Na altura em que a razão é capaz de compreender o sucedido, as feridas no coração já são demasiado profundas.
Os presentes dão-se por prazer de quem oferece, não por mérito de quem recebe.
Não há dúvida que há gente no mundo que existe para que haja de tudo.
O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafia a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem de pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma. O resto, o doce envoltório macio que nos faz perder o sentido e a virtude, vem por acréscimo.
(…) senti que se me apertava a garganta e, à falta de palavras, mordi a voz.
Existimos enquanto alguém nos recorda.
No momento em que paramos a pensar se gostamos de alguém, já deixamos de gostar dessa pessoa para sempre.
As palavras com que envenenamos o coração de um filho, por mesquinharia ou por ignorância, ficam guardadas na memória e mais cedo ou mais tarde lhe queimam a alma.
Nós existimos enquanto alguém se lembra de nós.
As vidas sem significado passam ao largo como trens
que não páram na estação.
Daniel) – Um bom pai?
Fermín) – Sim. Como o seu. Um homem com cabeça, coração e alma. Um homem que seja capaz de escutar, guiar e respeitar uma criatura, e de não afogar nela os próprios defeitos. Alguém de quem um filho não goste apenas por ser seu pai, mas que o admire pela pessoa que é. Alguém com quem ele queira se parecer.
Há poucas razões para se dizer a verdade, mas para mentir o número é infinito.
A morte tem dessas coisas: desperta o sentimental que há em nós. Diante de um túmulo vemos apenas o bom, ou o que queremos ver.
As estatísticas demonstram: morre mais gente na cama do que na trincheira.
Poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho ao seu coração.As primeiras imagens,o eco dessas palavras que pensamos ter deixado pra trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde – não importa os livros que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou esqueçamos – iremos retornar.
A arte de ler está morrendo aos poucos, um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, colocamos nossa mente e alma na leitura, e esses bens estão cada dia mais escassos.
O modo mais eficaz de tornar os pobres inofensivos é ensiná-los a querer imitar os ricos. Esse é o veneno com que o capitalismo cega.
As pessoas estão dispostas a acreditar em qualquer coisa antes de acreditar na verdade.
Julián escreveu certa vez que os acasos são as cicatrizes do destino. Não há acasos, Daniel. Somos marionetes da nossa inconsciência.
“A televisão, amigo Daniel, é o Anticristo, e eu digo que bastarão três ou quatro gerações para as pessoas não saberem mais nem peidar por conta própria e para o ser humano voltar à caverna, à barbárie medieval, a estados de imbecilidade que a lesma já superou por volta do Pleistoceno. Este mundo não vai acabar por causa da bomba atômica, como dizem os jornais, vai acabar, sim, de tanta risada, de tanta banalidade, por essa mania de se fazer piada com tudo, e além do mais, piadas ruins.”
É curioso como julgamos os demais e não percebemos
o quão miserável é nosso desprezo até eles nos faltarem,
até serem tirados de nós. São tirados de nós porque nunca
foram nossos…
“Até aquele instante, não havia compreendido que aquela era uma história de pessoas solitárias, de ausências e de perdas, e que, por esse motivo, havia me refugiado nela até confundi-la com minha própria vida, como quem escapa pelas páginas de um romance porque aqueles que precisa amar são apenas sombras que moram na alma de um estranho.”
As pessoas cacarejam o tempo todo. O homem não vem do macaco, vem da galinha.
“Quem ama de verdade ama em silêncio, com atos e não com palavras”
Porque nessa vida quem comanda tudo é o preconceito.
Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó cujo cheiro ainda conservo nas mãos.
Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos sob suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece.
Não existem línguas mortas, mas cérebros letárgicos.
Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo – não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos-, vamos regressar. Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos.
Embora me desse a impressão de que era dessas pessoas que não podiam ser feliz em lugar algum. Era um homem muito reservado e às vezes eu achava que o mundo e as pessoas tinham deixado de lhe interessar.Eu tive a impressão de que Julián vivia no passado, fechado com as suas lembranças. Julián vivia dentro de casa, para seus livros e dentro deles, como um prisioneiro de luxo.
Há prisões piores que as palavras.
O difícil não é simplesmente ganhar dinheiro, difícil é ganhá-lo fazendo algo que valha a pena dedicar a vida.
Não podia evitar pensar que se eu, por puro acaso, tinha descoberto todo um universo num só livro desconhecido na infinidade daquela necrópole, dezenas de milhares de outros livros ficariam inexplorados, esquecidos para sempre. Senti-me rodeado por milhares de páginas abandonadas, de universos e almas sem dono, que fundiam em um aceano de escuridão enquanto o mundo que palpitava do lado de fora daquelas paredes perdia a memória sem perceber, dia após dia, sentindo-se mais sabio quanto mais esquecia.
Os livros são espelhos: neles só se vê o que possuímos dentro.
Nas fases mais avançadas do cretinismo, a falta de idéias é compensada pelo excesso de ideologias.
Quando nos sentimos ameaçados, a inveja, a cobiça ou o ressentimento que nos movem se tornam santificados, pois nos convencemos de estar agindo em defesa própria…
Uma pessoa acaba se transformando naquilo que vê nos olhos de quem deseja.
A gente não sabe o que é sede até beber pela primeira vez.
Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.
Quando a razão é capaz de entender o ocorrido, as feridas no coração já são profundas demais.
Diante daquela inesperada e abominável reviravolta dos acontecimentos, Vidal ainda tentava me animar, mas eu começava a suspeitar que meus dias na redação estavam contados. – A inveja é a religião dos medíocres. Ela os reconforta, responde às angústias que os devoram por dentro. Em última análise, apodrece suas almas, permitindo que justifiquem sua própria mesquinhez e cobiça, até o ponto de pensarem que são virtudes e que as portas do céu se abrirão para os infelizes como eles, que passam pela vida sem deixar outro rastro senão suas toscas tentativas de depreciar os demais, de excluir e, se possível, destruir quem, pelo mero fato de existir, coloca em evidência sua pobreza de espírito, de mente e de valores. Bem-aventurado aquele para quem os cretinos ladram, pos sua alma nunca lhes pertencerá.
A fé é uma resposta instintiva a certos aspectos da existência que não podemos explicar de outra forma, seja isso o vazio moral que percebemos no universo, a certeza da morte, o mistério da origem das coisas ou o sentido de nossa própria vida, ou ainda a completa ausência dele. São aspectos elementares e de extraordinária simplicidade, mas nossas próprias limitações nos impedem de responder de modo compreensível a tais perguntas e por isso criamos, como defesa, uma resposta emocional.
É impossível estabelecer um diálogo racional com alguém a respeito de crenças e conceitos que não foram adquiridos por meio da razão.
A letra da canção é o que pensamos entender, mas o que faz com que acreditemos, ou não, é a melodia.
Um intelectual é alguém que, de hábito, não se distingue exatamente por seu intelecto. Atribui tal qualitativo a si mesmo para compensar a impotência natural que intui em suas capacidades.
Toda oportunidade de negócio tem seu ponto de partida na incapacidade de uma outra pessoa para resolver um problema simples e inevitável.
O silêncio só é necessário quando não se tem nada de válido a dizer. Ele faz com que até os idiotas pareçam sábios por um minuto.
Poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração.
JORGE , MEU BEM QUERER
…alguém disse que a vida concede a cada um de nós apenas
alguns raros momentos de pura felicidade.
Às vezes são apenas dias ou semanas.
Às vezes anos.
Tudo depende da sorte de cada um.
A lembrança desses momentos nos acompanha para sempre e se transforma num país da memória ao qual tentamos regressar pelo resto de nossas vidas…
Desejo do fundo do meu coração que você seja feliz para sempre!
Um segredo vale o que valem aqueles de quem temos de guardá-lo.
Talvez fosse por isso que a adorava mais, por essa estupidez eterna de perseguir aqueles que nos fazem sofrer.
Odiar de verdade é um talento que se aprende com os anos.
Nunca confies em ninguém, Daniel, especialmente nas pessoas que admiras. São essas que te cravarão as maiores punhaladas.
O casamento e a família não são mais do que aquilo que fazemos deles. Sem isso, não são mais que um monte de hipocrisias, ninharias e palavreado. Mas, se há amor de verdade, do qual nunca se fala nem se apregoa aos quatro ventos, do que se nota e se demonstra…
O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafia a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem de pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma.
Uma das armadilhas da infância é que não é preciso se entender para sentir.
Acho que nada acontece por acaso, sabe? Que no fundo as coisas têm seu plano secreto, embora nós não entendamos.
– Você está apaixonado, – murmurou ele emocionado, dando um tapinha nas minhas costas. – Coitadinho!
Nunca confie em ninguém, especialmente em relação às pessoas que você admira. Serão essas que irão desfechar os piores golpes.”
– Meu pai costumava dizer que a vida não nos dá segundas oportunidades.
– Dá, mas somente para aqueles a quem não deu uma primeira. Na realidade, são oportunidades de segunda mão que alguém não soube aproveitar, mas são melhores que nada.
Toda religião organizada, com raras exceções, tem como pilar básico a sujeição, a repressão e a anulação da mulher no grupo. A mulher deve aceitar o papel de presença etérea, passiva e maternal, nunca autoridade ou independência, ou terá que pagar as conseqüências. Pode ter seu lugar de honra entre os símbolos, mas não na hierarquia. A religião e a guerra são negócios masculinos. E, em todo caso, a mulher acaba sempre por se converter em cúmplice e executora de sua própria sujeição.
A maioria das grandes religiões se originou ou alcançou o ápice de expansão e influência nos momentos da história em que as sociedades que as adotavam tinham uma base demográfica mais jovem e empobrecida.
A gente só se lembra do que nunca aconteceu…
E nada tem tanta força quanto uma promessa.
A lembrança de Marina e da história horripilante que vivemos juntos me impedia de pensar, comer ou sustentar uma conversa coerente. Ela era a unica pessoa com quem eu podia dividir minha angústia, e a necessidade de sua presença chegava a me causar dor física.
Minha sombra se confundia com as paredes. Os dias caíam como folhas mortas.
Hoje vi pela primeira vez o rosto da sombra. Ela me observava em silêncio desde a escuridão, ofuscante e imóvel. Sei perfeitamente o que havia naqueles olhos, que força a mantinha viva: o ódio. Pude sentir sua presença e soube que, cedo ou tarde, nossos dias nesse lugar vão se transformar num pesadelo. Nesse momento, eu me dei conta de toda a ajuda que ele precisa e de que, aconteça o que acontecer, não posso deixá-lo sozinho…
Às vezes, as coisas mais reais só acontecem na imaginação.
Embora nós não entendamos. Nada acontece por acaso, no fundo as coisas têm seus plano secretos.
A vida concede a cada um de nós apenas alguns raros momentos de felicidade. Às vezes são apenas dias ou semanas. Às vezes são anos. Tudo depende da sorte de cada um. A lembrança desses momentos nos acompanha para sempre e se transforma num país da memória ao qual tentamos regressar pelo resto de nossas vidas, sem conseguir.
Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós, guardiões, os que conhecemos este lugar, garantimos que ele venha para cá. Neste lugar, os livros dos quais já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, viverão para sempre, esperando chegar algum dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito.
As pessoas tendem a complicar as suas próprias vidas, como se a vida já não fosse suficientemente complicada.
Escrever é um ofício que se aprende, mas que ninguém pode ensinar.
Na altura em que a razão é capaz de compreender o sucedido, as feridas no coração já são demasiado profundas.
Os presentes dão-se por prazer de quem oferece, não por mérito de quem recebe.
Não há dúvida que há gente no mundo que existe para que haja de tudo.
O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafia a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem de pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma. O resto, o doce envoltório macio que nos faz perder o sentido e a virtude, vem por acréscimo.
(…) senti que se me apertava a garganta e, à falta de palavras, mordi a voz.
Existimos enquanto alguém nos recorda.
No momento em que paramos a pensar se gostamos de alguém, já deixamos de gostar dessa pessoa para sempre.
As palavras com que envenenamos o coração de um filho, por mesquinharia ou por ignorância, ficam guardadas na memória e mais cedo ou mais tarde lhe queimam a alma.
Nós existimos enquanto alguém se lembra de nós.
As vidas sem significado passam ao largo como trens
que não páram na estação.
Daniel) – Um bom pai?
Fermín) – Sim. Como o seu. Um homem com cabeça, coração e alma. Um homem que seja capaz de escutar, guiar e respeitar uma criatura, e de não afogar nela os próprios defeitos. Alguém de quem um filho não goste apenas por ser seu pai, mas que o admire pela pessoa que é. Alguém com quem ele queira se parecer.
Há poucas razões para se dizer a verdade, mas para mentir o número é infinito.
A morte tem dessas coisas: desperta o sentimental que há em nós. Diante de um túmulo vemos apenas o bom, ou o que queremos ver.
As estatísticas demonstram: morre mais gente na cama do que na trincheira.
Poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho ao seu coração.As primeiras imagens,o eco dessas palavras que pensamos ter deixado pra trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde – não importa os livros que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou esqueçamos – iremos retornar.
A arte de ler está morrendo aos poucos, um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, colocamos nossa mente e alma na leitura, e esses bens estão cada dia mais escassos.
O modo mais eficaz de tornar os pobres inofensivos é ensiná-los a querer imitar os ricos. Esse é o veneno com que o capitalismo cega.
As pessoas estão dispostas a acreditar em qualquer coisa antes de acreditar na verdade.
Julián escreveu certa vez que os acasos são as cicatrizes do destino. Não há acasos, Daniel. Somos marionetes da nossa inconsciência.
“A televisão, amigo Daniel, é o Anticristo, e eu digo que bastarão três ou quatro gerações para as pessoas não saberem mais nem peidar por conta própria e para o ser humano voltar à caverna, à barbárie medieval, a estados de imbecilidade que a lesma já superou por volta do Pleistoceno. Este mundo não vai acabar por causa da bomba atômica, como dizem os jornais, vai acabar, sim, de tanta risada, de tanta banalidade, por essa mania de se fazer piada com tudo, e além do mais, piadas ruins.”
É curioso como julgamos os demais e não percebemos
o quão miserável é nosso desprezo até eles nos faltarem,
até serem tirados de nós. São tirados de nós porque nunca
foram nossos…
“Até aquele instante, não havia compreendido que aquela era uma história de pessoas solitárias, de ausências e de perdas, e que, por esse motivo, havia me refugiado nela até confundi-la com minha própria vida, como quem escapa pelas páginas de um romance porque aqueles que precisa amar são apenas sombras que moram na alma de um estranho.”
As pessoas cacarejam o tempo todo. O homem não vem do macaco, vem da galinha.
“Quem ama de verdade ama em silêncio, com atos e não com palavras”
Porque nessa vida quem comanda tudo é o preconceito.