Meu globo ocular quase chovia
Mas não posso chorar, eu sou correria
Correndo dos meus sentimentos todo o dia
Será que isso é sabedoria?
Na verdade o que me fere são as rosas, não as armas.
Pedi pra Oxalá me prepara pro estrelato
Minha mente tá em 2020, a dos reaça em 64
Não vivo pra deixar grana, eu vivo pra deixar saudade
Liberdade que aprisiona tá longe de liberdade
Ela é uma bruxa, o feitiço não acaba
Deus me perdoe essa vida macabra
Ando vivendo em um abra cadabra
Tô fascinado por essa diaba.
Tô quase chamando essa doida de amor.
E esses olhos negros
E um sorriso marfim
Seria muita pretensão tê-los apenas pra mim
Ao povo brasileiro
A polícia nos acusa de terroristas e assaltantes
Mas não somos outra coisa que não revolucionários
Não precisamos de mais retrógrados
Chega de armas, queremos livros
Nós não queremos riquezas em sarcófagos
Sem liberdade não estamos vivos
Não tem cabimento, não seja um jumento
Até um cachorro entende essa equação
As mazelas da alma, o trauma e a dor
Se cura com amor, saúde e educação
Livres pensadores assustam
Conservadores só conservam dores
Vocês têm medo das mudanças
Malditos escravos de antigos valores
Preta, tô voltando
Com mais dúvidas do que respostas
E o mundo pesadíssimo em minhas costas
Você não me entende
Que me amar é sem futuro
O amor é muito duro
O amor é obscuro
O amor é uma penúria
Mentiras e injúrias
Porque como escreveu Erasmo no Elogio da Loucura
Às vezes é preciso ser louco pra dizer o óbvio
Eleve-se, é no alto que é seu lugar
Se jogue e vá pelo vento até onde o vento soprar
Deixa levar, vou me enervar pra me elevar
Quem sobe fica pequeno pra quem não pode voar
Castelo dourado dificilmente cai
O Aprendiz tá na casa e não tem volta mais
Chave Mestra tá na casa e não tem volta mais
Em busca de ouro, mais do que a própria paz
No céu, o mesmo sol, mas não tem café na mesa
A crise tá sinistra, né? papai não tem empresa
As contas procriaram, assim como essas baratas
O sistema é uma fraude, o menino tá sem fraldas
De onde vim, ninguém bota fé nas habilidades
A sogra vai questionar sua utilidade
Você se sentindo o lixo dessa sociedade
Até quando viver, sem viver de verdade?
Me sinto cristão perseguido em Roma
Um Tutsi na guerra civil de Ruanda
Nossas esquinas e seus anjos armados
Mortos nas mãos de demônios fardados
Sempre enxerguei além das demais crianças
Minha mente cruzava os desertos colossais do Kansas
Como Dante Alighieri visto no inferno da alma
Na verdade o que me fere são as rosas não as armas
Honrosas lutas sujas cujo oculta a sorte
Fez com que eu matasse a morte
Sim, a arte mata a morte
A vida na pobreza soa bem pior que a morte.
Sabe por que você reza? Eles te querem pianinho, dando suas moedas a César.