou justo e reto, você está “sob a graça”, você está na esfera da graça, você está no Reino no qual Deus trata bondosamente todos os cidadãos, por Sua graça.

Martyn Lloyd-Jones

A minha necessidade não é de conhecimento, mas de poder. Posso saber o que é certo, mas a questão é: como poso fazer o que é certo? O conhecimento da lei não me capacita a guardá-la e a cumpri-la. Mas, diz o apóstolo Paulo, eu tenho um Evangelho que não é assim. Este Evangelho funciona. Ele tem sucesso.

Martyn Lloyd-Jones

⁠Quanto à questão da pregação… O perigo está em ficar preso ou às anotações próprias ou ao que foi preparado, e esquecer a “liberdade do Espírito”.

Martyn Lloyd-Jones

⁠A melhor maneira de purificar a igreja é pregando sistematicamente a palavra de Deus. Pois ninguém resistirá ouvir por vários dias a genuína palavra de Deus e não ter uma reação. Duas coisas vão acontecer: ou os pecadores saem da igreja ou se convertem.

Martyn Lloyd-Jones

Conhecer é uma grande responsabilidade porque, se conhecemos e não o aplicamos, teremos que responder por isso. O nosso Senhor ensina isso com toda clareza, quando fala sobre o senhor que voltou e investigou a conduta dos seus servos durante a sua ausência. Diz Ele que alguns receberão muitos açoites, e alguns receberão poucos. E os servos que receberão muitos açoites são aqueles a quem muito foi dado!

Martyn Lloyd-Jones

O pecado sempre desestimula o pensamento, sempre desestimula a meditação. O pecado sabe que só tem uma esperança de sucesso, e esta é jogar nos sentimentos e desejos da pessoa. Se a mente começar a funcionar realmente, o pecado estará acabado e, portanto, em sua astúcia, ele joga nos sentimentos e desestimula a mente e o pensamento. Você se irrita simplesmente porque não pensou no que estava fazendo. O pecado o governou e o dominou. Ele nos faz viver só para o momento. Deixamos de pensar além do momento presente, e então ele pega você! Se os homens e as mulheres tão-somente pensassem de antemão, quão diferente seria a vida! Mas não o fazem; o pecado desestimula o pensamento, e isso faz parte de sua estratégia de engano.

Martyn Lloyd-Jones

Roubar não se restringe às coisas da esfera material. Roubar significa realmente apossar-se e fazer uso como se fosse sua, de alguma coisa que não pertence a você, apropriar-se de algo que não é seu, para atender aos seus fins pessoais e para a sua satisfação pessoal. Assim refere-se a muitas coisas, além das materiais. Pode-se roubar dinheiro; sim, porém também se pode roubar tempo; pode-se roubar quase tudo, pode-se roubar pensamentos, idéias, o crime que chamamos de plágio, que é tomar as idéias de alguém e publicá-las como se fossem suas próprias. Você pode escrever um artigo, mas usando o que tomou de alguém e você não dá a conhecer o seu reconhecimento – é roubo.

Martyn Lloyd-Jones

A palavra de edificação dita pelo cristão sempre deve ser de acordo com as circunstâncias! Portanto, não devemos repetir frases como papagaio e achar que agimos bem e cumprimos o nosso dever. Nada disso! Em vez disso, devemos primeiro descobrir qual a exata situação das outras pessoas. Compete-me falar-lhes de modo tal que as ajude exatamente no ponto em que elas estão; “não deiteis aos porcos as vossas pérolas”, diz o nosso Senhor (Mateus 7:6). Não dê um bife, digamos, de boa carne vermelha a um bebê que só pode tomar leite!

Martyn Lloyd-Jones

A graça é o único antagonista contra o pecado, a única antítese do pecado. A Lei nunca foi uma alternativa ao pecado, e nunca foi destinada a ser isso. (…) Assim, nunca se deve colocar a Lei contra o pecado como uma alternativa. Nunca foi seu propósito salvar, e não pode salvar, por causa da nossa fraqueza, porque somos fracos na carne. Nada senão a graça pode ser contraposta ao pecado.

Martyn Lloyd-Jones

O real problema com a pessoa insensata, néscia, é que ela só vê uma coisa de cada vez. E essa monopoliza a sua atenção. É cego para todas as outras coisas. Há homens que só vêem uma doutrina, esquecendo-se tudo o mais. As outras estão lá, nada obstante. Mas, devido a concentração num só elemento, o conjunto fica desequilibrado. Sempre falta equilíbrio ao néscio.

Martyn Lloyd-Jones

A verdade deve ser apresentada de maneira espiritualmente atrativa, não de maneira carnalmente atrativa, não como entretenimento.

Martyn Lloyd-Jones

Seria sua aspiração conhecer melhor o Senhor Jesus Cristo? É seu anelo amá-Lo mais? Se sua resposta for sim, digo-lhe que o Espírito Santo está em você. Não importa quão fraco seja o seu amor, nem quão fraco o seu desejo. Uma das minhas citações favoritas de Blaise Pascal: “Não Me estarias procurando, se já não Me houveras encontrado”. Quem quer ter Cristo tem Cristo. O próprio fato de que você quer tê-Lo é prova de que o Espírito está em você. O não regenerado não quer tê-Lo; ele está “em inimizade contra Deus” e em inimizade contra Cristo.

Martyn Lloyd-Jones

É unicamente Ele que salva. “Quantos foram ordenados para a vida eterna.” A sua fé é uma prova que você foi ordenado por Deus. Crer é o primeiro sinal da nova mente que há em você. Para o homem natural estas coisas são uma loucura; ele não as pode aceitar. O fato de que você as aceita significa que você não é um “homem natural”; você se tornou um “homem espiritual”, você é um “novo homem”. “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus.”

Martyn Lloyd-Jones

Jesus Cristo é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo para muitos. Ele os atinge em seu ponto mais sensível – orgulho: orgulho do intelecto, orgulho da moralidade, orgulho das boas obras, orgulho das façanhas, orgulho do entendimento. Não importa qual seja o seu orgulho; qualquer que seja o orgulho ou a confiança ou a segurança ou o que for que você veja em você, ou qualquer coisa que você possa fazer ou faça pessoalmente, foi reprovado e condenado uma vez por todas pela morte de Cristo na cruz. E todos os homens naturais a odeiam, tropeçam nela; ela é um escândalo para eles. O homem natural quer gloriar-se em si mesmo, e a cruz proclama: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”, e nEle somente.

Martyn Lloyd-Jones

A pessoa que verdadeiramente acredita na santidade de Deus, e que reconhece sua própria pecaminosidade, bem como a negridão do seu próprio coração, o homem que acredita no julgamento divino e na possibilidade do inferno e tormento, a pessoa que realmente acredita que ela mesma é tão vil e impotente que coisa nenhuma jamais poderia salvá-la e reconciliá-la com Deus, salvo a intervenção do Filho de Deus, que veio dos céus à terra, a fim de passar pela amarga experiência da vergonha, da agonia e da crueldade da cruz – tal indivíduo acaba por demonstrar tudo o que existe na sua personalidade. Esse é o indivíduo que se inclina por dar a impressão de ser manso, que se inclina por mostrar-se humilde.

Martyn Lloyd-Jones

Já não estamos debaixo da Lei no sentido de que a nossa salvação dependa da nossa guarda e observância da Lei; não mais estamos debaixo da Lei como um sistema que diz: “Faze isto, e viverás”. Essa é a situação de quem não é cristão; esta pessoa está “debaixo da lei”. Ela afirma que pode justificar-se por suas obras, e a Lei vem ao seu encontro e lhe diz: “Muito bem, se você fizer isso, viverá”. Assim a Lei dá os seus preceitos e mandamentos. Diz o apóstolo que não estamos mais debaixo dessa Lei, que não mais estamos na situação em que a nossa salvação seria determinada por nossas ações e por nossas boas obras. A nossa salvação é inteiramente de graça e pela graça.

Martyn Lloyd-Jones

Nova vida foi introduzida em nós. Por quê? Porque sem vida não podemos fazer coisa alguma. A primeira coisa que o pecador necessita é vida. Ele não pode pedir vida, pois está morto. Deus lhe dá vida, e o pecador prova que a tem crendo no Evangelho. A vivificação é o primeiro passo. É a primeira coisa que acontece. Eu não peço para ser vivificado. Se eu pedisse para ser vivificado, não precisaria ser vivificado, já teria vida. No entanto, estou morto, e estou em inimizade contra Deus e a Ele me oponho, não tenho entendimento, tenho ódio. Mas Deus me dá vida. Ele me vivificou juntamente com Cristo. Portanto,a jactância é inteiramente excluída, gloriar-me das obras, gloriar-me até da fé. Isso tem que ser excluído. A salvação é inteiramente de Deus.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Devemos descobrir o modo certo de agir em toda situação.
A primeira regra é pensar em vez de falar. “Pronto para ouvir”, diz Tiago, “tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1:19). O problema é que somos prontos para falar, prontos para irar-nos mas tardios para pensar. Antes de expressarmos nossas reações devemos disciplinar-nos para pensar. Pode parecer supérfluo acentuar este ponto, mas sabemos muito bem que aqui é onde no mais das vezes erramos.
Diz a regra seguinte que quando a pessoa começa a pensar, não deve fazê-lo com seu problema imediato. Comece um pouco para trás. Aplique a estratégia do ataque indireto, um princípio bem conhecido no planejamento militar. O inimigo na última guerra era a Alemanha, mas os Aliados começaram a derrotá-la no norte da África, uma estratégia de ataque indireto. Esse método é, às vezes, de vital importância na vida espiritual. Precisamos começar a pensar um pouco para trás e atacar o problema imediato indiretamente.
Devemos lembrar-nos, primeiro, das coisas sobre as quais estamos absolutamente certos, coisas que estão inteiramente fora de dúvida. Anote-as e diga a si mesmo: “Nesta situação terrível e desnorteante em que me encontro, aqui pelo menos o terreno é sólido.” Quando, caminhando nos pantanais, ou numa cadeia de montanhas, deparamos com atoleiros, o único modo de atravessá-los com êxito é encontrar lugares sólidos onde colocar os pés. O único meio de cruzar os brejos e pantanais é procurar apoio para os pés. Assim, no que tange a problemas espirituais, é preciso voltar aos princípios eternos e absolutos. A psicologia desse princípio é óbvia, porque no momento em que voltamos para os princípios básicos, imediatamente começamos a perder o pânico. É muito importante tranquilizar a alma com as coisas que estão além de discussão.
Havendo, pois, feito isso, a pessoa pode dar o passo seguinte. Coloque o problema particular no contexto dos princípios sólidos que lhe estão adiante. A realidade é que todos os problemas têm solução, contanto que sejam postos no devido contexto. Muitas vezes confundimos o significado de uma frase porque a retiramos do contexto; mas quando colocamos a passagem problema no seu contexto, geramente este nos interpretará o trecho. O mesmo princípio aplica-se ao problema que lhe está preocupando.
Se a resposta ainda não lhe é clara, então leve a dificuldade a Deus em oração e deixe-a com ele.

Martyn Lloyd-Jones

Todos os nossos problemas se devem, em última instância, ao fato de que somos governados por nossos sentimentos, corações e emoções em vez de pelo claro pensamento e pela honesta confrontação das coisas diante de Deus. O coração é uma faculdade muito poderosa dentro de nós. Quando o coração toma o controle, tonteia o homem. Faz-nos broncos; sujeita-nos de modo que nos tornamos desarrozados e incapazes de pensar com clareza.

Martyn Lloyd-Jones

Essa é a verdade real e concreta acerca do cristão: ele é escravo de Deus. Esse é o segredo da santidade. Compreender esta verdade constitui o segredo da santidade e da santificação. O que necessitamos não é de uma experiência, e sim, de entender qual é a verdade a nosso respeito, entender quem somos e o que somos. Essa é a chave da santidade e da santificação.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Os sentimentos não podem ser a nossa autoridade final, porque, como bem sabemos, eles são instáveis e não são confiáveis. Eles vêm e vão, e você nunca sabe o que poderão ser. “Não ouso confiar na disposição mais fina”, diz um autor de hinos, porque amanhã ela poderá ter desaparecido. Se eu estiver sendo governado por meus sentimentos, ver-me-ei mudando constantemente – às vezes feliz, às vezes infeliz, às vezes achando que está tudo bem, ora achando que tudo vai mal, ora emocionado pela leitura da Bíblia, outras vezes tendo que me esforçar para extrair algo dela, sentindo-me frio, árido, lerdo, tolo! Não seria essa a sua experiência? Se é assim, como você pode confiar nos sentimentos como sua autoridade?

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Não há valor nem propósito em ler a doutrina e entender o ensino, se não fazemos nada a respeito. Temos que transferi-lo para a prática. Há sempre um elemento de aventura na fé. A fé é inteiramente diferente do assentimento e da crença meramente intelectuais. Fé é pôr o que cremos em prática e ação.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Não devemos ser tagarelas o tempo todo, falando sobre coisa nenhuma. Ah, as horas que temos desperdiçado na vida, com prosa ociosa, tagarelice inútil e conversa fiada, tudo para nada! O cristão deve desfazer-se disso. Ele não tem que necessariamente estar sempre falando em religião, porém toda vez que falar, terá que haver no que fala algum conteúdo, algum valor. Terá que ser sempre uma palavra boa, sempre limpa e sempre terá que ser edificante, num sentido ou noutro, para que as pessoas digam no fim: foi uma boa coisa passar algum tempo com esse homem ou com essa mulher; sinto-me melhor por tê-lo feito.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Se vivemos com o objetivo supremo de alcançar a aprovação dos outros, consequentemente vamos nos concentrar mais nas aparências externas do que na realidade interior. Sabemos que os homens, por mais inteligentes e astutos que sejam, realmente não podem discernir as profundezas que há em nós; eles têm que tirar conclusões baseados inteiramente no que fazemos ou dizemos. Portanto, se quisermos agradá-los, temos que concentrar todos os nossos esforços em nossa aparência externa, mantendo o estado íntimo do nosso coração em segredo. Por isso é que pessoas que vivem preocupadas principalmente em receber honra dos outros raramente gastam tempo em meditação, auto-análise e oração. Estão sempre com seus olhos voltados para os outros. O resultado é que nunca enfrentam a si mesmos. Estão sempre calculando e tentando determinar que efeito vão ter sobre os outros. Portanto, outras pessoas se tornam a sua consciência. O resultado disso é que sua própria consciência se atrofia e morre por falta de uso! O homem que está preocupado acima de tudo com suas aparições públicas diante dos outros em geral nunca se preocupa muito com sua atitude íntima diante de Deus.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Veja que você é filho de Deus, e que o mundo, a carne e o diabo estão contra você. Tenha isso claro em sua mente, e então você se preparará para a tarefa e para o dever.

Martyn Lloyd-Jones

Ser sóbrio significa ser equilibrado, não ficar desnorteado, mental ou espiritualmente, não ser “levado em roda por todo o vento de doutrina” (Efésios 4:14), não se transtornar quando ouvir algo que nunca tinha ouvido. É saber controlar-se, é ter domínio próprio em todas as circunstâncias.

Martyn Lloyd-Jones

Embora pareçamos muito fortes, embora tenhamos crescido maravilhosamente na graça e tenhamos obtido grandes vitórias, jamais devemos descansar nisso, jamais devemos supor que estamos fora do alcance do inimigo. (…) Ainda que nos sintamos vibrar de poder, sejamos cautelosos! Ele sempre sabe do calcanhar de Aquiles, sabe qual é o nosso ponto fraco.

Martyn Lloyd-Jones

Todos nós temos a tendência de pensar que, se sabemos o que é certo, de um modo ou de outro o estamos fazendo. Mas não é assim. O nosso conhecimento, o mero interesse religioso que os outros não têm, não nos serve de nada. No mundo atual há pessoas que não reconhecem a categoria moralidade, entretanto, o mero fato de que a reconhecemos não nos faz pessoas dignamente morais.

Martyn Lloyd-Jones

Sempre que vocês se defrontarem com uma dificuldade nas Escrituras, com alguma coisa sobre a qual vocês não têm um conhecimento preciso, o princípio que deverão seguir é: partam de algo a cujo respeito vocês estão certos e seguros, e abordem a sua dificuldade desde uma posição já estabelecida. Isso é comparável a dar uma boa corrida, se se quer saltar sobre um obstáculo. Não fiquem muito perto do seu problema, se este é difícil; recuem a certas posições gerais e avancem a partir dali. Vocês poderão vencer o obstáculo ou resolver a sua dificuldade.

Martyn Lloyd-Jones

Amigo, o que esse mundo lhe oferece que seja de real valor? O que todo esse entretenimento, que todos desejam loucamente, realmente lhe ofereceu? Quão melhor ele lhe tornou? O pecado é como objetos de consumo anunciados nas propagandas. Maravilhoso! Olhe as cores. Maravilhosas! Mas não são nada. Pareciam ser algo concreto, mas não são nada mais que ar, insuflados, e desmoronam. O que esse entretenimento do mundo traz para sua mente? O que traz de bom ao seu espírito? O que dá à sua alma? Ajuda-lhe a viver? Eleva sua visão com respeito à vida? Ajuda-lhe quando adoece – quando você fica desesperadamente doente? Esse entretenimento parece mais um escárnio quando você fica doente assim, e você então não o quer mais. Tome tudo o que o mundo lhe oferece e que é oposto ao Evangelho e, quando analisá-los, você verá que nada tem.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

As pessoas nunca são salvas antes de compreeenderem que não podem salvar a si mesmas. Não há nada que nos afaste mais da salvação do que pensar que podemos salvar-nos a nós mesmos.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Conheço muitas pessoas hoje em dia que não pensam, só sabem ler livros! Ah, mas vocês afirmam que ler livros os faz pensar. Têm certeza disso? Têm certeza de que ao ler um livro vocês não apenas repetem, como um papagaio, o que está escrito? Repetir coisas lidas não é pensar. Uma máquina pode fazer isso, um papagaio pode fazê-lo!

Dr. Martyn Lloyd-Jones

A coisa extraordinária que o pecado faz é que nos leva a agarrar-nos às nossas próprias opiniões e aos nossos próprios pontos de vista, e portanto, mesmo que o mundo esteja em chamas ao nosso redor, ainda assim pensamos que podemos entender e lidar com a situação! Todavia se vocês realmente querem saber o que fazer a seguir, diz a Bíblia, aqui está a sua resposta: “Ouvi a palavra do Senhor”.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

O que importa não é o que você e eu pensamos, é o que a Bíblia ensina. As pessoas têm suas próprias idéias sobre o que constitui um cristão. Vocês percebem isso quando discutem essas coisas com outras pessoas, e elas dizem: “O que eu afirmo é isto”. E devido eles o terem dito acham que isso deve ser verdadeiro. Contudo, certamente não há um padrão definitivo do que torna um homem em cristão, exceto na Bíblia. O que conhecemos do cristianismo fora da Bíblia? Que direito temos nós de afirmar: “Isso é o que eu penso que torna um homem em cristão”? Certamente, a Bíblia é nossa única regra e autoridade. Nada conhecemos de Jesus Cristo, à parte do que encontramos na Bíblia, e não temos qualquer direito de postular o que é a experiência cristã fora do ensino da Palavra de Deus. Aí, eu digo, está o único teste e o único padrão. Eu diria novamente com Lutero: “Não conheço outro Deus senão Jesus Cristo”. Nada conheço além do que encontro na Bíblia, e o que encontro nela é que eu estou passando por este mundo, que tenho de encontrar-me com Deus face a face, que há um único caminho pelo qual eu posso fazer isso sem medo, horror, estremecimento, alarme e destruição final, e isso é prestar uma pronta obediência ao que Deus me fala em Sua própria Palavra, crer em Seu Filho o Senhor Jesus Cristo, e entregar-me e toda a minha vida a Ele. Se faço isso, se reconheço meu pecado, se percebo minha necessidade de perdão e creio que tenho isso através de Cristo e Sua perfeita obra, se suplico e oro por esse novo nascimento e o recebo, então afirmo que certas coisas me acontecerão.

Martyn Lloyd-Jones

Não posso imaginar nada mais terrível para um homem do que viver uma longa vida neste mundo presumindo e imaginando que é um cristão, e então descobrir no temível dia do Juízo que ele nunca foi um cristão de verdade. Essas são as sérias palavras do próprio Senhor Jesus Cristo: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:22,23). Para mim (e esse é o motivo pelo qual eu sou um pregador do evangelho) a coisa mais importante para um homem nesta vida e neste mundo é saber com segurança que ele é um cristão.

Martyn Lloyd-Jones

Quais são as conseqüências do arrependimento, da fé no Senhor Jesus Cristo e do novo nascimento? A primeira é a possessão do júbilo e da alegria. Observem como Davi colocou isso: “Faze-me”, ele disse no versículo 8, “ouvir júbilo e alegria; para que gozem os ossos que tu quebraste”. Mas ouçam novamente como ele coloca isso no versículo 12: “Torna a dar-me (restitui-me) a alegria da tua salvação”. Ele tinha conhecimento disso, contudo a havia perdido, e quer tê-la de volta. Afirmo que qualquer homem que tem sentido isso através da experiência da conversão, que nasceu de novo, é alguém que conhece esse júbilo e alegria. Ora, sejamos cuidadosos acerca disso. Há muito mal-entendimento a respeito desta questão de alegria cristã. É muito importante observar que a alegria da qual Davi fala aqui é uma alegria exclusiva, exatamente da mesma maneira que a Bíblia fala dela em toda parte. Ele não está falando sobre uma alegria e júbilo comuns; não está falando de algo temperamental. A alegria da qual ele fala é chamada “a alegria da tua salvação”. É uma alegria especial. Por essa razão me esforço para enfatizar isso. Sou muito inclinado a concordar que temperamentalmente nos diferenciamos tremendamente uns dos outros. Há algumas pessoas que parecem ter nascido com um temperamento mórbido, introspectivo, miserável e infeliz, e há outras pessoas que são naturalmente alegres, otimistas e simpáticas. Se fizermos uma análise da humanidade do ponto de vista psicológico, descobriremos que há todas as variações concebíveis, do tipo introspectivo, totalmente miserável, a esse outro tipo de pessoa que está sempre, como já falamos, jubiloso, feliz e alegre, independente do que esteja acontecendo. Com efeito, a Bíblia é bem ciente de tudo isso, é claro, mas sua grande mensagem para nós — e graças a Deus por isso! — é que a alegria da qual ela fala é totalmente independente de qualquer situação natural. E a alegria da salvação vindo de Deus que é oferecida, e não uma alegria natural qualquer. Isso é importante neste sentido: o ensino bíblico é que todo cristão deve possuir esta alegria, e embora você tenha nascido naturalmente mórbido, ainda pode desfrutar desta alegria específica.

Martyn Lloyd-Jones

A pergunta que eu faço é esta: conhecemos alguma coisa acerca desta alegria, satisfação e regozijo? Tenho estabelecido que isso é uma conseqüência inevitável da verdadeira experiência evangélica do novo nascimento. Mas, caso que alguém esteja triste sobre isso, deixem-me colocá-lo da seguinte forma, pois é meu desejo ser essencialmente prático: há certas coisas que tendem a se levantar entre as pessoas e a experiência desta alegria e satisfação. Permitam-me mencionar algumas. A primeira, evidentemente, é o pecado. Essa era a essência do problema de Davi. “Restitui-me”, disse Davi, “a alegria da tua salvação.” Por que ele a tinha perdido? Ele a tinha perdido porque era culpado de adultério, assassinato e as outras coisas que já foram mencionadas. Meu querido amigo, não há necessidade de argumentar a respeito disso. Infelizmente, todos nós sabemos algo disso por dolorosa experiência. Se pecamos, quebramos a comunhão e o contato com Deus, e isso sempre nos leva à miséria e tristeza. Sempre há condições vinculadas às bênçãos de Deus. Devemos amar a Deus; Deus nos chama a amá-lO. Sei de muitas pessoas que estão vivendo uma vida cristã miserável porque não se submetem a Deus. A coisa não funciona em direções opostas. Leiam a respeito do apóstolo Paulo novamente, e a maravilhosa alegria que ele conhecia. Leiam as biografias dos santos e de suas vibrantes experiências. Por que todos nós não temos isso? Não é que elas fossem pessoas especiais. Não, Paulo disse que ele era “o principal dos pecadores”. Como então ele conhecia tamanha alegria? A essência do segredo é que ele evitava o pecado, ele vivia a vida para a qual Deus em Cristo o chamara. O pecado sempre rouba a alegria. Sejamos cuidadosos quanto a isso.

Martyn Lloyd-Jones

Há muitas pessoas que querem ser cristãs, há muitas que dariam o mundo inteiro se tão-somente pudessem ter a alegria de que se lê na Bíblia e nas vidas dos santos. E, no entanto, elas dizem: “Você sabe, parece que nunca sou capaz de apreendê-la. Tenho orado por ela e a almejado. A coisa que eu mais quero é esta grande alegria, e ainda não a tenho; sempre está me iludindo”. Bem, às vezes a razão por isso não passa de pura ignorância ou falta de ensino a respeito do caminho e os meios da salvação. Sem perceber isso, essas pessoas estão ainda confiando em si mesmas e em seus próprios esforços. Elas não perceberam que o evangelho é algo simples, que temos que vir a Deus de mãos vazias, reconhecendo que nada podemos fazer, pois ele é um dom dado por Deus. Elas estão ainda tentando tornar a si mesmas cristãs, e enquanto fizerem isso, jamais conhecerão a alegria da salvação. Deixem-me explicá-lo mais uma vez. É simplesmente isto — e como é simples! Todos nós temos pecado contra Deus. Nunca poderemos livrar-nos da nossa culpabilidade, nunca poderemos remover a mancha. Meu passado permanece e eu não posso apagá-lo; eu falho no presente e falharei no futuro. Como então eu poderia encontrar-me com Deus e ser perdoado? Ah, a resposta para tudo isso é que eu posso recebê-lo como uma dádiva imediata, que tudo têm sido realizado em Cristo, que Cristo morreu pelo meu pecado, e devido Deus ter tratado com o pecado ali, Ele me oferece este dom gratuitamente. Aí está a essência desta questão. Não precisam esperar por coisa alguma: é um dom que tem que ser recebido, assim como você está e onde estiver neste momento.

Martyn Lloyd-Jones

Espero que ninguém esteja vivendo sem a alegria da salvação, pelo fato de não reconhecer que ela é dada gratuitamente por Deus a qualquer momento. Deus não pede que você faça alguma coisa. Ele pede que você a receba agora, que você creia em Sua palavra. Oh, que tragédia, o fato das pessoas estarem privando a si mesmas dessa alegria, por esse motivo!

Martyn Lloyd-Jones

Uma terceira razão que explica porque muitos não têm essa alegria da salvação é o simples fato que eles gastam tanto tempo olhando para si mesmos, em vez de olharem para o Senhor. Eles erguem para si mesmos um padrão de perfeição. Lembro-me do triste caso de um homem muito piedoso que eu conheci. Ele tinha duas filhas que eram excelentes mulheres. Ambas já tinham alcançado a meia-idade quando eu as conheci. Elas viviam, em certo sentido, para as coisas de Deus, e mesmo assim, nenhuma delas ainda havia se tornado membro de uma igreja cristã, ou mesmo participado da Ceia do Senhor. Com respeito às suas vidas e conduta, vocês certamente não poderiam conhecer pessoas melhores, contudo, elas nunca haviam se tornado membros de igreja e jamais participaram do pão e do vinho. Por quê? Elas diziam que não sentiam que eram boas o suficiente. Qual era o problema com elas? Elas estavam olhando para si mesmas em vez de olharem para a consumada e perfeita obra de Cristo. Vocês olham para si mesmos e, é claro, serão miseráveis, porque no íntimo há trevas e escuridão. O melhor santo quando olha para si mesmo se torna infeliz; ele vê coisas que não deveriam estar ali, e se nós gastarmos todo o nosso tempo olhando para nós mesmos, permaneceremos na miséria, e perderemos a alegria. Auto-avaliação é coisa boa, mas introspecção é ruim. Vamos mostrar a diferença entre essas duas coisas. Podemos examinar a nós mesmos à luz das Escrituras, e se fizermos isso, estaremos sendo conduzidos a Cristo. Mas com a introspecção, um homem olha para si mesmo e continua fazendo assim, e se recusa a ser feliz até que possa se livrar das imperfeições que ainda estão ali. Oh, como é trágico o fato de ficarmos gastando nossas vidas olhando para nós mesmos em vez de olharmos para Aquele que pode nos fazer livres!

Martyn Lloyd-Jones

Acaso não é uma coisa maravilhosa que essa alegria é totalmente possível para criaturas como nós? Não haveria algo quase ousado sobre esta oração de Davi? “Restitui-me a alegria da tua salvação”, disse o adúltero e assassino, o mentiroso, o homem que é responsável por tantos problemas — “restitui-me a alegria da tua salvação”. Como pode um homem como esse ainda ser feliz? Seria possível? Sou grato a Deus porque isso é possível, e é o motivo pelo qual prego este evangelho a vocês. Isso é a glória desta salvação maravilhosa. Ele pode dar essa alegria a um homem que tem descido tão fundo, e pode elevá-lo para as alturas da alegria e satisfação. E faz desta forma: ele pode tornar o pior pecador alegre e feliz pelo fato de dar-lhe uma certeza de perdão e absolvição. O único que pode dar perdão é Deus, e, graças a Deus, Ele o faz! E Deus não apenas perdoa, Ele pode fazer-me ciente de que tem me perdoado. Saber isso é perder aquela sensação miserável de culpa e frustração. Ninguém mais pode fazer isso, mas Deus pode. Então, embora eu tenha afundado na mais baixa profundeza do pecado e degradação, Ele pode fazer-me regozijar em Sua grande salvação. Por conseguinte, Ele me concede isso dando-me uma nova natureza e um senso de um novo início, um novo começo. Nenhum homem pode ser realmente feliz e satisfeito, se ele sente que vai gastar o resto de sua vida exatamente como era antes, porque ele argumenta da seguinte forma: “Eu estou arrependido pelo que fiz, mas sei que vou fazer a mesma coisa novamente. Oh, desventurado homem que eu sou, em que miserável existência eu me encontro!” Todavia aqui é uma oferta de uma nova natureza, um novo início, um novo começo. Esse é o evangelho de Jesus Cristo. Ele propõe nos criar de novo, fazer de nós novos homens com a natureza divina dentro de nós, e assim temos um novo começo de vida. Não apenas isso, mas isso por sua vez faz um homem sentir que libertação é realmente possível. “Eu preciso de Ti todas as horas,” diz o cristão. “Fiques Tu bem junto a mim.” Por quê? “Tentações perdem o seu poder, quando Tu estás por perto.” Eu começo a sentir que Ele está comigo; e Ele é mais poderoso que o maligno. Ele venceu o diabo e pode me capacitar a fazer o mesmo.

Martyn Lloyd-Jones

Outra maneira pela qual Ele me capacita a alegrar-me e regozijar-me é que o próprio Deus me capacita a esquecer minha miséria e desventura. Essa é uma das coisas mais maravilhosas de todas. Vejam vocês, aqui está um homem como Davi, e ele tem feito todas essas coisas. Ora, se um homem como esse começa a olhar para si mesmo, ele cairá nas profundezas do desespero; mas quando Deus nos faz olhar para Cristo, Ele nos faz olhar para Seu amor, compaixão e misericórdia. Ao fazermos isso, ficamos livres de nós mesmos, esquecemos de nós mesmos — é o único caminho que eu conheço para alguém esquecer de si mesmo. O caminho para ser feliz, conforme o evangelho, é olhar para o Senhor Jesus Cristo. Observem que o Filho de Deus desceu do céu para este mundo, a fim de morrer pelos nossos pecados. Vejam-nO, pela fé, lá na glória, olhando para vocês, desejando derramar Sua grande luz, poder e força sobre as suas vidas. E quando vocês refletirem sobre Seu amor e compaixão, esquecerão de si mesmos e do pecado, e começarão a regozijar-se e a louvar ao Senhor. Vocês terão a alegria de Sua grande salvação. Assim é que acontece. Porventura vocês conhecem a alegria da salvação vindo de Deus? Vocês sabem o que é regozijar-se no Senhor, ser contentes em Cristo?

Martyn Lloyd-Jones

A segunda característica do cristão é sempre esta: uma profunda desconfiança de si e uma dependência do poder de Deus. Ouçam a Davi. Ele já tinha dito: “Cria em mim um coração puro… e renova em mim um espírito reto”. A Versão Revisada coloca da seguinte maneira: “Renova um espírito stedfast (inabalável) dentro em mim”. Observem vocês que ele era consciente de sua própria impureza. Davi pôde muito bem ter sentido assim. Ele foi um homem que havia experimentado a bênção de Deus, e tinha conhecimento da alegria do Senhor; e mesmo assim tinha caído nesses terríveis pecados. Então ele clamou por essa renovação dentro dele e por esse espírito inabalável. Eu ouso dizer que todo cristão sabe o que isso significa. Um cristão não é um homem que confia em si mesmo. Ele é o único que reconhece sua própria debilidade. Precisa ser um cristão para ver a grande negritude do seu coração e a fragilidade de sua própria natureza. Há um tipo de cristão, eu lamento dizer, que se comporta como se pudesse fazer todas as coisas. Ele teve uma experiência de conversão, e agora está pronto para encarar o inferno, o diabo e qualquer coisa. Pobre sujeito, ele não irá muito longe antes de perder esse senso de confiança. “Aquele, pois, que pensa estar em pé,” disse o apóstolo Paulo a tais pessoas, “veja que não caia” (1 Coríntios 10:12). Não, o cristão é um homem que reconhece sua própria fragilidade, e ele teme isso. Então ele ora por um espírito estável, um espírito inabalável. Ele quer ser um homem invulnerável.

Martyn Lloyd-Jones

“Restitui-me a alegria da tua salvação; e sustém-me.” “Sustém-me — eu não posso sustentar a mim mesmo”, ele disse. “Sustenta-me, eu sou frágil e fraco, e o mundo é sombrio e pecaminoso. Estou cercado pela tentação, insinuações e sugestões de pecado. Tenho medo de cair; sustém-me Senhor.” Esse é o cristão — um homem que reconhece que se Deus não o sustentar, ele certamente cairá.
E a última coisa que ele expressa aqui é: “Restitui-me a alegria da tua salvação; e sustém-me”, diz a Versão Autorizada, “com teu espírito livre.” É convencionado que essa é uma tradução errada; é melhor desta forma : “sustém-me com um espírito voluntário”. Noutras palavras, ele está orando por isto: “Eu peço que Tu me enchas com um espírito voluntário, para que eu esteja sempre disposto a fazer o que Tu pedires de mim. Quero estar disposto para andar no caminho dos Teus mandamentos, então restitui-me essa alegria da Tua salvação e sustém-me com um espírito reto e voluntário”. E é claro que o cristão sabe que tudo isso só é possível de uma maneira — a maneira que Davi já havia expressado nas palavras: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo”. Esse era o maior medo que ele tinha, que Deus, por causa do seu pecado, pudesse voltar as costas para ele. “Não faça isso”, clamou Davi; “não me lances da tua presença, não retires de mim o teu Espírito Santo.” Noutras palavras, o cristão reconhece que, como ele precisa de uma firmeza na vida, precisa de ser apoiado, precisa desse espírito voluntário, há uma única resposta, e essa resposta é o dom do Espírito Santo. E, graças a Deus, essa é a resposta do evangelho no Novo Testamento. Deus coloca Seu Espírito em nós; e o Espírito de Deus pode fazer-nos firmes, Ele pode nos sustentar, pode nos dar essa disposição, essa prontidão para andarmos no caminho dos mandamentos de Deus. A confiança do cristão nunca está nele mesmo; ela está no poder do Espírito Santo que Deus em Cristo, e através de Cristo, dá a ele.

Martyn Lloyd-Jones

Meu amigo, eu já disse, e afirmo novamente, a questão mais importante no mundo é simplesmente esta: você é um cristão? Você conhece algo dessa alegria? Você conhece algo dessa suprema confiança no poder do Espírito Santo? Você sente que tem alguma coisa que gostaria que outros também tivessem? Esses são alguns dos testes mais simples. Se você tem essa bênção, que Deus continue abençoando-o. Se não a possui, se sente que essas simples questões têm condenado você, e sente que realmente não é um cristão, então tudo que eu tenho a dizer é: vá e confesse isso a Deus. Não perca tempo. Diga a Ele que você tem enganado a si mesmo, que reconhece que não é um cristão. Diga a Ele que você quer ser cristão, peça a Ele que pelo Seu Espírito Santo ilumine você. É tão simples quanto isso — confesse seu pecado, reconheça sua transgressão e peça a Ele por esse perdão em Cristo; e você irá recebê-lo. Então agradeça a Deus, e vá falar a respeito dEle a outros que estão em trevas e na mesma miséria. Amém.

Martyn Lloyd-Jones

Já pensou se todas as suas ações durante o ano que passou fossem colocadas no papel? E se tivesse mantido um registro de todos os seus pensamentos e desejos, suas ambições e imaginações? Você permitiria que isso fosse publicado sob seu nome? O que você é hoje em comparação com o que foi no passado? Olhe para suas mãos — estão limpas? E os seus lábios — são puros? Olhe para seus pés — onde eles pisaram, que caminho percorreram? Olhe para si mesmo! É realmente você? E então olhe à sua volta, para a sua posição e os seu ambiente. Não fuja! Seja honesto! Do que você está se alimentando? Comida ou bolotas lançadas aos porcos? Em que você tem gastado seu dinheiro? Para que fins você usou dinheiro que talvez devesse ser usado para alimentar sua esposa e filhos, ou vesti-los? Do que você tem se alimentado? Olhe! É alimento próprio para ser humano? Avalie o que você gosta. Enfrente-o com calma. É algo digno de uma criatura criada por Deus, com inteligência e sabedoria? É coisa que pelo menos honra o ser humano — quanto mais a Deus? É alimento de porcos, ou é próprio para ser consumido por um ser humano? Não basta que você apenas lamente a sua sorte ou se sinta miserável. Como acabou em tal estado ou situação? Olhe para os porcos e as bolotas, e compreenda que é tudo devido você ter abandonado a casa do seu pai, agindo deliberadamente contra os ditames da sua própria consciência, deliberadamente zombando da religião e de todos os seus mandamentos e princípios; tudo é resultado exclusivo de suas próprias decisões. A situação em que se encontra hoje é conseqüência de suas próprias escolhas, e de sua próprias ações. Enfrente isso e admita-o. Esse é o primeiro passo essencial no caminho da volta.

Martyn Lloyd-Jones

Compreendam que todos os seus reforços vão falhar, como sempre falharam até aqui. Entendam que a melhora será meramente transitória e temporária. Parem de se enganar a si mesmos. Compreendam como é desesperada a sua situação. E compreendam que existe somente um poder que pode colocar suas vidas no caminho certo — o Poder do Deus Todo-poderoso. Você podem continuar confiando em si mesmos e nos outros, e se esforçando ao máximo. Mas daqui a um ano a sua situação não só será a mesma, e sim muito pior. Somente Deus pode salvá-los.

Martyn Lloyd-Jones

Como podemos ser felizes e livres em vista do nosso passado? Mesmo que não cometamos mais certas ações ou um certo pecado, o passado está presente e sempre temos diante de nós o que fizemos. Esse é o problema. Quem pode nos libertar do nosso passado? Quem pode apagar do livro da nossa vida aquilo que já fizemos? Há somente Um! E Ele pode fazê-lo! O mundo tenta me persuadir que não importa, que posso voltar as costas ao passado e esquecê-lo. Mas eu não posso esquecer — ele sempre me volta à lembrança. E me lança em miséria e desespero. Posso tentar de tudo, porém meu passado permanece um fato sólido, terrível, medonho. Há alguma forma de me livrar dele? Algum modo de apagá-lo? Há somente um que pode removê-lo dos meus ombros. Eu só posso ter certeza que meus farrapos e andrajos se foram quando os vejo na Pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que os tomou sobre Si e Se fez maldição em meu lugar. O Pai mandou que Ele tirasse de sobre mim os meus farrapos, e Ele o fez. Ele levou minha iniqüidade, e Se vestiu e cobriu com meu pecado. Ele o tirou, lançando-o no mar do esquecimento de Deus. E quando eu compreendo e creio que Deus em Cristo não só perdoou meu passado, mas também o esqueceu, quem sou eu para procurar por ele e tentar encontrá-lo? Minha única consolação, quando considero o passado, é lembrar que Deus o apagou. Ninguém mais podia fazer isso. Mas Ele o fez. E este é o primeiro passo essencial para um novo começo. O passado precisa ser apagado; e ele é apagado em Cristo e em Sua morte expiatória.

Martyn Lloyd-Jones

Leia sobre a vida dos santos e descubra como aqueles homens maravilhosos que tentaram purificar seus corações maus sempre descobriram uma impureza crescente, e no final descobriram que era totalmente inútil. Foi por isso que Davi clamou com estas palavras: “Cria em mim” — somente Deus pode me dar um coração puro, somente Deus pode me dar uma nova natureza. “Minha única esperança”, disse Davi, “é que Ele que criou o mundo do nada e fez o homem do pó da terra e soprou nele o fôlego de vida, criará dentro em mim um coração puro e me dará uma nova natureza.” Esse é o brado do Velho Testamento. Davi viu isso em sua essência, viu que aquilo era sua fundamental necessidade. E a necessidade fundamental de todo homem é uma operação de Deus no centro da vida. Oh, você sabe, meu amigo, que essa é a verdadeira essência do evangelho do Novo Testamento e sua maravilhosa mensagem? Por que o Senhor Jesus Cristo veio a este mundo? Por que Ele viveu, e morreu aquela morte de cruz e ressuscitou? Para que aconteceu tudo aquilo? Porventura foi só para que você e eu pudéssemos ser perdoados e continuássemos no pecado, e então nos arrependêssemos — tendo passado do pecado para o arrependimento e do arrependimento para o pecado — e finalmente pudéssemos ir para o céu, sendo poupados da punição do inferno e suas terríveis conseqüências? Esse é um pensamento blasfemo! Ele fez tudo isso, como Paulo escreveu a Tito, para que ele pudesse “…purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tito 2:14).

Martyn Lloyd-Jones

“Cria em mim um coração puro, ó Deus.” Qualquer homem, eu afirmo, que fizer essa oração com sinceridade será sempre atendido. “Vocês precisam nascer do novo”, disse Jesus Cristo; e um homem que reconhece isso e submete-se a Cristo é nascido de novo. Ele tem uma nova vida, a vida de Deus nele; a questão central é ser purificado por Deus, e esse homem encontra dentro de si mesmo uma nova perspectiva, um novo poder, uma nova esperança, uma nova pessoa.

Martyn Lloyd-Jones

Quão importante, então, é estabelecer a distinção entre regozijar-se no Senhor e sentir-se feliz. Vejam o quarto capítulo da Segunda Epístola aos Coríntios. Ali verão que o grande apóstolo coloca isso tudo de forma muito simples e clara naquela série de extraordinários contrastes que ele faz: “Em tudo somos atribulados (acho que ele não estava se sentindo muito feliz naquele momento), mas não angustiados; perplexos (não estava se sentindo nem um pouco alegre), mas não desanimados; perseguidos mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” e assim por diante. Em outras palavras, o apóstolo não está parecendo uma pessoa muito feliz, no sentido carnal, mas ele ainda assim estava se regozijando. Essa é a diferença entre as duas condições.

David Martin Lloyd-Jones

“Vocês querem conhecer alegria suprema, querem experimentar uma felicidade que desafia descrição? Há somente uma coisa a fazer, buscar o Senhor Jesus Cristo, realmente, buscar a Ele somente, voltar-se apenas para Ele. Se se acharem com sentimentos de depressão, não fiquem num canto sentindo pena de si mesmos; não tentem forçar alguma emoção, mas — e esta é a simples essência da questão — vão diretamente a Ele, busquem Sua face, assim como a criança que se sente infeliz e miserável porque alguém quebrou seu brinquedo corre para seu pai ou sua mãe. Então, se se acharem nas garras deste problema, há somente uma coisa a fazer, e é irem a Ele. Se buscarem o Senhor Jesus Cristo e O encontrarem, não precisarão mais se preocupar com sua felicidade e alegria. Ele é nossa alegria e felicidade, assim como Ele é nossa paz. Ele é vida, Ele é tudo. Então fujam dos estímulos e das tentações de Satanás para dar essa importância central às emoções. Ponham no centro o Único que tem o direito de estar ali, o Senhor da glória, que tanto amou a vocês que foi à cruz e levou sobre Si o castigo e a vergonha dos seus pecados, e morreu por vocês. Busquem a Ele, busquem a Sua face, e todas as demais coisas lhes serão acrescentadas.

David Martin Lloyd-Jones

Em primeiro lugar, Ele os estava repreendendo por estarem em tal situação. “Onde está a vossa fé?”, Ele pergunta. Mateus diz: “Homens de pouca fé”. Aqui, como nas outras passagens, “Ele se maravilhou com sua falta de fé”. Ele os repreendeu por estarem em tal estado de agitação e terror e alarme enquanto Ele estava com eles no barco. Essa é a primeira grande lição que precisamos aplicar a nós mesmos e uns aos outros. É muito errado para um cristão se achar em tal estado. Não importa quais sejam as circunstâncias, o cristão não deveria ficar agitado, o cristão jamais deveria ficar fora de si, o cristão nunca deveria chegar a uma condição em que não tenha controle de si mesmo. Essa é a primeira lição, uma lição que enfatizamos antes porque é uma parte essencial dos ensinos do Novo Testamento. Um cristão nunca deveria, como a pessoa do mundo, ficar deprimido, agitado, alarmado, frenético, sem saber o que fazer. É a reação típica a problemas da parte daqueles que não são cristãos, e é por isso que está errado ficar assim. O cristão é diferente de outras pessoas, ele tem algo que o não-cristão não possui, e o ideal para o cristão é o que o apóstolo Paulo expressou tão bem no capítulo quatro de Filipenses: “Aprendi a contentar-me com o que tenho… Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Essa é a posição cristã, é assim que o cristão deve ser. Ele nunca deve ser arrastado por suas emoções, quaisquer que sejam elas — nunca. Isso sempre é errado num cristão. Ele deve sempre ser controlado, como espero mostrar aqui. O problema com esses homens era que eles não tinham domínio próprio. Por isso eles eram infelizes, por isso estavam agitados e alarmados, apesar do Filho de Deus estar com eles no barco. Não há como enfatizar esse ponto em demasia. Eu o apresento como uma simples proposição, que um cristão nunca deve perder o controle, nunca deve estar num estado de agitação, terror ou alarme, quaisquer que sejam as circunstâncias. Essa é, obviamente, a primeira lição. A situação desses homens era alarmante. Estavam em perigo, e parecia que iam se afogar a qualquer momento, mas o Senhor de fato disse: “Vocês não deviam estar nessa condição. Como meus seguidores, vocês não têm o direito de estar em tal estado, ainda que estejam em perigo”

David Martin Lloyd-Jones

Um cristão não deve se sentir abatido quando tudo está dando errado. Ele tem o mandamento de se regozijar. Emoções pertencem à felicidade apenas, mas o regozijo envolve algo muito maior do que emoções; e se a fé fosse uma questão de emoções apenas, então, quando acontece algo errado ou os sentimentos mudam, a fé desaparece. Mas a fé não é uma questão de emoções apenas, a fé inclui o homem integral, incluindo sua mente, seu intelecto e seu entendimento. É uma resposta à verdade.

David Martin Lloyd-Jones

O meio de se livrar do espírito de escravidão e temor, é saber que você é um filho de Deus, está destinado para o céu e para a glória, e que tudo o que você vê dentro e fora de si mesmo não pode impedir que esse plano seja cumprido. Então a vida cristã é uma questão de se preparar para isso. “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”. Fé em quê? Fé no meu destino final. Ou considerem o que João diz em sua Primeira Epístola, no terceiro capítulo, versículo dois: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”. Ao que isso nos leva? Leva-nos ao que lemos no versículo seguinte: “E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”. Não há nada tão capaz de promover santidade como a compreensão de que somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, que nosso destino é certo e seguro, que nada pode impedir isso. Compreendendo isso, nós nos purificamos assim como Ele é puro, e sentimos que não há tempo a perder.

Martin Lloyd-Jones

Não se preocupem com o que sentem. A verdade sobre vocês é gloriosa. Se estão em Cristo, ergam-se acima do pecado, do temor e da preocupação. Apossem-se da sua plena salvação, triunfem e prevaleçam!

Martin Lloyd-Jones

Há muitos que dizem crer em Cristo, mas então deduzem que, se alguém crê em Cristo está seguro, e não importa o que ele faz. Entretanto, esse é o terrível erro do antinomianismo. O Novo Testamento ensina a importância das obras quando declara que a “fé sem obras é morta”. Deixar qualquer um destes aspectos de lado, é não corresponder à mensagem apostólica.

Martin Lloyd-Jones

Meu amigo, se você pensa na sua vida cristã com esse espírito de má vontade, ou a encara como uma tarefa ou um dever fatigante, volte para o começo, retroceda até aquela porta estreita pela qual passou. Olhe para o mundo na sua perversidade e pecado, contemple o inferno para o qual estava levando você, e então olhe para a frente e reconheça que você está envolvido na mais gloriosa campanha de que um homem poderia participar, e que está trilhando o caminho mais nobre que o mundo já conheceu.

Martin Lloyd-Jones

O que se deve acrescentar à fé? O apóstolo nos dá uma lista, a qual eu quero citar aqui. A primeira coisa que ele diz é: “Acrescentai à vossa fé a virtude”. O que ele quer dizer com isso? Aqui temos novamente uma palavra cujo sentido mudou com o decorrer do tempo. Não significa virtude no sentido que comumente usamos a palavra hoje em dia, pois cada um destes itens é uma virtude em si. Seu sentido aqui é de energia, energia moral; significa poder, vigor. Isto é muito importante. A condição da qual o apóstolo está tratando aqui é este tipo de vida cristã lânguida, indisciplinada e frouxa, e ele começa lembrando-os disso: “Agora que têm fé, vocês crêem na verdade, e não há dúvida quanto a isso, vocês têm essa mesma fé preciosa que está em nós”. Bem, o que mais eles precisam fazer a respeito? Ele lhes diz que em acréscimo à fé que têm, eles precisam deixar de ser lânguidos. Em outras palavras, acrescentem à sua fé essa energia moral, assumam controle de si mesmos, não se arrastem através da vida cristã, andem por ela como devem, com vigor, acrescentem à sua fé força e poder. Não sejam cristãos debilitados que sempre dão a impressão de que estão ao ponto de ter uma vertigem e desmaiar, e que podem falhar a qualquer momento. Não sejam lânguidos, diz o apóstolo, guarneçam a sua fé com virilidade e poder — virtude. Como essa exortação é necessária! Comparem, façam um contraste do cristão típico e comum com a pessoa típica e comum do mundo. O cristão declara estar interessado em coisas espirituais, no reino de Deus, e num conhecimento de Deus e de Cristo. Esta é sua reivindicação. Ele diz que tem fé, e é isso que a fé significa. Comparem-no com a pessoa típica do mundo, que está interessada em jogos e nas coisas que acontecem no mundo dos esportes. Vocês percebem a diferença; não há nada lânguido a respeito da pessoa que está interessada nessas coisas. Observem seu entusiasmo e sua energia. Então observem o cristão em contraste, como ele é débil, sempre com uma expressão de pesar. E a razão é que esse tipo de cristão falhou em “acrescentar à sua fé”. Ele diz que é um cristão e que crê na verdade, mas falhou em “guarnecer” a sua fé.

Martin Lloyd-Jones

“Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência”. Isso não quer dizer simplesmente conhecimento de doutrina. Temos isso numa certa medida — de outro modo nem teríamos fé. Isto significa um tipo de discernimento, significa entendimento, significa iluminação. Não sabemos tudo no momento em que cremos em Cristo, não entendemos todas as coisas; isso é só o começo. Há constantes apelos e exortações nas epístolas do Novo Testamento para que cresçamos em entendimento — “para que o vosso amor cresça”, diz Paulo, “em entendimento”. Isso é o que o apóstolo Pedro está dizendo neste ponto. Ele diz que os cristãos não devem parar na fé. Já são cristãos, mas precisam entender a vida cristã. Devem compreender os perigos sutis que os cercam, precisam compreender algo da sutileza de Satanás. Precisam de compreensão: por isso, “acrescentai à vossa fé” — esforcem-se por ter esse discernimento, essa compreensão, essa iluminação. Como isso é essencial — que nos entreguemos à leitura diligente das Escrituras e de livros a respeito das Escrituras e das doutrinas da fé. Vocês nunca compreenderão a fé verdadeiramente se não se dedicarem a essas coisas. Às vezes é um processo doloroso, e certamente exige toda a disciplina que pudermos aplicar. Um estudante nunca se torna perito em qualquer assunto sem trabalho árduo. Aquela conversa a respeito do tipo de homem que tem uma inteligência tão brilhante que nunca precisa estudar ou se esforçar, e depois recebe o primeiro lugar nos exames, é puro mito. Isso não acontece — é uma mentira. Sem conhecimento — e nunca se pode ter conhecimento se não se esforçar — a pessoa nunca terá verdadeira compreensão, verdadeiro discernimento. Isso requer disciplina e esforço; na verdade, guarnecer sua fé com conhecimento, ou ciência, é trabalho muito árduo. O próximo item é temperança, que significa domínio próprio, e aqui não significa simplesmente que controlamos a nossa vida em geral. Esta temperança é uma coisa muito mais detalhada e particular do que isso. Significa que precisamos controlar cada aspecto da nossa vida. Talvez signifique que tenhamos que controlar até o que comemos e bebemos. Os médicos constantemente estão nos dizendo que muitas pessoas estão numa condição precária de saúde física porque comem ou bebem demais. Não há dúvida de que isso é verdade, e há uma tendência crescente a isso no mundo moderno. É lançado sobre nós, de maneira atraente, e há pessoas que sofrem de cansaço e lentidão muitas vezes por simples falta de temperança ou domínio próprio. Não controlam seus apetites, seus desejos, suas paixões; comem demais, ou bebem demais, ou até mesmo dormem demais. O meio de se obter uma boa visão disso é ler as vidas dos santos, ler seus diários, ler o que eles faziam e como controlavam suas vidas. Como temiam essas coisas, e como compreendiam claramente que tinham de evitá-las a todo custo! Paciência significa perseverança para continuar mesmo em meio ao desânimo. Temos que fazer isso — nós mesmos. Precisamos acrescentar isso à nossa fé. Não significa apenas olhar passivamente para o Senhor; nós mesmos precisamos exercer paciência e perseverança, e continuar fazendo isso dia após dia. Depois vem a piedade, que neste ponto sem dúvida significa preocupação e cuidado em manter a nossa comunhão com Deus. Então os dois últimos itens da lista se referem à nossa atitude para com os nossos semelhantes. Amor fraternal significa nosso relacionamento para com nossos irmãos em Cristo. E caridade significa amor a todos os homens, mesmo aqueles que não estão na fé. Precisamos observar estas coisas em detalhes. Depois de nos levar através desses vários passos e estágios, o apóstolo agora nos encoraja a fazer tudo o que ele nos disse. Qual é o encorajamento? Antes de tudo, ele nos lembra do que nós somos. Ele nos diz que nos tornamos “participantes da natureza divina”. Se vocês acham que estou pregando uma doutrina dura, e que estou reduzindo a vida cristã a uma tarefa árdua, se sentem hesitações e dúvidas, quero lhes fazer algumas perguntas. Vocês percebem o que são como cristãos? Percebem que são “participantes da natureza divina” e que o Filho de Deus veio do céu à terra e foi até a cruz do Calvário para salvá-los, para libertá-los do mundo e suas concupiscências? “Havendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo.” Concupiscência é a causa dessa corrupção. Vão permanecer nessa condição? Não querem escapar dela? Percebam, ele diz, que Cristo morreu para que pudessem ser tirados dela, e que realmente foram tirados dela. Por isso, então, “ponde nisto toda a diligência”. “Certamente”, Pedro pergunta, “vocês não esqueceram que foram purificados dos seus pecados, certamente não esqueceram que morreram com Cristo, e que portanto estão mortos para a lei e mortos para o pecado?” “Como viveremos para o pecado, nós os que para ele morremos?” Essa é a forma que Paulo o expressa. Esse também é o argumento de Pedro. Precisamos compreender isso, e é um extraordinário encorajamento ao enfrentarmos a batalha da fé. No entanto, não devemos parar aí. O apóstolo diz que também devemos compreender que somente fazendo estas coisas é que teremos grande alegria e felicidade no presente. “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição”. E vocês podem tornar firme a sua vocação fazendo estas coisas. Nunca serão felizes de outra forma. Não basta dizer: “A Palavra de Deus diz — todo aquele que nele crê — eu creio, portanto. . .” Isso é verdade, mas nem sempre satisfaz. Está correto racionarmos assim, e faz parte da nossa segurança, porém se pensarmos que nossa segurança se limita a isso, estaremos cometendo um grande engano. Se quisermos tornar firme a nossa vocação e eleição, devemos ser diligentes em todas estas coisas que o apóstolo menciona, e se o fizermos, teremos grande alegria, paz e felicidade. Saberemos qual é nossa posição, ecolheremos os primeiros frutos da glória que nos aguarda. “Fazendo isto, nunca jamais tropeçareis”. Nada é mais desanimador do que nossas quedas e tropeços. Tropeçamos, e então nos sentimos miseráveis e infelizes, e lá vem a depressão que faz com que nos sintamos totalmente sem esperança a respeito de tudo. Bem, o que devemos fazer é evitar as quedas, os tropeços — e se fizermos essas coisas, jamais tropeçaremos. Isso não significa que estamos sendo guardados, sem fazer coisa alguma. Ele diz: “Façam estas coisas, e vocês não tropeçarão”. Então, reunam toda a diligência para fazer estas coisas, e não tropeçarão.

Martin Lloyd-Jones

Se somos cristãos infelizes e deprimidos, é muito provável que seja devido a essa falta de disciplina. Portanto, vamos ser positivos e ativos, pondo toda diligência, vamos suplementar a nossa fé, sem termos medo. Vamos esclarecer as nossas idéias e então colocá-las em prática, e complementar a nossa fé com esta força e vigor, com este conhecimento, com esta temperança, com esta paciência, piedade, amor fraternal e caridade. Vamos começar a desfrutar da nossa vida cristã e ser úteis aos outros. Vamos crescer na graça e no conhecimento, e assim atrairemos todos que nos conhecem, para que se unam a nós nesta fé preciosa, e para que experimentem a bem-aventurança destas grandes e preciosas promessas que nunca falham.

Martin Lloyd-Jones

Existe uma linha de pensamento a respeito da vida cristã que dá a impressão de que, uma vez tomada a decisão, ou uma vez convertido, não há mais ondas nem tempestades no mar da vida. Tudo vai ser perfeito, sem qualquer problema daí para a frente. Bem, a simples resposta a essa visão
do cristianismo, é que isso não é o cristianismo do Novo Testamento. Esse é o tipo de coisa que as seitas sempre ofereceram, e que a psicologia moderna está oferecendo. Não há nada por que devemos agradecer mais a Deus, do que a honestidade das Escrituras. Elas nos dão a verdade a respeito de nós mesmos e a respeito da vida neste mundo.

Martin Lloyd-Jones

Tristeza e aflição são coisas às quais o cristão está sujeito, e estou pronto a defender o argumento que a ausência de um sentimento de tristeza no cristão em certas circunstâncias não é uma recomendação para a fé cristã. Não é natural, não vem do Novo Testamento, e é uma característica produzida mais pelo estoicismo, ou um estado psicológico produzido por certas seitas, do que pelo cristianismo. Não há nada mais instrutivo ou encorajador, ao ler as Escrituras, do que observar que os santos de Deus estão sujeitos às fraquezas humanas. Conhecem a dor e a tristeza, sabem o que é sentir solidão e desapontamento. Temos exemplos abundantes disso nas Escrituras; e o vemos na vida do apóstolo Paulo, talvez mais do que em qualquer outro. Ele estava sujeito a estas coisas, e não escondia o fato. Ele ainda era muito humano, apesar da sua extraordinária fé e das notáveis experiências que teve em sua comunhão com o Senhor. Pois bem, estas coisas podem ser encontradas ao mesmo tempo, e o cristão jamais deve considerar-se como alguém que está isento de sentimentos naturais. Ele tem algo em si que lhe permite elevar-se acima de todas essas coisas; mas a glória da vida cristã é justamente que podemos viver acima destas coisas, ainda que as sintamos. Não é uma ausência de sentimentos ou emoções. Esta é uma linha divisória de extrema importância.

Martin Lloyd-Jones

(…) O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo (II Timóteo 3:12), vai ao ponto de dizer: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”. De acordo com as Escrituras, é uma lei que, quanto mais nos aproximamos do Senhor Jesus em nossa vida e nosso estilo de viver, mais probabilidades teremos de enfrentar problemas neste mundo. Olhem para Ele — que não cometeu mal algum, nem dolo se achou em Sua boca. Passou Sua vida curando as pessoas, fazendo o bem e pregando; e no entanto, vejam a oposição e as provações que teve de enfrentar. Por quê? Porque Ele era quem era. O mundo, no fundo do seu coração, odeia Cristo e odeia os cristãos, porque uma vida santa o condena. O homem do mundo não gosta disso porque o incomoda. O apóstolo sabia o que essas pessoas estavam experimentando nas mãos dos perversos, e ele continua no quarto capítulo, expressando-o ainda mais especificamente: “Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias; e achando estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós”. O mundo estava aborrecido com essas pessoas porque elas tinham abandonado aquele tipo de vida e estavam vivendo a vida cristã. Assim que se tornaram
cristãs, passaram a ter problemas com o mundo. Pessoas que antes eram amigáveis começaram a criticá-las, ignorá-las, ou a falar mal delas aos outros. Essa era uma das coisas que lhes estava causando tristeza. Estavam contristados por causa disso, e é algo que os cristãos têm sido obrigados a suportar através dos séculos. Nada é mais penoso do que este mal-entendido da parte de outras pessoas, e se torna ainda mais difícil se acontece ser alguém muito chegado a nós. Como é difícil quando alguém é o único cristão da família. Este tipo de provação acontece, e se um cristão nunca enfrenta algum tipo de provação, isso sugere que há algo radicalmente errado com seu cristianismo. O apóstolo Paulo experimentou isto constantemente. Lembram-se que ele disse: “Demas me abandonou”? Aquilo não foi fácil para Paulo; realmente o perturbou. Teve que enfrentar seu julgamento completamente sozinho; pessoas com quem pensou que podia contar, de repente o abandonaram, e ali estava ele completamente só. “Todos me desampararam”. Esse é o tipo de coisa que entristece o cristão, e basta lermos as biografias dos santos de Deus, para encontrarmos isso constantemente. Leiam os diários de John Wesley e descobrirão que ele estava frequentemente neste estado por causa de mal-entendidos. Isso também é encontrado em larga escala na vida de Charles Haddon Spurgeon, em conexão com uma grande controvérsia na qual ele se achou envolvido. Homens a quem ele tinha considerado amigos, e alguns a quem ele havia instruído às suas próprias custas na faculdade, de repente se afastaram dele. Basta ler seu relato para perceber como ele foi machucado e entristecido. Estava contristado porque homens nos quais pensava poder confiar de repente lhe falharam. Isso sem dúvida encurtou a sua vida. Li nos diários de George Whitefield recentecente algo muito parecido. Whitefield havia experimentado uma época de excepcional proximidade de Cristo e estava se regozijando nisso, mas faz uma observação em seu diário, lembrando que de uma forma estranha tais experiências muitas vezes eram seguidas por provações muito duras, e ele escreve: “Sem dúvida estarei sujeito a isso novamente”. Ele sabia, era sua experiência; é uma lei quase inevitável na vida do homem de Deus num mundo de pecado. Aqui, pois, estavam esses cristãos, sofrendo múltiplas provações. O termo é amplo, e significa qualquer coisa em nossa vida que tende a nos perturbar, algo que nos toca nas áreas mais delicadas e sensíveis do nosso ser, nosso coração, nossa mente, as coisas que tendem a nos abater. Como o apóstolo trata dessa situação? É muito interessante, e é o que devemos fazer se queremos manter esse aspecto duplo da nossa vida cristã. Se vamos continuar nos regozijando, apesar das coisas que nos entristecem, devemos enfrentá-las da maneira que o apóstolo nos instrui. Qual é seu ensino? A primeira coisa que ele faz é apresentar um grande princípio, e é que devemos compreender por que estas coisas nos acontecem. Essa é a primeira coisa, e quantas vezes precisamos dizer isso a nós mesmos e uns aos outros! Às vezes penso que toda a arte da vida cristã é a arte de fazer perguntas. O perigo que corremos é de permitir que estas coisas nos aconteçam, sem proferir coisa alguma além de, talvez, um gemido, lamento ou reclamação. O que precisamos fazer, porém, é descobrir, se pudermos, porque estas coisas estão acontecendo; tentar descobrir a explicação, e em conexão com isto o apóstolo usa os seguintes termos: “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário…” “Sendo necessário”! Ah, esse é o segredo. O que ele quer dizer com essa frase? Não há nenhuma dúvida quanto à resposta a essa pergunta. É uma declaração condicional, que podemos traduzir assim: “Por breve tempo, caso isso for necessário”. “Se isso for necessário”! Não é apenas uma declaração geral de que num mundo como o nosso tais coisas têm que acontecer. Significa muito mais do que isso. Ele não diz: “Bem, vocês estão se regozijando nessa bendita esperança, ainda que num mundo como este tenham que suportar certas coisas”. Isso está correto, é uma grande verdade; mas o apóstolo não encerra o assunto aí. Sua declaração é positiva. Ele diz: “Vocês estão enfrentando essa provação, porque isso é necessário no momento”. Aqui, então, está nosso princípio: há um propósito definido em tudo isso. Nada disto acontece acidentalmente, nem é algo que ocorre simplesmente por causa de toda a organização da vida. Isso está incluído, mas não é a razão principal. Estas coisas acontecem, diz o apóstolo, porque são boas para nós, porque fazem parte da nossa disciplina nesta vida, e neste mundo, e porque — vamos deixar isso bem claro — Deus assim o determinou. Essa é a doutrina do apóstolo, e é doutrina de todo o Novo Testamento, e certamente é a doutrina dos santos através dos séculos. Em outras palavras, devemos olhar para a vida cristã desta maneira. Estamos andando através deste mundo sob o olhar do nosso Pai celestial. Essa é a coisa fundamental; o cristão deve pensar em si mesmo como alguém que está envolvido num relacionamento peculiar com Deus. Isso não pode ser dito de alguém que não é cristão. Há um plano e propósito muito definido para a minha vida; Deus me adotou e me colocou em Sua família. Para quê? Para que possa me levar à perfeição. Esse é Seu objetivo — “para sermos (mais e mais) conformes à imagem do Seu amado Filho”. É isso que Ele está fazendo. O Senhor Jesus Cristo está trazendo muitos filhos a Deus, dizendo: “Eis-me aqui, e os filhos que me deste”. Se não começarmos com esse conceito fundamental de nós mesmos como cristãos, iremos nos desviar, e certamente não entenderemos estas coisas.

Martin Lloyd-Jones

Pedro diz no sétimo versículo que essas coisas aconteceram — essas “várias tentações” — para que “a prova da Vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo”. Como isso é importante — o precioso caráter da fé! Ele ressalta isso em sua comparação com o ouro. “Olhem para o ouro”, ele diz. “O ouro é precioso, mas não tão precioso quanto a fé”. Como ele estabelece isso? Ele mostra que o ouro é algo que um dia vai desaparecer. É apenas temporário, não há nada de permanente nele, ainda que seja maravilhoso e de muito valor. Mas a fé é eterna. O ouro vai perecer, mas a fé permanecerá. A fé é algo que é duradouro e eterno. Aquilo através do que vivemos, diz o apóstolo, é o que é responsável por estarmos na vida cristã. Vocês estão nesta posição de fé, ele diz, e não percebem como isto é maravilhoso e admirável. Andamos pela fé, toda a nossa vida é uma questão de fé, e aos olhos de Deus isso é tão precioso, tão maravilhoso, que Deus quer que seja absolutamente puro. Purificamos o ouro através do fogo. Eliminamos todas as impurezas ao colocar o ouro no crisol, ou na fundição, submetendo-o a um alto grau de calor; assim tudo que é impuro é removido, permanecendo apenas o ouro. Seu argumento, então, é que se fazemos isso com o ouro que perece, quanto mais precisa ser feito com a fé. Fé é esse princípio extraordinário que liga o homem a Deus; é o que livra o homem do inferno e o leva para o céu; é a conexão entre este mundo e o mundo por vir; a fé é esse elemento místico e admirável que pode tomar um homem morto em delitos e pecados, e fazer dele uma nova criatura, um novo homem em Cristo Jesus. É por isso que é tão preciosa. É tão preciosa que Deus quer que seja absolutamente perfeita. Esse é o argumento do apóstolo. Então, enfrentamos essas várias tentações e provações por causa do caráter da fé.

Martin Lloyd-Jones

Vimos que nossa fé precisa ser aperfeiçoada. Portanto, devem existir níveis de fé. Há diferenças na qualidade da fé. A fé é multiforme. No princípio, em geral temos muita mistura no que chamamos de nossa fé; há muito da carne nela, ainda que não tenhamos consciência disso. E à medida que aprendemos essas coisas, e progredimos nesse processo, Deus nos faz passar por períodos de testes. Ele nos testa através de provações, como se fosse pelo fogo, para que as coisas que não pertencem à essência da fé sejam eliminadas. Podemos achar que a nossa fé é perfeita, e que podemos enfrentar qualquer coisa. Mas de repente surge uma provação, e nós falhamos. Por quê? Bem, isso é uma indicação de que o elemento de confiança em nossa fé precisa ser desenvolvido; e Deus desenvolve a confiança em nossa fé mediante essas provações. Quanto mais enfrentamos estas coisas, mais aprendemos a confiar em Deus. Nós confiamos nEle naturalmente quando tudo vai bem, mas chega o dia quando as nuvens escurecem os céus, e começamos a questionar se Deus ainda nos ama e se a vida cristã é realmente o que imaginávamos. Ah, nossa fé ainda não tinha desenvolvido o elemento da confiança, e por isso Deus trata conosco nesta vida de forma a nos levar a confiar nEle nas trevas, quando não podemos ver luz alguma, e cara nos levar ao ponto em que possamos dizer com confiança: Quando tudo parece estar contra nós, Para nos levar ao desespero, Sabemos que há uma porta aberta, E um ouvido que escuta nossa oração.

Martin Lloyd-Jones

Observem um homem como Abraão. Deus tratou com ele de tal forma que ele pôde “esperar contra a esperança”, Ele confiou em Deus de forma total e absoluta, quando todas as aparências indicavam o contrário. E isso precisa ser desenvolvido em nós. Não começamos assim, mas ao atravessarmos essas experiências descobrimos que “por trás de uma providência carrancuda, Ele esconde o rosto de um Pai”, e quando as provações voltam, permanecemos calmos e controlados. Podemos dizer: “Sim, eu sei que não posso ver o sol, mas sei que ele está lá. Sei que atrás das nuvens o rosto de Deus está voltado para mim”. É por meio dessas provações que esse elemento de confiança é desenvolvido em nós. É exatamente o mesmo com o elemento de paciência, ou perseverança, a capacidade de perseverar e ir em frente apesar de desânimo e abatimento. Esse é um dos maiores testes que um cristão pode enfrentar. Não somos pacientes por natureza. Começamos a vida cristã como crianças, querendo tudo de uma vez; e se não o recebemos, ficamos impacientes e começamos a resmungar, reclamamos e ficamos emburrados como crianças. Isso é porque nos falta paciência e perseverança. Não há nada que as epístolas do Novo Testamento enfatizem mais do que esta qualidade de perseverar, quer as coisas estejam indo bem ou não. Devemos perseverar dizendo: “Deus sabe o que é melhor para mim. Vou confiar nEle”. “Ainda que ele me mate, nele esperarei”. Isso é perseverança, e é à medida que somos testados e provados que todos esses outros elementos que devem “guarnecer” a nossa fé se desenvolvem e são aperfeiçoados.

Martin Lloyd-Jones

É a maneira que enfrentamos as provações que realmente atesta a nossa fé. Vocês se lembram como o Senhor, na parábola do semeador, descreve a semente que cai entre os espinhos? Parecia prometer uma grande colheita, mas esta não se concretizou porque outras coisas sufocaram a Palavra. O Senhor interpretou isso como sendo comparável à maneira como as provações vêm e esmagam e sufocam a Palavra, de forma que nunca venha a frutificar. A princípio parece maravilhoso, mas não perdura. As provações mostram que era uma fé espúria, que não era real nem genuína. Não há nada que confirme a autenticidade da fé mais do que a paciência e perseverança da pessoa, sua capacidade de prosseguir apesar de tudo. Esse é o ensino de nosso Senhor, e é o ensino de todo o Novo Testamento.

Martin Lloyd-Jones

Permitam-me acrescentar mais uma palavra sobre o que Pedro diz para nosso encorajamento. Qual é a consolação? É que, ainda que essas coisas aconteçam conosco, elas apenas acontecem “por um pouco”. “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário…” Não pensem que estou ensinando que esta condição de testes e provações seja algo permanente para o cristão. Não é. Estas coisas vêm e vão, de acordo com o propósito de Deus. Nunca seremos provados e testados a não ser para o nosso próprio bem, e à medida que respondemos à lição, Deus decreta o fim do teste. Ele não nos mantém permanentemente sob provações. Como Whitefield disse, estas coisas se alternam, e Deus sabe exatamente como enviá-las, e quando. E podemos ter certeza, como o apóstolo Paulo, que “não veio sobre vós tentação, senão humana: mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (I Coríntios 10:13). Ele é o nosso Pai amoroso, e sabe quanto podemos suportar e enfrentar. Ele nunca nos enviará algo que seja demais para nós; pois sabe a quantidade certa, e permitirá apenas a quantidade certa, e quando tivermos aprendido, decretará um fim à provação. É apenas “por um pouco”. Será que estas palavras estão chegando a um cristão aqui abatido e sobrecarregado? Tudo lhe parece ser escuridão e trevas? Você, meu irmão, não tem a liberdade em oração que já teve um dia? Sente que quase perdeu sua fé? Não fique perturbado. Você está nas mãos do seu Pai. Talvez um período maravilhoso esteja para começar em sua vida; Ele talvez tenha uma bênção muito especial para você, ou uma tarefa extraordinária para você realizar. Não fique abatido — é apenas “por um pouco”. Você está nas mãos do seu Pai amoroso, então confie nEle e vá em frente. Prossiga, dizendo: “Eu me contento em estar nas Tuas mãos. Fazer a Tua vontade, é toda a minha vontade”.

Martin Lloyd-Jones

Ao atravessar este período de tristeza, lembrem-se das coisas nas quais vocês devem exultar!. Isso é algo que todos devemos fazer. O problema é que, quando essas provações nos sobrevêm, nossa tendência é ver somente as provações, nada mais senão nuvens. Em períodos assim, devemos nos lembrar do terceiro versículo deste capítulo. Quando não podemos ver coisa alguma, devemos abrir as Escrituras e começara ler isto. Ainda que não vejam nada senão trevas no momento, devem lembrar-se disso, e dizer: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” — isso sabemos que é sempre verdade; “que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados pelo poder de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo”.
Devemos nos lembrar disso, e dizer: “Sim, estas coisas estão acontecendo, estas provações estão me acometendo de todo lado. Estão vindo de todas as direções, mas não vou me abater debaixo delas, nem me lamentar. Não; em vez disso, direi — eu sei que Deus é bom, sei que Cristo morreu por mim, sei que pertenço a Deus, sei que minha herança está no céu; não posso vê-la, mas sei que está lá; sei que Deus a está guardando, e ninguém jamais a tirará de Suas poderosas mãos”. Digam isso a si mesmos. Lembrem-se das coisas em que vocês se regozijam —• ainda que agora, por um pouco, se necessário, vocês estejam enfrentando várias tentações.

Martin Lloyd-Jones

Quando o grande dia chegar, a autenticidade da sua fé vai se manifestar. Haverá louvor e honra e glória. Essa sua pequena fé, a fé que vocês pensam ser tão ínfima, vai se revelar como algo tremendo. Ela resistiu ao teste, e irá ministrar para louvor, e honra, e glória. Honra, louvor e glória de quem? Em primeiro lugar e antes de tudo, dEle. O Senhor Jesus Cristo diz: “Eis aqui estou, e os filhos que me deste”. Ele olhará naquele grande dia com satisfação para os cristãos, aqueles a quem Ele chamou. Eles passaram por grandes tribulações, mas resistiram ao teste, e não falharam. Ele olhará para eles, e terá orgulho deles. Eles serão Sua glória, louvor e honra no grande dia que está por vir.

Martin Lloyd-Jones

Ele nos revestirá com a Sua glória, e passaremos a eternidade usufruindo-a com Ele; e quanto maior e mais genuína a nossa fé, maior será a nossa glória. “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (II Coríntios 5:10). Haverá um julgamento de recompensas, e será de acordo com a nossa fé e a maneira como resistimos aos testes que seremos recompensados.

Martin Lloyd-Jones

O apóstolo mostra como tendemos a cair nesse estado de ansiedade mórbida, e deixa claro que é tudo devido à atividade do coração e da mente — “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”. Ou, como diz a Edição Revista e Atualizada: “Guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus”. O problema está na mente e no coração; são eles que tendem a produzir esse estado de ansiedade, de preocupação e solicitude mórbida. Esta, como eu já disse, é uma porção profunda de psicologia, e estou enfatizando isso porque mais adiante vamos ver como é importante compreender a explicação psicológica do apóstolo a respeito desta condição, para aplicar a nós mesmos a solução que ele oferece. O que Paulo está dizendo, em outras palavras é que podemos controlar muitas coisas em nossa vida, e muitas das circunstâncias ao nosso redor, mas não podemos controlar nosso coração e nossa mente. “Este estado de ansiedade”, Paulo diz, “é algo que de certa forma está fora do controle; acontece apesar de nós mesmos”. Como isso é verdadeiro na experiência! Procurem lembrar uma ocasião em que vocês estiveram nessa condição de ansiedade. Lembrem-se como não podia ser controlada? Vocês ficaram acordados, e teriam dado tudo para poder dormir.. Mas suas mentes não os deixaram dormir, seus corações não os deixaram dormir. O coração e a mente estão fora de controle. Daríamos tudo para conseguir com que o coração e a mente parassem de pensar, ponderar e girar em torno de um assunto, mantendo-nos acordados. Temos aqui uma profunda verdade psicológica, e o apóstolo não hesita em usá-la. Aqui mais uma vez nos deparamos com o maravilhoso realismo das Escrituras, sua absoluta honestidade, seu reconhecimento do homem como ele é. O apóstolo nos diz que desta maneira o coração e a mente, ou, se preferirmos, as profundezas do nosso ser, tendem a produzir esse estado de ansiedade. Aqui o “coração” não significa apenas a sede das emoções; significa a parte central da nossa personalidade. A “mente” pode ser traduzida, se preferirmos, pelo termo “pensamento”. Todos experimentamos esta condição, e sabemos exatamente do que o apóstolo está falando. O coração tem sentimentos e emoções. Se uma pessoa querida adoece, como o coração começa atrabalhar! Nossa preocupação, o próprio amor que sentimos pela pessoa, é a causa da nossa ansiedade. Se não sentíssemos nada pela pessoa, não ficaríamos ansiosos. Vemos aqui como o coração e as afeições nos influenciam. Não só isso, mas também a imaginação! Que causa prolífica de ansiedade é a imaginação! Somos confrontados por uma situação mas se fosse apenas isso, provavelmente nos deitaríamos e dormiríamos sem problemas. Mas a imaginação começa a funcionar, e começamos a pensar: “E se tal coisa acontecer? Tudo está razoavelmente sob controle hoje, mas e se amanhã de manhã a febre subir, ou se esse problema causar outra condição?” E ficamos pensando nisso por horas, agitados por essas imaginações. E assim, nossos corações nos mantém acordados. Ou então, não tanto no setor da imaginação, mas no setor da mente e do pensamento em si, começamos a considerar possibilidades e imaginar situações e tratar delas e analisá-las, pensando: “Se tal coisa acontecer, precisaremos tomar estas providências, ou teremos de fazer isto ou aquilo”. Vejam como funciona. O coração e a mente estão no controle. Somos vítimas dos pensamentos; nesta condição de ansiedade, somos as vítimas; são o coração e’ a mente, esses poderes dentro de nós que estão fora do nosso controle, que exercem senhorio, tirania mesmo, sobre nós. O apóstolo diz que isso é algo que precisamos evitar a todo custo. Não preciso me deter muito na razão para isso. Creio que todos temos conhecimento dela por experiência. Neste estado de ansiedade, passamos o tempo todo raciocinando e argumentando e correndo atrás de imaginações. E somos inúteis quando estamos nessa condição! Não queremos falar com outras pessoas. Podemos dar a impressão de estar ouvindo o que dizem numa conversa, mas nossa mente está debatendo todas essas possibilidades; e assim, nosso testemunho é ineficaz; não somos de nenhuma valia para os outros, e acima de tudo perdemos nossa alegria no Senhor. Todavia, passemos para o segundo princípio. O que precisamos fazer para evitar esse tumulto interior? O que o apóstolo nos ensina aqui? É aqui que passamos para o que é peculiar e especificamente cristão. Se eu não fizer outra coisa, eu espero poder mostrar a diferença eterna entre a forma cristã de tratar da ansiedade, e o método psicológico de tratar dela. Alguns amigos meus acham que sou um pouco crítico, em relação à psicologia, mas quero defender meu ponto de vista. Creio que a psicologia é um dos perigos mais sutis em conexão com a fé cristã. Às vezes as pessoas pensam que estão sendo sustentadas pela fé cristã, quando na verdade o que está em operação é um mero mecanismo psicológico; e esse mecanismo falha quando uma crise real se apresenta. Não pregamos psicologia — pregamos a fé cristã.

Martin Lloyd-Jones

Quero então mostrar a diferença entre o meio cristão de tratar da ansiedade, e este outro método. O que o apóstolo diz que devemos fazer quando ameaçados pela ansiedade? Ele não se limita a dizer: “Parem de se preocupar”. Isso é o que o senso comum e a psicologia nos dizem: “Parem de se preocupar, tenham domínio próprio.” O apóstolo não diz isso, pela simples razão que é inútil dizer a uma pessoa nessa condição que pare dese preocupar. A propósito, também não é boa psicologia. Isso é o que chamam de repressão. Se alguém é uma pessoa de vontade forte, pode eliminar essas coisas da sua mente consciente, mas o resultado é que elas passam a operar na sua mente subconsciente, e isso é que se chama repressão. É uma condição pior do que a própria ansiedade. Mas não só isso — é perda de tempo, dizer à pessoa comum que pare de se preocupar. É por isso que digo que a psicologia de Paulo é tão importante. Pois esta é exatamente a coisa que não podem fazer. Gostariam de poder, mas não podem. É como dizer a um alcoólatra consumado que pare de beber. Ele não pode, porque é prisioneiro desse vício, dessa paixão. Da mesma forma, a Bíblia não diz: “Não se preocupe, isso talvez nunca aconteça”. Este é um slogan psicológico popular, e as pessoas pensam que é maravilhoso — “Por que se preocupar? Talvez nunca venha a acontecer!” Mas se alguém me diz isso quando estou nesse estado, minha reação é: “Sim, mas pode acontecer. Esse é meu problema. Que faço, se acontecer? Essa é a essência do meu problema, então não me ajuda dizer que talvez nunca venha a acontecer”. A terceira negativa é esta. Alguns tendem a dizer a essas pobres pessoas infelizes que estão ansiosas e preocupadas: “Não deve se preocupar, meu amigo, a preocupação é pecado, e toda a preocupação do mundo não vai fazer qualquer diferença”. Isso é verdade, e é bom senso, sadio e correto. Os psicólogos, por sua vez, dizem: “Não desperdice suas energias. A sua preocupação não vai afetar a situação de maneira nenhuma”. “Ah, sim”, eu digo, “está muito bem, sei que isso é verdade; mas, sabe, não toca a fonte do meu problema, por uma simples razão. Estou preocupado com o que pode acontecer. Concordo com o que você diz, que a preocupação não vai mudar em nada a situação, mas a situação permanece, e é ela que está me causando esta ansiedade. O que você está dizendo é verdade, mas não resolve o meu problema particular”. Em outras palavras, todos estes métodos não conseguem resolver a situação, porque eles nunca entenderam o poder daquilo que Paulo chama de “coração” e “mente” — estas coisas que nos controlam. É por isso que nenhum desses métodos da psicologia e do senso comum são de qualquer valia. O que, então, o apóstolo nos diz? Ele apresenta a solução na forma de uma injunção positiva. “Vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus”. Essa é a resposta. Mas é de importância vital que saibamos precisamente como tratar disso. O apóstolo diz: “Vossas petições sejam conhecidas diante de Deus”. “Ah”, dizem muitos sofredores, “mas eu já tentei, eu já orei; e não encontrei a paz de que você fala. Não obtive resposta. Não adianta me dizer para orar”. Felizmente para nós, o apóstolo também entendeu isso, e deixou-nos instruções específicas sobre como cumprir sua exortação. “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças”. O apóstolo estaria apenas amontoando palavras aqui, ou estaria falando ponderadamente? Posso mostrar que ele na verdade está falando ponderadamente e com sabedoria, ao nos mostrar como tornar nossas petições conhecidas diante de Deus. Como devemos fazer isso? Primeiro ele diz que devemos orar. Ele estabelece uma diferença entre oração, súplica e ação de graças. O que ele quer dizer com oração? Este é o termo mais geral, e significa adoração e louvor. Se têm problemas que parecem insolúveis, se estão sujeitos a ficarem ansiosos e preocupados, e alguém lhes diz para orar, não corram a Deus com suas petições. Esse não é o caminho certo. Antes de tornar suas petições conhecidas diante de Deus, orem, louvem, adorem. Entrem na presença de Deus, e esqueçam os seus problemas por um pouco. Não comecem com eles. É só lembrar que estão face a face com Deus. Essa idéia de “face a face” está imbuída no próprio sentido da palavra “oração”. Vocês entram na presença de Deus, tomam consciência da Sua presença, e ponderam na Sua presença — esse sempre é o primeiro passo. Mesmo antes de tornar suas petições conhecidas diante de Deus, vocês tomam consciência que estão face a face com Deus, que estão em Sua presença, e derramam seus corações em adoração. Esse é o começo. Mas depois da oração vem a súplica. Agora estamos avançando. Depois de adorar a Deus porque Ele é Deus, tendo oferecido nossa adoração e louvor de forma geral, passamos agora ao particular, e o apóstolo aqui nos encoraja a apresentar as nossas súplicas. Ele diz que podemos apresentar necessidades específicas a Deus, que a petição é uma parte legítima da oração. Então trazemos nossas petições, aquelas coisas que estão nos preocupando de forma particular. Estamos agora chegando perto de tornar as nossas petições conhecidas a Deus. Mas, um momento — ainda há uma coisa antes: “pela oração e súplicas, com ação de graças”. Esse é um dos termos mais vitais desta lista. E é exatamente neste ponto que tantos se desviam quando estão nessa situação de que o apóstolo está tratando. Creio que não é necessário discorrer sobre o fato que, em conexão com estes passos, o apóstolo não estava simplesmente interessado em fórmulas litúrgicas. Que tragédia, que tantas pessoas se interessam pela adoração meramente num sentido litúrgico. O apóstolo não está preocupado com isso. Ele não está interessado em formalidades e cerimónias; está interessado em adoração, e ação de graças é absolutamente essencial, pela seguinte razão. Se, ao orar, temos qualquer ressentimento contra Deus em nosso coração, não temos o direito de esperar que a Sua paz guarde nosso coração e a nossa mente. Se caímos de joelhos, sentindo que Deus está contra nós, é melhor nos levantarmos. Devemos nos aproximar dEle “com ação de graças”. Não podemos ter qualquer dúvida em nosso coração sobre a bondade de Deus. Não pode haver qualquer indagação ou desconfiança; devemos ter razões positivas para dar graças a Deus. Temos nossos problemas e dificuldades, mas quando estamos de joelhos, devemos nos perguntar: “Pelo que posso dar graças a Deus?” Precisamos fazer isso deliberadamente, e é algo que podemos fazer. Devemos nos lembrar disso, e dizer: “Estou com problemas neste momento, mas posso dar graças a Deus por minha salvação, porque ele enviou Seu Filho para morrer na cruz por mim e por meus pecados. Estou enfrentando um problema terrível, eu sei, mas Ele fez isso por mim. Dou graças a Deus por ter enviado Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, a este mundo. Agradeço a Ele por ter levado meus pecados em Seu corpo sobre a cruz, e por ter ressuscitado por minha justificação. Vou derramar meu coração em ação de graças por isso. E vou agradecer a Ele pelas muitas bênçãos que recebi no passado”. Precisamos trazer à nossa mente razões para agradecer e louvar a Deus. Devemos nos lembrar que Ele é nosso Pai, que nos ama tanto, que até os cabelos da nossa cabeça estão contados. E depois de nos lembrarmos destas coisas, devemos derramar nosso coração em ação de graças. Precisamos ter um relacionamento acertado com Deus. Devemos compreender a verdade a Seu respeito. Portanto, devemos entrar em Sua presença com amor, louvor, adoração e fé confiante, e então tornar nossas petições conhecidas diante dEle. A oração que Paulo está pleiteando, em outras palavras, não é um grito desesperado no escuro, não é um apelo frenético a Deus, sem raciocínio ou ponderação. Não! Primeiro nós entendemos e nos lembramos de que estamos adorando um bendito, glorioso Deus. Adoramos primeiro, e então tornamos nossas petições conhecidas. Apressemo-nos para o terceiro grande princípio, que é a graciosa promessa de Deus a todos que fazem isso. Vimos o que precisamos fazer, fomos instruídos sobre como devemos tratar da questão, e agora vem a graciosa promessa a todos que fazem o que o apóstolo diz. Isto, obviamente, é o melhor de tudo, mas precisamos aprender como olhar para isso. Observaram a promessa, observaram seu caráter, observaram que nem sequer menciona as coisas que nos preocupam? Esse é o aspecto peculiar a respeito do método cristão de tratar da ansiedade. “Em tudo”, diz o apóstolo — essas coisas que nos preocupam — devemos tornar as nossas petições conhecidas, e Deus irá removê-las todas? Não, Paulo não diz isso. Ele nem sequer as menciona, não diz uma palavra a respeito. Para mim essa é uma das coisas mais notáveis da vida cristã. A glória do evangelho é esta, que ele está preocupado conosco, e não com nossas circunstâncias. O triunfo final do evangelho pode ser visto nisto, que não importa quais sejam nossas circunstâncias, podemos estar em paz e seguros. Não menciona nossa condição, não fala a respeito destas coisas que estão nos perturbando e nos deixando perplexos, não diz uma palavra a respeito delas. Elas tanto podem acontecer como não acontecer. Eu não sei. Paulo não diz que aquilo que tememos não vai acontecer — ele diz que seremos guardados, quer aconteça ou não. Graças a Deus, essa é a vitória! Sou transportado acima das circunstâncias, sou triunfante apesar delas.

Martin Lloyd-Jones

Todos temos a tendência de permitir que as circunstâncias nos tiranizem, porque dependemos delas, e gostaríamos de poder governá-las e controlá-las, mas essa não é a maneira que as Escrituras tratam da situação. O que o apóstolo diz é isto: “Tornem as suas petições conhecidas a Deus, e a paz de Deus que excede todo entendimento guardará seus corações e suas mentes”. Ele manterá vocês a salvo destas coisas que os mantêm acordados e os impedem de dormir. Serão mantidas à distância, e vocês serão mantidos em paz, apesar delas.

Martin Lloyd-Jones

Qual é a diferença entre autoanálise e introspecção? Eu diria que atravessamos a linha divisória entre autoanálise e introspecção quando não fazemos outra coisa senão nos examinar, e quando essa autoanálise se torna o fim dominante da nossa vida. Devemos nos examinar periodicamente, porém se o fazemos constantemente, colocando, por assim dizer, a nossa alma num recipiente para dissecá-la, isso é introspecção. E se estamos sempre falando com os outros a respeito de nós mesmos, de nossos problemas e dificuldades, e nos aproximamos deles com uma carranca, dizendo: “Tenho tantos problemas!” — provavelmente isso significa que estamos sempre com nossa atenção toda concentrada em nós mesmos. Isso é introspecção, e pode levar à condição conhecida como morbidez.

Martin Lloyd-Jones

(…) A causa básica de toda depressão espiritual é incredulidade, pois se não fosse por ela nem o diabo poderia fazer coisa alguma. É porque prestamos atenção ao diabo em vez de ouvirmos a Deus, que caímos derrotados diante dos ataques do inimigo. Por isso é que o salmista continua dizendo a si mesmo “Espera em Deus, pois ainda o louvarei”. Ele volta o seu pensamento para Deus. Por quê? Porque ele estava deprimido, e tinha se esquecido de Deus, de forma que sua fé em Deus e no Seu poder, e sua confiança no relacionamento que tinha com o Senhor, não eram o que deveriam ser. Podemos, portanto, resumir tudo isso, afirmando que a causa fundamental é pura e simples incredulidade.

Martin Lloyd-Jones

Já perceberam que uma grande parte da infelicidade e perturbação em suas vidas provém do fato, que estão
escutando a si mesmos em vez de falar consigo mesmos?

Martin Lloyd-Jones

A arte maior na questão da vida espiritual é saber como dominar-se. Um homem precisa ter controle sobre si mesmo, deve falar consigo mesmo, exortar e examinar a si mesmo. Deve perguntar à sua alma: “Por que estás abatida?” “Como pode se abater assim?” Você como ele, precisa se voltar para si mesmo — repreendendo, censurando, condenando, exortando — e dizendo a si mesmo: “Espera em Deus”, em vez de resmungar e murmurar dessa maneira infeliz e deprimida. E então deve prosseguir, lembrando-se de Deus: quem Ele é, o que Ele é, o que Ele tem feito, e o que tem prometido fazer. Tendo feito isso, termine com esta nota de triunfo: desafie a si mesmo, desafie os outros, desafie o diabo e o mundo todo, dizendo com este homem, “Eu ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha face, e o meu Deus”.

Martin Lloyd-Jones

A essência desta questão é entender que este nosso “eu” interior — esta outra pessoa dentro de nós — precisa ser controlado. Não lhe dê atenção — fale com ele, condenando, censurando, exortando, encorajando, relembrando-o daquilo que você sabe — em vez de ouvir placidamente o que ele tem a dizer, permitindo que ele o leve ao desânimo e à depressão. Certamente é isto que ele sempre fará, se você lhe entregar o controle. O diabo tenta controlar o nosso “eu” interior, usando-o para nos deprimir. Precisamos nos erguer, dizendo como este homem: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” Pare com isso! “Espera em Deus, pois o louvarei. Ele é a salvação da minha face, e o meu Deus”.

Martin Lloyd-Jones

Não há dúvida que o problema conhecido como depressão espiritual é bastante comum. De fato, quanto mais o estudamos e falamos sobre ele, mais descobrimos
como ele é comum. Estamos estudando este problema, por duas razões principais. Primeira, é desolador que alguém tenha que permanecer em tal condição. Mas a segunda razão é ainda mais importante e séria; é que tais pessoas são péssimas representantes da fé cristã. Ao enfrentarmos o mundo moderno, com todas as suas perturbações e turbulências, com suas dificuldades e tristezas, nós, que nos dizemos cristãos e professamos o nome de Cristo, devemos representar nossa fé diante dos outros de tal maneira que eles digam: ‘Aí está a solução. Aí está a resposta”. Num mundo em que tudo perdeu o rumo, devemos nos sobressair como homens e mulheres caracterizados por uma alegria e segurança interior inabaláveis, apesar das circunstâncias e adversidades. Creio que concordarão
comigo quando digo que este é um quadro que tanto o Velho como o Novo Testamento apresentam do povo de Deus. Esses homens de Deus se sobressaíram porque, quaisquer que fossem as circunstâncias e condições, eles pareciam possuir um segredo que os capacitava a viver em triunfo, sendo mais que vencedores.

Martin Lloyd-Jones

O ponto essencial aqui é que você não chega à convicção de que é pecador comparando-se com outras pessoas, e sim chegando face a face com a lei de Deus. Bem, o que é a lei de Deus? “Não matarás, não furtarás”? “Nunca fiz essas coisas, então não sou um pecador”. Meu amigo, isso é apenas parte da lei de Deus. Você gostaria de saber o que é a lei de Deus? Aqui está: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:30-31). Esqueça tudo sobre bêbados e outros assim, esqueça as pessoas sobre quem você lê na imprensa atualmente. Aqui está o teste para você e para mim: você está amando a Deus de todo o seu coração? Se não está, você é um pecador. Esse é o teste. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Deus nos criou, e nos criou para Si mesmo. Ele criou o homem para Sua própria glória, e com a intenção que o homem vivesse inteiramente para Ele. O homem devia ser representante de Deus e andar em comunhão com Ele. Devia ser o senhor do universo, e devia glorificar a Deus. Como está no Catecismo Menor: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. E se você não está fazendo isso, você é um pecador da pior espécie, que reconheça e sinta isso ou não.

Martin Lloyd-Jones

Como você vê Jesus Cristo? Por que Ele veio a este mundo? O que Deus fez em Cristo? Foi Ele apenas um exemplo, ou algo assim? Não vou perder tempo demonstrando a futilidade dessas suposições. Não. Isto é algo positivo, essa justiça de Deus em Jesus Cristo. A salvação está inteiramente em Cristo, e se você não está voltado exclusivamente para Cristo, tudo o mais tendo fracassado, você não é um cristão, e não é de admirar que não seja feliz. “A justiça de Deus em Jesus Cristo” significa que Deus O enviou ao mundo para que Ele honrasse a lei, e para que os homens pudessem ser perdoados. Aqui está Um que prestou obediência perfeita a Deus. Aqui está Um — Deus na carne — que tomou sobre Si mesmo a natureza humana e, como homem, rendeu a Deus perfeita adoração, perfeita lealdade e perfeita obediência. Ele observou a lei de Deus de maneira total e absoluta, sem uma falha. Mas não fez só isso. Paulo acrescenta algo mais nesta declaração clássica da doutrina daexpiação: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. Isto significa que, antes que o homem possa ser reconciliado com Deus, antes que possa conhecer a Deus, esse pecado precisa ser removido. Deus disse que Ele iria punir o pecado, e o castigo do pecado é a morte, como também separação de Deus. Isso precisa ser resolvido. E o que aconteceu? “Bem”, diz Paulo, “Deus o enviou como propiciação”. Esse foi o meio que Deus empregou. Significa que Deus fez Cristo responsável por nossos pecados. Eles foram colocados sobre Cristo, e Deus tratou deles e os puniu ali, e uma vez que Ele puniu nossos pecado em Cristo, em Seu corpo sobre a cruz, Ele pode nos perdoar com justiça. Como vemos, esta é uma doutrina profunda. É uma declaração arriscada do apóstolo, mas isso precisa ser dito, e vou repetir. Deus, sendo justo, santo e eterno, não podia perdoar o pecado do homem sem castigá-lo. Ele disse que iria puni-lo, então Ele precisa puni-lo* — e, bendito seja o Seu nome, Ele o puniu! Ele é justo, portanto, e o justificador daquele que crê em Jesus. O pecado foi punido, por isso Deus, que é justo e santo, pode perdoar o pecado.

Martin Lloyd-Jones

Olhamos para Cristo, e para Cristo somente, e não para nós mesmos, em nenhum aspecto que seja.

Martin Lloyd-Jones

Você gostaria de se livrar dessa depressão espiritual? A primeira coisa que precisa fazer é dizer adeus de uma vez por todas ao seu passado. Compreenda que ele foi coberto e apagado em Cristo. Nunca mais olhe para trás para os seus pecados. Diga: “Está consumado! Eles foram cobertos pelo sangue de Cristo”. Esse é o primeiro passo. Tome-o, e acabe com toda essa conversa sobre “ser bom”, e olhe para o Senhor Jesus Cristo. Somente então é que verdadeira felicidade e alegria poderão ser suas! Você não precisa decidir viver uma vida melhor, ou começar a jejuar, se esforçar e orar. Não! Diga apenas: Descanso a minha fé nAquele Que morreu para expiar minhas transgressões. Dê o primeiro passo, e descobrirá que imediatamente vai começar a experimentar uma alegria e uma liberdade que nunca conheceu antes em sua vida. “Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”. Bendito seja o nome de Deus por uma salvação tão maravilhosa para pecadores desesperados.

Martin Lloyd-Jones

Não há nada que seja mais maravilhoso na vida dos maiores cristãos, do que isso — a maneira como eles permaneceram firmes como rochas quando todos à sua volta sucumbiam. É a gloriosa história dos mártires e dos grandes proclamadores do cristianismo. Eles enfrentaram provações, mas ficaram firmes no que sabiam ser a verdade de Deus, sem se importar com as consequências, e prosseguiram com sua fé brilhando gloriosamente. Ora, estas coisas estão acontecendo com vocês, diz Pedro, para que a autenticidade da sua fé seja evidente a todos. Cristãos que desistem não são uma boa recomendação à fé cristã; quem começa bem mas não prossegue, torna-se uma desgraça para a fé. O que revela a diferença entre o falso e o verdadeiro, o espúrio e o real, é a capacidade de suportar o teste. “Nem tudo que brilha é ouro”. Como provamos ouro? Colocando-o no crisol e acendendo o fogo debaixo dele. Veremos que as impurezas serão eliminadas enquanto o ouro permanece, muito mais puro do que antes. Estas coisas acontecem conosco para que a autenticidade da nossa fé seja revelada. Eessa é, no final das contas, a coisa mais importante de todas!

Martin Lloyd-Jones

Precisamos falar conosco mesmos. Eu já disse isso muitas vezes antes, e vou continuar dizendo-o pois há um sentido em que as Escrituras nos ensinam a falar conosco mesmos. Lembrei vocês que precisam falar consigo mesmos, com seu horrível “eu”. Falem com ele, e então “desperte(m) do dom”. Lembrem a si mesmos de certas coisas. Lembrem a si mesmos de quem são e o que são. Cada um precisa falar consigo mesmo e dizer: “Não serei dominado por você, esta atitude não vai me controlar. Vou sair disso, vou vencer”. Então levantem-se e andem, e façam algo. “Despertem o dom”. Esta é a exortação constante das Escrituras. Se permitirem que essa atitude os controle, continuarão se sentindo miseráveis, mas não devem permitir isso. Livrem-se disso. Não aceitem essa atitude. Digam de novo: “Fora, inércia e indolência”.

Martin Lloyd-Jones

A Bíblia não nos diz, em lugar algum, que somos salvos por nossos emoções; ela diz que somos salvos pela fé. “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. Nem uma vez as emoções são colocadas numa posição central. Ora, isto é algo que podemos fazer. Eu não posso forçar a mim mesmo a ser feliz, mas posso lembrar-me da minha fé. Posso exortar a mim mesmo a crer, posso falar com minha alma como o salmista fez no Salmo 42: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? espera. . .” Crê, confia. Esse é o caminho. E então nossas emoções cuidarão de si mesmas. Não se preocupem com elas. Falem consigo mesmos, e ainda que o diabo sugira que, se não sentem nada, então não são cristãos, digam; “Não, eu não sinto nada, mas quer sinta ou não, eu creio nas Escrituras. Creio que a Palavra de Deus é verdadeira, e vou firmar minha alma nela, e crer nela, aconteça o que acontecer”. Ponham a fé em primeiro lugar, firmem-se nela. Sim, T. C. Philpot estava certo nesse ponto, o filho da luz às vezes se acha andando nas trevas, mas ele continua andando. Ele não se senta num canto, sentindo pena de si mesmo — esse é o ponto — o filho da luz andando nas trevas. Ele não consegue ver a face do Senhor neste ponto do caminho, mas sabe que Ele está ali; e por isso continua.

Martin Lloyd-Jones

Busquem a felicidade, e nunca a encontrarão; busquem a justiça, e descobrirão que são felizes — a felicidade estará lá, quase sem vocês saberem, sem mesmo buscarem por ela.

Martin Lloyd-Jones

Que é que coloca os homens e as mulheres em correta relação com Deus? Seria que eles têm vida moralmente boa? Seria que não fazem certas coisas que outros fazem e, em vez disso, lêem a Bíblia, oram e se empenham na prática de obras filantrópicas? E isso que os coloca em reta relação com Deus, obtém o perdão de Deus e lhes garante que estão indo para o céu? Acaso as pessoas se acertam com Deus tendo boa moral, sendo religiosas, cultivando o espírito de Cristo em seu ser? Seria esse o meio?
Ou será que as pessoas se tornam cristãs, obtêm o perdão dos seus pecados e encontram a salvação pela ação de uma igreja? Receberam elas o perdão e a nova vida em sua infância, quando um ministro aspergiu água sobre elas? Porventura as pessoas são salvas pelos sacramentos ou pelo ato de um sacerdócio que alega que tal ato tem esse poder?
Todas essas perguntas urgentes provêm justamente do problema aqui tratado. Por essa razão Estêvão e outros da Igreja Primitiva eram submetidos a julgamento. E a resposta definitiva é a seguinte: somos justificados pela fé somente; não por obras por nós praticadas, nem por obras de alguma igreja. “Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça”. É exatamente o que Estêvão está dizendo.
Mas será que nós entendemos bem o que significam as palavras “justificação pela fé somente”? Lembrem-se de que a sua alma e a sua salvação, o seu destino eterno, dependem do seu entendimento deste ponto. Esta é a verdadeira questão que constitui a linha divisória entre a religião e a verdadeira e viva fé cristã.

Martyn Lloyd-Jones

Você nunca terá paz verdadeira, enquanto sua mente não for satisfeita. Se você tem apenas alguma experiência emocional ou psicológica, isso poderá mantê-lo tranqüilo e dar-lhe repouso por algum tempo, porém, mais cedo ou mais tarde, surgirá algum problema, alguma situação o confrontará, alguma questão chegará à sua mente, talvez pela leitura de um livro ou numa conversação, e você não será capaz de responder, e assim irá perder a sua paz. Não haverá verdadeira paz com Deus enquanto a mente não tiver assimilado esta doutrina bendita e dela tiver tomado posse, tranqüilizando-se então.

Martyn Lloyd-Jones

Parar na justificação não é somente errado quanto ao pensamento; é impossível por esta razão: que é uma obra realizada por Cristo; é Ele que faz isto em nós. Ele Se entregou pela Igreja. Por que? Para poder santificar e purificar a Igreja. Ele é que vai fazer isso. Todo o problema surge do fato de que alguns persistem em considerar a santificação como uma coisa que compete a nós realizar. Isso jamais é ensinado em parte alguma das Escrituras. O ensino das Escrituras é o seguinte: Cristo pôs Seu coração e Seu afeto na Igreja. Lá estava ela, sob condenação, em seu pecado, em seus trapos e em sua baixeza! Ele veio, houve a encarnação, Ele tomou sobre Si a “semelhança da carne do pecado” (Romanos 8:3). Ele tomou os pecados dela sobre Si, e os suportou em Seu próprio corpo no madeiro. Ele sofreu o castigo, Ele morreu, Ele fez a expiação e nos reconciliou com Deus. Assim a Igreja está livre da condenação. Mas isso não O satisfaz. Ele quer que ela seja gloriosa, Ele quer apresentá-la “a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. Portanto, Ele começa imediatamente a prepará-la para esse destino. Não pode parar no primeiro passo; Ele vai adiante, para santificá-la. Noutras palavras, Sua morte na cruz por nós e por nossos pecados foi simplesmente o primeiro passo neste grande processo. E Ele não se detém no primeiro passo. Ele tem um propósito completo para a Igreja, e o vai cumprindo passo a passo.
Gostaria de expressar isto vigorosamente. Em última análise, eu e você não temos escolha nesta questão da santificação. É algo que Cristo realiza. Ele morreu por você, e depois, tendo morrido por você, Ele vai lavá-lo, santificá-lo, purificá-lo – e Ele mesmo fará isso. Que ninguém se engane sobre isto. Se Ele morreu por você, levará adiante o processo de santificação em você, e finalmente o tornará perfeito. Há algo de alarmante em torno disto; no entanto, é ensino bíblico essencial. Se eu e você não nos submetermos voluntariamente a este ensino, Ele tem outro meio de purificar-nos; e o usará – “Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hebreus 12:6). Ele não permitirá que você fique onde estava, em sua imundície e vileza, dizendo: “Está tudo bem comigo, Cristo morreu por mim, eu estou perdoado, sou cristão”. Ele não aceitará isso! Ele o amou, você Lhe pertence; e Ele o tornará puro. Se você não vier voluntariamente, e do modo certo, Ele o colocará naquela academia de ginástica sobre a qual lemos em Hebreus.
Ele aparará as arestas, eliminará a imundície e a vileza; Ele lavará você. Isso pode acontecer por meio de uma enfermidade que Ele fará sobrevir a você. Estes pregadores da “cura divina” que dizem que Deus nunca envia doença, estão simplesmente negando as Escrituras. Como um dos Seus métodos, Ele castiga. As circuns¬tâncias que o cercam podem ser más, você pode perder o emprego, ou uma pessoa que lhe é cara pode morrer. Cristão! Uma vez que você Lhe pertence, uma vez que Cristo morreu por você, Ele o tornará perfeito. Lute contra Ele quanto quiser em sua estultícia, Ele o lançará por terra, Ele o purificará, Ele o aperfeiçoará. Esse é o ensino; é uma coisa que Ele realiza. A santificação não é determinada por mim e por você – “E a si mesmo se entregou por ela, para (a fim de) a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra”. O primeiro princípio que devemos entender é que a santificação é primária e essencialmente uma coisa que o Senhor Jesus Cristo faz para nós. Ele tem os Seus meios para fazê-lo. Naturalmente, a santificação inclui obediência da nossa parte. Mas você não precisa colocar aí a sua ênfase principal. A decisão pela santificação não é nossa; É dEle. Foi tomada na eternidade, antes da fundação do mundo. É Sua atividade, Sua operação; e, tendo morrido por você, Ele o fará. Resista a Ele, e o risco será seu. Ele levará cada um dos filhos, que foram chamados, para aquela glória final e sempiterna. Como Hebreus o expressa, se Ele não tratar você deste modo, significará que você é um “bastardo”, e não um filho legítimo (Hebreus 12:5-11).
Esse é, pois, o grande princípio que constitui a base deste ensino apostólico. Como Cristo o leva a efeito? Veja-se a resposta na palavra “santificar”; “como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar”. Esta palavra “santificar” é empregada de muitas maneiras na Bíblia, mas o seu sentido primário é, “ser separado” ou “separar”; “ser separado para Deus, para Sua posse peculiar e para Seu uso”. Você verá em Êxodo 19, por exemplo, que o monte no qual Deus se encontrou com Moisés e lhe deu os Dez Mandamentos, foi “santificado” desse modo. É chamado “monte santo” porque foi separado. Não houve alteração na montanha, mas foi separada para os propósitos de Deus, para o uso de Deus, para ser possessão peculiar de Deus. Os vasos que eram usados no cerimonial do templo eram igualmente santificados ou separados. Não houve mudança material nos copos e nos pratos, todavia como deviam ser utilizados somente no templo e para o serviço de Deus, não podiam ser empregados no uso comum. Ser santificado significa ser separado para Deus e para o Seu uso e propósito especial, como Sua possessão peculiar. Portanto, somos um “povo para Sua possessão pessoal”.

Martyn Lloyd-Jones

Não julgue, a não ser que primeiro se julgue a si mesmo.

Martyn Lloyd-Jones

“Nosso dever é apresentar o evangelho em sua totalidade.”

Martyn Lloyd-Jones

O formalismo é sempre o maior inimigo do poder, da vida e da liberdade do Espírito.

Martyn Lloyd-Jones

Temos que aprender a parar de preocupar-nos conosco e com a opinião que temos de nós mesmos, como também da de outras pessoas. O ego alimenta o ego, e a maneira pela qual o faz é sumamente sutil e engenhosa; ele externa os seus cumprimentos e nos elogia, e responde às críticas. É-nos essencial chegar ao estágio final em que o ego deixa de alimentar a si próprio – “nem eu tão pouco a mim mesmo me julgo”. E o único jeito de fazê-lo é o indicado pelo apóstolo. É tratar de entender que nada importa, senão o julgamento, a avaliação e a opinião do Senhor.

Martyn Lloyd-Jones

Se você relembrar o seu passado e se sentir deprimido, quer dizer que você está dando ouvidos ao diabo. Mas se você olhar para o passado e disser: “Infelizmente, é verdade que o deus deste mundo me mantinha cego, mas, graças a Deus, a Sua graça foi mais abundante, Ele foi mais que suficiente, e o Seu amor e misericórdia veio sobre mim de tal maneira que tudo foi e está perdoado; sou nova criatura”, então está tudo bem.
Esse é o modo certo de considerar o passado; e se não é assim que fazemos, estou quase tentado a dizer que merecemos permanecer em profunda tristeza. Por que crer no diabo, ao invés de crer em Deus? Levante-se e trate de reconhecer a verdade sobre si mesmo, que o passado já era, que você é um com Cristo, que todos os seus pecados foram apagados de uma vez e para sempre. Oh! Lembremos que duvidar da Palavra de Deus é pecado, é pecado permitir que o passado, que já recebeu o devido tratamento de Deus, nos roube nossa alegria e nossos serviços úteis, no presente e no futuro.

Martyn Lloyd-Jones

Enfrentem as primeiras movimentações e impulsos do pecado em vocês; combatam-nos logo que aparecerem. Se não fizerem isso, estão arruinados. Vocês cairão, conforme somos ensinados na epístola de Tiago: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”. O primeira moção do pecado é um encantamento, um leve incitação de cobiça e sedução. Esse é o momento em que temos de lidar com o pecado. Se deixarem de enfrentar o pecado nesse estágio, ele os vencerá. Cortem o mal pela raiz. Ataquem-no de imediato. Nunca lhes permitam qualquer avanço. Não o aceitem de maneia alguma. Talvez sintam-se inclinados a dizer: “Bem, não farei tal coisa”; mas, se aceitam a ideia em sua mente e começam a afagá-la e entretê-la em sua imaginação, vocês já estão derrotados. De acordo com o Senhor, vocês já pecaram. Não precisam realmente cometer o ato; nutri-lo no coração já é o suficiente. Permitir isso no coração significa pecar aos olhos de Deus, que conhece tudo a respeito de nós e vê até o que acontece na imaginação e no coração. Portanto, destruam o mal pela raiz, não tenham qualquer relação com ele, parem-no imediatamente, ao primeiro movimento, antes que comece a acontecer esse processo ímpio descrito por Tiago.

Martyn Lloyd-Jones

se você cair no pecado (e quem não cai?), não restaurem a si mesmos de modo superficial e apressado. Leiam 2 Coríntios 7 e considerem o que Paulo disse sobre a “a tristeza segundo Deus” que produz arrependimento. Outra vez, tragam à luz aquilo que fizeram, contemplem-no, analisem-no, exponham-no, denunciem-no, odeiem-no e denunciem a si mesmos. Mas não façam isso de um modo que os atire nas profundezas da depressão e desânimo! Sempre tendemos a ir aos extremos; ou somos muito superficiais ou muito profundos. Não devemos curar superficialmente a ferida (cf. Jr 6.14), mas tampouco devemos lançar-nos no desespero e melancolia, dizendo que tudo está perdido, que não podemos ser crentes, e retornar ao estado de condenação. Isso é igualmente errado. Temos de evitar ambos os extremos. Façam uma avaliação honesta de si mesmos e do que fizeram, condenando totalmente a si mesmos e seu ato; porém compreendam que, confessando-o a Deus, sem qualquer desculpa, “ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). Se vocês fizerem essa obra de maneira superficial, cairão novamente no pecado. E, se vocês se lançarem em um abismo de depressão, hão de sentir-se tão desesperados que cairão em mais e mais pecado. Uma atmosfera de melancolia e fracasso leva a mais fracasso. Não caiam em nenhum desses erros, mas respondam à obra da maneira como o Espírito sempre nos instrui a fazê-la.

Martyn Lloyd-Jones

É triste ver pessoas que recentemente entraram na vida cristã dentro de um curto período de tempo repetindo frases e chavões. Não têm idéia do que significam; estão apenas imitando os outros; estão pegando o linguajar, as expressões e as atividades. E isso continua indefinidamente. Pode-se perceber que elas não estão vivamente conscientes da verdadeira situação.

Martyn Lloyd-Jones

A principal arte na questão da vida espiritual é saber como lidar consigo mesmo. Você deve ter-se sob controle, deve dedicar a si mesmo, pregar a si mesmo, questionar a si mesmo… E então você precisa trazer Deus à sua memória, quem ele é, o
que ele é e o que ele tem feito, e o que tem prometido fazer… A essência dessa questão é entender que esse nosso eu, este outro homem dentro de nós, deveria ser controlado. Não o escute; incite-o; fale com ele; condene-o; censure-o; exorte-o; encoraja-o; lembre-o do que você sabe, ao invés de escutá-lo placidamente e permitir que o arraste para baixo e o deprima.

D. Martyn Lloyd-Jones

Não importa qual seja o seu orgulho; qualquer que seja o orgulho ou a confiança ou a segurança ou o que for que você veja em você, ou qualquer coisa que você possa fazer ou faça pessoalmente, foi reprovado e condenado uma vez por todas pela morte de Cristo na cruz.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Estar vivo para Deus significa que você está dentro do propósito de Deus, do Seu plano grandioso e eterno, que data desde antes da fundação do mundo.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Você não pode entrar e sair da graça; não pode ser salvo um dia e não estar salvo no dia seguinte, não pode ir para lá e para cá. Ou você está sob o domínio do pecado e de satanás, ou está sob o domínio da graça e de Deus. Se você é filho de Deus, você continua sendo filho de Deus, e, quando pecar, não deixará de ser filho de Deus. Quando o seu filho faz deliberadamente o contrário do que você lhe disse que fizesse, não deixa de ser seu filho. Ele está pecando como filho, e não se torna um estranho porque pecou. A mesma coisa se dá conosco, como cristãos que somos, quando pecamos contra Deus. Portanto, se compreendemos isso, nunca mais permitiremos que o pecado nos leve de volta, por assim dizer, ao princípio, e que nos faça duvidar se somos salvos ou não. Ao contrário, devemos dar-nos conta de que toda vez que pecamos, pecamos deliberadamente como filhos de Deus. Não mais estamos meramente infringindo ou ofendendo a Lei; agora estamos ferindo o amor. Isso é muito mais grave, mas não é uma ofensa legal.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Na interpretação das Escrituras é sempre bom ter o todo na mente antes de passar às partes; e nunca devemos interpretar as partes de modo que não correspondam à nossa concepção do todo.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

O caminho da santidade é compreender quem você é, e sempre lembrar isso e a honra da família, a honra do Seu Pai, a honra de Deus. “E qualquer que nEle tem essa esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro. (1 João 3:3). Esse é o argumento,e, se eu e vocês compreendêssemos a nossa relação com Deus agora, e a Presença de Deus conosco sempre, em pouquíssimo tempo resolveríamos o problema da santidade e da santificação quanto a nós. Não ficaríamos esperando experiências particulares, compreenderíamos que somos um com Deus e que estamos nessa relação, e, por causa disso, veríamos que tudo o mais é impensável.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

O que é doloroso com relação às pessoas que se acham em dificuldade quanto à salvação é que elas nunca entenderam a doutrina bíblica sobre o pecado. Sempre o maior problema é uma concituação errônea do pecado. Muitos dizem que se você simplesmente juntar forças e empenhar-se, se tão-somente viver virtuosamente, e assim por diante, você agradará a Deus e Ele ficará satisfeito. O verdadeiro problema com tais pessoas é que elas não entendem o significado da palavra pecado. Elas pensam que podem salvar-se a si mesmas. Nunca enxergaram a necessidade que têm deste grande poder de Deus. Isto se deve inteiramente ao fato de que elas nunca se viram como de fato são.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Vocês olham para si mesmos e, é claro, serão miseráveis, porque no íntimo há trevas e escuridão. O melhor santo quando olha para si mesmo se torna infeliz; ele vê coisas que não deveriam estar ali, e se nós gastarmos todo o nosso tempo olhando para nós mesmos, permaneceremos na miséria, e perderemos a alegria. Auto-avaliação é coisa boa, mas introspecção é ruim. Vamos mostrar a diferença entre essas duas coisas. Podemos examinar a nós mesmos à luz das Escrituras, e se fizermos isso, estaremos sendo conduzidos a Cristo. Mas com a introspecção, um homem olha para si mesmo e continua fazendo assim, e se recusa a ser feliz até que possa se livrar das imperfeições que ainda estão ali. Oh, como é trágico o fato de ficarmos gastando nossas vidas olhando para nós mesmos em vez de olharmos para Aquele que pode nos fazer livres!

Martyn Lloyd-Jones

Todos nós temos pecado contra Deus. Nunca poderemos livrar-nos da nossa culpabilidade, nunca poderemos remover a mancha. Meu passado permanece e eu não posso apagá-lo; eu falho no presente e falharei no futuro. Como então eu poderia encontrar-me com Deus e ser perdoado? Ah, a resposta para tudo isso é que eu posso recebê-lo como uma dádiva imediata, que tudo têm sido realizado em Cristo, que Cristo morreu pelo meu pecado, e devido Deus ter tratado com o pecado ali, Ele me oferece este dom gratuitamente. Aí está a essência desta questão. Não precisam esperar por coisa alguma: é um dom que tem que ser recebido, assim como você está e onde estiver neste momento.

Martyn Lloyd-Jones

Não devemos permitir que nenhuma das faculdades do corpo seja posta a serviço do pecado. Não devo permitir que minha força, não devo permitir que minha energia, meus apetites, minha fala, minha mente, meu pensamento, não devo permitir que a minha imaginação ou as minhas emoções – todas estas coisas que fazem parte de mim e que são a expressão da minha personalidade – não devo permitir que nenhuma delas seja jamais usada pelo pecado e seja posta a serviço do pecado.

Martyn Lloyd-Jones

Se o diabo não puder apanhar você em sua estrutura física, ele o apanhará em sua mente; se não puder apanhá-lo em sua mente, ele o fará por meio da sua imaginação; se não tiver sucesso aí, tentará apanhá-lo por meio de suas emoções. Não lhe importa quanto tempo demore para pegar alguma parte de você, ou alguma expressão da sua personalidade, e usá-la para seus fins nefandos.

Martyn Lloyd-Jones

A lei não pode libertar-nos do pecado. Paulo a expõe nestes termos: “O pecado”, diz ele, “não terá domínio sobre vós”. Por quê? “Porque não estais mais debaixo da lei.” “Se vocês estivessem debaixo da lei”, diz ele praticamente, “eu não poderia fazer essa afirmação a respeito de vocês. Se vocês estivessem debaixo da lei, eu lhes diria, e teria que dizer-lhes, que o pecado de fato terá imenso domínio sobre vocês. Mas vocês não estão debaixo da lei, estão debaixo da graça. Portanto, o pecado não terá domínio sobre vocês.” A proposição é que a Lei, qualquer espécie de lei, não pode libertar-nos do poder, da tirania e do domínio do pecado.

Martyn Lloyd-Jones

Não devemos esperar demais do Estado porque as atividades que compete ao Estado é principalmente negativa. Sua principal função é controlar e limitar o mal e as manifestações do mal. O Estado, seja monarquia, oligarquia, democracia, ou qualquer outra forma que vocês queiram escolher, pouquíssimo bem positivo pode fazer, e as pessoas entram em dificuldade quando pensam que ele pode fazer muito.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Como cristãos, como crentes, como aqueles que estão em Cristo, não estamos mais debaixo da lei. Estamos “mortos para o pecado”, “mortos para a lei”. Terminamos com a lei. “A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8:2). Significa que não estou mais sob a condenação da lei. Não só isso, significa também que não fico mais tentando cumprir a lei e falhando. Terminei com isso também. E então, qual é a minha situação? Bem, como Paulo nos diz constantemente, estamos “debaixo da graça” (Romanos 6:14). Mas, significaria que por isso eu não tenho mais nada a ver com a lei? Ora, nós terminamos com a lei na questão de inutilmente tentarmos justificar-nos por ela. Também terminamos com a condenação pronunciada pela lei contra nós. Mas ainda podemos receber mensagens e apelos em termos da lei porque ela continua sendo a expressão perfeita de como Deus quer que vivamos. Ela ainda se aplica a nós nesse sentido.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Na Bíblia, quem age é Deus. Temos visto o que o homem faz. O que o homem faz é cair em pecado, e continuar no pecado, produzindo assim degradação, miséria e desespero. O homem é isso. Que é este Livro, a Bíblia? Seria tão-somente ensino moral? Acaso simplesmente nos diz o que precisamos fazer para que juntemos forças e nos safemos do lamaçal em que afundamos? Seria uma exortação? Não! É Evangelho. É um anúncio. Deus! Deus, que veio ao Jardim do Éden e falou com Adão e Eva em seu pecado e em sua vergonha. É Ele que age. É Ele que tem agido através de toda a história humana. Foi Ele que chamou Abraão e fez dele uma nação. Foi Ele que deu reis. Foi Ele que enviou profetas. Foi Ele que deu a lei. É sempre Ele. Foi Ele que, “vindo a plenitude dos tempos… enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei” (Gálatas 4:4,5). É Ele que ainda o faz; Ele o está fazendo no mundo atual. Toda a evangelização está subordinada a Deus. É Deus que age, e Ele continuará agindo até que tudo esteja finalmente perfeito e completo. O Evangelho é o grande plano e esquema de Deus em operação.

Martyn Lloyd-Jones

Se vocês estiverem pondo a sua confiança em seus sentimentos ou em seus caprichos e em suas disposições, acabarão vendo que não têm nada.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

O subjetivo sempre deve seguir-se ao objetivo. A tragédia é que muitas vezes há pessoas que colocam o subjetivo antes do objetivo.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

A oração é vista como um mecanismo destinado a produzir certos resultados. Temos necessidade de algo, e acreditamos que tudo o que temos que fazer é pedir isso e pedir que Deus no-lo conceda. Não paramos para pensar em como devemos aproximar-nos de Deus, e se temos algum direito de fazê-lo. A idéia de cultuar a Deus e adorá-Lo nem aparece. Não consideramos as nossas respectivas situações nem nos lembramos de que Ele é “o alto e sublime, que habita na eternidade” (Isaías 57:15) e que nós somos totalmente pecadores – sendo que a nossa própria bondade e justiçanão passa de “trapos de imundícia” (Isaías 64:6) em Sua presença. Não nos ocorre ouvir Deus e esperarem Sua presença. Deus é apenas uma agência à qual podemos recorrer quando desejamos, e cuja única função é atender os nossos pedidos. Quando comparamos as nossas orações com as que vemos registradas na Bíblia, dos lábios de Moisés, Daniel, Isaías e dos apóstolos, e principalmente quando observamos a ordem e o lugar dados às petições propriamente ditas na oração modelo ensinada aos discípulos pelo nosso Senhor, não nos ficaria claro que temos a tendência de deixar fora o que é mais importante e primário, e de concentrar-nos somente em petições e na gratificação dos nossos desejos pessoais, egoísticos? É por isso que, naturalmente, a vida de oração de muitos é espasmódica e movida por caprichos,em tempos normais, e s torna urgente e regularsó na épocade desesperadora ansiedade.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

Devemos mostrar que o objetivo supremo das nossas vidas não é deleite e prazer, não é ter vida cômoda, e depois constituir comissões para verem como podemos empregar o nosso tempo de lazer, ver o problema de como manipular as nossas horas de lazer! Longe disso! Devemos estar fazendo alguma coisa, devemos estar trabalhando, devemos estar labutando, e fazendo isso com toda a nossa energia, cedendo a um pouco de suor honesto e sabendo o que é ir para a cama cansado, com a sensação de que vivemos como homens, e não como mandriões, como parasitas, edificando-nos sobre capital alheio e tirando do sustento e das forças de outrem. “Trabalhe”, diz o apóstolo, “fazendo com as mão o que é bom”.

Dr. Martyn Lloyd-Jones

⁠Jesus nunca mudou o Evangelho para adaptá-lo as pessoas, Ele mudou as pessoas para fazê-las caber em Seu Evangelho.

Martyn Lloyd-Jones

⁠Qualquer um que exalte a predestinação como o tema principal desta seção é praticamente culpado de blasfêmia. Calvinista Dr Lloyd-Jones – Romanos, Exposição sobre o Capítulo 9, O Soberano propósito de Deus – Ed. PES – Pg 16

Martyn Lloyd-Jones

Se todos os nossos atos fizessem sentido, o mundo seria um lugar diferente. A vida seria menos interessante, vocês não acham?

Lloyd Jones

“E enquanto o coração de um homem estiver certo, embora sua cabeça esteja errada, sejamos pacientes com ele, procuremos ajudá-lo. Não passemos o tempo apenas provando que estamos certos e que todos os outros estão errados”.

Lloyd Jones

Os homens que tentam fazer algo e falham são infinitamente melhores do que aqueles que tentam fazer nada e conseguem.

Lloyd Jones

A maneira de provar a si mesmo ou a qualquer homem é olhar debaixo da superfície.

Lloyd Jones

⁠O que é a pregação?
É a lógica pegando fogo!
É a teologia em chamas!
É o raciocínio eloquente!

Lloyd Jones

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