AutorAmélia Pinto Pais

Amélia Pinto Pais

Penso em ti como um desejo interrompido
que se teceu na minha memória.
E sonho-te mais do que te recordo.
Seleciono. Invento-te um nome, um rosto.
Reconstruo. Reconstruo-te.
Peça a peça.
Minuciosamente – real ou irreal,
– Assim te lembro.

Amélia Pinto Pais

Só a tristeza tem história.

Amélia Pinto Pais

⁠TRÍPTICO
(à maneira popular…)
I
desamada
desarmada
vem o vento
vai-se o tempo
nem o tempo
nem o vento
dá o tempo
de sarar
de repente
vem o dia
chega a hora
borda fora
a acostar
volta atrás ó cavaleiro
volta atrás se quer’s teu bem
tua amada
tua armada
com o tempo
desarmada
traz também
II
o que se sente
entre o que se pensa e diz .
o que se pensa
entre o que se sente e cala
o que se cala
entre o sentir e o ser
o que se diz
entre o que se ama e sonha
nós
no mais fundo de nós
nós perdidos
nós vazios
nós à margem
III
Quem vai responder
o que não tem resposta
Quem vai falar
o que não tem palavra
Quem vai achar
o que em nós esquece
Quem vai roer
o que em nós sufoca
Vem noite ou pranto ou dia ou vento
Quem quer que sejas que seja o novo
Abrindo o canto na carne clara

Amélia Pinto Pais

Rosa
Colhe a rosa
esquecida
no caminho
beija-a depois
Suave
a luz te é
reservada.

Amélia Pinto Pais

[Só no sonho os meus dias se consentem]
Só no sonho os meus dias se consentem
A um nome se reduz
esta ânsia de ser
presença viva do meu gesto outrora
Eu não sei de outro nome para a ternura.

Amélia Pinto Pais

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