No que tenho de pior sou uma cacofonia. Uma massa de huidos humanos que não se somam numa sinfonia de um ser integrado. No que tenho de melhor, porém, o mundo canta para mim e através de mim como um cristal.
É a função do poeta: nomear o inominável, apontar as fraudes, tomar partido, despertar discussões, dar forma ao mundo e impedir que adormeça.
Em Cambridge, me ensinaram um método louvável do argumento: nunca personalize, mas não tenha absolutamente nenhum respeito pela opinião das pessoas. Nunca seja rude com ninguém, mas seja brutalmente grosseiro com o que a pessoa pensa. Esta distinção me parece fundamental: as pessoas devem ser protegidas contra a discriminação em virtude de sua raça, mas não cabe uma vala protetora em volta de suas ideias. No momento em que que disser que um sistema de ideia é sagrado, seja um sistema de crenças ou uma ideologia secular, no momento em que declarar que um conjunto de ideias deve ficar a salvo de toda crítica, sátira, deboche ou desprezo, a liberdade de pensamento se tornar impossível.
A linguagem é coragem. É a capacidade de conceber um pensamento, de falar. E ao fazê-lo, devemos tornar a linguagem real.
O que é a liberdade de expressão? Sem a liberdade de ofender, ela deixa de existir.
É muito fácil não ser ofendido por um livro. Você apenas tem que fechá-lo.
Sociedades livres são sociedades em movimento; e com o movimento vem a tensão, a dissidência, o atrito. Pessoas livres soltam faíscas, e essas faíscas são a melhor prova da existência da liberdade.
As únicas pessoas que podem ver o quadro inteiro são aquelas que saem do quadro.
A memória tem uma função especial. Ela escolhe, elimina, altera, exagera, minimiza, glorifica e vilipendia também. Mas, no final, ela cria sua própria realidade, sua versão heterogênea, mas geralmente coerente, dos eventos. E não há pessoa sensata que confie em uma versão mais do que na sua própria.
Para entender apenas uma vida, você tem que engolir o mundo.
Os livros escolhem os seus autores. O ato de criação não é totalmente racional nem consciente.
Um livro é uma versão do mundo. Se você não gosta, ignore-o; ou, em troca, ofereça sua própria versão.