AutorAlberto de Lacerda

Alberto de Lacerda

Tudo é
O que ali está
E o que ali está
Nunca mais acaba
É o concreto absoluto
E quase insuportável
De quem viu claramente visto
Como um danado
Cada detalhe vive
Inteiro
Íntegro –
Sua importância é igual
Ao inteiro mundo
O mistério dos mistérios
Ali está
Visível
Manifesto
Mas ninguém sabe o que é

Alberto de Lacerda

O passeio do outro lado da rua
Gente
Que não conhecerei nunca
Ninguém mais nesta mesa
De um café milenário –
Raras vezes
Terei estado menos só
A nave espacial chamada terra
Singra comigo tarde adiante
Tudo volve milenário
As pedras da rua
O cimento gasto do passeio
As recordações

Alberto de Lacerda

Tacteamo-nos no escuro
Apaixonadamente
O amor é cego
Mas só ele permite
Realmente ver

Alberto de Lacerda

O amor atira o olhar para mais longe…

Alberto de Lacerda

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