O samba é rodando,
a capoeira é rodando,
o reggae é rodando,
a gira é rodando,
tudo nosso é na circularidade.
Nós somos o começo, o meio e o começo. Nossas trajetórias nos movem, nossa ancestralidade nos guia.
Aprender, pra mim, é uma pergunta permanente.
Um rio não deixa de ser um rio quando ele conflui com outro rio. Ele continua em sua essência. Essa é a grandeza da confluência.
Quem nunca passou por uma encruzilhada não sabe escolher caminhos.
Plante o que precisar e a terra lhe dará o que você merecer.
Nós nascemos nos ventres das mães mulheres para aparecermos na terra. E nascemos no ventre da terra para aparecermos na ancestralidade!
Quando você compartilha o saber, o saber só cresce.
Extraímos os frutos das árvores
Expropriam as árvores dos frutos
Extraímos os animais da mata
Expropriam a mata dos animais
Extraímos os peixes dos rios
Expropriam os rios dos peixes
Extraímos a brisa do vento
Expropriam o vento da brisa
Extraímos o fogo do calor
Expropriam o calor do fogo
Extraímos a vida da terra
Expropriam a terra da vida
Politeístas!
Pluristas!
Circulares!
Monoteístas!
Monistas!
Lineares!
Fogo!…Queimaram Palmares,
Nasceu Canudos.
Fogo!…Queimaram Canudos,
Nasceu Caldeirões.
Fogo!…Queimaram Caldeirões,
Nasceu Pau de Colher.
Fogo!…Queimaram Pau de Colher…
E nasceram, e nascerão tantas outras comunidades
que os vão cansar se continuarem queimando
Porque mesmo que queimem a escrita,
Não queimarão a oralidade.
Mesmo que queimem os símbolos,
Não queimarão os significados.
Mesmo queimando o nosso povo,
Não queimarão a ancestralidade.
Quando nós falamos tagarelando
E escrevemos mal ortografado
Quando nós cantamos desafinando
E dançamos descompassado
Quando nós pintamos borrando
E desenhamos enviesado
Não é porque estamos errando
É porque não fomos colonizados