Se quiser viver com fogo, que se acostume com o calor.
Ciumes é a forma de proteção para corações grandes demais.
amor (s.m.)
é o resumo do infinito. é o laço entre dois corações. é um sorriso frouxo demais. é quando a gente escuta o mundo inteiro no silêncio de alguém. é o ópio do coração. é um cafuné bem feito. é encontrar um lar em outro peito.
lágrima (s.f.)
é amostra grátis do mar. é às vezes fragmento de tristeza, às vezes de alegria. é quando a nossa alma chove pra fora do corpo. é quem te invade o rosto sem pedir licença. é prova da nossa humanidade. sensível ao toque.
é quando nosso espírito racha e a gente vaza.
já sorriu no mesmo ritmo
do coração de alguém?
é a sensação de dançar um bom samba
sem errar o passo.
empatia (s.f.)
não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro. é quando a gente lê o roteiro de outra vida. é ser ator em outro palco. é compreender. é não dizer “eu sei como você se sente”. é quando a gente não diminui a dor do outro. é descer até o fundo do poço e fazer companhia para quem precisa. não é ser herói, é ser amigo.
é saber abraçar a alma.
coragem (s.f.)
é quando vivemos com o coração, e não com a cabeça. é o nosso instinto contra a razão. ter coragem é lutar contra chances baixas demais e situações ruins. é o bicho-papão do próprio bicho-papão. coragem é estratégia de combate para derrotar o inesperado. é a ação que refuta a lógica. é o que faz o jogo virar.
do latim “coractium”, significa: coração em ação.
plano (s.m.)
conjunto de palavras que descrevem a vida que queríamos ter. andar de balão na turquia. viajar pro japão. se beijar na tomorrowland. nome que se dá aos sonhos quando escritos na formalidade de um papel (mesmo que seja no guardanapo de um bar).
ps. só planejar não realiza sonhos.
viver* (v.i.)
é estar com quem a gente gosta. é trocar mensagens. é viajar por entre cidades e abraços. é um festival de música. é a sensação de fazer valer cada segundo. é quando a gente aprende a existir do jeito certo. é criar passados, aproveitar presentes e inspirar futuros. é não sentir em vão.
*produto com prazo de validade (aproveite).
alma (s.f.) gêmea (adj.): é quem respira o seu silêncio e se encanta com a sua voz. é quem tem o timbre do seu peito na palma da mão, na ponta dos dedos. são duas pessoas que tomam sorvete à tarde, e toda noite é lua de mel. é um corpo que se gruda no outro pela inércia do amor. é se sentir inteiro mesmo ao se ver num espelho quebrado.
não é alguém feito para você. é alguém que faz você querer ser o melhor de si. ainda imperfeito, ainda errado, mas feliz.
vermelho (adj.): é a maçã do seu rosto quando encontra aquele moço. é a rosa que eu comprei, mas não te dei. é um dos tons do vinho que combinamos de tomar. é o que a criança aprende como “cor da paixão e do amor”, e isso eu desaprendi quando conheci a cor dos seus olhos.
desencontro (s.m): é você morar longe de mim. é ir ao cinema assistir aos mesmos filmes em cidades diferentes. é quando fisicamente próximos, emocionalmente distantes. é termos vários amigos em comum e mesmo assim não sermos mais do que estranhos que já se viram mas não se encontram. é te olhar do outro lado da festa e nossos olhares nunca se cruzarem.
é curtir suas fotos do Instagram e ser só mais uma notificação perdida entre outras várias.
Tenho tantas cicatrizes em minha alma que ela mais parece um quadro pintado por Pablo Picasso em um dia de chuva e muita tristeza. Você não imagina a bagunça. É bonita, mas assusta.
Cumplicidade
é dividir um guarda-chuva pequeno
num dia de garoa
e achar engraçado os dois
meio secos,
meio molhados.
Conhecer você
fez tempestar dentro de mim.
Mas te ver acordar
é ver o sol nascer
de novo.
Você viu de perto a minha ansiedade.
E nem teve medo.
Eu que tive medo.
Tive medo porque ela rouba tudo o que me faz bem.
Medo porque a ansiedade que mora em mim
sou eu também.
Medo porque ela acelera o caos que existe
na minha cabeça.
Medo de que tudo que ela toque
apodreça.
O mar beija a praia o tanto de vezes que eu queria poder beijar você.
No jardim do amar,
términos deveriam virar
adubo
para coragem de se apaixonar
outra vez.
irmão (s.m.)
é olhar na parte dos seus olhos que brilham
quando você tá feliz e sentir felicidade
também. é saber de cor o som da sua risada de
quando éramos bem pequenos. é ter certeza da
verdade que sai da sua boca, mesmo que eu
não escute som algum. é ter a sincronia de
uma equipe olímpica, sem as olímpiadas. é
sentir que viemos ao mundo para afastar, um
do outro, o mal da solidão.
é quando a cumplicidade se torna mais
importante do que o sangue.
irmã (s.f.)
é quem me viu chorar diante do mundo e
segurou o mundo pra que eu pudesse chorar
em paz. é quem reclamou de mim a vida
inteira, mas não viveria outra vida sem a
minha chatice pra acompanhar. é não saber o
que é um quarto vazio, nem mesmo um dia
quieto demais. é desabafar sem precisar falar.
é ter uma cúmplice pros crimes (ou idiotices)
que cometemos por amor.
é quem nem sempre divide sangue, mas se
precisar, sempre divide a cama.
quem foi que nos definiu irmãos?
se ser irmão nada mais é
do que passar tempo o suficiente
ora te ver ir do céu ao inferno
na mão do amor mais de uma vez?
reconhecer suas cicatrizes,
ler sua mão feito braile,
te entender sem perguntar nada,
e ser quem tá sempre ao seu lado
quando você segue o baile.
o tempo abençoou, o destino não questionou.
somos irmãos porque estamos juntos nas ruas desse mundo
já faz muito, muito tempo.
nossos laços foram dados pelas brigas na escola,
pelos dias de mar
e por um pouco de sorte nos dados.
enfim,
acho que foi a vida quem quis que fosse assim.