AutorJoão Donato

João Donato

Podemos falar de futebol
Divagar sobre a temperatura
Comentar os problemas do Irã
Ou o tiro que levou o Reagan
Posso até discutir religião
Ou falar num domingo de sol
Criticar a terrível inflação
O machismo, o racismo, a tortura
Mas daquele amor,
Nem me fale
Não me fale que eu me irrito
Perco a linha
Dou um grito
Depois fico depressivo
Todo cheio de saudade
Pois de uma coisa bonita
Não restou nem amizade
Daquele amor, não me fale

João Donato

Serei feliz
Serei feliz de flor
De flor em flor
De samba em samba em som
De vai e vem
De verde verde ver

João Donato

Beira do mar, todo mar é um
Começo do caminhar
Pra dentro do fundo azul
A água bateu, o vento soprou
O fogo do sol,
O sal do senhor
Tudo isso vem, tudo isso vai

João Donato

Ser gargalhada para rir
Ser a palavra para dar
Ser serenata para ouvir
Ser ser e nada para amar
Saber a calma para ir
Perder a pressa para estar
Perder o verbo para si
Saber o sonho para lá

João Donato

Coisas tão simples de nós dois
Pão com manteiga no café
Coisa com coisa que somou
Mais
Coisas tão poucas, tão banais
Coisas com coisas tão iguais
Coisa que homem e mulher
Faz
Coisas de quem sabe o que quer
Somos assim tão naturais
Como o amor dos animais…
É

João Donato

Diga
Essas coisas todas
Essas coisas tolas
Que eu gosto de ouvir
Eu sei
Que todas essas coisas tantas
Que essas coisas todas tontas
São só mentiras de você
Diga
Que o amor foi tudo
Mesmo assim, contudo
Foi bem melhor partir
Eu sei
Por isso, minta, por favor
Diga que sem o meu amor
Você não pode mais viver

João Donato

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