
Muitas pessoas sentem-se constrangidas quando têm de colocar um preço naquilo que fazem. Essa dificuldade pode ser justificada como ‘modéstia’, mas pode esconder uma realidade mais dura: a pessoa não está querendo se colocar à prova, enfrentar e vencer. Se ela não cobrar, ninguém poderá cobrar dela.
Todos têm algum sofrimento e, a seu modo, todos podem contar a história de sua própria vida por esse viés; você não é especial por se vitimizar. Ninguém está neste mundo para ser vítima, mas para servir aos outros sem reclamação.
Quem foi que meteu na sua cabeça que, só porque você é parte de uma “minoria”, alguém tem de prestar atenção em qualquer coisa que você diga? (…) Se for falar, fale em nome do indivíduo que você é.
O sujeito que só olha para si não tem coragem de arriscar nada pelos outros. O egoísta está convencido de que o maior serviço que pode prestar neste mundo é a veneração de si mesmo.
Limpar o coração — eis a primeira medida para salvar a inteligência. Sem um coração sereno, capaz de observar, disposto a receber o que vem de fora, sem a ânsia de julgar e rotular, você jamais atingirá a dignidade do estatuto humano.
Sua capacidade de análise e de juízo está assentada sobre o seu coração. Por isso, o homem de má vontade é também um homem com debilitada capacidade de raciocinar sobre a realidade.
Em vez de ficar procurando defeitinho no outro para abatê-lo, abata isto: sua mania de criticar tudo; sua mania de discordar sem sequer ter entendido; seu desejo irreprimível de falar; sua incapacidade de tratar o outro como você gostaria de ser tratado.
Sem um olhar sincero para si mesmo, só lhe restará orientar-se pelos rótulos que os outros lhe foram pregando ao longo da sua vida. E, quem vive com base em rótulos, não vive: faz pose. O exame diário de si mesmo, simples e breve, deve ser parte da sua vida.
A pose é o oposto do ser. Quem posa de bonzinho não sabe o que é a benevolência; quem posa de certinho não sabe o que é a justiça; quem posa de inteligente não sabe avaliar a própria burrice.
A falta de esperança é um sintoma de que
o indivíduo não está conseguindo,
em sua vida concreta,
discernir o bem profundo que sustenta
o ser de tudo o que existe.
E, para reavivar essa capacidade,
o treino não é mental, mas prático:
a solução é o exercício na coragem
e no desapego.
Coragem é a capacidade de levantar-se em defesa de um valor que esteja sob ataque; é a disposição de arriscar um bem menor em nome de um bem maior.
É tornando-se alguém de verdade,
com uma presença sólida no mundo,
que você conseguirá aplacar o pavor
de enfrentar a vida, de partir para o jogo,
de cair, de levantar, de cair novamente.
Só vence quem entra em campo,
e só entra em campo quem treina.
Você é uma consciência, um agente que escolhe, em cada circunstância concreta, entre o melhor e o pior. Cada momento, com sua possibilidade de escolha, é uma nova chance. O ponto final da sua história ainda não foi colocado, e tanto faz o seu ontem, pois você tem o hoje e o amanhã para escolher o melhor. Não há outro autoconhecimento senão este, porque isto é o que você é — esta é a vida humana.
“Nosso relacionamento não é de anjo. O amor humano pede o peso do corpo, o gosto dos lábios, a pálpebra piscando.”
O temperamento é uma estrutura mineral da psicologia humana — uma estrutura fixa; que não muda; como um território que precisa ser conhecido ou um papel sobre o qual escrevemos nossa história. São como um filtro da nossa psique; um filtro que nos confere um certo modo de experimentar o impacto do mundo.
Trabalhe, sirva, seja forte e não encha o saco.
A prudência não consiste em querer que o outro tome uma decisão por você. Isso é só estupidez.
Somente a alta cultura pode ampliar o seu horizonte de referências – e somente um horizonte de referências ampliado pode torná-lo uma pessoa sociável, que convive bem com os outros.
Tenha a valentia de não agir conforme estereótipos na vida cotidiana.
A única chance de você ser estável neste mundo é tendo ao lado uma alma com a qual você se compromete verdadeiramente “até que a morte os separe”.
Se a sua segurança está na velocidade e na correria sem pausa, pode apostar que cedo ou tarde sem remédio você não fica.
Do entrelaçamento de linhas contrárias nasce a trama da vida concreta. Viver é a arte de articular, com inteligência, aquilo que só aparentemente se opõe.
Sua religião é mesmo religião? Se você espera a recompensa na vida eterna, você tem religião. Se você espera recompensas nesta vida, você tem superstição diabólica.
Fantasiar uma vida impossível é coisa de gente ingrata.
Você é raso e pequeno porque adora ser julgado por quem não o conhece.
O verdadeiro intelectual não está preocupado em vencer o debate, triunfar sobre o adversário e fazer sua opnião perdurar: ele quer mais é que a verdade vença, triunfe e perdure.
Se a sua profissão é desmerecer os outros e falar que tudo é fácil, sem nunca ter feito coisa nenhuma, seu nome é “vagabundo”.
Você tá fazendo o melhor que pode? Se você não está fazendo o melhor que pode, a única coisa que te sobra é a sua auto imagem que você criou pra si mesmo. O ser humano desiste no início por que em regra tem medo da opinião pública.Conclua aquilo que começou, seja um ser humano que age.Começou, termina.
Olhe nos olhos do outro – adulto, criança, velho; não importa. E perceba haver ali toda uma eternidade, que não se deixa capturar e apreender num só relance e à qual você terá de se dedicar.
Se você não está disposto a sangrar é porque ainda não ama, e não ama porque está preso a esse desejo louco por segurança. Já o sujeito que tem um desejo louco pela força entra na droga do campo de batalha e se sangrar, sangrou. Dane-se. Recupera-se depois, faz uma sutura. E se morrer… bem, morreu. Foi-se fazendo e tinha de ser feito.É assim que se ama. Eis a poesia do amor. Qualquer porcaria que exclua isso o está impedindo de amar.
O amor não é um sentimento. Não se trata de algumas cócegas no peito ou lá embaixo. Os sentimentos e as cócegas e o friozinho na barriga são partes do relacionamento, e não sua substância. O amor de que falo aqui é a substância e estrutura da vida humana. O amor é o desejo de preservar a pessoa amada, e junto dela experimentar a eternidade. Com isto, recruta-se imediatamente no seu peito uma responsabilidade, e você faz de tudo para que o outro subsista. Para que ele permaneça e continue.
O sujeito que só pensa no corpо е em conseguir aquela barriga tanquinho, todo vaidosão, ao menos está fazendo menção a algo que é superior de fato; pois a beleza é superior à feiúra. É algo que acaba mas carrega algo de superior. Portanto, nesse sentido o fútil é muito superior ao cara desapegado do corpo.
Não se contente com a porcariazinha que você é. Você tem de olhar e dizer assim: “O outro não é obrigado a me amar, mas eu sou obrigado a amar o outro”. Amar o outro de fato é ter parado com essa palhaçada de ficar olhando para si próprio.
Não se trata de escolher a pessoa certa; trata-se de fazer as coisas certas com a pessoa que se escolheu.
Uma vez que você tenha posto o seu “eu” de um lado e suas expectativas de outro, algo há de lhe ficar mais claro: na maior parte das vezes, não somos dignos de que as pessoas fiquem falando bem de nós. Não merecemos os confetes que tanto almejamos.
Nas ocasiões em que surge entre os cônjuges uma disputa de poder, não há outra solução: um dos dois terá de ceder. Essa é a hora de parar e avaliar: o que está no fundo da disputa? É vaidade, é medo de ser humilhado, é um capricho? Aquele que cede, não perde autoridade – muito pelo contrário. Quem cede está criando uma possibilidade de ação para o outro. A autoridade surge quando a caridade entra em ação. Não se trata de ceder por medo. Cede-se por amor.
Por que não articular em vez de desagregar? Por que não podemos começar a construir em nossa cabeça, coração e espírito este ímpeto articulador, que busca agregar? A mentalidade desagregadora cria fracos e pusilânimes; a inversa, que tudo busca articular, personalidades fortes e sólidas, que se sentem seguras no mundo e não se deixam apavorar por tudo na vida.
“Ah, mas aí eu vou me sentir usado”. Vem cá: para que se faz um sabonete? Para ser gasto, até o fim. Essa é a vida do homem. Nós somos vela de queimar no altar para iluminar a vida dos outros. Temos de nos desfazer na água quente para perfumar os demais. Somos todos sabonete e vela. Para que conservar essa vidinha medíocre? Só servimos para alguma coisa se formos úteis.
Quando só planejamos, estamos confortavelmente encastelados em nossa própria cabeça. Planejar é maximamente confortável. E fazer um carinhozinho no próprio ego e nas próprias idéias, em vez de levá-las ao campo de batalha e pô-las à prova da realidade. O que acontece quando você tira o planejamento da cabeça e o coloca na realidade do mundo? Necessariamente, expõe-se a incômodos e riscos.
Não aposte no medo, nas dificuldades. Estes só farão com que você queira construir um murinho ao seu redor. Só que muro serve para ser derrubado. Se você constrói um muro na sua casa, é porque existe alguém mais forte que ali pode entrar. Todas as cidades que construíram muros foram destruídas, porque uma hora o inimigo fica mais forte. Entregar-se ao medo e construir um muro só faz estimular o outro a ficar mais forte que você.
Muitas pessoas sentem-se constrangidas quando têm de colocar um preço naquilo que fazem. Essa dificuldade pode ser justificada como ‘modéstia’, mas pode esconder uma realidade mais dura: a pessoa não está querendo se colocar à prova, enfrentar e vencer. Se ela não cobrar, ninguém poderá cobrar dela.
Todos têm algum sofrimento e, a seu modo, todos podem contar a história de sua própria vida por esse viés; você não é especial por se vitimizar. Ninguém está neste mundo para ser vítima, mas para servir aos outros sem reclamação.
Quem foi que meteu na sua cabeça que, só porque você é parte de uma “minoria”, alguém tem de prestar atenção em qualquer coisa que você diga? (…) Se for falar, fale em nome do indivíduo que você é.
O sujeito que só olha para si não tem coragem de arriscar nada pelos outros. O egoísta está convencido de que o maior serviço que pode prestar neste mundo é a veneração de si mesmo.
Limpar o coração — eis a primeira medida para salvar a inteligência. Sem um coração sereno, capaz de observar, disposto a receber o que vem de fora, sem a ânsia de julgar e rotular, você jamais atingirá a dignidade do estatuto humano.
Sua capacidade de análise e de juízo está assentada sobre o seu coração. Por isso, o homem de má vontade é também um homem com debilitada capacidade de raciocinar sobre a realidade.
Em vez de ficar procurando defeitinho no outro para abatê-lo, abata isto: sua mania de criticar tudo; sua mania de discordar sem sequer ter entendido; seu desejo irreprimível de falar; sua incapacidade de tratar o outro como você gostaria de ser tratado.
Sem um olhar sincero para si mesmo, só lhe restará orientar-se pelos rótulos que os outros lhe foram pregando ao longo da sua vida. E, quem vive com base em rótulos, não vive: faz pose. O exame diário de si mesmo, simples e breve, deve ser parte da sua vida.
A pose é o oposto do ser. Quem posa de bonzinho não sabe o que é a benevolência; quem posa de certinho não sabe o que é a justiça; quem posa de inteligente não sabe avaliar a própria burrice.
A falta de esperança é um sintoma de que
o indivíduo não está conseguindo,
em sua vida concreta,
discernir o bem profundo que sustenta
o ser de tudo o que existe.
E, para reavivar essa capacidade,
o treino não é mental, mas prático:
a solução é o exercício na coragem
e no desapego.
Coragem é a capacidade de levantar-se em defesa de um valor que esteja sob ataque; é a disposição de arriscar um bem menor em nome de um bem maior.
É tornando-se alguém de verdade,
com uma presença sólida no mundo,
que você conseguirá aplacar o pavor
de enfrentar a vida, de partir para o jogo,
de cair, de levantar, de cair novamente.
Só vence quem entra em campo,
e só entra em campo quem treina.
Você é uma consciência, um agente que escolhe, em cada circunstância concreta, entre o melhor e o pior. Cada momento, com sua possibilidade de escolha, é uma nova chance. O ponto final da sua história ainda não foi colocado, e tanto faz o seu ontem, pois você tem o hoje e o amanhã para escolher o melhor. Não há outro autoconhecimento senão este, porque isto é o que você é — esta é a vida humana.
“Nosso relacionamento não é de anjo. O amor humano pede o peso do corpo, o gosto dos lábios, a pálpebra piscando.”
O temperamento é uma estrutura mineral da psicologia humana — uma estrutura fixa; que não muda; como um território que precisa ser conhecido ou um papel sobre o qual escrevemos nossa história. São como um filtro da nossa psique; um filtro que nos confere um certo modo de experimentar o impacto do mundo.
Trabalhe, sirva, seja forte e não encha o saco.
A prudência não consiste em querer que o outro tome uma decisão por você. Isso é só estupidez.
Somente a alta cultura pode ampliar o seu horizonte de referências – e somente um horizonte de referências ampliado pode torná-lo uma pessoa sociável, que convive bem com os outros.
Tenha a valentia de não agir conforme estereótipos na vida cotidiana.
A única chance de você ser estável neste mundo é tendo ao lado uma alma com a qual você se compromete verdadeiramente “até que a morte os separe”.
Se a sua segurança está na velocidade e na correria sem pausa, pode apostar que cedo ou tarde sem remédio você não fica.
Do entrelaçamento de linhas contrárias nasce a trama da vida concreta. Viver é a arte de articular, com inteligência, aquilo que só aparentemente se opõe.
Sua religião é mesmo religião? Se você espera a recompensa na vida eterna, você tem religião. Se você espera recompensas nesta vida, você tem superstição diabólica.
Fantasiar uma vida impossível é coisa de gente ingrata.
Você é raso e pequeno porque adora ser julgado por quem não o conhece.