AutorAntonio Maria

Antonio Maria

Solidão é quando o coração, se não está vazio, sobra lugar nele que não acaba mais.

Antonio Maria

Ah! Que coisa mais insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obtusidade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade.”

Antonio Maria

“É muito importante isto de alguém nos incluir em seus planos de felicidade.”

Antonio Maria

Às vezes, me sinto muito só. Sem ontem e sem amanhã. Não adianta que haja pessoas em volta de mim. Mesmo as mais queridas. Só se está só ou acompanhado, dentro de si mesmo. Estou muito só hoje. Duas ou três lembranças que me fizeram companhia, desde segunda-feira, eu já gastei. Não creio que, amanhã, aconteça alguma coisa de melhor.

Antonio Maria

“AMOR A GENTE ESPERA,
COMO O PESCADOR ESPERA O SEU PEIXE,
OU O DEVOTO ESPERA O SEU MILAGRE:
EM SILÊNCIO, SEM SE IMPACIENTAR COM A DEMORA”.

Antonio Maria

Frases de Dezembro
Dezembro é o mês de uma infinidade de frases, que se repetem em todos os anos, sempre as mesmas. Vamos lembrar algumas, que estão sendo ditas, desde o dia 1º.:
“O ano passou num abrir e fechar de olhos”
“Você reparou quanta gente conhecida morreu este ano?”
“E todas quando a gente menos esperava”
“Eu espero que o ano que vem seja um pouquinho melhor”
“Pois eu, minha filha, não tenho nada que me queixar. Luís Mário passou de ano”
“Nunca houve um ano tão ruim para negócios”
“Vocês já viram quanto está custando um quilo de castanhas?”
“Minha filha, com a vida pelo preço que está, nós não vamos fazer nada. Mas, se você quiser aparecer lá em casa, com as crianças, só nos dará prazer”
“Eu tenho horror a datas… se não fossem as crianças…”
“Natal de pobre é no dia 26”
“Se o Dagoberto não estivesse tão atropelado,eu ia pedir para ir, com as crianças, passar Natal nos Estados Unidos”
“Olhe, Daniel, como eu sei que os seus negócios não vão bem, vou deixar os brincos de e esmeraldas para o ano que vem”
“Mamãe, o Luís Otávio falou que Papai Noel é o pai da gente”
“Olhe, se você não comer o ovinho todo, Papai Noel vai ficar tão triste que é capaz de não vir”
“Deixa passar esse negócio de Natal e Ano-Bom, que eu vou estudar uma maneira de ir pagando devagarzinho”
“Bom, o regime eu só vou começar depois do ano”
“Você não vai encontrar banco nenhum que desconte este título, a não ser depois do dia 1º.”
“Eu quero ver se, de janeiro em diante, paro de fumar e de beber”
“Este ano só quem mandou presente foi o armazém e, assim mesmo, uma garrafinha de vinho do Porto”
“Eu já avisei a todo mundo, que não quero nada, porque não tenho para dar a ninguém”
“Logo que as crianças terminarem os exames, eu boto tudo num automóvel e levo lá para um sitiozinho que eu tenho em Thiago de Melo”
“Vocês sabiam que, no Norte, eles chamam rabanadas de fatias paridas?”
“O que é que você mais desejaria que o Ano Novo lhe trouxesse?”
“Minha filha, eu e as crianças estando com saúde, não preciso de mais nada”
“Minha mulher é uma santa. Ela falou que tudo o que eu tivesse de dar de Natal, desse às crianças”
“Falaram tanto dessas cestas! Você viu o que veio dentro?”
“Pois olhe, lá em Portugal, um quilo de castanhas custa três escudos”
“Mas, hoje em dia, qual é a diferença que existe entre o champagne nacional e o francês?”
“Com este, faz não sei quantos natais que eu não como uma fatia de peru”
“Você acha que, com as coisas como estão, este Governo aguenta até o fim do ano?”
texto extraído do livro “o jornal de antônio maria” editora saga – rio de janeiro 1968 pág. 74
Rio, 14/12/59

Antonio Maria

Mulher dos outros
Antônio Maria
Dia claro. Primeiras horas do dia claro. Havíamos bebido e procurávamos um café aberto, para uma média, com pão-canoa. Quase todos estavam fechados ou não tinham ainda leite ou pão. Fomos parar em Ipanema, num cafezinho, cujo dono era um português e nos conhecia de nome de notícia. Propôs-nos, em vez de café, um vinho maduro, que recebera de sua terra, “uma terrinha (como disse) ao pé de Braga”. Não se recusa um vinho maduro, sejam quais forem as circunstâncias. Aceitamo-lo. Nossa grata homenagem a José Manuel Pereira, que nos deu seu vinho.
Nesse café, além de nós, havia um casal, aos beijos. As garrafas vazias (de cerveja) eram quatro sobre a mesa e seis sob. Beijavam-se, bebiam sua cervejinha e voltavam a beijar-se. Não olhavam para nós e pouco estavam ligando para o resto do mundo. Em dado momento, entraram dois rapazes e pediram aguardente no balcão. Ambos disseram palavrões, em voz alta. O casal dos beijos e da cerveja parou com as duas coisas. Outros palavrões e o cabeça do casal protestou:
— Pára com isso, que tem senhora aqui!
Um dos rapazes dos palavrões:
— Não chateia!
— Não chateia o quê? Pára com isso agora!
Um dos rapazes do palavrão:
— E essa mulher é tua mulher?
— Não é, mas é mulher de um amigo meu!
A briga não foi adiante. Todos rimos. O dono da casa, os rapazes dos palavrões, o casal. Está provado que: quem sai aos beijos com mulher de amigo não tem direito a reclamar coisa alguma.

Antonio Maria

⁠Se nós quisermos estar com Deus e, ao mesmo tempo, agir, falar, pensar, ler ou resolver problemas, o jeito é elevar, muitas vezes, os olhos de nossa mente a Deus, por pouco ou por muito tempo, tal como faríamos com um nosso amigo.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Antes de começar qualquer coisa, diga espontaneamente ao Cristo algumas palavras e, ao longo do dia de trabalho, eleve sua mente a Deus frequentemente. Isso será muito bom e você não vai perder nada se comportando assim.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Dedique tudo a Deus com aquela pequena oração que Ele lhe inspirar, ou com palavras de acordo com seus pensamentos e desejos e de qualquer outro jeito; e assim agindo, pensando ou executando suas atividades, eleve frequentemente seu pensamento a Deus.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Seguindo todos esses metódos, você se acostumará a fazer suas orações com facilidade, sem prejudicar seus afazeres, nem sua saúde e rezará sempre. O trabalho não impedirá a elevação da mente e a ocupação espiritual. Agindo de outra maneira, você será um homem bom, não um bom cristão, tal como Cristo quer e como o chamou para ser.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Se as coisas se prolongarem, procure interrompê-las por breves momentos, como por exemplo, pelo espaço de uma Ave Maria ou como lhe agradar e faça a oração que Deus lhe inspirar. E isso, você poderá repetir várias vezes, conforme a demora das coisas.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Se as minhas palavras têm algum valor para você, eu o exorto, peço-lhe e o obrigo em Cristo e por Cristo: abra os olhos e preste atenção… Leia com os fatos e não somente com os olhos. Lhe garanto que você se tornará outra pessoa, bem diferente do que é agora, do jeito que deve ser, carregando o peso que Deus colocou e ainda vai colocar, de muitos modos, sobre seus ombros.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Atenção! Procure compreender e viver bem, colocando em prática⁠, odedecendo e cumprindo seus deveres perante Deus e o próximo.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠A ira e a perda da tranquilidade vem da soberba. A soberba produz frutos ruins e efeitos negativos. Pensando bem, é isso que faz você perder o controle, o que o perturba e o leva a fazer gestos obscenos e a falar palavrões.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Mostrei-lhe o mal que é a mãe de todos os seus defeitos; acabe com ele: desse modo, não fará nascer filhos em você. Descubra os remédios e o modo para vencer este mal [a soberba].

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Observando tudo isso, você chegará à intimidade com o Cristo Crucificado. Mas, comportando-se de modo diferente, você ficará bem longe: e é isso que eu não quero ver em você, porque o/a considero muito como irmão/irmã em Cristo. Amém.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Primeira coisa: faça suas orações sem cessar. Segunda coisa: eleve sua mente frequentemente a Deus.⁠ Terceira coisa: conheça seus defeitos.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Fique conformado com a vontade de Deus. Eu também quero conformar-me com ela, custe o que custar, mesmo contrariado. ⁠

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Seja meu intercessor junto a Deus, para que Ele me livre das minhas limitações, da minha moleza e do orgulho.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠O livro, “A vitória sobre si mesmo”, vou ter que escrevê-lo com a vida e não só no papel.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠O Deus da paz e de toda graça os guarde e lhes conceda aquela firmeza e decisão em tudo o que fizerem e desejarem, como eu gostaria.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠É uma grande verdade que Deus fez o homem instável e querendo sempre mudar, para não ficar parado no mal e, também, para que, conseguindo um bem, não fique parado só nele, mas passe para outro maior e, desse, para outro maior ainda.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠E, assim, crescendo degrau por degrau, chegue à perfeição.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠É por isso que se diz que o homem que está no mau caminho, não fica nada satisfeito, isto é, não encontrando prazer no mal, não pode continuar nele: e assim, não parando no mal, irá para o bem.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Do mesmo modo, não se satisfazendo só com as criaturas, passará para Deus. Bem! Por enquanto, deixo de lado as várias causas das insatisfações dos homens: o que já escrevi, chega!

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Coitados de nós! A firmeza e a decisão que devemos ter para fugir do mal, não as estamos usando para fazer o bem; tanto é verdade, que eu me admiro muitas vezes com a grande falta de firmeza que está em mim e isso vem de longe!

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Meus irmãos, eu estou certo de que, se eu meditasse profundamente a respeito dos males que surgem por causa dessa tal falta de firmeza, já os teria arrancado pela raiz há muito tempo!

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠A falta de firmeza, antes de mais nada, atrapalha o homem: ele não progride, fica como quem está entre dois imãs: não é atraído nem por um, nem pelo outro; isso quer dizer que ele não faz o bem agora, porque se preocupa com o futuro, nem se prepara concretamente para o futuro, porque perde tempo agora e não acredita no futuro.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Enquanto o homem ficar indeciso e cheio de dúvidas, é certo que não vai fazer coisa boa: é a voz da experiência, eu nem preciso falar.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠E tem mais: a falta de firmeza deixa o homem instável como as fases da lua. E não acabou não! O homem indeciso está sempre inquieto, nunca se sente satisfeito; mesmo quando está muito alegre, fica triste facilmente, fica irritado e procura facilmente suas compensações.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Na verdade, esta erva daninha vem da falta de luz divina. O Espírito Santo chega logo ao mais íntimo das pessoas, não fica na superfície, mas quem não enxerga o seu interior, não consegue decidir de jeito nenhum.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Esta falta de firmeza é resultado da mediocridade, mas também a provoca: de fato, o homem indeciso, na hora de dar conselho a respeito de algum problema, é capaz de falar todas as razões que existem, mas não sabe decidir quais as certas.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠E então, nunca diz o que deve ser feito e o que deve ser deixado; por isso, se antes a dúvida era pequena, depois se torna grande e, assim, nós nunca nos decidimos.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠O homem indeciso perde o entusiasmo e se torna medíocre (morno).

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Quem quiser apontar as tristes consequências e as causas da falta de firmeza, vai levar mais de um ano; a verdade é que, se o mal fosse só esse, já seria até demais, porque, enquanto o homem fica duvidando, não consegue fazer nada.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaro
e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento
e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços
a tua figura era ao que me lembro da cor do jardim.

António Maria Lisboa

⁠Contar a vida pelos dedos e perdê-los
contar um a um os teus cabelos e seguir a estrada
contar as ondas do mar e descobrir-lhes o brilho
e depois contar um a um os teus dedos de fada
Abrir-se a janela para entrarem estrelas
abrir-se a luz para entrarem olhos
abrir-se o tecto para cair um garfo no centro da sala
e depois ruidosa uma dentadura velha
E no CIMO disto tudo uma montanha de ouro
E no FIM disto tudo um Azul-de-Prata.

António Maria Lisboa

⁠Vírgula
Eu menino às onze horas e trinta minutos
a procurar o dia em que não te fale
feito de resistências e ameaças — Este mundo
compreende tanto no meio em que vive
tanto no que devemos pensar.
A experiência o contrário da raiz originária aliás
demasiado formal para que se possa acreditar
no mais rigoroso sentido da palavra.
Tanta metafísica eu e tu
que já não acreditamos como antes
diferentes daquilo que entendem os filósofos
— constitui uma realidade
que não consegue dominar (nem ele próprio)
as forças primitivas
quando já se tem pretendido ordens à vida humana
em conflito com outras surge agora
a necessidade dos Oásis Perdidos.
E vistas assim as coisas fragmentariamente é certo
e a custo na imensidão da desordem
a que terão de ser constantemente arrancadas
— são da máxima importância as Velhas Concepções pois
a cada momento corremos grandes riscos
desconcertantes e de sinistra estranheza.
Resulta isto dum olhar rápido sobre a cidade desconhecida.
E abstraindo dos versos que neste poema se referem ao mundo humano
vemos que ninguém até hoje se apossou do homem
como o frágil véu que nos separa vedados e proibidos.

António Maria Lisboa

⁠Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua
continuar deitado até se destruir a cama
permanecer de pé até a polícia vir
permanecer sentado até que o pai morra
Arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária
amar continuamente a posição vertical

António Maria Lisboa

⁠Uma vida esquecida
Eu conheço o vidro franja por franja
meticulosamente
à porta parado um homem oco
franja por franja no espaço
meticulosamente oco uma porta parada.
Um relógio dá dez badaladas ininterruptamente
dez badaladas por brincadeira dança
um homem com pernas de mulher
e um olhar devasso no Marte
passo por passo uma criança chora
uma águia e um vampiro recuados no tempo.

António Maria Lisboa

⁠Para fugir desse defeito, temos duas saídas que o próprio Deus nos indica: a primeira nos ajuda, quando somos obrigados a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa ali na hora: qual a saída? É elevar nossa mente, pedindo o dom do conselho; em outras palavras, quando acontece uma coisa repentina e imprevista, que exige providências rápidas, aí é que elevamos a mente a Deus, pedindo que nos inspire o que temos que fazer: desse modo, sob a inspiração do Espírito Santo, não vamos errar.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Para fugir desse defeito, temos duas saídas que o próprio Deus nos indica: (…) a segunda é que, tendo tempo e oportunidade para pedirmos orientação, vamos ao nosso orientador espiritual e, conforme o que ele disser, fazemos ou deixamos de fazer algum trabalho ou outra coisa qualquer.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Meus caros amigos, se não tomarmos providências contra essa erva daninha, ela vai provocar em nós um péssimo efeito: a negligência, que é totalmente contrária aos caminhos de Deus.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠De fato, o homem deve pensar e repensar, moer e remoer na hora de ele fazer alguma coisa importante mas, depois que pensou e se aconselhou, não pode deixar para agir mais tarde.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Pois, nos caminhos de Deus precisamos, antes de mais nada, de prontidão e dedicação.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Meus amigos, é verdade que dessa falta de firmeza que há no meu comportamento, nasce em mim – não sei se é também por outro motivo, mas é quase sempre por causa da falta de firmeza – uma negligência tão grave e uma demora tão grande na hora de agir, que eu nunca me decido a começar uma coisa ou então, se eu começo, vou me arrastando tanto, que nunca chego ao fim.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

⁠Coragem! Levantem-se de uma vez por todas e juntem-se a mim, porque eu quero que arranquemos juntos esta erva daninha, se é que ela também está em vocês. Mas, se ela não pegou em vocês, venham ajudar-me, pois em mim, ela está plantada no coração. Pelo amor de Deus, ajudem-me de perto arrancá-la, para eu poder imitar Jesus Cristo, que assumiu uma atitude concreta contra a falta de firmeza, obedecendo até à morte e correu, para não se omitir, ao encontro da vergonha da cruz, não ligando para o que ia sofrer. E, se agora vocês não têm outros meios para me ajudar, venham em meu socorro, pelo menos com suas orações.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Coragem, irmãos! Se até agora houve alguma falta de firmeza⁠ em nós, vamos jogá-la fora junto com a negligência e corramos como loucos não só para Deus, mas também para o próximo, pois é o próximo que recebe tudo aquilo que não podemos dar a Deus, porque Ele não precisa de nossos bens.

Sto. Antônio Maria Zaccaria

Pobre alma empedernida que ao próprio mal se acostuma.

António Maria Ferreira

Solidão é quando o coração, se não está vazio, sobra lugar nele que não acaba mais.

Antonio Maria

Ah! Que coisa mais insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obtusidade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade.”

Antonio Maria

“É muito importante isto de alguém nos incluir em seus planos de felicidade.”

Antonio Maria

Às vezes, me sinto muito só. Sem ontem e sem amanhã. Não adianta que haja pessoas em volta de mim. Mesmo as mais queridas. Só se está só ou acompanhado, dentro de si mesmo. Estou muito só hoje. Duas ou três lembranças que me fizeram companhia, desde segunda-feira, eu já gastei. Não creio que, amanhã, aconteça alguma coisa de melhor.

Antonio Maria

“AMOR A GENTE ESPERA,
COMO O PESCADOR ESPERA O SEU PEIXE,
OU O DEVOTO ESPERA O SEU MILAGRE:
EM SILÊNCIO, SEM SE IMPACIENTAR COM A DEMORA”.

Antonio Maria

Frases de Dezembro
Dezembro é o mês de uma infinidade de frases, que se repetem em todos os anos, sempre as mesmas. Vamos lembrar algumas, que estão sendo ditas, desde o dia 1º.:
“O ano passou num abrir e fechar de olhos”
“Você reparou quanta gente conhecida morreu este ano?”
“E todas quando a gente menos esperava”
“Eu espero que o ano que vem seja um pouquinho melhor”
“Pois eu, minha filha, não tenho nada que me queixar. Luís Mário passou de ano”
“Nunca houve um ano tão ruim para negócios”
“Vocês já viram quanto está custando um quilo de castanhas?”
“Minha filha, com a vida pelo preço que está, nós não vamos fazer nada. Mas, se você quiser aparecer lá em casa, com as crianças, só nos dará prazer”
“Eu tenho horror a datas… se não fossem as crianças…”
“Natal de pobre é no dia 26”
“Se o Dagoberto não estivesse tão atropelado,eu ia pedir para ir, com as crianças, passar Natal nos Estados Unidos”
“Olhe, Daniel, como eu sei que os seus negócios não vão bem, vou deixar os brincos de e esmeraldas para o ano que vem”
“Mamãe, o Luís Otávio falou que Papai Noel é o pai da gente”
“Olhe, se você não comer o ovinho todo, Papai Noel vai ficar tão triste que é capaz de não vir”
“Deixa passar esse negócio de Natal e Ano-Bom, que eu vou estudar uma maneira de ir pagando devagarzinho”
“Bom, o regime eu só vou começar depois do ano”
“Você não vai encontrar banco nenhum que desconte este título, a não ser depois do dia 1º.”
“Eu quero ver se, de janeiro em diante, paro de fumar e de beber”
“Este ano só quem mandou presente foi o armazém e, assim mesmo, uma garrafinha de vinho do Porto”
“Eu já avisei a todo mundo, que não quero nada, porque não tenho para dar a ninguém”
“Logo que as crianças terminarem os exames, eu boto tudo num automóvel e levo lá para um sitiozinho que eu tenho em Thiago de Melo”
“Vocês sabiam que, no Norte, eles chamam rabanadas de fatias paridas?”
“O que é que você mais desejaria que o Ano Novo lhe trouxesse?”
“Minha filha, eu e as crianças estando com saúde, não preciso de mais nada”
“Minha mulher é uma santa. Ela falou que tudo o que eu tivesse de dar de Natal, desse às crianças”
“Falaram tanto dessas cestas! Você viu o que veio dentro?”
“Pois olhe, lá em Portugal, um quilo de castanhas custa três escudos”
“Mas, hoje em dia, qual é a diferença que existe entre o champagne nacional e o francês?”
“Com este, faz não sei quantos natais que eu não como uma fatia de peru”
“Você acha que, com as coisas como estão, este Governo aguenta até o fim do ano?”
texto extraído do livro “o jornal de antônio maria” editora saga – rio de janeiro 1968 pág. 74
Rio, 14/12/59

Antonio Maria

Mulher dos outros
Antônio Maria
Dia claro. Primeiras horas do dia claro. Havíamos bebido e procurávamos um café aberto, para uma média, com pão-canoa. Quase todos estavam fechados ou não tinham ainda leite ou pão. Fomos parar em Ipanema, num cafezinho, cujo dono era um português e nos conhecia de nome de notícia. Propôs-nos, em vez de café, um vinho maduro, que recebera de sua terra, “uma terrinha (como disse) ao pé de Braga”. Não se recusa um vinho maduro, sejam quais forem as circunstâncias. Aceitamo-lo. Nossa grata homenagem a José Manuel Pereira, que nos deu seu vinho.
Nesse café, além de nós, havia um casal, aos beijos. As garrafas vazias (de cerveja) eram quatro sobre a mesa e seis sob. Beijavam-se, bebiam sua cervejinha e voltavam a beijar-se. Não olhavam para nós e pouco estavam ligando para o resto do mundo. Em dado momento, entraram dois rapazes e pediram aguardente no balcão. Ambos disseram palavrões, em voz alta. O casal dos beijos e da cerveja parou com as duas coisas. Outros palavrões e o cabeça do casal protestou:
— Pára com isso, que tem senhora aqui!
Um dos rapazes dos palavrões:
— Não chateia!
— Não chateia o quê? Pára com isso agora!
Um dos rapazes do palavrão:
— E essa mulher é tua mulher?
— Não é, mas é mulher de um amigo meu!
A briga não foi adiante. Todos rimos. O dono da casa, os rapazes dos palavrões, o casal. Está provado que: quem sai aos beijos com mulher de amigo não tem direito a reclamar coisa alguma.

Antonio Maria

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