AutorLeila Míccolis

Leila Míccolis

A abelha tristonha,
fauna e flora devastadas,
produz mel amargo.

Leila Míccolis

Árvore sem folha
em invernos rigorosos
parece que hiberna.

Leila Míccolis

Nem tudo são flores
nos meses de primavera.
Voam marimbondos…

Leila Míccolis

Infância no campo
brincava nas plantações.
Bonecas de milho.

Leila Míccolis

foi ao toalete
e cortou os sonhos,
a gilete

Leila Míccolis

Meninada ao sol.
Sorvetes se derretendo.
Mar – pingos mais doce.

Leila Míccolis

Sem rodeios:
nos chats,
os fins justificam os mails…

Leila Míccolis

Ventos exibidos,
que cantam fortes, uivantes,
também desafinam…

Leila Míccolis

No branco polar
urso pra não ser caçado
esconde o focinho.

Leila Míccolis

O peixe no aquário
na varanda em frente ao mar
desdenha: está verde…

Leila Míccolis

Coruja, famosa
por excelente visão,
parece usar óculos.

Leila Míccolis

Gripe forte? Não!
Apenas adormeci
entre espirradeiras.

Leila Míccolis

Camadas
Ser livre não é manter-se
intocável, sem entregas,
nem se dar também, às cegas,
a tudo o que nos agrade.
Ser livre é viver a idade
que sente o nosso querer,
é viver conforme a vida
é sobretudo viver.
E viver é mergulhar
pra emergir com o submerso,
ampliando,a cada dia,
os limites do universo.

Leila Míccolis

Poema ao mais recente amor
Estar entre teus pelos e dedos,
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer;
beber parte de teus líquens e teus rios
percorrendo-te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

Leila Míccolis

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