A solidão é essencial à fraternidade.
Toda a família realmente viva segrega um certo ritual sem o qual se arrisca a longo prazo a perder o seu convívio secreto.
Aquilo cuja existência pudesse ser demonstrada não seria nem poderia ser Deus.
Descartes já o tinha percebido com uma admirável clareza: a liberdade da indiferença é o grau mais baixo da liberdade.
Não duvido mais. Milagrosa felicidade, esta manhã. Tive pela primeira vez, claramente, a experiência da graça. Fui enfim cercado pelo cristianismo e submergi. Bem-aventurada submersão!
Amar alguém é dizer-lhe:
Tu não morrerás jamais!
“O mistério do ser é algo a que estou ligado, não parcialmente, por algum aspecto determinado e especializado, mas, inteiramente, enquanto realizo uma unidade que, por definição, nunca poderá se apreender a si própria, podendo somente ser objeto de criação e de fé.”
O indisponível está sempre inquieto, e isto o põe em insegurança, medo e cuidado. Na indisponibilidade estão as raízes metafísicas do pessimismo. O Ser verdadeiro é participação, disponibilidade, júbilo, esperança, amor e fidelidade.
O indivíduo só se realiza quando reafirma a transcendência de Deus e sua própria condição de criatura de Deus. A fé se converte, então, no ato ontológico mais significativo.
Deus só nos poderá ser dado como presença absoluta na adoração. Crer é se sentir como no interior de Deus.
Eu sou mais quanto mais Deus é para mim. A crença em Deus é um modo de ser, e não opinião sobre a existência de uma pessoa.
A verdade é que só pode haver, propriamente falando, esperança onde intervém a tentação de desesperar. A esperança é o ato pelo qual esta tentação é ativa ou vitoriosamente superada.
A esperança é essencialmente a disponibilidade de um espírito que se engaja o bastante intimamente em uma experiência de comunhão para realizar, apesar de toda vontade e do conhecimento, um transcendental, o ato que estabelece a regeneração vital de que esta experiência é, ao mesmo tempo, razão e primícias.
A esperança funda-se no invisível.
A abstração universalizadora é alienação porque faz o homem perder o contato com si-mesmo.
Eu me afirmo como pessoa na medida em que acredito na existência dos outros.
Liberdade é participação no Mistério do Ser. Ser livre é ser aberto na relação consigo mesmo, com o outro e com Deus.
O sujeito, o Eu, não é corpo biológico, mas, sim, uma presença total diante do outro.
O outro é como uma caixa de ressonância e como um amplificador; o Eu é como um centro de imantação.
Não posso afirmar nada sobre mim que seja autenticamente eu-mesmo, nada que seja permanente, nada que esteja fora da crítica e da duração.
Sou uma existência encarnada. Por isso, não estou no mundo isento de dores e de sofrimentos. Vivo entre angústias.
O ser é uma única criatura; ou, se quiser, é uma imagem de Deus.
O homem conhece seu próprio mistério pela participação, pois, o ser não é algo abstrato, uma idéia simplesmente, mas, o mais cheio de vida que existe, de modo que se aproximar dele se dá de maneira concreta, isto é, pela participação de experiências muito complexas como, por exemplo, o amor, a amizade, a conversa sincera e aberta, a fidelidade e a esperança, entre outras.
A Filosofia é algo que, radicalmente, não se possui; ao ser perspectivada na linha do ter, torna-se moeda de troca, ou seja, transforma-se em polêmica, deixando de procurar a Verdade e se comensurando com as verdades particulares das investigações científicas.
Nunca será com o pensamento que poderei eliminar as objeções do ateísmo e o vazio à minha volta, mas, sim, com a vida.