Não importa se as pessoas vão se decepcionar. Se você não for verdadeira consigo mesma, a vida perde o sentido.
Talvez o motivo fosse justamente a nossa relação virtual: o Leo gostou de mim antes de conhecer minha aparência, e vice-versa. Num mundo onde a aparência parecia ser a primeira coisa que todo mundo reparava, conviver com ele era revigorante.
Eu queria, sim, conhecer a Ayla – e como! Mas esse sonho era uma realidade tão distante que só conseguia enxergá-lo num universo paralelo.
Um em que eu não tivesse medo de ser quem eu sou.
Um em que o mundo me aceitasse.
Um em que a Ayla gostasse da Raíssa, não do Leo.
Considerando toda a confusão em minha vida, os problemas financeiros e o relacionamento complicado dos meus pais, além do turbilhão de sentimentos dentro de mim, entrar num jogo em que eu podia ser quem eu quisesse, num mundo de fantasia, sem nenhuma dessas questões para me atormentar, era um enorme alívio.
Jogar me fazia tirar o peso do mundo das costas e me despia das minhas mentiras.
Por mais contraditório que parecesse, ali, naquele computador, não havia máscaras.
Era apenas eu mesma.