A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.
É mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio..
Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor.
O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo.
O incapaz se cobre; o rico se enfeita; o presunçoso se disfarça; o elegante se veste.
O instinto na mulher, equivale a perspicácia nos grandes homens.
O bom marido nunca deve ser o primeiro a adormecer à noite, nem o último a acordar pela manhã.
Quanto mais criticamos menos amamos.
A ilusão é uma fé desmedida.
Os pintores só devem pintar com os pincéis na mão.
Quando todo o mundo é corcunda, o belo porte torna-se a monstruosidade.
O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão.
O poder deixa-nos tal como somos e apenas engrandece os grandes.
Um Eu demasiado poderoso é uma prisão da qual um homem deve evadir-se se deseja gozar plenamente os bens deste mundo.
O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo.
Na vida de um homem não há dois momentos de prazer parecidos, tal como não há duas folhas na mesma árvore exatamente iguais.
Os negócios não assentam nos sentimentos.
As paixões perdoam tão pouco quanto as leis humanas, e raciocinam com mais justeza: não se apoiam elas numa consciência que lhes é própria, infalível como o é um instinto?
O pensamento, único tesouro que Deus põe fora do alcance de todo o poder e guarda como um elo secreto entre os infelizes e Ele próprio.
Os homens estimam-vos conforme a vossa utilidade, sem terem em conta o vosso valor.
Sentir, amar, sofrer, devotar-se, será sempre o texto da vida das mulheres.
As tias, as mães e as irmãs têm uma jurisprudência particular com os seus sobrinhos, os seus filhos e os seus irmãos.
Todo aquele que contribui com uma pedra para a edificação das ideias, todo aquele que denuncia um abuso, todo aquele que marca os maus, para que não abusem, esse passa sempre por ser imoral.
Da maciez de uma esponja molhada até à dureza de uma pedra-pomes, existem infinitas nuances. Eis o homem.
O ódio, tal como o amor, alimenta-se com as menores coisas, tudo lhe cai bem. Assim como a pessoa amada não pode fazer nenhum mal, a pessoa odiada não pode fazer nenhum bem.
Os avarentos não crêem numa vida por vir, para eles o presente é tudo.
O ódio tem melhor memória do que o amor.
As pessoas generosas são más comerciantes.
Os superiores nunca perdoam aos inferiores que ostentam a aparência da sua grandeza.
Esse privilégio de sentir-se em casa em qualquer lugar pertence apenas aos reis, às prostitutas e aos ladrões.
O dinheiro só é poder quando existente em quantidades desproporcionadas.
As pessoas importantes fazem sempre mal em se divertir à custa dos inferiores. A troça é um jogo, e o jogo pressupõe a igualdade.
Muitos homens têm um orgulho que os leva a ocultar os seus combates e apenas a mostrarem-se vitoriosos.
Os pais devem dar sempre para serem felizes. Dar sempre é o que faz que sejamos pais.
O amante é um arauto que proclama onde existe o mérito, o espírito ou a beleza de uma mulher. Que proclama um marido?
Um amante revela a qualquer mulher tudo quanto o marido lhe oculta.
Uma mulher nua seria menos perigosa do que é uma saia habilmente exibida, que cobre tudo e, ao mesmo tempo, deixa tudo à vista.
O poder é uma ação, e o princípio eletivo é o da discussão. Não há política possível com uma discussão permanente.
A avareza começa onde termina a pobreza.
O amor é a única paixão que não admite nem passado nem futuro.
Assim como o médico não deixa ver nada das suas apreensões ao seu paciente, da mesma forma o advogado mostra sempre uma fisionomia cheia de esperança ao seu cliente. É um desses casos raros em que a mentira se torna virtude.
A necessidade é com frequência a espora do gênio.
As mulheres vêem tudo ou não vêem nada, segundo as disposições da sua alma: a única luz delas é o amor.
O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo.
A dor enobrece as pessoas mais vulgares, porque ela tem a sua grandeza, e, para receber o seu brilho, basta ser verdadeira.
Considero a família e não o indivíduo como o verdadeiro elemento social (arriscando-me a ser julgado como espírito retrógrado).
O dinheiro nunca falta para os nossos caprichos; somente discutimos o preço das coisas úteis e necessárias.
Para um homem apaixonado, toda a mulher vale quanto ela lhe custa.
O ciúme é a única paixão que os homens perdoam ao belo sexo, porque os lisonjeia.
A educação pública nunca resolve o difícil problema do desenvolvimento simultâneo do corpo e da inteligência.
O amor ou não desculpa nada ou desculpa tudo.
O acaso é o maior romancista do mundo; para se ser fecundo, basta estudá-lo.
Seja no que for, apenas poderemos ser julgados pelos nossos pares.
A dor é como uma dessas varetas de ferro que os escultores enfiam no meio do barro, ela sustém, é uma força!
A gratidão é uma dívida que os filhos nem sempre aceitam no inventário.
Os ricos pretendem não se admirar com nada, e reconhecem, à primeira vista, numa obra bela o defeito que os dispensará da admiração, um sentimento vulgar.
O ódio sem desejo de vingança é um grão caído sobre o granito.
O verdadeiro amor, como se sabe, é impiedoso.
Terrível condição do homem! Não há uma das suas felicidades que não provenha de uma ignorância qualquer.
O mal do nosso tempo é a superioridade. Há mais santos do que nichos.
Os grandes erram sempre ao brincar com os seus inferiores. A brincadeira é um jogo, e um jogo pressupõe igualdade.
Um vício custa mais caro que manter uma família.
É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.
A igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de a tornar um fato.
Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?
O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia.
As dívidas são bonitas nos moços de vinte e cinco anos; mais tarde, ninguém lhas perdoa.
Censuram-se severamente defeitos à virtude, ao passo que se não poupa indulgência para as qualidades do vício.
O tempo é o único capital das pessoas que têm como fortuna apenas a sua inteligência.
Mesmo à mulher mais faladora, o amor ensina a calar.
Nas grandes crises, o coração parte-se ou endurece.
A administração é a arte de aplicar as leis sem lesar os interesses.
O matrimônio é como um processo judicial: um lado está sempre insatisfeito.
A alegria só pode brotar de entre as pessoas que se sentem iguais.
Os pintores só devem meditar com os pincéis na mão.
É mais fácil ser-se amante que marido, pela simples razão de que é mais difícil ter espírito todos os dias do que dizer coisas bonitas de quando em quando.
É mais fácil ser amante do que ser marido, pela simples razão de que é mais difícil ter espírito diariamente do que dizer coisas bonitas de vez em quando.
A liberdade leva à desordem, a desordem à repressão, e a repressão novamente à liberdade.
A verdade literária nunca poderá ser a verdade da natureza.
Nunca comeces o casamento por uma violação.
A duração de uma paixão é proporcional à resistência original da mulher.
O infortúnio é um degrau para o gênio, uma piscina para o cristão, um tesouro para o homem hábil e um abismo para o fraco.
A avareza é um nó corredio que aperta cada dia mais o coração e acaba por sufocar a razão.
A admiração é sempre um cansaço para a espécie humana.
Para não corar diante da sua vítima, o homem, que começou por feri-la, mata-a.
O casamento deve combater incessantemente um monstro que devora tudo: o hábito.
Nenhum homem conseguiu descobrir a forma de dar um conselho amigo a uma mulher, nem mesmo à dele próprio.
Frequentemente tive a ocasião de observar que quando a beneficência não prejudica o benfeitor, mata o beneficiado.
Deus é o poeta, os homens são apenas os actores.
Não há dor que o sono não consiga vencer.
A constância é o fundo da virtude.
As lágrimas dos velhos são tão terríveis como as das crianças são naturais.
Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios, e se os absolvemos complacentemente dos nossos defeitos, condenamo-los com severidade por não terem as nossas qualidades.
É possível amar e não ser feliz, é possível ser feliz e não amar, mas amar e simultaneamente ser feliz, isso seria milagre.
É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja.
A chave de todas as ciências é inegavelmente o ponto de interrogação.
A felicidade só cria recordações.
Quando o despotismo está nas leis, a liberdade encontra-se nos costumes, e vice-versa.
O homem não é bom nem mau, nasce com instintos e aptidões.
Pode-se perdoar, mas esquecer, isso, é impossível.
A longo prazo uma profissão é como o matrimônio; apenas se sentem os inconvenientes.
Engatar uma mulher é de certeza mais fácil do que ver-se livre dela.
Talvez o amor seja apenas o reconhecimento do prazer.
O poder não consiste em bater muito ou muitas vezes, mas em acertar em cheio.
Ninguém ousa dizer adeus aos seus próprios hábitos. Muitos suicidas detiveram-se no limiar da morte ao pensar no café onde vão todas as noites jogar a sua partida de dominó.
Apenas um homem de gênio ou um intriguista se atrevem a dizer: «Fiz mal». O interesse e o talento são os únicos conselheiros conscienciosos e lúcidos.
O sentimento que o homem suporta com mais dificuldade é a piedade, principalmente quando a merece. O ódio é um tónico, faz viver, inspira vingança; mas a piedade mata, enfraquece ainda mais a nossa fraqueza.
Os costumes são a hipocrisia de uma nação.
O mundo, que não é causador de nenhum bem, é cúmplice de muitas infelicidades; depois, quando vê eclodir o mal que ele maternalmente chocou, renega-o e vinga-se.
Nunca a polícia terá espiões comparáveis aos que se colocam ao serviço do ódio.
Os escolares preocupam-se em segredo com o mesmo que preocupa as raparigas nos internatos; faça-se o que se fizer, elas falarão sempre do amor, aqueles das mulheres.
Deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa para exibir.
A glória é o sol dos mortos.
Para os doentes, o mundo começa na cabeceira e acaba no pé da sua cama.
Um marido, como um governo, nunca deve confessar os seus erros.
A glória é um veneno que se deve tomar em pequenas doses.
Há algo tocante na associação de dois seres para suportar a vida.
A Justiça, ninguém ignora, tem a pressa de um cágado manco.
As leis são teias de aranha pelas quais as moscas grandes passam e as pequenas ficam presas.
Nunca um marido será vingado tão bem como pelo amante da sua mulher.
Se não estamos diante dos homens, estamos sempre diante de Deus e temos tanta necessidade de nossa própria estima quanto da do mundo.
As mulheres, como as crianças, acham que tudo lhes é devido.
A liberdade de escolha é um direito de todos, mas só alguns a exercem com elegância.
O maior amor é o não correspondido. Cresce para aumentar avidez da carne; tortura para valorizar o prazer.
Não existem grandes talentos sem grande vontade.
A resignação é um suicídio cotidiano.
O amor é a poesia dos sentidos
O amor é um poema essencialmente pessoal.
Só o último amor de uma mulher pode igualar-se ao primeiro amor de um homem.
Sob a aparência que vos fere os sentidos… move-se a alma.
No amor, é certo que se dermos demasiado não receberemos bastante.
A mulher que ama mais do que é amada há de necessariamente ser tiranizada.
O amor durável é o que tem sempre as forças dos dois seres em equilíbrio.
As moças com frequência criam imagens nobres, deslumbrantes, figuras totalmente ideais,e forjam idéias quiméricas acerca dos homens, dos sentimentos, do mundo; depois atribuem inocentemente a um caráter as perfeições que sonharam, e entregam-se a isso, amam no homem que escolheram essa criatura imaginária; porém, mais tarde, quando não há mais tempo de livrar-se do infortúnio, a enganadora aparência que embelezaram, seu primeiro ídolo, transforma-se enfim num esqueleto odioso.
Em política, perseguir um homem não é apenas engrandecê-lo, mas também justificar-lhe o passado.
Todas as faltas, e talvez, os crimes, têm, por princípio, um raciocínio errado ou algum excesso de egoísmo.
A devoção não está no joelho que se dobra, mas no coração, que não se vê dobrar.
Uma noite de amor é um livro a menos lido.
A que talento alimentado de lágrimas viremos nós ainda a dever a mais comovedora das elegias, a pintura dos tormentos sofridos em silêncio pelas almas cujas raízes ainda tenras só encontram duros abrolhos no solo doméstico, cujas primeiras florescências são dilaceradas por mãos hostis, cujas flores são queimadas pela geada no momento em que desabrocham? Que poeta nos dirá as dores da criança cujos lábios sugam um seio amargo, e cujos sorrisos são reprimidos pelo fogo devorador de um olhar severo? A ficção que representasse esses pobres corações oprimidos pelos entes colocados a seu lado para favorecerem os progressos da sua sensibilidade, seria a verdadeira história da minha mocidade.
(O Lírio do Vale)
Já deserdado de todo o afeto, não podia mostrar a minha estima a ninguém, e, contudo, a natureza me fizera sensível! Haverá um anjo que recolha os suspiros desta sensibilidade incessantemente repudiada?
A maior felicidade para o ser humano é de poder viver para aquilo pelo qual estaria pronto a morrer.
A maioria das pessoas de ação estão inclinadas ao fatalismo, a maioria dos pensadores acredita na providência.
Já deserdado de todo o afeto, não podia mostrar a minha estima a ninguém, e, contudo, a natureza me fizera sensível!
Frequentemente chorava ao passear naquele jardim, agora demasiado estreito para ela, como o pátio, a casa, a cidade: lançava-se antecipadamente pela vasta extensão dos mares.
Quem conheceu a mais exigente das paixões, aquela cuja duração é cada dia abreviada pela idade, pelo tempo, por uma doença mortal, por algumas das fatalidades humanas, compreenderá os tormentos de Eugênia.
Ali estão os dramas do silêncio.
O olhar de um homem acostumado a tirar de seus capitais um juro enorme adquire necessariamente, como o do libertino, o do jogador ou o do cortesão, certos hábitos indefiníveis, movimentos furtivos, ávidos, misteriosos, que não escapam aos correligionários. Essa linguagem constitui de certo modo a maçonaria das paixões.
Tamanha fortuna cobria com um manto de ouro todas as ações daquele homem.
Seus sentimentos, magoados sem que elas o percebessem, mas vivazes, o segredo de sua existência, tornavam-na exceções curiosas naquela reunião de pessoas cuja a vida era puramente material.
Aos 22 anos os jovens estão ainda muito próximos da infância e, consequentemente, deixam-se levar por infantilidades.
Mas o homem que enxerga dois séculos na frente de seu tempo morre na forca…
Oh! Gritarei a verdade mesmo no meu silêncio.
Que os anjos construam hospitais para as almas sofredoras. Enquanto não o fazem, construirei para elas um palácio de sonhos.
Esse homem é o soldado armado com a espada e eu sou o soldado armado com a pena… Mas eu triunfarei onde Napoleão foi derrotado, pois conquistarei o mundo.
As lágrimas são tão contagiantes quanto o riso.
Em qualquer situação, as mulheres têm mais causas de sofrimento que o homem, e padecem mais que ele.
“Tudo” era ele.
Tuer les sentiments pour vivre vieux ou mourrir jeune en acceptant les martyrs des passions?? Voila notre arrêt.
Quelque fois un crime peut etre tout un poéme…
Passamos boa parte de nossa vida suprimindo aquilo que deixamos entrarem nosso coração durante a adolescência. Essa operação chama-se ‘adquirir experiência’.
É tão mais fácil negar o que não se compreende.
Chaque suicide est un poème sublime de mélancolie…
La pensée est la clé de tous les trésors.
A fonte será, pois, mais graciosa do que o rio, o desejo mais encantador do que o gozo, e o que se espera mais atraente do que aquilo que se possui?
A maioria dos dramas está nas ideias que formamos das coisas. Os acontecimentos que nos parecem dramáticos são apenas assuntos que a nossa alma converte em tragédia ou em comédia, à mercê do nosso carácter.
Não compartilho da crença num progresso infinito quanto às sociedades; acredito nos progressos do homem em relação a si mesmo.
A gratidão perfuma as grandes almas e azeda as almas pequenas.
A morte é mais verdadeira – ela nunca renuncia a nenhum homem.
A melancolia compõe-se de oscilações morais, das quais a primeira atinge a desesperação e a última o prazer; na mocidade é o crepúsculo matutino, na velhice o da tarde.
Jamais os moralistas conseguirão fazer compreender toda a influência que os sentimentos exercem sobre os interesses. Essa influência é tão poderosa como a dos interesses sobre os sentimentos. Todas as leis da natureza têm um duplo efeito, em sentido inverso um do outro.
A influência exercida sobre a nossa alma, pelos diferentes lugares, é uma coisa digna de observação. Se a melancolia nos conquista infalivelmente quando estamos à beira das águas, uma outra lei da nossa natureza impressionante faz com que, nas montanhas, os nossos sentimentos se purifiquem: ali a paixão ganha em profundidade o que parece perder em vivacidade.
Mas a compaixão mata, enfraquece ainda mais a nossa fraqueza.
O vício corrói as almas, destrói-as, rebaixa-lhes a dignidade, mata o princípio das grandes obras e consagra a vileza do espírito.
Tome a mesma moça aos 20 e aos 30 anos. No segundo momento ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro.
Os hábitos da juventudo voltam com mais força na velhice. Séchard confirmava essa lei moral: quanto mais envelhecia, mais gostava de beber.
Seus olhos cinzentos conservavam o brilho mesmo na embriaguês.
A bebedeira como os estudos, engorda mais os gordos e emagrece aos magros.
Preferiria um debate violento a uma conformidade silenciosa.
David experimentou a mais penosas da humilhações, que é causada pelo rebaixamento de um pai.
A avareza, como o amor, tem o dom da vidência, quanto às contingências futuras, fareja-as e apressa-as.
Seus filhos, como todos os filhos do amor, teriam por herança a maravilhosa beleza da mãe, presente tantas vezes fatal, quando a miséria o acompanha.
Farto de beber na grosseira taça da miséria, estava ao ponto de tomar um desses partidos extremos aos quais nos decidimos aos vinte anos.
Ambos haviam chegado à poesia por caminhos diferentes.
Apaixonou-se por ela, como se apaixonam os espíritos melancólicos e meditativos.
Os raios de sol que brincavam nas folhas da parreira acariciavam os dois poetas, envolvendo-os com sua luz como uma auréola.
Bebendo longos tragos da taça da ciência, da poesia, com elas se inebriando para esquecer as desventuras da vida da província.
Uma das infelicidades a que estão sujeitas as grandes inteligências é a de compreender forçosamente todas as coisas, tanto os vícios como as virtudes.
Pois os homens esquecidos se vingam da humildade de sua posição pela altivez do olhar.
Queria mandar e tinha de obedecer. Entre obedecer a caprichos grosseiros, a espíritos sem indulgência para com seus gostos, e fugir com um amante que lhe agradasse, ela não teria hesitado.
Existem, com efeito, certas sensações incompreendidas que devem ser guardadas em nós mesmos. Certamente que um pôr-de-sol é um grande poema, mas não será ridículo para uma mulher descrevê-lo com palavras grandiloquentes diante de criaturas materialistas?
Para ela tudo era sublime, extraordinário, estranho, divino, maravilhoso. Animava-se, se encolerizava, se abatia, alcandorava-se, e quer olhando o céu ou a terra, seus olhos se enchiam de lágrimas. Gastava a vida em perpétuas admirações e se consumia em estranhos desdéns.
Não havia ao seu redor homem algum que lhe pudesse inspirar uma dessas loucuras as quais se entregam às mulheres impelidas pelo desespero que lhes causava a vida sem finalidade, sem acontecimentos, sem interesses.
A dor depôs sobre a fisionomia dessa mulher um véu de tristeza, uma nuvem que não se dissipou se não na idade terrível em que a mulher começa a lamentar os anos passados sem os haver gozado, em que vê suas rosas fanarem, em que os desejos de amor renascem na ânsia de prolongar as últimas esperanças da juventude.
Seu orgulho a preservou dos tristes amores da província. Era a nulidade dos homens que a cercava e o nada, uma mulher tão superior teve de preferir o nada. Tanto o casamento como a sociedade constituíam, assim, um mosteiro para ela. Vivia para a poesia, como a carmelita vive pela religião.
Permaneceu ereta e forte como uma árvore que houvesse suportado o golpe de um raio sem ser abatida. Sua dignidade se elevou, sua realeza a fez preciosa e quinta-essenciada. Como todos que se deixam adorar por quaisquer cortesãos, ela imperava com os seus defeitos.
O Sr. du Châtelet era ainda dotado do talento de contemplar uma tapeçaria cujas flores tivessem sido começadas pela princesa; segurava com graça infinita as meadas de seda que ela enovelava, dizendo-lhe pequenos nadas em que a malícia se escondia sob gaze mais ou menos transparente.
Acreditava-se muito forte em diplomacia, a ciência daqueles que não possuem nenhuma outra.
Queria ver esse poeta, esse anjo! Tomou-se de amores por ele entusiasmou-se, falou dele horas inteiras.
A santa criatura ignorava que lá onde começa a ambição cessam os sentimentos ingênuos.
O poeta era já a própria poesia.
As três horas passadas junto dela foram para Luciano um desses sonhos que a gente desejaria tornar eternos. (…) Sua imaginação apossou-se daqueles olhos de fogo, daqueles elegantes anéis de cabelo onde cintilava a luz, daquela esplêndida brancura, pontos luminosos aos quais ele se prendeu como uma borboleta atraída pelas lâmpadas. Depois, aquela alma falou à sua para que ele pudesse julgar a mulher.
Luciano passou por todos os terrores, esperanças e desesperos que martelam o primeiro amor e o metem tão fundo dentro do coração com os golpes dados ora pela dor, ora pelo prazer.
O mágico pincel, as musas lisonjeiras
Nem sempre adornarão estas folhas ligeiras
Com seu festivo encanto.
Mas a furtiva mão de minha bela ama
Muita vez me dirá sua secreta flama
Ou o seu mudo pranto…
Quando velhinha, a estas páginas fanadas,
Ela vier indagar das coisas encantadas
Que o futuro lhe diz,
Queira então o Amor que a fecunda lembrança
Dessa viagem feliz,
Seja doce de ver como um céu em bonança!
– Não poderíamos contentar com esta felicidade?
E o pobre poeta cometia a tolice de responder: – Sim.
As almas grandes estão sempre dispostas a fazer de uma desgraça uma virtude.
A inveja é o mais estúpido dos vícios, pois não há uma única vantagem obtida dele.
O amor é a maior das paixões porque a todas consegue suavizar.
O verdadeiro amor é eterno, infinito, sempre semelhante a si mesmo; é igual e puro, sem demonstrações violentas; vê-se de cabelos brancos, sempre jovem no coração.
Toda felicidade é um misto de coragem e trabalho.
Se a luz é o primeiro amor da vida, não será o amor a primeira luz do coração?
Respeitamos o homem que se respeita.
Silêncio: os nove décimos da sabedoria.
A solidão é uma coisa boa, mas precisamos de alguém para nos dizer isso.
Quanto mais se julga, menos se ama.
Toda a felicidade depende de coragem e trabalho.
O amor é a poesia dos sentidos. Quando existe, existe para todo o sempre e aumenta cada vez mais.
São as boas qualidades e não a beleza de uma mulher que fazem casamentos felizes. A mulher que nos ama sabe fazer-se bela.
“Muitos homens de ação são propensos ao fatalismo e muitos homens de pensamento acreditam na providência.”
Atrás de toda grande fortuna há um crime.
A poesia, a pintura e todos os sublimes gozos da imaginação, têm sobre os espíritos elevados direitos imprescritíveis.
Há duas histórias, a oficial, mentirosa, Ad Usum Delphini, e a secreta, em que estão as verdadeiras causas dos acontecimentos, história vergonhosa.
O segredo das grandes fortunas sem causa aparente é um crime esquecido porque o serviço foi bem-feito.
Não existem princípios, apenas fatos.
Não existe o bem e o mal, apenas circunstâncias.
O homem superior apoia fatos e circunstâncias a fim de guia-los.
Se houvesse princípios e leis fixas, as nações não as mudariam como mudamos de camisa, e não se pode esperar de um homem que seja mais sábio do que uma nação inteira.
A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.
É mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio..
Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor.
O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo.
O incapaz se cobre; o rico se enfeita; o presunçoso se disfarça; o elegante se veste.
O instinto na mulher, equivale a perspicácia nos grandes homens.
O bom marido nunca deve ser o primeiro a adormecer à noite, nem o último a acordar pela manhã.
Quanto mais criticamos menos amamos.
A ilusão é uma fé desmedida.
Os pintores só devem pintar com os pincéis na mão.
Quando todo o mundo é corcunda, o belo porte torna-se a monstruosidade.
O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão.
O poder deixa-nos tal como somos e apenas engrandece os grandes.
Um Eu demasiado poderoso é uma prisão da qual um homem deve evadir-se se deseja gozar plenamente os bens deste mundo.
O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo.
Na vida de um homem não há dois momentos de prazer parecidos, tal como não há duas folhas na mesma árvore exatamente iguais.
Os negócios não assentam nos sentimentos.
As paixões perdoam tão pouco quanto as leis humanas, e raciocinam com mais justeza: não se apoiam elas numa consciência que lhes é própria, infalível como o é um instinto?
O pensamento, único tesouro que Deus põe fora do alcance de todo o poder e guarda como um elo secreto entre os infelizes e Ele próprio.
Os homens estimam-vos conforme a vossa utilidade, sem terem em conta o vosso valor.
Sentir, amar, sofrer, devotar-se, será sempre o texto da vida das mulheres.
As tias, as mães e as irmãs têm uma jurisprudência particular com os seus sobrinhos, os seus filhos e os seus irmãos.
Todo aquele que contribui com uma pedra para a edificação das ideias, todo aquele que denuncia um abuso, todo aquele que marca os maus, para que não abusem, esse passa sempre por ser imoral.
Da maciez de uma esponja molhada até à dureza de uma pedra-pomes, existem infinitas nuances. Eis o homem.
O ódio, tal como o amor, alimenta-se com as menores coisas, tudo lhe cai bem. Assim como a pessoa amada não pode fazer nenhum mal, a pessoa odiada não pode fazer nenhum bem.