Quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.
36 prestações de saudade
Dizem que tudo na vida tem dois lados. Um bom e outro ruim. Depende nos olhos de quem está a pimenta. Mas se tem algo realmente ambíguo para uma única alma é um troço chamado saudade. Com ou sem pimenta nos olhos. O dito popular é quem melhor traduz a dualidade de uma saudade quando diz que esta é a maior prova de que o amor valeu a pena. Então sentir a falta é bom. E ruim. Em todos os pontos de vista. Vai entender.
Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura.
Saudade é o amor que não foi embora ainda, embora o amado já o tenha feito. Ter saudade é imaginar onde deve estar agora, se ainda gosta de vinho bordeaux, se chorou com a derrota do Grêmio no campeonato nacional, se tem tratado aquela amiga da elite. E quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.
Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.
Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.
Por que a saudade é o muro de Berlim desmoronado no chão, capaz de agregar opostos, como a tristeza e a felicidade em uma coisa híbrida. Se você tem saudade é sinal que teve na vida momentos de alegria com ela ou ele! No fim das contas, a saudade que agora lhe maltrata nada mais é que uma dívida sendo paga em longas 36 prestações pelo amor usufruído. Agora aguenta.
O que dá mais raiva
A garota comia sardinha e arrotava caviar, adorava gabar-se entre amigas do Audi A3 Sportback vermelho que você comprou e não pagava uma caixa de fósforos. Essa vai ser fácil esquecer!
A gatinha tinha ciúme até da dona Silvina, sua vizinha que só se alimenta através de sonda, dá pra contar nos dedos do Lula quantas baladas na companhia dela não terminaram em auê e você vivia na iminência de ser o próximo ator principal do teste de fidelidade da Márcia Goldschmidt. Um beijo e adeus!
Sua ex-namorada dava pelota até para o Adamastor, o porteiro do seu prédio, contava mais homens que o Romário gols e a arquibancada geral do time da cidade já tinha cânticos personalizados com o nome da ninfa. Essa raiva vai passar!
Quando a gente ama, mas os defeitos são condenáveis, fica mais acessível esquecer. Perverso é omitir de nós mesmos, uma mulher que amamos por inteira, alguém cuja mistura de qualidades e defeitos resultava numa parceira irreparável. Assim, tentar esquecer é lembrar. E lembrar dá raiva.
O que dá raiva não é a capacidade que ela tinha de bisbilhotar a vida alheia. O que dá raiva é lembrar do instinto maternal que acordava nela toda vez que você contraía um resfriado. Não dá raiva lembrar da atração irremediável dela por utensílios da Dolce & Gabbana. O que dá raiva é lembrar dos beijos prolongados antes do sol raiar.
Não dá tanta raiva lembrar dela assassinando a voz da Adriana Calcanhoto debaixo do chuveiro, quanto dá raiva recordar dela trajada de vestido florido, calcinha de algodão, chinelo havaianas e cabelos soltos desafiando o vento. A raiva que você sente da insensatez da garota para tratar das doenças sociais mundanas nem se compara com a raiva daquele jeito sapeca que te fazia desejar uma garotinha com o xerox daquele sorriso correndo pela casa.
Não é que ela fez de errado, nem os muitos defeitos, nem o que você viveu colado naquela têia. A pior raiva é das lacunas vazias que adeus nenhum é capaz de apagar.
Saudade não é um bom motivo para ter de volta as pessoas que você tratou com descaso enquanto estavam do seu lado.
O amor tranquilo tem reconhecido valor, mas procura os iguais. Só o ódio é capaz de unir diferentes como nós.
Ser humano é estar incessantemente no encalço daquilo que está longe dos olhos e do coração.
Humor negro é precisar curar a saudade provocada pelo veneno irônico e melancólico de desejar a mais doce presença – que nunca tive – de todas que eu amei.
Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.
Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.
“Superar é retomar o percurso da vida, sem rechaçar qualquer chance de volta. Isso é liberdade, beibe.”
“Veja bem. Não tô dizendo que superei, as feridas estão comigo, servindo de baliza pra reconhecer esse lado quente e fresco das coisas. Mas eu preciso ir, não posso falar contigo agora. Tenho pressa de apertar o play. Dá licença? Então sai debaixo da minha sacada. E da próxima vez que sair na chuva, vê se antes aprende a se molhar.”
Eu caso, se preciso for. Eu amo você, por mim tudo bem. Conheço seus pais e faço ambos me amarem como você me ama – ok, não exatamente como você me ama. Onde você pedir com jeitinho e beicinho, eu assino. Mas deixa eu me embriagar com o aroma, a cor e a textura das suas coxas. Agora e pra sempre.
Tudo que eu queria te dizer era tudo que eu não posso mais te dizer, ou tudo que eu queria ouvir mais vezes, muito tempo antes de chegarmos a esse ponto de partida, minha partida, tão adiada partida
É tudo que eu queria te dizer. Eu não quero mais. Será que você pode ao menos tentar seguir sem mim?
Ela só precisa sentir que não há com que se preocupar, você tá ali e tal
Me diga que está triste, eu consolo. Me diga que nunca foi tão feliz, eu concordo. Me ame ou me odeie. Me mande pra p****-que-o-pariu ou me convide pra ir com você. Exploda na minha cara ou se derreta na minha mão. Deixa eu te ver morrendo de tanto rir ou com vergonha das olheiras de tanto chorar. Só não me esconda o rosto. Me abrace, me esmurre, me lamba ou me empurre. Só não me balance os ombros. Não me perturba assistir tua dor nem acompanhar teu gás. Te ver mais ou menos realmente me incomoda. Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe.
Suas palavras, mesmo em alto e bom português, parecem não mais falar minha língua.
O amor existe no calor da iminência, do tato e do contato. A frieza do resto, embora lembre um pouco amor, na real é qualquer bobagem.
Era óbvio que a gente não iria ficar junto para sempre, mas precisava dizer?
Comece – ironicamente – seguindo o conselho de quem deixou de te amar. Cuide de você.
Ah, e também que nessas fantasias, tais garotas jamais usam calcinhas de algodão esgarçadas de lavar trezentas vezes. E, sinceramente, não sei se conseguiria viver sem uma dessas no registro do meu chuveiro.
Essa não é minha vida mesmo, essa alegria é emprestada, esse sorriso é postiço. No meu rosto decorado com pó diluível, a maquiagem é à prova de decepção – especial pra quem vaga pela noite sem o retornável desejo de quebrar a cara. E desse corpo que ofereci pra ser só seu, também não sou mais dona, agora é quase de quem quiser. Cara, eu só queria te ver mostrando que precisa de mim, vez que outra. Que me amasse com ênfase nas vezes que não mereci ser amada. Porque, entre me sentir inútil só pra você e me sentir inútil pro resto do mundo, optei pela diversidade
Até tento rir de tudo, mas as peças que o amor me prega não tem nenhuma graça
E como dois corpos não ocupam o mesmo lugar, você precisa sair de si pra que eu possa entrar.
É cedo pra dizer, ou tarde demais pra fugir. Talvez você seja um cachorro-cínico-egoísta apenas sendo gentil-romântico-atencioso só pra me enganar na sua cama. Mas se não for você, será outro qualquer. Melhor que seja você.
Raiva e rancor só merece quem se foi sem uma explicação convincente e nunca mais sequer procurou, deixando lacunas que nenhum outro adeus até hoje teve audácia de apagar.
Assim, tentar esquecer é lembrar. E lembrar você dá raiva. Você é dono do meu melhor rancor.
Mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase.
De algo em algo, a gente vai levando
Quando o medo não evita, o amor acontece.
Mas agora tá tudo bem. Aprendi que quanto mais superficialmente você costura uma relação, menos chance há de se afogar. Navegar é preciso, o negócio é não faltar nas aulas sobre como boiar em águas nem doces nem salgadas. Hoje posso dizer convicta que prefiro o clarão das aparências que a penumbra de mergulhar fundo, sem saber como respirar abaixo do chão. Agora, como boa marinheira de incontáveis viagens, finalmente sei como desatar nós.
Ninguém jamais me fez sofrer, nunca me obrigariam a isso, sempre que sofri por alguém foi porque quis, não por julgar que valessem a lágrima, cada uma delas.
Então, lá vamos nós, mais uma vez, seja o que for. Mas que pelo menos seja, dessa vez.
Tenho frases guardadas, que fiquei de dizer quando houvesse sentido.
Trecho de “Interrrupção”
“…Escuta, de uma vez, eu poderia dizer que voltamos à estaca zero, mas esta foi cravada no dia que a gente se encontrou. Depois de tirar um pouco os pés do chão, caímos juntos e abraçados num poço escuro e vazio e sem fim. Agora estamos no negativo, a gente simplesmente deve algo um pro outro. E nem vem, não adianta, quem ama o difícil, muito fácil lhe parece. Sei da sua indolência, mas quero tentar mesmo assim, porque já não dá mais pra passar um dia sem que minha história conte um pouco da sua. Cada vez que eu for até sua boca, é um degrau de subida, a gente já foi fundo, fundo demais, não há mais como cair. De agora em diante, o maior risco que a gente corre é ser feliz”
Cansei de caçar seus verbos soltos, escudos de quem acha que tem o gênio indomável sabendo que não passa de um daqueles que enguiçam a raça humana. Se quiser vir, que seja sem esse egoísmo tão “século-vinte-um” de trilhar caminhos pela metade, escapar pelos canteiros e me deixar falando pelos cantos. Se for pra calar minha boca, vem. Se for pra reescrever minha vida, vem. Mas que seja à caneta.
Quantas esquinas eu ainda vou precisar dobrar até você estar lá?
Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe.
A partir de hoje,
só o que for muito,
muito leve,
bonito e fácil.
O imprevisto acontece e alguém te encontra. E te reecontra. Te reinventa. Te reencanta. Te recomeça.
“E, fatalmente, vão se cruzar por aí. São tantas as esquinas. Vocês vão beber um café quente juntos, falar amenidades, sobre novos cortes de cabelo, você está bonita, e você mais maduro, como está sua mãe e tudo mais. Nos momentos de silêncio, baixarão o queixo, com medo de amarrar olhares e, talvez, voltar tudo aquilo outra vez. Mas vai ser só isso.”
“Ela vai dar pra você sem a necessidade de seguir os passos “encantar-seduzir-possuir-escapar-manipular-humilhar”. Ela vai dar pra você se demonstrar que pode ir um pouco além do compromisso consigo mesmo. E você enche a boca orgulhoso pra falar das suas atitudes distintas, contra-modistas, então ouve isso: cuida direito dessa menina, rapaz.”
“E a gente vai se olhar e rir de todo esse dramalhão, vou te chamar de bobo, você vai me chamar de besta e amanhã de manhã um outro sol, não mais tão quente e nem tão brilhoso quanto antes, vai nos convidar pra passear enroscados na calçada da mesma ruazinha apertada e sem graça de sempre, como sempre foi. E as pessoas vão perguntar se você voltou. E você vai dizer que nem foi.”
“Eles parecem mesmo presos, mas presos por aquele tipo birrento e obstinado de nó, o nó invisível. Eles também brigam, batem portas e saem por aí. Mas voltam rindo da cara um do outro, se aninham e dizem coisas como ‘não consigo ficar braba contigo’.”
Para os outros parece tão fácil. Já eu, me canso só de pensar em não ter você, ou estar com alguém diferente. Sim, de um jeito estranho e animalesco, como um macaco se comunicando através de gestos selvagens, mas que cansou de pular de galho em galho com medo de não haver tantos galhos assim, só estou aqui tentando dizer que te amo.”
Já não consigo dar passos tão largos. Eu ando desesperançado com as novas canções que duram pouco e repetem sempre a mesma letra.”
Mas eu sei que só estou atravessando uma fase. Até Madagascar a nado, parece. Mas uma fase.
Quero você aqui, no meio das minhas coisas, meus livros, discos, filmes, minhas ideias, manias, suspiros, recortes. Respirando o mesmo ar e todas coisas que alimentam àquela nossa, tua, minha inesgotável saudade. Entra, não pergunte se pode ficar. Vem e fica. Vai e volta.
“Sim, no mundo existem mil pessoas capazes de nos despertar amor, se a gente parar pra sentir”
“Não é incrível pensar que lá fora existe alguém pra você, que por enquanto é um completo desconhecido?”
“Eu quero uma coisa constante, eu quero você comigo. Eu queria que esses meus dois quereres entrassem em acordo.”
Um pouco triste reconhecer: não tenho mais me surpreendido com nada.
“Agora sofre. Deixa a lágrima rolar. Não por mim, por você mesma, te dê essa chance. Só assim estará apta a reconhecer os instantes felizes. Como eu, que usufruo um amor com sabor de morangos graúdos e garoas matinais e viagens urgentes que vem de repente rumo ao nada. Mas nunca descarte a dor, bem sabes, ser dois é tão delicioso que às vezes dói.”
“Não perca o agora, o hoje e tudo que está ao seu redor. Principalmente as pessoas. Pois, se não notou, é por elas que você busca grandes coisas. De todos os beijos que você dá, nunca saberá qual deles será o de despedida.”
Deixa a pirraça, o ranço,
as mágoas de lado, uai,
Pra trás, os pretéritos imperfeitos.
“…E eu tenho tentado dormir demais, querendo me congelar para o futuro melhor. Um futuro bom, assim como foi bom esse nosso passado. É o presente que não estou sabendo como viver. Acredite, hoje, estamos melhores separados. Ou, ao menos, mais verdadeiros.”
trecho de me deixem
“…O importante é que, não interessa sobre o quê, as pessoas querem expressar suas crenças, não querem ficar de fora, não custa nada — é o open bar das ideias…”
trecho de como ser legal
Nada a perder
Não me venha com “temos de conversar, aconteceu uma coisa”. Uma coisa não simplesmente acontece. Você precisa apertar um botão pra isso tudo “simplesmente acontecer”. Duas pessoas não resolvem dar uma escapulida sem antes um bom flerte, alguma negociação e um punhado de telefonemas.
Todos passam por isso, todos vivem aquele fragmento lúcido de tempo em que é necessário decidir entre resistir ou fazer a coisa – esta é diferença entre nós. Duas pessoas resolveram acontecer. Você está entre elas e é isso que dói um pouco. Outro erro grostesco na construção das suas desculpas esfarrapadas: não há mais o que conversar. Vamos evitar olhares de lamentações, desprezos e resignações.
O que você quer? Absolvição? Aplausos? Ver nos meus olhos uma ponta de dor? Que eu desague um rio de lágrimas? Correção? Desculpa entrar na brincadeira sem julgar seu acontecimento como uma mera molecagem credora de castigo. Nunca fui sua mãe e você já não é mais criança, posso afirmar, apesar da sua ingenuidade em pensar que assim a coisa soaria mais honesta. A pior ingenuidade é achar-se esperto.
Não importam os pontos já somados ou o quanto você foi legal, seremos julgados eternamente por um único e isolado e grande erro. Sinto muito, é assim que funciona. Não existe justiça nisso que chamamos de “vida”. Às vezes somos resumidos por aquilo que só fizemos uma vez, se acaso aquilo que só fizemos uma vez modificar alguém para sempre.
Aliás, foi melhor? Foi bom? Me diga. Me conte. Roteirize a cena pra mim. Vamos lá, eu quero saber. Entrei no seu jogo e estou dando uma oportunidade pra você se gabar. Não desperdice. Pegue. Foi bom? Foi melhor? Espero no mínimo um sim, que tenha valido a pena, porque você pôs a perder algumas coisas que até ontem pareciam importantes. Defenda-se.
Sabe, sobre esse seu “amor” que você está dizendo. Eu posso ouvir você dizer milhares de vezes, mas não significa que uma junção de palavras vai me fazer sentir como era antes, tudo outra vez. Seria até bom se você ficasse quieto e deixasse a reputação do amor intacta. No futuro ouvirei de alguém que esse alguém me ama e quero ter um conceito melhor sobre isso.
Vamos fazer assim. Sem traumas. Sem dramas. Sem dores. Seria exagero dizer que você faz o mundo melhor. Você não é pra tanto, mal dá pro gasto. Mas que fica tolerável, não posso negar. É que… já não estamos nos falando direito mesmo, então acho que preciso aproveitar que nós dois não somos uma aposta segura a longo prazo e que também não sou assim, tão louca por você.
Nada parece fazer diferença agora e tudo indica ser uma boa hora pra largar mão disso de qualquer forma. Não é como se estivéssemos perdendo algo. Eu vou dar uma volta, refrescar as ideias. Quando eu voltar, não quero mais vê-lo aqui. Se ainda estiver, então entenderei que sou eu quem deve sair.
Garotas são loucas, se fossem vendidas em frascos, viria rotulado: contém 1 drama.
trecho de raspas e restos
“Existem aqueles dias radiantes que a gente acha que sente que chegou a hora. Só que na maioria deles, a realidade tem preguiça de superar os sonhos mágicos desse meu coração, esse que também serve de depósito para restos de amores que me acertam de raspão. Olha, não sei qual dói mais. Quando acaba, quando sentimos que acabou, ou quando a gente precisa cair na real que acabou e já faz tempo.”
E eu tenho tentado dormir demais, querendo me congelar para o futuro melhor. Um futuro bom, assim como foi bom esse nosso passado. É o presente que não estou sabendo como viver.
Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento.
A gente é saudade.
Olha, não sei qual dói mais. Quando acaba, quando sentimos que acabou, ou quando a gente precisa cair na real que acabou e já faz tempo.
“Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.”
Sem essa de fazer besteiras às pencas por confundi-las com felicidade, isso é credencial pra ser imbecil. O certo e o errado nascem pra todos. Nada de mostrar meus dentes tortos e urrar na fuça alheia a maior injustiça sobre o cio da terra: a mediocridade.
“Você é um dos melhores motivos que eu tenho para me manter longe de eventos que possam abortar meu viver”.
Se é da natureza terráquea dar valor demasiado ao que não possui, Freud que explique. A questão é evitar experimentar uma das dores que mais dói: a de não ter destinado valor suficiente ao que não se tem mais, quando se tinha.
Amor não é paixão. Fazer sexo não é fazer amor. Ódio não é amor. Amor não é fogo, não é chama, não é amizade, não é casamento, nem compromisso. Amor não é namorar, não é chorar, não é beijar, não é desejar, não é saudade. Amar não é estar-se preso por vontade. Não é servir quem vence o vencedor.
Amor não vai. Amor é o que fica. Amor é resto. Amor é o que sobra do que foi supracitado. Amor não é onda, é o mar. É o companheiro que não abandona depois que todas as fervorosas sensações se foram. Paixão, ódio, saudade, sexo, casamento, desejo são como trens. Amor é estação.
Palavras afins
Se um dia voltares, destranque as portas que bati na boca do seu estômago. Se não, saiba que por irônica coincidência, fomos perfeitos. Eu, estátua. Você, liberdade. Por ora, me manterei afastado. Por birra, preguiça ou medo simplesmente. Não sei se é uma preparação pra não ter você ou se tenho pavor de medir o tempo ou, quem sabe, um receio covarde de que a gente não saiba terminar e deixe passar nosso prazo de validade por i-meios cada mês mais curtos.
Muitas pessoas ficaram pra trás, outras tantas deixei passar. Não sei de que lado você está. Bem. A vida segue, não sei como, mas é confortável pensar assim. Talvez eu esteja desafiando alguma lei da física, mas já tenho saudade de um futuro que não viverei. São as estradas da vida. Só se pode seguir uma delas, sem nunca saber como seriam as outras. Acontece assim também com alguns amores.
Se o amor não é uma cartela com pequenas drágeas de paz, então não existe.
Seu quarto, sua varanda, seu pensamento, que deveriam ser o lugar pra onde sempre se quer voltar é o primeiro do qual você quer fugir? Não confio em gente que não gosta da própria companhia. “Todo animal fraco anda em bando”, foi o que disse o narrador do Discovery Channel.
É sofrido resistir à tentação de ser igual aos outros, de ansiar romances burgueses, de não coagular as feridas abertas pelos espinhos de um caminho que prometia uma paisagem botânica na adolescência, rendido em uma espécie de diabetes emocional. Não perder-se de si mesmo já é mudar o mundo e não é fácil acostumar-se em pavimentar a própria estrada com placas e leis com o próprio sobrenome.
A distância que separa um Martin Luther King, um Paulo Coelho, um Steve Jobs, um Chico Mendes, um John Lennon dos outros seis bilhões de pessoas é vasta, eu sei. Contudo, pode ser resumida em uma palavra: atrevimento. O mundo é de quem ousa, de quem ama alguma coisa, quem habita dentro do velho moço, a quem não perdeu o costume de matar as aulas inúteis.
Sério, nunca desista de seus sonhos. Desista dos sonhados por mim, pelo seu companheiro, pelos seus pais, pelo seu vizinho, pela televisão, pela Gisele Bundchen, pelo Selton Mello, pelo Barack Obama, pelo Ronaldo Fenômeno, pelo casal do Jornal Nacional. Desista dos sonhos dos outros.
Nunca dos seus, por mais bobos, românticos e impossíveis que pareçam.
A vida é feita de fragmentos de verdade e cada um escolhe a alienação que melhor lhe convém, visto que passaremos a vida toda buscando provar nossas crenças. Homens são todos cafajestes? Mulher gosta é de dinheiro?
Casamento é uma instituição falida? Romance é capítulo de livro de história? Amor é ilusão? Você é quem sabe. Você é quem sai na rua atrás de pessoas compatíveis com sua fé para validar sua realidade, se relacionando com malandros e interesseiras, firmando matrimônios fadados à bancarrota e fugindo de romances e do amor pela porta dos fundos. Se consola, um dia você esfregará na cara dos outros a exatidão sóbria que escolheu padecer.
Eu poderia te dizer aquelas doces mentiras sinceras – “você-é-minha-vida”, “não-sei-o-que-seria-da-minha-vida-sem-você” ou todo esse tipo de porcaria que a gente diz no calor da hora. As pessoas são assim, dizem que não sabem viver sem você. Depois aprendem e esquecem de comemorar contigo. E deixam vazio o lugar que sempre será delas. Eu não, simplesmente estou aqui. De vez em quando sujo, entediado, agressivo, mal-humorado, triste, calado e chato. Mas aqui.
Às vezes, a gente deixa de viver belas histórias de amor arranjando essas listas pessoais de razões intimistas.
Mas eu preciso ir, não posso falar contigo agora. Tenho pressa de apertar o play. Dá licença? Então sai debaixo da minha sacada. E da próxima vez que sair na chuva, vê se antes aprende a se molhar.”
Sem grandes esperanças. A gente não foi um sentimento, só uma estação.
Trecho de “O tempo todo.”
E a gente vai se olhar e rir de todo esse dramalhão, vou te chamar de bobo, você vai me chamar de besta e amanhã de manhã um outro sol, não mais tão quente e nem tão brilhoso quanto antes, vai nos convidar pra passear enroscados na calçada da mesma ruazinha apertada e sem graça de sempre, como sempre foi. E as pessoas vão perguntar se você voltou.
E você vai dizer que nem foi.
“Mas não existe recomeço sem um fim. E no final das contas, ninguém dá adeus, do amanhã não se sabe. Vai que um dia, numa determinada situação, em algum bar de esquina, nos encontraremos novamente? Nenhum amor é eterno.
A grande maioria desiste. Eu, só estou abrindo mão. Concordo contigo, também aconteceu comigo: o meu coração partiu. Para outro lugar.
Sem traumas. Sem dramas. Sem dores. Seria exagero dizer que você faz o mundo melhor. Você não é pra tanto, mal dá pro gasto. Mas que fica tolerável, não posso negar. É que… já não estamos nos falando direito mesmo, então acho que preciso aproveitar que nós dois não somos uma aposta segura a longo prazo e que também não sou assim, tão louca por você. Nada parece fazer diferença agora e tudo indica ser uma boa hora pra largar mão disso de qualquer forma
“Ok, não vou mentir, tenho sentimentos de amor por você. Mas estou deixando de alimentá-los. Um dia eles morrem.[…]
É assim, tudo que não gera felicidade, degerenera, morre na impermanência. Nem pra sempre, nem nunca mais.”
A questão é evitar experimentar uma das dores que mais dói: a de não ter destinado valor suficiente ao que não se tem mais, quando se tinha. Como diz um velho ditado chinês: ‘perderá os pombos das mãos se tentar pegar os que estão voando’.
“A gente já foi fundo demais, não há mais como cair. De agora em diante, o maior risco que a gente corre é ser feliz.”
“Sempre que paro pra me ouvir, boto fé em nós. Ontem eu pensei seriamente em aceitar suas vírgulas, se você não encucar com minhas reticências. Quem sabe assim a gente permaneça cada dia mais perto, e tão longe de um ponto final.”
E amanhã será um novo dia igual a este. Mas, de que adianta desejar um novo dia se, ao mesmo tempo, desejo também um mesmo e velho erro? O relógio devia me dar um tempo ou parar até eu me resolver. Por isso vim. E, também por isso, quase não vim. Entre nós, a verdade é que ninguém tá nem aí pra ninguém.
Bastam uns dias sem te ver pra eu já não saber o que fazer com os próximos.
Quando vê a gente se perde. É só tudo perder o sentido e a gente se separa. É só a gente se separar pro sentido voltar. O brabo é toda hora ficar procurando uma nova canção que sirva pra nós.
As coisas que acabei de dizer, leve em consideração só até a meia-noite. Eu sempre tento virar a página sem grifar as partes importantes com alguma caneta de cor alarmante. Mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase.
Quando uso o humor como escudo, é ironia. Quando uso o humor como arma, é sarcasmo.
Não quero jogar tudo fora a não ser que seja realmente obrigada, mesmo que muitas vezes ele ponha em prática esse plano subliminar de me perder.
Ele tem um jeito de me tocar, de caminhar com as mãos no espaço entre minha pele e a roupa, sem parar de me analisar o corpo, cheio de fome e ternura e calor. Eu sei que foi por isso que voltei, que volto, toda vez. É quando eu fico por baixo que a verdade se esfrega nos meus olhos e se infiltra pelos meus poros. Com o mapa do meu corpo, ele me prende nos meus becos e dança nas minhas avenidas. Eu não tenho saídas.
Já sei, vamos ficar acordados pensando em como consertar tanto estrago e vamos falhar mais uma vez.
Como algo pode ser tudo e tão pouco ao mesmo tempo? Como pode alguém não saber viver sem e nem com?
O curioso é que ele ainda consegue me surpreender. Sempre arruma um novo jeito de me machucar.
Garota, sabe, tenho uma saudade do cheiro da sua pele, tanta, que às vezes me dá uma vontade ridícula de chorar. Não só pelas vezes que minha memória olfática retroativa seu perfume de talco e amêndoas. Mas porque me vem uma certeza que eu ainda tinha mais pra amar, muita coisa pra admirar, outros pontos epidérmicos pra jamais esquecer. Você tinha alguma coisa, um segredo, uma receita que as outras não têm, não sei.
As pessoas não se apaixonam muito hoje em dia. Elas preferem estudar, ganhar dinheiro e viver outras experiências. Faça uma enquete rápida e concluirá que quase ninguém crê no amor. Quando mais você sabe da vida, menos você se apaixona. A paixão nasce da ignorância: quanto menos sei sobre você, e mais eu quero saber, mais vulnerável eu fico. Só que atualmente ninguém mais quer saber de ninguém, além de si mesmo. Todos uns cínicos.
Mas agora acabou. Sei que valeu a pena quando me pego sorrindo lembrando as loucuras que fizemos.
A verdade, o que
realmente importa
mora dentro de mim,
longe do binóculo
alheio. O resto é
cena, ego, poeira.
Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata.
Não entendo. Tem gente que não consegue se afeiçoar à própria mãe e acha que vai amar até a morte um sujeito qualquer que conheceu no banheiro de uma festa idiota.
E estou pouco ligando, na verdade. Muito cedo eu aprendi a perder. E me saí bem, eu acho. Tanto que talvez eu não saiba fazer outra coisa
“De agora em diante, o maior risco que a gente corre é ser feliz.
Às vezes não parece, mas você é adorável, garota. E se o mundo não tem dado a mínima pra você, o azar é do mundo, e não seu.
É o jeito, o cheiro, o modo de vestir. Como caminha, como olha, como para. Não sei, eu amo.
“
Não sei. Sei que eu inexplicavelmente estou na tua e você sabe disso.
Eles também brigam, batem portas e saem por aí. Mas voltam rindo da cara um do outro e dizem coisas como “não consigo ficar bravo contigo.
O diabo é quando pertencer a alguém antagoniza o eterno e anunciado bônus de ser livre. Muitos amores só existem por resistir ao primeiro desencontro e esperanças são lançadas sobre recomeços, quando o imprevisto acontece e alguém te encontra. E te reecontra. Te reinventa. Te reencanta. Te recomeça. Tudo muito lindo, não adianta fugir. Só que nessas paixões urbanas, ninguém fica, muito menos a primeira impressão. Então, que seja como deus quiser.
A gente só vive uma vez, você tem certeza que você é aquilo que gostaria de ser?
“E amanhã será um novo dia igual a este. Mas, de que adianta desejar um novo dia se, ao mesmo tempo, desejo também um mesmo e velho erro?”
“E nada aconteceu. Eu meio que sabia onde as coisas iam dar – foi quase, mas não deram. Não deu. Não dei. Valeu a tentativa, o empenho, o interesse. Eu não estava prestando muita atenção, mas posso sentir em algum lugar aqui dentro de mim que foi bonito. A gente ainda vai se falar por aí, essa não é a conversa final, eu sei como você é.” -Gabito Nunes (via partedopercurso)
“Só que agora você deve estar, sei lá, pegando uma outra garota pra levar ao cinema. E tudo bem por mim, sério mesmo. Sei bem que você sabe que a tal não merece mais que uns pacotes de pipoca, restaurante, beijos no carro. Posso imaginar como ela vai dizer, sei lá, me liga. E você vai responder com seu velho e irritante a-hã. Sabendo que não vai ligar. Não porque é um cara ruim, mas pela recorrente sensação de que acabou de largar em casa um quebra-cabeças de três mil peças que, olhando o modelo na caixa, talvez até valha o trabalho de montar. Mas, poxa vida, são três mil peças. E você detesta montar coisas.”
Por você, tratei de ajeitar as coisas no meu peito como alguém que limpa a casa para receber visitas.
Eu não estou perguntando se você quer que eu fique. Estou dizendo que vou ficar e pronto. Certo, não precisa. Eu sei, você não precisa de nada e de ninguém, além de ficar sozinha.
Minha tarefa é passar o fim de semana vigiando seu telefone, sua internet, selecionando quem você vai atender, com quem você vai se comunicar. Existem amigos com quem se faz besteira, e amigos que evitam besteiras, sou mais dessa segunda turma.
(Olhos líquidos)
O que eu não entendo, criatura, é como você continua estacionando seu coração em local proibido. Você já não foi multada que chega? Onde mais precisa doer pra você levar jeito? Uma garota tão bonita e gente boa.
(Olhos líquidos)
Eu não sei o que dá na cabeça de um sujeito desses te fazer triste assim.
(Olhos líquidos)
Ninguém vai perceber seu riso postiço, o mundo inteiro vai estar ocupado sorrindo com você.
(Olhos líquidos)
E daqui vejo seu sorriso, sei bem do que ele é capaz de fazer.
(Olhos líquidos)
– Você parece mais dura hoje em dia.
– Mais decidida, você quer dizer.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)
Não quero ser um amante. Não que eu queira casar também, ou me meter com alguém. Não quero nada. Nada com nada. Por isso estou aqui, eu acho. Pura distração.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)
Sei lá, já aprontei tanta besteira que rezo todas as noites para Deus não existir, só assim me poupo de ir parar no inferno.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)
E eu não sou mais aquele cara de dezenove anos. Eu cresci, me modifiquei, ganhei algumas rugas, tirei lições, tenho um punhado de experiência, e até agora ninguém entrou com pedido de beatificação.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)
– Bom, eu também mudei. Você precisa saber, eu não sou mais aquela garota sonhadora de dezoito que acreditava no verdadeiro amor.
– Sei que você está se defendendo e tudo, mas não vejo como isso que você acabou de argumentar possa ser uma coisa boa.
– Eu sou mais segura.
– Mais rígida, você quer dizer.
– Mais sóbria e realista.
– Menos meiga e delicada, eu diria.
– Mais racional.
– Menos entusiasmada.
– Menos lamentosa.
– Estóica.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)
Quem é capaz de explodir de raiva, também é capaz de explodir de amor.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)
– Não conte com isso. Não cultive grandes esperanças. Eu quero andar com os pés no chão. Numa areia que não me queime os pés. Cansei dessa vida movediça. Chega de romance de prosa e verso.
(Cactos)
– Tudo bem. Pronto, já te soltei, a porta está aberta. Vai. Pode ir. Anda. Vá atrás do seu homem de verdade. Amores de plástico te esperam. Sorte, garota.
(Cactos)
Você vive fugindo de tudo, da intimidade, do carinho, dos domingos, de você e de mim. O que eu quero saber é: por que você ainda não saiu atrás do seu amor de plástico?
(Cactos)
Fica procurando mudas de Amor-Perfeito e não lembra que no deserto as flores não germinam. Só os cactos. Tudo que você precisa são cactos, mas deseja flores coloridinhas. Você não dá valor ao que tem, só às coisas idiotas que te dão vontade. E mesmo quando consegue, não interrompe as buscas.
(Cactos)
Com as pequenas inúteis discussões diárias a gente aprende que as pequenas mentiras são necessárias.
(Não pode ser verdade)
Se você não quer saber a verdade, faça como eu, não pergunte. Apenas abra caminho, sorria e aguente o tranco.
(Não pode ser verdade)
Ela sempre foi assim, a minha garota. Pró-ativa e descrente na força do acaso. Quando sentia algo mudando, se antecipava e mudava tudo ela mesma.
(Não pode ser verdade)
Na hora, eu quis perguntar se tinha algo a ver com outra pessoa, mas quando estão nos abandonando ninguém nunca menciona nome de terceiros, sempre dizem nada ter a ver com outras pessoas, como se não existisse mais ninguém na cidade. E três semanas depois já estão num relacionamento sério, segundo alguma rede social que você precisará suicidar seu perfil se quiser passar os dias como um cidadão com os batimentos cardíacos moderados e operacionais.
(Não pode ser verdade)
Quando há sol e você tem um monte de gente pra conversar, fica fácil de suportar. O brabo é pelas dezoito horas, quando a noite vem.
(Não pode ser verdade)
Talvez eu seja algum tipo de oficina de homens que sofreram maus tratos de algum momento do relacionamento anterior. Quem sabe eu compre um espaço no jornal e coloque um anúncio com a descrição dos serviços oferecidos, pois claramente meu negócio está indo bem. Deveria existir uma parte no meu cérebro, um órgão qualquer, que regule as propagandas enganosas que chegam à tela do meu córtex, que selecione melhor o que vai me tirar o ar, já que que auto-censura nunca foi meu forte.
(Eu já sabia)
Acho que é por esta razão que as pessoas tanto associam o amor à mágica. Às vezes alguém me mostra um pouco dele, e depois o faz desaparecer numa cartola. E eu me pergunto: ei, como você consegue fazer isso?
(Eu já sabia)
Desculpa por agir feito uma diabinha sempre espetando com um tridente nossos ocasionais dias de sossego.
(Eu já sabia)
Na cooperação de um revezamento, é a vez do corpo se mexer enquanto o cérebro dorme.
A favorita do meu MP3 Player para longos percursos é “You Can’t Always Get What You Want”, dos rapazes dos Stones. Você não precisa de análises, conselhos ou guias, quando tudo se resume naquele refrão te dizendo Você não pode ter tudo aquilo que você quer. Mas você pode tentar, às vezes.
(Tudo um dia pode acabar)
Nem sempre, por vezes quase nunca, você conseguirá as tralhas materiais que cobiça, o patamar social, ou as pessoas que te fazem bem por perto. Elas podem morrer, afogar-se na inconsciência de um Alzheimer, chafurdar em alguma droga, jogar-se de uma janela alta, ou simplesmente decidir que não querem mais ficar perto de você.
Tudo um dia acaba. Assim como o tênis velho que, de tempos em tempos, abre espaço para um com cheiro de novo. Que continuará ensinando – andar não significa perseguir.
(Tudo um dia acaba)
Embora não fosse muito afetivo, sempre tinha uma frase amena de carinho ou correção, e abraços silenciosos de sobra.
(O que falta aos jovens.)
O que falta aos jovens é alguém para querer ser, quando crescer.
(O que falta aos jovens)
Traga cigarros, um sorriso improvisado e um pano pra grama que caiba nada mais que nós dois.
(Campos de morango pra sempre)
Ficar comigo na teoria pode ser mais doce que na prática, mas você vai se acostumar. Eu vou me acostumar. A gente se acostuma com tudo. Você vai ver.
(Campos de morango pra sempre)
E o engraçado é que nunca choro na frente dele, ele deve me achar uma dinossaura insensível.
(Tempo + espaço = sinto sua falta)
Preciso de quem amo para compartilhar tudo aquilo que sonhei. Ou não faz sentido.
(Tempo + espaço = sinto sua falta)
A gente sonha sozinho pra depois realizar com alguém. Complicado isso.
(Tempo + espaço = sinto sua falta)
Do que eu tenho medo? Deixa eu ver. Sei lá, de repente de chegar um dia e ver que foi tudo em vão, que não valeu a pena, cada gesto ou cada ação, cada investimento e concessão.
(Tempo + espaço = sinto sua falta)
Acho que tenho medo mesmo é dela inteira, mais do que, sei lá, de assalto ou de avião. O que é estranho, porque ela é tão pequenina e delicada e inofensiva.
(Tempo + espaço = sinto sua falta)
Se eu bem te conheço, basta me despedir usando a tática do me-liga-qualquer-coisa. Foi assim, desse jeito, que até hoje nenhum dos seus adeus durou para sempre.
Eu não desisti dos meus sonhos, mas às vezes acho que eles desistiram de mim. Cansaram de me esperar.
(“Anabell” sobre seus sonhos, seu nome de batismo e a garota maravilhosa que você é)
Alguns dizem que o amor é contagioso, e se isso for verdade, o deles me pegou como um vírus mutante e letal.
(Contra o Mundo)
As coisas não andavam boas, no geral; eu estava de saco cheio de tudo, amargurado com os relacionamentos, logo, empenhado em provar que o amor perfeito não existia ou, ao menos, não era bem como estava sendo anunciado.
(Contra o mundo)
Se você deixasse tudo de lado, por cinco minutos, e escutasse tudo que meus olhos têm a dizer, eu diria tudo em silêncio, sem precisar falar.
É proibido. É um tabu social. É uma contravenção. É contra o mundo. Tudo, nossas afinidades, nossos passeios distraídos, nossos telefonemas escondidos, nossos pequenos encontros em ruas desertas, nossas canções dedicadas, nossos beijos no escuro do cinema depois de comprarmos os ingressos e enfrentarmos a fila estrategicamente separados, paranoicos e suarentos de nervoso. Putz, o que a gente vai fazer agora?
(Contra o mundo)
Essa pose de menina-meiga-santinha era só disfarce. No fundo você esconde o veneno alecrim-doce de uma mulher.
(Contra o mundo)
Mas sabe como é, ou você se absolve em algum nível ou vai passar o resto dos dias odiando você mesmo. E o que eu aprendi com isso tudo? Não sei. Talvez que todos nós cometemos erros. Afinal, somos todos humanos. Alguns, à sua estranha maneira.
(Contra o mundo)
Sou uma amor-ateísta. Praticante, militante e xiita. Uma mulher-bomba sem coração.
(Até quando)
– Ando querendo me apaixonar de novo. Estou fazendo alguns laboratórios.
(Até quando)
Quem me machuca com a verdade merece todo meu perdão.
(Até quando)
Ele soube ser legal comigo e era mais ou menos isso que eu precisava para facilitar as coisas. Perdão pela simplicidade, pela falta de um enredo promíscuo ou apaixonado ou cheio de traições e culpas e intrigas, mas é por aí mesmo.
(Só um garoto)
Cantor: Peter Frampton
Banda: Radiohead
Eu sei que não vai funcionar, a não ser que alguém crie uma lei proibindo as garotas de irem pra cama com quem não estão verdadeiramente apaixonadas.
(Tudo pode dar certo)
Nossa relação era apenas um jogo de hesitação. Duas pessoas frequentemente ameaçadas pelo eu-gosto-de-você nunca dito por ninguém, sob pena de um dos lados ter de pagar o preço integral pela sempre provável hipótese da não-correspondência.
(Tudo pode dar certo)
Música: Bed Of Roses – Bon Jovi
(Texto: Tudo pode dar certo)
Se você adora uma certeza, fique longe desse tipo movediço de campo de sedução atulhado de descargas elétricas de ilusão e difusão semântica; onde um olhar, um sorriso, um gesto, uma palavra podem representar mil coisas além de apenas um olhar, um sorriso, um gesto, uma palavra. Você pode também acabar confundindo-se, escancarando intenções estúpidas e incomodando vizinhanças.
(Tudo pode dar certo)
Sou essa mistura bioquímica de menina, garota e mulher, e talvez me apaixonar seja minha principal atribuição. Sei lá. Sei que se eu fizesse algum dinheiro com isso, quem sabe os caras da revista Time tocassem minha campainha pra fazer algumas fotos, ou eu estaria agora mesmo respondendo o convite de algum talk-show pra falar sobre amores ardentes, martírio e desilusão. Enfim, eu me apaixono toda semana, das formas mais inéditas. Essa última só fez me flagrar o quanto sou imatura, nada que eu já não desconfiasse.
(Coleção)
Acontece com os rapazes mais intoleráveis, entre os tipos, viciados em cheirar ex-namoradas, ostentadores de cavanhaque, adoradores de mãe e líderes de bandas de garagem fracassadas com nomes levianos.
(Coleção)
Agora as pessoas só pensam em baixar, baixar, baixar. As canções e as calcinhas. Sério, quem convidou 2012?
(Coleção)
Só pra ver se você me nota e vê em mim o que ninguém até hoje enxergou.
(Coleção)
Me pega. Me preenche. Me puxa. Me cheira. Me vira. Me controla. Me treme. Me suja. Me tonteia. Me machuca. Nos próximos dias só quero lembrar você através de hematomas.
Não entenda mal, eu vou querer um romance. Sem gelo, por favor.
É o jogo, quase sempre a felicidade de um, começa na queda de outro. Um beijo carinhoso na testa, com “toda nossa saudade e o nosso amor de sempre”. Descanse bem tranquilo. Se conseguir, claro. Porque daqui vamos continuar fazendo barulho.
(Carta aberta para Caio Fernando Abreu)
Garotas não sabem ser solteiras aos domingos, e há domingos praticamente toda semana, coisa que as empurra para um relacionamento sério e duradouro.
(Se isso não é amor, eu não sei o que é)
Com boca, dentes e saliva, você desmente minhas neuras, desarma meus complexos infantis de feiúra, um por um, cheio de malícia, paciência e atenção, intercalando lambidas, paradas estratégicas e olhares experimentais. É madrugada, é tarde, eu preciso ir, melhor nem começar, vamos finalizar isso separados, cada um na sua casa, no chuveiro, vai ser melhor.
(Entra em mim)
Como pode? Você tem terceiro grau, sabe escrever e não sabe o significado da palavra “não”?
(Entra em mim)
Você foge da minha intensidade, e mal sabe que também posso ser bem superficial, se eu quiser.
(Vaivém)
Você ouviu de alguém que ando deprimido e ficou contente e perguntou mais coisas sobre mim que eu sei, também tenho minhas fontes.
(Vaivém)
Você se tornou uma pessoa totalmente diferente depois que eu mudei muito.
(Vaivém)
Não posso explicar, mas me dá uma sensação que está tudo bem, de verdade. Posso me sentir mudando pra melhor, sei que estou esquecendo, tudo passa, eu passeio. Meu personagem não convence.
(Vaivém)
Eu sei que você sabe que eu sei que só eu sei como te tranquilizar no primeiro abraço.
(Vaivém)
Você finalmente pega no sono e me faz prometer que não vou soltar sua mão. Chega uma hora que a verdade dá as caras e eu te tenho em mãos, mais uma vez.
(Vaivém)
Não está tudo bem agora, pequena. Mas vai ficar.
(Vaivém)
É como um balão de gás hélio. Solto no céu, chama atenção. Preso na mão é só um enfeite. Deixa voar, quem sabe ele volta pra tua mão.
(Vaivém)
Existiu, talvez, um tempo em que era tarefa fácil não ser babaca – ou não tínhamos tanto acesso à babaquice. Hoje é diferente. Para não virar sócio desse clube cada vez mais numeroso, você precisa de manutenções diárias, de precauções permanentes, cuidados especiais, de testes, análises e relatórios, talvez um aplicativo no seu celular babaca da moda. Enfim, você precisa realmente trabalhar isso.
(2011 foi um ano ruim)
Você acha mesmo que tem ainda uns dez anos para dizer o que realmente importa às pessoas que ama? Doce ilusão. Seu tempo acabou. É hora de repensar sua contribuição diária ao clube. A gente só vive uma vez, você tem certeza que você é aquilo que gostaria de ser? Olhe uma foto sua enquanto criança e compare com o que você se tornou. Se você morrer hoje (acredite, pode acontecer), é assim que você gostaria de ser lembrado? É hora de deixar de ser babaca. Não é bolinho. Eu estou bem no início, recomeçando tudo outra vez, do zero. E você?
(2011 foi um ano ruim)
Foi alguma coisa que eu fiz? Que eu não fiz? Que você nem queria mesmo que eu fizesse, mas seria legal demonstrar interesse em fazer?
(Bicho-do-mato)
Já sei, alguma das minhas piadas estúpidas. Olha, não vou me desculpar, eu sou assim, se eu tiver que desdizer qualquer bobagem que eu disser, não terei mais tempo para outra coisa.
(Bicho do Mato)
“Eu sei onde você quer chegar. Olha, vou ser honesta contigo, algo me diz que você merece. Eu não sou interessante. Você entende? Sei como é, só porque eu sou bonitinha, eloquente e meio exótica, com seus olhos você enxerga uma garota inteligente, divertida, culta, impressionante, talvez boa de cama. Eu não sou nenhuma dessas coisas. Eu não tenho graça nenhuma.”
(Bicho do Mato)
Talvez eu até mereça essa sua atenção momentânea, mas, a longo prazo, sou uma garota que não funciona direito. É como se eu fosse uma vitrola antiga, com a agulha defeituosa. Se você parar para prestar mais atenção em mim, vai se dar conta de que eu fico roçando no vinil e atrapalhando a música, provocando aqueles ruídos que dão agonia nos dentes. E sabe o que é pior? Eu não tenho conserto, não há peças de reposição no mercado, sou uma causa perdida.
Você só anda com problemas de autoestima. Eu acho você bonita e atraente. Você se acha pouco, e por mim tudo bem, eu não preciso de muita coisa para ficar feliz.
(Bicho do Mato)
Esse tipo de gente não me encanta.
(Bicho do Mato)
É isso que eu gosto em você, seu realismo, sua espontaneidade, sua falta de modos. É isso que eu acho bonito numa pessoa, você vive sua vida, aceita suas limitações, não dá muita bola para o que os outros vão achar. Às vezes eu acho as pessoas tão igualmente diferentes, sempre pendurando arengas no pescoço e fazendo um esforço tremendo para parecer legal. Você é você. Estou certo que existem almas formidáveis por toda a cidade, mas se eu fui gostar logo de ti, isso quer dizer alguma coisa.
(Bicho do Mato)
Eu fico aqui pensando, que problema mental será que você tem pra gostar tanto assim de mim. Inábil, patética, dentes tortos, queixuda, e de cabelos oleosos.
(Bicho do Mato)
Sempre que um cara diz que gosta de mim, acho que ele está zoando comigo.
(Bicho do Mato)
Você só está complicando as coisas porque está preocupada que isso possa ser uma coisa importante. Você não quer se comprometer.
(Bicho do Mato)
É, eu não quero me comprometer. Eu agradeço sua atenção, mas estou dando todas as chances pra você desistir. Aceite minha oferta e pense bem, caia fora, garoto. Ou eu não me responsabilizo.
Às vezes estou por cima, às vezes estou por baixo. Mas estou sempre por alguma coisa. Por alguém. Por aí. Por você. Pelos metrôs. Por uma coisa diferente. Pela coisificação dos romances.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
Saudade é pra quem sente amor. Sentir falta é pra quem sente vazio. Só um buraco.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
Se bem me conheço, vou me arrepender e te procurar, eu sei.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
Vamos viver uma coisa por vez. Só aceitei perder você porque foi de W.O.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
E amanhã será um novo dia igual a este. Mas, de que adianta desejar um novo dia se, ao mesmo tempo, desejo também um mesmo e velho erro?
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
O relógio devia me dar um tempo ou parar até eu me resolver.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
Entre nós, a verdade é que ninguém tá nem aí pra ninguém.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
Se não for pedir muito, emita algum sinal, deixe um alô na minha timeline, que eu vejo aqui do meu lado, assim que lembrar das senhas pra te ganhar.
(Espero que contigo esteja tudo mais ou menos)
Não tenho dado tudo o que ela quer, quando ela sabe o que quer.
(Intimidades)
“Eu aceito o que você tem de pior porque preciso do que você tem de melhor”
(Intimidade)
Às vezes sou tão pateticamente inseguro.
(Intimidade)
Garotas são loucas, se fossem vendidas em frascos, viria rotulado: contém 1 drama.
(Qualquer idiota diz eu te amo)
Garotas não desaparecem sem um truque na manga, anota isso aí.
(Qualquer idiota diz eu te amo)
“não vamos discutir a relação sem efetivamente estarmos em uma”.
(Qualquer idiota diz eu te amo)
Amo demais. Sem discursos, sem frase de efeito, sem irresponsabilidades. Eu sei porque se não fosse tão forte eu não ficaria sem palavras.
(Qualquer idiota diz eu te amo)
Não me venha com “temos de conversar, aconteceu uma coisa”. Uma coisa não simplesmente acontece. Você precisa apertar um botão pra isso tudo “simplesmente acontecer”.
(Nada a perder)
Duas pessoas não resolvem dar uma escapulida sem antes um bom flerte, alguma negociação e um punhado de telefonemas.
(Nada a perder)
O que você quer? Absolvição? Aplausos? Ver nos meus olhos uma ponta de dor? Que eu desague um rio de lágrimas? Correção? Desculpa entrar na brincadeira sem julgar seu acontecimento como uma mera molecagem credora de castigo. Nunca fui sua mãe e você já não é mais criança, posso afirmar, apesar da sua ingenuidade em pensar que assim a coisa soaria mais honesta. A pior ingenuidade é achar-se esperto.
(Nada a perder)
Não importam os pontos já somados ou o quanto você foi legal, seremos julgados eternamente por um único e isolado e grande erro. Sinto muito, é assim que funciona.
(Nada a perder)
Às vezes somos resumidos por aquilo que só fizemos uma vez, se acaso aquilo que só fizemos uma vez modificar alguém para sempre.
(Nada a perder)
Aliás, foi melhor? Foi bom? Me diga. Me conte. Roteirize a cena pra mim. Vamos lá, eu quero saber. Entrei no seu jogo e estou dando uma oportunidade pra você se gabar. Não desperdice. Pegue. Foi bom? Foi melhor? Espero no mínimo um sim, que tenha valido a pena, porque você pôs a perder algumas coisas que até ontem pareciam importantes. Defenda-se.
(Nada a perder)
Seria até bom se você ficasse quieto e deixasse a reputação do amor intacta. No futuro ouvirei de alguém que esse alguém me ama e quero ter um conceito melhor sobre isso.
(Nada a perder)
Nós dois parecemos um retrato mal-falado do que nunca poderia dar certo. Assim, evito olhar direto no seu rosto pra não dar aquela vontade insana de querer uma porção de coisas contigo, mas longe daqui, em algum lugar escondido dessa gente de papos que dão engulhos.
(Espera eu vou contigo)
Tudo bem, ando mesmo um pouco diferente e absurda, hoje adoro acordar cedo em segundas-feiras, cheia de ataques cardíacos.
(Espera, eu vou contigo)
Eu sou, bem, virgem no assunto – seja cuidadoso comigo. Desculpa, mas foi o desajeito vago que arrumei pra dizer que andava a fim de você, que namorar você é minha segunda intenção. A primeira é ser feliz na sua cama de solteiro, um sábado inteiro.
(Espera, eu vou contigo)
Você nasceu sem o gene da coragem, mas vai ficar tudo bem.
(Espera, eu vou contigo)
Eu queria ter mãos pra segurar tudo com firmeza e não deixar nada escapar, ao menos uma vez.
(Espera, eu vou contigo)
Você sorri e me parte em duas. O lado A que deseja dar tudo fácil; e o lado B, que pede pra receber alguma coisa em troca, se por acaso algo rolar. Obrigada.
(Espera, eu vou contigo)
Sabe, embora às vezes pareça, algumas pessoas – aquelas bonitas como nuvens em dia de vento solar – não são assim, tão impossíveis de tocar.
(espera, eu vou contigo)
Você tem um jeitinho de falar bonito que fica ainda mais bonito porque não o desperdiça debatendo por que os homens são tão ruins em se comprometer. Você quer saber de outras coisas, como aqueles livros que ninguém mais tem coragem de remover o pó, na biblioteca – aliás, estou juntando forças pra perguntar, hora dessas: “Os Sofrimentos do Jovem Werther” é realmente bom?
(Você, você, você, você, você)
Fica li, desafiando você mesma, querendo saber o que, afinal de contas você quer. Não pra essa noite, mas pro resto da vida. Mas é só uma suposição, nunca estive lá, só gosto de imaginar assim.
(Você, você, você, você, você)
Eu menti porque você – sendo você – projetaria milhões de medos e fantasias e paranoias e fantasmas do passado em cima de um acontecimento tão trivial. Eu menti porque eu sabia que você faria essa tempestade de lágrimas e acusações infantis. Eu menti porque eu sei como você é.
Mas quer saber a verdade? Amar sem nenhum ato insano não é amar. É outra coisa qualquer, normal. E o amor não é normal – a falta dele sim.
Não existe motivo para pânico. Você age como se eu quisesse descarregar um caminhão de mudança na sua sala de estar. Por enquanto eu só quero te chamar pra sair.
Mas o mundo é incerto e estranhamente a pessoa errada sempre funciona melhor.
Qual a porção necessária de besteiras para uma pessoa se sentir verdadeiramente viva? Eu fiz todas e até agora, nada. Queria tanto que o tempo se apagasse nesses meus últimos meses, só até eu resolver planejar alguma coisa. Estou parado no vácuo, contando as horas e as besteiras que eu faço.
Aí você gasta um de seus preciosos sins e deixa pra depois mais um daqueles seus adeus, que, aliás, tem de sobra na sua bolsa de pano, sempre à mão, para casos de emergência. E eu me pergunto: você vai ficar porque está chovendo, ou está chovendo porque você vai ficar? Tanto faz. Se eu bem te conheço, basta me despedir usando a tática do me-liga-qualquer-coisa. Foi assim, desse jeito, que até hoje nenhum dos seus adeus durou para sempre.
Mas quando as coisas não rolam, quando não há qualquer sinal de correspondência, a sensação é mais ou menos um saco, como um resfriado mal curado. Você não consegue ir a lugar algum sem espirrar sua doença na cara dos outros. Não há antibióticos contra a paixão.
Sou cínico a respeito do amor. Já testei essa coisa algumas vezes e concluí em todas elas que o processo envolve muito mais sofrimento, mentiras e desilusão do que a poetização inicial consegue supor.
Não tenho tempo pra isso. Estou sentindo em mim um raro momento de maturidade e pretendo segurar essa sensação mais horas e dias e semanas possíveis. Não é como se nós dois estivéssemos tomados por uma paixão impossível de controlar. (…) E não é isso que eu pretendo fazer, tudo tem limite e eu já cruzei o meu há milênios, tanto que não consigo ver a demarcação ao olhar pra trás.
Se as pessoas hoje em dia tem mais vergonha de se olhar do que se chupar, então a sensualidade está toda nos olhos.
O que aconteceu depois? Nada. Por quê? Não sei, na verdade. Sabe como são esses contatos físicos. A coisa começa de um jeito, meio sem nome, como apenas uma brincadeira, e no fim acaba ficando meio sério porque esse tipo de coisa adulta não deveria ser praticada por duas crianças no quesito “romance”. Não nos apaixonamos, foi isso. Nos demos fantasticamente bem na parte física e mesmo assim decepcionamos nossas almas.
Ao criar tantas expectativas, viver a realidade não é decepção. É mero retrabalho.
(Porque o amor está fora de moda)
Não é uma luta justa, eu lá me esforçando pra ser mulher e você estrala os dedos, puxa meu queixo e me faz menina tudo outra vez.
E não venha chamar isso de escudo. Tornar-se uma pessoa sórdida pra se defender do mundo é como escapar de um assassino no topo de um prédio. E depois jogar-se de lá.
(Autopsia)
Se dei a entender que eu não passava de um brinquedo, desculpa, me expressei errado.
(Autopsia)
Na fossa, não conte com seus amigos, ouça música, elas são o melhor ombro.
(Autopsia)
Acreditando, às vezes, você é feito de bobo.
Parece exagero, mas é vc, só vc conseguiu pular o muro de dificuldades que eu levantei em volta de mim, quando as palavras, dores, saudades, ausencia, falta e despedida, fizeram de mim uma menina de luta. Vc vem a mim com seu abraço com cheiro de confiança, e com seu sorriso, que revelam nao querer nada de mim em troca do seu cuidado. Eu, menina de pés no chao e sem teto, decido todos os dias derrubar esse muro que eu mesma construo, para q vc desfrute o melhor q posso ser, o melhor q vc me faz ser… mas olha, nao se apavore se vc der de cara com esse muro de pe em volta de mim (as vezes acontece de eu nao conseguir destruí-lo) mas conto com a sua decisao de pular eesse muro, e nao desistir de mim!
Eu queria tanto, mas a gente nunca sabe se vai durar uma noite ou uma vida toda.”
Gosto do meu individualismo, só me encontro dentro dele, lá fora cansei das pessoas trocarem ideias, mentiras, vantagens, idiossincrasias. Não importa o quanto me fazem rir e sentir um pouco mais distante da morbidez. Vocês sempre terminam me magoando quando servem-se de metade, só um pedacinho de mim.
O que poderia ser uma nova história, não passou da continuação de algum capítulo enrolado e chato. Então quem sabe um dia. Vou continuar esperando alguma coisa dos meus dias, rezando contra essa minha inércia. Os dias vão passar, mas não vou me esquecer de ainda querer escutar aquele riso.
Mas, cá pra nós, do jeito que as coisas andam, já sou bom o suficiente, apenas por tentar.
“E nada aconteceu. Eu meio que sabia onde as coisas iam dar – foi quase, mas não deram. Não deu. Não dei. Valeu a tentativa, o empenho, o interesse. Eu não estava prestando muita atenção, mas posso sentir em algum lugar aqui dentro de mim que foi bonito. A gente ainda vai se falar por aí, essa não é a conversa final, eu sei como você é.”
Mas, na boa, a gente sempre repartiu o mesmo pôr-do-sol.
(Eu sempre quis)
Será que a gente consegue voltar a ser só amigos? Vamos encarar, nas entrelinhas tortas a gente nunca foi só isso.
(Eu sempre quis)
Só quero dizer que você é minha coisa mais favorita do mundo.
(Eu sempre quis)
Tente pensar no agora! Sinto dizer, ele já é passado, é assim que a coisa funciona.
(Contratempo)
Mesmo que, por uma mágica sincronia britânica de destinos, você se apaixone por alguém apaixonado por você, e ambos se alinhem grudentos na fila do cinema, com as auras cor-de-rosa, o tempo vem e destrói tudo.
(Contratempo)
O tempo é o agiota da vida, um empréstimo inegociável, violentamente tomado de volta, a qualquer custo.
(Contratempo)
Tenho o espírito branco feito algodão-doce, sou tão ameaçador quanto aqueles fantasmas camaradas que assustam as pessoas mas fundo só precisam de carinho e amor e atenção. Não sei se isso existe. Fantasmas. Ah, e carinho e amor e atenção também.
(Jazz, chocolate e auto-erotização)
Cara, eu só queria te ver mostrando que precisa de mim, vez que outra. Que me amasse com ênfase nas vezes que não mereci ser amada. Porque, entre me sentir inútil só pra você e me sentir inútil pro resto do mundo, optei pela diversidade. Ok, não vou mentir, tenho sentimentos de estimação por você. Mas estou deixando de alimentá-los. Um dia eles morrem.
Você é o melhor ser humano entre os piores que já conheci. Ou o pior entre os melhores. Não sei. Sei que eu inexplicavelmente estou na tua e você sabe disso.
Se me perco no teu beijo, você fica tentando encontrar um caminho. Quando me encho de receio, você me diz estar pronta. Eu te ponho em xeque-mate, você me diz que cansou de jogar. Quando não quero me machucar, você me telefona no meio da noite.
Algumas vezes me pego fantasiando que esse é o jeito dele de mostrar que gosta de mim.
Quando você fez tudo o que foi preciso e ainda assim não foi o bastante, é isso que eu chamo de impossível. Não adianta, é só teimosia, nosso amor só funciona na horizontal.(Um idiota pra chamar de meu)
Aparentemente, é assim que se faz. Mentimos quando queremos muito uma coisa. Mentimos quando não queremos mais uma coisa. Mas tudo bem, a vida é minha, eu deixo ele fazer o que quiser com ela. (Um idiota pra chamar de meu)
No fundo ele precisa que uma garota de coração bom passe suas camisas e dê um jeito nessa cara de menino sujinho. Um dia ele se toca, e eu quero estar aqui pra ver. Por isso não perco uma de vir. (Um idiota pra chamar de meu)
Eu preciso pensar. Na verdade, eu preciso não pensar. Tenho medo de descobrir coisas que não quero. E não dá outra, no trajeto eu me dou conta que eu sou sim uma garota inflável. Sempre quando eu acabo vindo, no dia seguinte eu me sinto flácida, murcha, vazia, embrulhada e guardada numa gaveta. (Um idiota pra chamar de meu)
Aí você começa a desconfiar que ele poderia ter sido o cara legal da sua vida. Isso, se você sentisse a mesma paixão, se você conseguisse entregar sua alma tanto quanto, se você soubesse amar ele do mesmo jeito e intensidade que ama a falta que agora ele te faz. (Ah,pois é)
Amor, pra mim, sempre foi meio que bullying de gente bem-intencionada. (Interrupção)
“Sei lá, já aprontei tanta besteira que rezo todas as noites para Deus não existir, só assim me poupo de ir parar no inferno.”
“…Enfim, é assim que eu gosto de vê-la: sentindo. Hoje é ira e desprezo. Amanhã é paixão e carinho. Quem é capaz de explodir de raiva, também é capaz de explodir de amor.”
Se quiser vir, que seja sem esse egoísmo tão “século-vinte-um” de trilhar caminhos pela metade, escapar pelos canteiros e me deixar falando pelos cantos. Se for pra calar minha boca, vem. Se for pra reescrever minha vida, vem. Mas que seja à caneta.
Me deixem.
As pessoas acham que ando deprimido. Não vou desmentir, prefiro deixar assim, é até bom. Os deprimidos podem agir de modo esquisito e não precisam justificar suas bobagens o tempo todo. Ele é um deprimido, quem se importa? Recebam meu recado: eu até que estou indo bem. Somente descobri que, no momento agora, só consigo ir com as caras que nunca mais verei, só consigo me apaixonar pelo que assumidamente é feito de pó. Não faça como o resto da cidade, não ultrapasse meu semáforo depois que já fechou. A pressa é inimiga da direção. E a gente se vê, ainda. Promessa.
A má notícia é que, a julgar pelo meu entusiasmo nos últimos dias, morri. Até já decidi minha lápide – “Viveu lutando pelo amor e as sensações que valem a pena ser vividas. Fracassou miseravelmente.” – O que você acha? Nem tô, na verdade. Me deixem.
A boa notícia é que não perdi o telefone de ninguém, apenas minhas falas teatrais dentro do grupo não fazem muito sentido nesta temporada. Ando menos polissilábico, menos colorido, menos espalhafatoso, menos vaidoso, menos inventado. E não consigo ver onde está meu erro.
Falando sério, tenho andado bastante sozinho, sobretudo ultimamente. É um tempo de agitações, de ímpetos de impaciência, ansiedade e mau humor. Contando com a resolução das coisas, que chegue logo um futuro que sei que virá, sabendo que nada mais depende de alguma ação minha. Só da minha habilidade em esperar. E isso me lembra que não há mais com quem contar, além do tempo. Que ando meio sozinho e assim eu quis, de certa forma.
Será tão errado assim brincar de perder tudo, algumas vezes por ano? Quase tudo, você ainda tem seu chá de capim-cidreira e todas aquelas canções em MP3 da Joni Mitchell para catalogar, os dois novos livros do John Fante para deglutir.
Pode não ser uma parte boa da minha vida, assistindo de fora. Mas não consigo sentir isso justamente porque não é tempo de sentir muita coisa. São apenas experiências com o estoicismo, fora isso, como eu disse, estou legal. Não perca tempo com preocupações ou sentindo saudades. Saudade é um amor que chegou atrasado após dormir demais.
E eu tenho tentado dormir demais, querendo me congelar para o futuro melhor. Um futuro bom, assim como foi bom esse nosso passado. É o presente que não estou sabendo como viver. Acredite, hoje, estamos melhores separados. Ou, ao menos, mais verdadeiros.
“E, fatalmente, vão se cruzar por aí. São tantas as esquinas. Vocês vão beber um café quente juntos, falar amenidades, sobre novos cortes de cabelo, você está bonita, e você mais maduro, como está sua mãe e tudo mais. Nos momentos de silêncio, baixarão o queixo, com medo de amarrar olhares e, talvez, voltar tudo aquilo outra vez. Mas vai ser só isso.”
Esses dias eu me peguei tentando
ser uma pessoa melhor, veja só.
Quem precisa engolfar-se fundo no
próprio ego quando está nem aí pra
nada e pra ninguém?
Recentemente tudo indica que
ando ameaçado a me reinventar,
me converter, me variar, me
disfarçar, enfim, me tornar uma
coisa que nem sei se sou, para
agradar quem eu ainda nem sei
quem é.
Ela diz que não sente mais nada. Nada, entende? Só raiva, desprezo, nojo. Ou seja, só arrumou um novo jeito de gostar
“Eles também brigam, batem portas e saem por aí. Mas voltam rindo da cara um do outro e dizem coisas como “não consigo ficar brabo contigo.
Quando não quero me machucar, você me telefona no meio da noite.
(O amor mais bonito)
Sou capaz de suportar todos seus defeitos, até o pior deles que é não saber de vez se me quer ou não.
(vem calar a minha boca)
Eu adoraria alguém cuidando da minha vida, se metendo, ou dizendo o que devo fazer dela, porque eu confesso que não sei.
Começou errado, eu querendo alguém pra me ajudar a decidir entre cor-de-rosa e marfim e você procurando uma distração para sextas-feiras geladas.
(Vem calar a minha boca)
“tenho um plano: vamos parar de planejar as coisas um pouco, por agora”. Fala favorita do seu personagem em seu papel principal nessa história escrita à lápis, porque amanhã você sabe, passo uma borracha em tudo.
(Vem calar a minha boca)
Minha grande esperança é ver você cuspindo “não quero sair de turma, prefiro nós dois”
(Vem calar a minha boca)
Mas eu não posso reclamar. É, não posso reclamar. Mas eu queria reclamar, conversar, entender, decidir. Ou então gritar, berrar, rugir, enlouquecer até você verbalizar uma improbabilidade tal como “garota, cala essa boca lotada de marimbondos e pequenas palavras mal escolhidas e vê se escuta isso: eu amo você demais”. Como fazem nas histórias da locadora que não temos paciência de assistir, porque no fim a gente fica sabendo que assim como amar, ser amado também é uma coisa que se aprende. E hoje, isso de amor é muito blá.
(Vem calar a minha boca)
Tenho um segredo pra lhe contar: seus heróis também tem defeitos, todos eles escondidos atrás do sorriso no comercial de teve a cabo.
(Outro lugar)
O ferimento em si nem dói tanto quanto ver sua intenção em me ferir. Palavras tão pequenas de quem parece não ter mais nada a perder, somente um fadário de coisas a dizer, sempre antes de pensar.
(outro lugar)
A partir de hoje, só o que for muito, muito leve, bonito e fácil.
(Outro lugar)
Não sabia direito se devia, se era certo. Mas em nenhuma biografia romântica é possível premeditar acertos ou equívocos, não existem registros ou algo para comparar na mesma existência. A gente faz e vê depois. Não existe pessoa certa ou vida errada. Simplesmente nos impulsionamos em direção ao primeiro sinal de amor compartilhado, alguma fagulha ou sensação que utopicamente nos distancie da morte, rejuvenesça, preste algum significado ao ato natural de trocar o ar dos pulmões.
(Mixtape (clichê romântico))
É sempre a mesma coisa, mas é que, sei lá, as coisas parecem menos complicadas enquanto a gente se beija.
Eu ando na minha, quieta. Parece que desisti, mas na verdade esse é o meu jeito de esperar.
Quando você termina um relacionamento, as opções se abrem. Você pode dar a volta por cima e recomeçar sua trajetória, você pode tentar recuperar seu amor perdido ou, como eu, você pode optar por fazer nada. Nada nada. Quer dizer, não exatamente nada, porque eu ocupei muito bem meus dias sentindo pena de mim e lutando bravamente para não me tornar mendigo. O que já é grande coisa, se você parar pra pensar.
Quando está chateado com alguma coisa e sem vontade de conversar sobre seus problemas como um adulto convincente, O Incrível Hulk incha, retalha as próprias roupas, ganha músculos e uma coloração verde. Eu ponho meus fones e não ouço ninguém e mais nada, a não ser a música.
A expectativa é como pegar um jacaré para domesticar e esperar que ele abane a cauda quando você chegar em casa após mais um dia de trabalho.
Todos deveriam ter um lugar favorito no universo, um lugar que dê a sensação de que você vai escapar do que for, de seja lá o que você está sentindo. Aquele lugar onde as pessoas de quem você gosta vão te procurar quando você provavelmente sumiu por não aguentar a barra, como acontece no cinema, quando os personagens estão perdidos, prostrados ou loucos de amor.
Eu quero você. Tudo que eu quero é você – tentei, mas não fui capaz de dizer isso sem aparentar alguma letra detestável do Bono Vox. Acho que não há um outro meio de dizer que você quer muito alguém sem plagiar o U2.
Todas essas alternativas, essas opções de caminho é que dão segurança de andar. Pois algo sempre pode muito bem dar errado, e é bom saber que existem desvios de rota, bifurcações, rótulas, pistas livres, placas e pontes. Quem sabe andar acompanhado da certeza cega de que está no caminho certo não é um jeito de estar espetacularmente perdido?
Se você hesita é porque pensa a respeito, nem que seja por um segundo. Se pensa a respeito é porque existe uma chance.
Alguém sempre estará a espreita, em alguma sombra do seu passado amoroso. Eu não tenho estômago pra digerir essas suas eternas opções. E se sou apenas uma opção, então é melhor ficarmos por aqui.
Às vezes simplesmente não dá pra delimitar quem somos. Lúcidos ou não, estamos todos atrás daquilo que nos pertence, e que todo dia nos escapa um pouco: nossas próprias vidas. Cada um de nós acha mais ou menos que sabe onde ela fica, e é pra lá que vamos sem pensar muito. Se por vezes acabamos meio parecidos com moscas cortejando a merda, bem, isso pode ser apenas um tremendo erro de julgamento. Para as moscas, que só vivem uma ou duas semanas, a merda é o máximo.
Quando as palavras,. sempre usadas de forma. tão leviana e banal,. ganham importância. monstruosa e sem medida,. por serem o único meio de te abraçar.
“Não sou mulher de rosas. Já disse de saída, no primeiro encontro, nem recordo a razão. Mas disse, naquele meu velho estilo metralhador de moços com olhos de promessa. Sei que disse, com meus reflexos ariscos de cão sem dono sempre buscando receosa a moeda de troca para qualquer elogio, a vigésima quarta intenção por trás de um rosto abandonado. Eu não queria ser mais uma na sua cama, por isso disse não gostar de rosas, tampouco das vermelhas, pra me afastar da obviedade do amor. Não sabia como, mas queria que você me notasse diferente de todas as outras.”
“Olhando assim, ninguém diz. Mas há toda uma explicação do porquê eu ser desse jeito. Só eu mesmo, que sempre estive comigo, aguentando as barras, as rupturas, os socos na cara. ”
Você disse a ele: entra, fica à vontade, não repara na bagunça. O rapaz olhou em volta, está tudo organizado, nos trinques, cheiro de lavanda. Mas você se referia à sua vida.
(Meio desligado)
Só que é tudo mentira, as ações não geram reações, nem todo crime tem castigo, os bumerangues não voltam para nossa mão, gentileza não obrigatoriamente gera gentileza, na maior parte apenas ingratidão ou uma gorjeta que mal dá para um pingado. Aceite isso. Lide com isso. Eu sei que é o que os livros e os filmes e as propagandas estão tentando nos empurrar, mas ninguém está aqui de brincadeira à procura da felicidade. Estamos apenas fugindo das pequenas humilhações diárias, quando não das grandes. Estamos correndo da nossa incapacidade de conseguir um amor, um bom emprego, ou simplesmente a paciência do cretino buzinando na sua traseira
“Nossa história foi escrita torta de propósito pra gente se cruzar.”
“Você disse a ele: Entra, fica à vontade, não repara na bagunça, daí o rapaz olhou em volta e disse: Está tudo organizado, nos trinques, cheiro de lavanda… Mas você se referia à sua vida.”
Você tem de querer. Embora eu queira muito, mesmo eu querendo em dobro, não há como querer por você.
“Desculpa, é que nem eu mesmo gosto muito de mim. Fico meio assustado quando alguém me diz que consegue isso.”
Muitas pessoas pousam, muitos amores possíves não vingam, muitas paixões não dão certo. Choro, me culpo, me arrependo, permito, desisto, persigo, corro, dou as costas, piso, sinto saudade, me precipito, telefono, me atraso. Sim, no mundo existem mil pessoas capazes de nos despertar amor, se a gente parar pra sentir.
Se acham assim, memoráveis. Que merecem minha raiva e rancor… Amores de fácil adeus.
O mal do século não é a solidão, nem a Aids, ou os barbitúricos. É achar errado aquilo que a gente acreditava ser o certo.
Aproveite a juventude para amar loucamente, e a maturidade para amar teoricamente.
Tem sempre alguém oferecendo ajuda para colher aquilo que de bom você plantou.
Levei um tempo até entender que pode ser muito libertador não se sentir parte de nada.
“Quem é capaz de explodir de raiva , também é capaz de explodir de amor.”
“Às vezes, eu fico listando mentalmente todas as partes de você. Todas, das mais desprotegidas às mais sombrias. Não há nada que eu possa não gostar. É incrível.”
Com o auxílio de vários lenços de papel, ela me falou que estava me deixando. Não entendi muito bem a razão, e também não perguntei. Se você não quer saber a verdade, faça como eu, não pergunte. Apenas abra caminho, sorria e aguente o tranco.
“Naquela noite, quando retornei pra casa e agarrei meu travesseiro, senti saudades. Foi estranho.”
“Olha, não sei qual dói mais.
Quando acaba, quando sentimos que acabou,
ou quando a gente precisa cair na real que acabou e já faz tempo.”
Eu sei, fui egoísta. Larguei tudo pra trás, quem eu penso que sou pra sonhar que tudo é como foi? Ninguém. Sei enxergar isso. A gente tem fome de vida, de tudo, luta contra a morte o tempo inteiro e esquece que provavelmente o amor é maior que as duas coisas juntas. Mas isso você se dá conta quando pisa os tênis sujos de mundo no seu velho lugar, e a pessoa que você em momento algum se esqueceu de lembrar não está lá pra te receber. Eu quis manter todas as minhas opções abertas e agora estou pedindo perdão pela minha incapacidade de me prender, de ficar. Não é irônico? Bem, eu estou sozinho. Eu andei sozinho. Eu queria me encontrar, achei que lendo Nick Hornby em Holloway ou pegando algum trem noturno escutando Ian Curtis, tudo isso aconteceria naturalmente. A gente dá as costas para as emoções fortes em nome do êxtase, porque consideramos que o êxtase é o melhor. Não sabemos sentir o que é realmente importante e bom. Essa vontade estúpida de sair por aí querendo não perder nada acabou me fazendo perder tudo.
“Sei lá” e “Não sei”. Acho que este tem sido eu, no último mês. A confusão personificada. Na minha grande chance de falar sobre o assunto, tudo que tenho é um reticente “Sei lá” e um aéreo “Não sei”.”
Mas eu não posso reclamar. É, não posso reclamar. Mas eu queria reclamar, conversar, entender, decidir. Ou então gritar, berrar, rugir, enlouquecer até você verbalizar uma improbabilidade tal como “garota, cala essa boca lotada de marimbondos e pequenas palavras mal escolhidas e vê se escuta isso: eu amo você demais.
Nossa cara já está dormente de tanto apanhar. Tanto que a gente quase não sente mais nada, nem por nós mesmos, que dirá pelos outros.
Você pensou que ele era diferente. Aliás, tem pensado que muita gente é diferente nos últimos tempos. Não há tanta gente diferente assim.
Porém, eu gostei dela. É raro encontrar alguém que vê além das nuvens, que se senta no meio do nada pra caçar estrelas e trocar ideias com a lua. Há pouco azul na cidade, ninguém dá mais bola para o firmamento, estão todos vivendo sem perceber os prédios se erguendo na volta e engolindo nossa capacidade de reparar nos detalhes.
Você fala como se soubesse tudo o que eu quero. Você acha que sabe, não acha? Só que, no momento, aposto que nem se deu conta, tudo que eu quero é você.
Quando mais você sabe da vida, menos você se apaixona. A paixão nasce da ignorância: quanto menos sei sobre você, e mais eu quero saber, mais vulnerável eu fico.”
É raro encontrar alguém que vê além das nuvens, que se senta no meio do nada pra caçar estrelas e trocar ideias com a lua. Há pouco azul na cidade, ninguém dá mais bola para o firmamento, estão todos vivendo sem perceber os prédios se erguendo na volta e engolindo nossa capacidade de reparar nos detalhes.
Não acredito em almas gêmeas ou frutas pela metade, mas eu acho que a gente se pertence, de alguma forma.
“Não tenho me identificado muito com ninguém. Mas tudo bem. Levei um tempo até entender que pode ser muito libertador não se sentir parte de nada. E tu sabe como sou, dramatizo para dar às coisas a importância que originalmente elas não têm.”
E, fatalmente, vão se cruzar por aí. São tantas as esquinas. Vocês vão beber um café quente juntos, falar amenidades, sobre novos cortes de cabelo, você está bonita e você mais maduro, como está sua mãe e tudo mais. Nos momentos de silêncio, baixarão o queixo, com medo de amarrar olhares.
Só nos ensinam a ir atrás, vencer e persistir, essas coisas. Nunca dizem que, pontualmente, desistir pode ser uma atitude bem esperta.
“Na boa, telefona pra ela. Ela vai ficar feliz, e você também vai, pode apostar. É uma ótima garota.”
Amor, quando é amor, termina em barraco. Se termina em silêncio, já não era mais nada.
Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata. Você e seus cabelos escuros e sempre meio ensebados de vir da rua, seu abraço com cheiro de confiança e seus sorrisos nada comerciais. Eu, menina com os pés no chão e sem teto, acabei de decidir que vou levar um choque térmico, atravessando bruscamente pro lado quente da calçada. Conto contigo.
Agora fui. Porque comecei isso querendo ser sua companheira, passei a cúmplice das suas maldades, e ficar dessa vez vai me fazer sua comparsa. Não é um ‘até amanhã’ nem ‘até breve’ e nem ‘até mais’. É um ‘até você mudar’ ou ‘até você não ser mais quem você é’. Até nunca, então.
É tão mais divertido quando estamos com a pessoa certa, porque você pode levar e deixar-se levar, e aí você se sente bem e acaba mostrando um pouco de quem você é de verdade.
Não sei o nome disso que estamos sentindo um pelo outro e também não me importa. Pode ser o ápice ou o precipício, e tudo bem. E também não sei se teremos habilidade para cultivar isso por três semanas ou por três décadas inteiras. Só sei que agora estou interessado em saber como será o próximo passo.
É uma longa história. Minha alma não tem a idade que aparenta.
“Hein. Não é bom saber que você tem um amigo que te ama mais que um amigo? Olha, eu sei que você andou cruzando esquinas a fim de uma pessoa que não era eu, só que não ligo. Essa coisa de orgulho e dignidade nunca foram comigo mesmo. E ainda que eles tenham levado pra longe tudo que você parecia ter de bom, eu não me importo de ficar com o amargo-azedo que restou. É mais do que tudo que já me pertenceu em quatro encarnações.”
Você faz um esforço tremendo pra ser honesto e depois descobre que a pessoa queria na verdade é somente ouvir o que ela queria ouvir.
Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe.
“Como algo pode ser tudo e tão pouco ao mesmo tempo? Como pode alguém não saber viver sem e nem com?”
Sei que nem usando a fé que move montanhas você conseguirá mudar um imprestável.
Se eu gosto dessa vida? Ah, vamos lá. É só um trabalho. Você gosta do seu? Não tem dias que você quer sair correndo e nunca mais voltar? Você está a fim de fazer isso que você faz para o resto de seus dias? Às vezes você não sente que está empurrando tudo com a barriga? Nossas realidades não são muito diferentes nesse ponto. Eu também estou atrás da felicidade, sinto falta dela, mesmo achando que nem sei o que é.
Não sei se você percebeu, mas estou evitando você.
Nós dois parecemos um retrato mal-falado do que nunca poderia dar certo. Assim, evito olhar direto no seu rosto pra não dar aquela vontade insana de querer uma porção de coisas contigo.
Quantas chances de viver loucuras memoráveis a gente desperdiça com essa mania besta de pensar?
Só estava meio vazio, querendo falar uns troços pra alguém de confiança, jogar conversa fora.
Eu acho que você estava sem medo de me perder. E se você não tem medo de perder é porque não tem importância.
“Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata. Você e seus cabelos escuros e sempre meio ensebados de vir da rua, seu abraço com cheiro de confiança e seus sorrisos nada comerciais. Eu, menina com os pés no chão e sem teto, acabei de decidir que vou levar um choque térmico, atravessando bruscamente pro lado quente da calçada. Conto contigo.”
Ela era do tipo que se machucava por qualquer besteira. Ele era do tipo que fazia muitas besteiras.
Eu apenas segui em frente, quem pode me culpar? As pessoas agem desse modo o tempo todo.
“Presta atenção, porque geralmente, geral mente.”
“É isso que eu gosto em você, seu realismo, sua espontaneidade, sua falta de modos. É isso que eu acho bonito numa pessoa, você vive sua vida, aceita suas limitações, não dá muita bola para o que os outros vão achar de você. Às vezes eu acho as pessoas tão igualmente diferentes, sempre pendurando arengas no pescoço e fazendo um esforço tremendo para parecer legal. Você é você. Estou certo que existem almas formidáveis por toda a cidade, mas se eu fui gostar logo de você, isso quer dizer alguma coisa.”
“Nós dois parecemos um retrato mal-falado do que nunca poderia dar certo.”
Tenho saudades. Quero dizer, desculpe, sinto sua falta. Dos seus cheiros, dos seus carinhos, do seu queixo, das suas sardas, das suas neuras achando que tem uma perna maior que a outra, dos seus banhos quentes tomados, dos seus pés pra dentro ao dormir de bruços, das coisas que a gente foi capaz de fazer sem roupas.
“A verdade, o que realmente importa mora dentro de mim, longe do binóculo alheio. O resto é cena, ego, poeira.”
“Se quiser vir, que seja sem esse egoísmo “século-vinte-um” de trilhar caminhos pela metade, escapar pelos canteiros e me deixar falando pelos cantos. se for pra calar minha boca, vem. Se for pra reescrever minha vida, vem. Mas que seja à caneta.
Ficamos ambos parados e quietos, pensando muito. Eu e meu punho cerrado e apoiado na bochecha, você futucando alguma coisa no cotovelo com a cara séria e entediada. Como numa cena de fluxo lento. Fazia muito tempo que a gente não se via depois que tudo deu errado.”
“Na hora, eu quis perguntar se tinha algo a ver com outra pessoa, mas quando estão nos abandonando ninguém nunca menciona nome de terceiros, sempre dizem nada ter a ver com outras pessoas, como se não existisse mais ninguém na cidade. E três semanas depois já estão num relacionamento sério, segundo alguma rede social que você precisará suicidar seu perfil se quiser passar os dias como um cidadão com os batimentos cardíacos moderados e operacionais.”
– Gabito Nunes
“Que clichê horroroso. Não existe isso de momento. Um momento só é um momento digno de nota quando referenciado em todos os instantes significativos que sucederam antes de chegar a sua hora. E também há os momentos subsequentes. Ou seja, é ilusão achar que esse troço gostoso que poderia estar acontecendo entre nós lá em cima, agora às 23:37, seria apenas fruto isolado do agora e não um ato cheio de respostas e promessas. Eu não quero mais viver momentos, coisas sem significados. Não quero esquecer o passado e nem descartar o futuro. Ando sofrendo de agorafobia. Me deixa ir pra casa, por favor.”
As pessoas superestimam isso. Rezam toda noite para encontrar uma paixão que acalme o coração. Que bobagem. Quem já sentiu esse troço forte por alguém sabe que essa coisa de coração é um mero eufemismo para um sentimento arredio, cansativo e incontrolável. Uma parte está correta: sim, nós levamos quem adoramos dentro de nós, mas isso não tem nada a ver com o coração.
Por mais que me tenha doído, mostrei a mim mesmo o que eu tanto queria saber a respeito dos casais felizes: eles mentem um ao outro, eles mentem para todos nós, e nós – românticos, ingênuos e cheios de esperança – caímos feito cachorrinhos abandonados flertando intangíveis frangos de padaria.
Pra mim, clichê é quando o herói mata o bandido no final do filme. Clichê é dizer que tal coisa é clichê. E, se é clichê, quer dizer que todas adorariam ouvir de um cara aquilo que eu escolhi dizer pra ela, não é mesmo? Por isso chamam de clichê, caramba. Poxa, nunca disse isso pra ninguém, na boa. Como se fosse cinismo ser romântico hoje em dia, sendo que ela mesma é cínica e romântica, quase sempre as duas coisas ao mesmo tempo.
Não sei, era como se eu fosse um filhote de beija-flor que se chocou contra a fachada de um prédio no primeiro voo. Você, daquele seu jeito, me catou do chão, cuidou da minha asa, me deu néctar direto no bico com uma seringa, me engaiolou de porta aberta, e eu fui ficando porque eu quis. Mesmo quando eu estava recuperada e sadia, não tive vontade de te contar, ou então você me devolveria para a natureza. Por isso eu me fazia tanto de louca. Se eu me comportasse normalmente, como as outras, você perderia o interesse no enigma. Você vai me achar uma bruxa manipuladora agora, mas tudo que eu fazia era pra te dar o que falar com seus amigos no bar. Entrando e saindo fora assim da sua vida você pensaria em mim dias a fio. Eu queria ser o exemplo de garota que você teria em mente ao dizer que todas as mulheres são doidas. Pelo menos assim, quando eu resolvia voltar, você ainda não havia me esquecido.
Só queria dar o fora. Em ti, daqui, de qualquer lugar. Aonde eu não tenha estômago pra ser uma dessas mulheres que gostam de arrastar um bonde e a cara no chão. Tudo em nome de uma coisa que faz todos gargalharem ou fazer uma cara de dó se arrisco chamar de amor. Isso não é amor, menina de deus. Quem sabe de mim sou eu, repito pra mim. Eles não sabem, mas eu sonho um dia gostar menos de ti e ninguém nesse mundo me ajuda tanto pra que isso aconteça, senão você. Cada passo em falso seu pra me perder, insisto cada vez mais te querer.
“Tudo bem, acreditei tantas vezes e minhas preces e anseios não vingaram, mas agora eram outras pessoas na história. Outro enredo, outra trilha.” #Gabitonunes
“De agora em diante, o maior risco que a gente corre é ser feliz.”
“Eu é que tenho mania de – uns chamam de dom, outros de doença psíquica, eu gosto de conceber isso como um estilo de vida – romancear tudo.”
Namorar você é minha segunda intenção. A primeira é ser feliz na sua cama de solteiro, um sábado inteiro.
Um dia a gente toma jeito, se beija, e descobre o cheiro do rosto, a força do hálito e o tom dos nossos olhos, assim bem de perto. Isso eu já planejei mil vezes e estou esperando o momento certo, assustadoramente perdido no caminho errado. Sei que se me puxar pra dançar, vai fazer calor em mim, o vento pode virar e é capaz de chover. Sei também que darei um jeito de ter uma das minhas crises de vinte e cinco espirros consecutivos. Porque, você sabe, sou patético e não sei lidar. Mas não adianta, festa começa, festa termina, você sempre dá um jeito de partir sem mim e o meu coração em dois. E sozinho, mais uma vez, eu vou pra casa te amando em dobro.
Parece idiota, mas pode ser que aconteça. Com cigarros e garotas, eu sou assim. Paro de fumar, fumando. Deixo de gostar, gostando.
Vivo, colocando, vírgula, no, lugar, errado,
Não é incrível pensar que la fora existe alguém pra você ,que por enquanto é um completo desconhecido ??
“Já não consigo dar passos tão largos. Eu ando desesperançado com as novas canções que duram pouco e repetem sempre a mesma letra.”
” Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente. “
” Sou daqueles que, se você não fizer 36 polichinelos na minha frente, com uma placa “eu gosto de você” pendurada balançando no pescoço, jamais terei certeza. “
“Onde há fé, existe a dúvida. Você não precisa ter fé no que você sabe que existe, no que é sólido e permanente. Ter fé é acreditar. Acreditando, às vezes, você é feito de bobo.”
“Você é gentil e doce. E cada gesto seu me surpreende. Sei lá, acho que ninguém nunca fez nada de bom por mim a vida toda, nada parecido com o que você conseguiu em dois dias. Meio abrupto, reconheço. Você me faz viver fora da minha linha e é isso que eu gosto em você.”
“Viu só o que você fez? Você quebrou a garota, cara.”
Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: “cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!”. Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele.
“Eu gosto de você. Isso não é tudo, eu sei, não é tão descomplicado assim. Mas eu preciso de você. E você precisa de mim também. Eu sinto.”
Ela sorri fácil, isso eu já notei, então penso alguns segundos sobre que tipo asqueroso de babaca faz aquele tipo de garota chorar.”
“Pra você ver, não existe mocinho e bandido nesse enredo. Você errou, eu errei também. Mas vai ver a gente estava tentando ser feliz, e felicidade é um patamar complicado de alcançar.”
—
“Ele não está a fim de você! Vá até o banheiro, retoque o rímel e joga essa sua neurose ridícula descarga abaixo.”
“Se me calo, fico emburrado ou me encontro distante, não pense que é por falta de amor ou desejo. Às vezes, me sinto meio sem rumo num mundo tão hostil, complicado e descolorido. O pior remédio é você fazer o mesmo. Ignore minha apatia. Só peço que chegues e instale a beleza que me falta, venha sorridente, regue as flores na sacada, ative minha respiração, massageie meus ombros, tire minha roupa ou me abrace, simplesmente. Vai passar.”
Amar é mandar, achar que manda, obedecer, fingir que obedece. Amar é fazer vitamina de banana com nescau, é dar bom dia espreguiçando as vértebras com os braços esticados, sorrindo envergonhado de remela nos olhos. Amar é dizer “vem cá”, ter os pés aquecidos sem pedir, comemorar o dia do primeiro beijo, chegar da festa e comer pizza gelada. Só ama aquele que começa a falar pelo fim, que diz sim sem saber a pergunta, que discute o namoro sem lugar-comum. Ama quem sai na rua pra tirar fotos, pra ver estrela riscar o céu, pra pisar na grama descalço, pra pegar um cineminha na terça. Amar é perguntar “tá dormindo?”, é descer do ônibus com o outro à espera, é cantar “she loves you yeah yeah yeah”, é morder queixo, orelha, cotovelo, panturrilha, lábio. Amar é comer uma coisa diferente e lembrar o outro, é ficar de mal, é arrumar tempo pra pensar no outro na correria do dia.”
“Estou te ligando movido pela vontade de reaver você e aquilo que tínhamos até semana passada. Eu penso em você dia e noite e fico ridiculamente abalado se a gente acaba brigando. Eu acho que te amo, garota.”
“Porcaria, odeio essa minha mania besta de ficar interpretando cada construção frásica saída das bocas que me interessam, para que a sintaxe de algum modo venha a me favorecer. Por que não pergunto logo de cara sobre o que diabos ela está se referindo, afinal?”
“Mas, dá pra ver, nós seríamos um grande casal, você sabe, se houvesse alguma possibilidade.”
“Não é fácil explicar. Eu sou assim, meio morto por dentro. Faço as coisas por empolgação e no outro dia, sei lá. Sou dessas pessoas que ficam procurando as canções no rádio até achar um clássico, algo perfeito para aquele horário do dia, aquele semáforo. A música acaba e eu troco de estação.”
“Qual a porção necessária de besteiras para uma pessoa se sentir verdadeiramente viva? Eu fiz todas e até agora, nada. Queria tanto que o tempo se apagasse nesses meus últimos meses, só até eu resolver planejar alguma coisa. Estou parado no vácuo, contando as horas e as besteiras que eu faço.”
“E nada aconteceu. Eu meio que sabia onde as coisas iam dar – foi quase, mas não deram. Não deu. Não dei. Valeu a tentativa, o empenho, o interesse. Eu não estava prestando muita atenção, mas posso sentir em algum lugar aqui dentro de mim que foi bonito. A gente ainda vai se falar por aí, essa não é a conversa final.”
azar na vida
azar no amor,
e sorte no azar.
Mas, quanta gente ainda vai precisar morrer pra gente aprender a reagir? Pra gente se tocar que, não, as coisas não acontecem só com os outros? Que dirigir quase embriagado também dá morte? Que “fazer acordo” para ganhar seguro-desemprego e furar a fila do pão também são exemplos de corrupção? Quantos estádios modernos de futebol a gente ainda vai erguer para esquecer que tem gente morrendo na fila de um hospital grotesco? Se o seu apêndice estourar no meio da Copa, amigo, imagina a festa. Eu acho que nossa cara já está dormente de tanto apanhar. Tanto que a gente quase não sente mais nada, nem por nós mesmos, que dirá pelos outros.”
É assim mesmo, você conhece alguém, tira os pés do chão e sai voando. Como um avião, que quando a gasolina acaba e você sente que está caindo, não há muito o que fazer. Da próxima vez vou de trem.
“Faço uma certa questão de ser insuportável.”
Eu pedi pra você esperar, você me olhou com aquela inesquecível feição de – eu espero, se você esperar aqui comigo.
E tudo isso é tão grande, tão precipitado, tão absurdo, que quase não é real, quase não é amor, quase fica sem nome.
“Eu não sou seu amor. Nem nunca vou ser. Larga meu braço.”
Ainda não contei de você a ninguém. Acho meio arriscado ou, quem sabe, mera superstição. Eu sei que as pessoas vão me pedir cuidado. Assim me guiei por uma vida toda e foi exatamente isso que hoje me faz uma pessoa contando uma história de amor sem nunca ter protagonizado uma. De um jeito ou de outro, sempre soube que pegar leve era uma forma de me manter todas as minhas metades comigo mesma, até então sem saber pra quê servia isso. Só pude ver o tamanho do erro no seu sofá-cama, no meio de um beijo estranho. Você engolindo minhas lágrimas bobas, lambendo minhas bochechas nos créditos de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, que, aliás, a única coisa que entendi do filme é que o amor é uma coisa bem complicada. Você tentou me explicar por partes, e eu me senti menos burra e ridícula, embora com os olhos ainda aguados. Pega no meu queixo e diz que não sou só eu que sinto medo aqui. Faça alguma coisa ruim, qualquer coisa que me impeça imediatamente de sentir esse amor absurdo por você. Estou nas suas mãos e isso não é uma metáfora. Porque eu já não sei mais nada. Parece que sou mesmo seu foco de vida, mas também pode ser que você ande apenas distraído do resto do mundo. Ou, vai que você tá mesmo certo, as coisas são assim mesmo, o amor invade pela boca enquanto a gente se olha e fica rindo.
Ela me falou que estava me deixando. Não entendi muito bem a razão, e também não perguntei. Se você não quer saber a verdade, faça como eu, não pergunte. Apenas abra caminho, sorria e aguente o tranco.
Você pensou que ele era diferente. Aliás, tem pensado que muita gente é diferente nos últimos tempos. Se toca, não há tanta gente diferente assim, ainda mais disponível, sem obsessão por algum amor passado, ou que não mistura calça riscada na vertical com camisa de listas horizontais.
Eu nunca fugi de casa, nem me droguei, tampouco fiquei bêbada ou dormi em um banco de praça, eu simplesmente me arrisquei a sentir, e as consequências dessa escolha foram muitas.
“Estou tão cansado. Eu não sei o que fazer.”
“Pois é. Ninguém mais atravessa a cidade para encontrar alguém.”
São as estradas da vida.
Só se pode seguir uma delas,
sem nunca saber como seriam as outras.
Acontece assim também com alguns amores.
Quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.
36 prestações de saudade
Dizem que tudo na vida tem dois lados. Um bom e outro ruim. Depende nos olhos de quem está a pimenta. Mas se tem algo realmente ambíguo para uma única alma é um troço chamado saudade. Com ou sem pimenta nos olhos. O dito popular é quem melhor traduz a dualidade de uma saudade quando diz que esta é a maior prova de que o amor valeu a pena. Então sentir a falta é bom. E ruim. Em todos os pontos de vista. Vai entender.
Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura.
Saudade é o amor que não foi embora ainda, embora o amado já o tenha feito. Ter saudade é imaginar onde deve estar agora, se ainda gosta de vinho bordeaux, se chorou com a derrota do Grêmio no campeonato nacional, se tem tratado aquela amiga da elite. E quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.
Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.
Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.
Por que a saudade é o muro de Berlim desmoronado no chão, capaz de agregar opostos, como a tristeza e a felicidade em uma coisa híbrida. Se você tem saudade é sinal que teve na vida momentos de alegria com ela ou ele! No fim das contas, a saudade que agora lhe maltrata nada mais é que uma dívida sendo paga em longas 36 prestações pelo amor usufruído. Agora aguenta.
O que dá mais raiva
A garota comia sardinha e arrotava caviar, adorava gabar-se entre amigas do Audi A3 Sportback vermelho que você comprou e não pagava uma caixa de fósforos. Essa vai ser fácil esquecer!
A gatinha tinha ciúme até da dona Silvina, sua vizinha que só se alimenta através de sonda, dá pra contar nos dedos do Lula quantas baladas na companhia dela não terminaram em auê e você vivia na iminência de ser o próximo ator principal do teste de fidelidade da Márcia Goldschmidt. Um beijo e adeus!
Sua ex-namorada dava pelota até para o Adamastor, o porteiro do seu prédio, contava mais homens que o Romário gols e a arquibancada geral do time da cidade já tinha cânticos personalizados com o nome da ninfa. Essa raiva vai passar!
Quando a gente ama, mas os defeitos são condenáveis, fica mais acessível esquecer. Perverso é omitir de nós mesmos, uma mulher que amamos por inteira, alguém cuja mistura de qualidades e defeitos resultava numa parceira irreparável. Assim, tentar esquecer é lembrar. E lembrar dá raiva.
O que dá raiva não é a capacidade que ela tinha de bisbilhotar a vida alheia. O que dá raiva é lembrar do instinto maternal que acordava nela toda vez que você contraía um resfriado. Não dá raiva lembrar da atração irremediável dela por utensílios da Dolce & Gabbana. O que dá raiva é lembrar dos beijos prolongados antes do sol raiar.
Não dá tanta raiva lembrar dela assassinando a voz da Adriana Calcanhoto debaixo do chuveiro, quanto dá raiva recordar dela trajada de vestido florido, calcinha de algodão, chinelo havaianas e cabelos soltos desafiando o vento. A raiva que você sente da insensatez da garota para tratar das doenças sociais mundanas nem se compara com a raiva daquele jeito sapeca que te fazia desejar uma garotinha com o xerox daquele sorriso correndo pela casa.
Não é que ela fez de errado, nem os muitos defeitos, nem o que você viveu colado naquela têia. A pior raiva é das lacunas vazias que adeus nenhum é capaz de apagar.
Saudade não é um bom motivo para ter de volta as pessoas que você tratou com descaso enquanto estavam do seu lado.
O amor tranquilo tem reconhecido valor, mas procura os iguais. Só o ódio é capaz de unir diferentes como nós.
Ser humano é estar incessantemente no encalço daquilo que está longe dos olhos e do coração.
Humor negro é precisar curar a saudade provocada pelo veneno irônico e melancólico de desejar a mais doce presença – que nunca tive – de todas que eu amei.
Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.
Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A gente é saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado. Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.
“Superar é retomar o percurso da vida, sem rechaçar qualquer chance de volta. Isso é liberdade, beibe.”
“Veja bem. Não tô dizendo que superei, as feridas estão comigo, servindo de baliza pra reconhecer esse lado quente e fresco das coisas. Mas eu preciso ir, não posso falar contigo agora. Tenho pressa de apertar o play. Dá licença? Então sai debaixo da minha sacada. E da próxima vez que sair na chuva, vê se antes aprende a se molhar.”
Eu caso, se preciso for. Eu amo você, por mim tudo bem. Conheço seus pais e faço ambos me amarem como você me ama – ok, não exatamente como você me ama. Onde você pedir com jeitinho e beicinho, eu assino. Mas deixa eu me embriagar com o aroma, a cor e a textura das suas coxas. Agora e pra sempre.
Tudo que eu queria te dizer era tudo que eu não posso mais te dizer, ou tudo que eu queria ouvir mais vezes, muito tempo antes de chegarmos a esse ponto de partida, minha partida, tão adiada partida
É tudo que eu queria te dizer. Eu não quero mais. Será que você pode ao menos tentar seguir sem mim?
Ela só precisa sentir que não há com que se preocupar, você tá ali e tal
Me diga que está triste, eu consolo. Me diga que nunca foi tão feliz, eu concordo. Me ame ou me odeie. Me mande pra p****-que-o-pariu ou me convide pra ir com você. Exploda na minha cara ou se derreta na minha mão. Deixa eu te ver morrendo de tanto rir ou com vergonha das olheiras de tanto chorar. Só não me esconda o rosto. Me abrace, me esmurre, me lamba ou me empurre. Só não me balance os ombros. Não me perturba assistir tua dor nem acompanhar teu gás. Te ver mais ou menos realmente me incomoda. Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe.
Suas palavras, mesmo em alto e bom português, parecem não mais falar minha língua.
O amor existe no calor da iminência, do tato e do contato. A frieza do resto, embora lembre um pouco amor, na real é qualquer bobagem.
Era óbvio que a gente não iria ficar junto para sempre, mas precisava dizer?
Comece – ironicamente – seguindo o conselho de quem deixou de te amar. Cuide de você.
Ah, e também que nessas fantasias, tais garotas jamais usam calcinhas de algodão esgarçadas de lavar trezentas vezes. E, sinceramente, não sei se conseguiria viver sem uma dessas no registro do meu chuveiro.
Essa não é minha vida mesmo, essa alegria é emprestada, esse sorriso é postiço. No meu rosto decorado com pó diluível, a maquiagem é à prova de decepção – especial pra quem vaga pela noite sem o retornável desejo de quebrar a cara. E desse corpo que ofereci pra ser só seu, também não sou mais dona, agora é quase de quem quiser. Cara, eu só queria te ver mostrando que precisa de mim, vez que outra. Que me amasse com ênfase nas vezes que não mereci ser amada. Porque, entre me sentir inútil só pra você e me sentir inútil pro resto do mundo, optei pela diversidade
Até tento rir de tudo, mas as peças que o amor me prega não tem nenhuma graça
E como dois corpos não ocupam o mesmo lugar, você precisa sair de si pra que eu possa entrar.
É cedo pra dizer, ou tarde demais pra fugir. Talvez você seja um cachorro-cínico-egoísta apenas sendo gentil-romântico-atencioso só pra me enganar na sua cama. Mas se não for você, será outro qualquer. Melhor que seja você.
Raiva e rancor só merece quem se foi sem uma explicação convincente e nunca mais sequer procurou, deixando lacunas que nenhum outro adeus até hoje teve audácia de apagar.