Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva. Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além.
O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais.
O arqueiro que ultrapassa o alvo falha tanto como aquele que não o alcança.
Uma das maiores subtilezas da arte militar é nunca levar o inimigo ao desespero.
Nada há de mais belo e legítimo do que o homem fazer o bem e como deve ser, nem ciência tão difícil do que saber viver esta vida bem e naturalmente; e, de todas as nossas doenças, a mais terrível é desprezar o próprio ser.
Quando me contrariam, despertam-me a atenção, não a cólera: aproximo-me de quem me contradiz e instrui.
As mulheres coram por ouvirem falar daquilo que não receiam de modo algum fazer.
Para os cristãos, encontrar algo inacreditável é uma bela ocasião para acreditar.
A alma que abriga a filosofia deve, para a sua saúde, tornar o corpo são.
Temos na filosofia uma medicina muito agradável, pois, nas outras, sentimos o bem-estar apenas depois da cura; esta faz bem e cura ao mesmo tempo.
Nunca devemos dizer tudo, pois seria tolice; mas é indispensável que aquilo que se diz corresponda ao nosso pensamento; de contrário, é maldade.
Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas.
Poucos homens foram admirados pelos seus criados.
Não deves contar ao teu amigo que foste chifrado. Mesmo que não se ria de ti pode aproveitar a informação.
Saber de cor não é saber: é conservar aquilo que se deu a guardar à memória.
A velhice faz-nos mais rugas no espírito do que na cara.
Não existe conversa mais tediosa do que aquela onde todos concordam.
Todos os dias vão em direção à morte, o último chega a ela.
Nada parece verdadeiro que não possa parecer falso.
Se o vosso médico não acha bom que durmais, que useis vinho ou tal carne, não vos preocupeis: encontrar-vos-ei outro que não será da opinião dele.
Não se corrige aquele que se enforca, corrigem-se outros através dele.
Existem algumas derrotas mais triunfantes que vitórias.
A verdadeira liberdade é podermos tudo por nós.
A sabedoria tem os seus excessos e não é menos necessário moderá-la do que à loucura.
Não há menos tormento no governo de uma família do que no de um Estado inteiro.
Chorarmos por daqui a cem anos não estarmos vivos é loucura semelhante à de chorarmos por não termos vivido há cem anos.
Aquele que, de certa forma, não vive para os outros, raramente vive para si mesmo.
A nossa grande e gloriosa obra-prima é viver a propósito.
A ignorância que se conhece, se julga e se condena não é uma ignorância completa: para que o seja, é preciso que se ignore a si mesma.
A alma dos imperadores e dos sapateiros são tiradas do mesmo molde.
A palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a escuta.
Fica estabelecida a possibilidade
De sonhar coisas impossíveis
E de caminhar livremente em
direção aos sonhos.
Se me obrigassem a dizer por que o amava, sinto que a minha única resposta seria: Porque era ele, Porque era eu.
Nada fixa alguma coisa tão intensamente na memória como o desejo de esquecê-la.
De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio.
Logo nos cansa a mulher bonita, porém jamais nos cansa a mulher bondosa.
À proporção que o homem exterior se destrói, o homem interior se renova.
Ninguém determina do princípio ao fim o caminho que pretende seguir na vida; só nos decidimos por trechos, na medida em que vamos avançando.
Todos estão sujeitos a dizer tolices: o mal esta em as anunciar com pretensão.
Podemos ser instruídos com o conhecimento de outro, mas não podemos ser sábios com a sabedoria de outro.
Se não posso regular os acontecimentos, regulo a mim mesmo.
Faço dizer aos outros aquilo que não posso dizer tão bem, quer por debilidade da minha linguagem, quer por fraqueza dos meus sentidos.
Não há paixão que abale tanto a sinceridade dos juízos como a cólera.
Quando puder ser temido, ainda mais me quero fazer amar.
Um leitor inteligente descobre frequentemente nos escritos alheios perfeições outras que as que neles foram postas e percebidas pelo autor, e empresta-lhes sentidos e aspectos mais ricos.
É uma perfeição absoluta, dir-se-ia divina, sabermos desfrutar lealmente do nosso ser.
A mais sutil loucura é feita da mais sutil sensatez.
Os que têm tentado reformar os costumes do mundo, no meu tempo, com opiniões novas, reformam os vícios da aparência; quanto aos da essência, deixam-nos intactos, quando não os aumentam.
Quem viu jamais um médico aproveitar a receita do colega sem lhe tirar ou acrescentar alguma coisa?
As leis mantêm-se em vigor não por serem justas, mas por serem leis.
Embora possamos ser sábios do saber alheio, sensatos só poderíamos sê-lo graças à nossa própria sensatez.
Caso não ponha fim à guerra, esta não será uma vitória.
Ensinam-nos a viver quando a vida já passou.
Viver é o meu trabalho e a minha arte.
Nós apenas trabalhamos para encher a memória e deixamos o entendimento e a consciência vazios.
Preocupa-nos mais que falem de nós, do que a maneira como falam.
A natureza é um doce guia, mas não mais doce do que prudente e justa.
Por mim, teria evitado casar até mesmo com a sabedoria, caso ela me quisesse.
Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.
A virtude é coisa deveras inútil e frívola, caso apenas tenha a recomendá-la a glória.
Afinal de contas, atribui-se preço bem alto às suas conjecturas quando se cozinha um homem vivo por causa delas.
Os livros têm-me servido menos de instrução que de exercício.
A mais útil e honrosa ciência e ocupação da mulher é a ciência dos cuidados domésticos.
Na verdade, o cuidado e a despesa dos nossos pais visam apenas enriquecer as nossas cabeças com ciência; quanto ao juízo e à virtude, as novidades são poucas.
É um gládio perigoso o espírito, mesmo para o seu possuidor, se não sabe armar-se com ele de uma maneira ordenada e discreta.
Desejaria que houvesse o cuidado de lhe escolher [à criança] um condutor [preceptor] que antes tivesse a cabeça bem feita do que muito cheia.
Uma pessoa pode ser humilde por orgulho.
Apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. Por isso, aquele que quebra sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana.
A filosofia não passa de uma poesia sofisticada.
A única coisa bem distribuída no mundo é o bom-senso. Tanto isso é verdade, que todos acreditam que já têm o suficiente.
Nossa maneira habitual de fazer está em seguir os nossos impulsos instintivos para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo, segundo as circunstâncias. Só pensamos no que queremos no próprio instante em que o queremos, e mudamos de vontade como muda de cor o camaleão.
O valor e o preço de um homem consistem no seu coração e na vontade, é la que se encontra sua verdadeira honra. A valentia é a firmeza, não de suas pernas e braços, mas da coragem e da alma.
O homem se entrega por inteiro e pela imaginação às coisas que não tem e que não conhece, nelas concentrando seu desejo e sua esperança.
A pior desgraça para nós é desdenhar aquilo que somos.
Este grande preceito é frequentemente citado em Platão: Faz o teu feito e conhece-te a ti mesmo. Cada um desses dois membros engloba em geral todo o nosso dever, e igualmente engloba o seu companheiro. Quem tivesse de fazer o seu feito veria que a sua primeira lição é conhecer o que é e o que lhe é próprio. E quem se conhece já não toma como seu o feito alheio: ama-se e cultiva-se acima de qualquer outra coisa; rejeita as ocupações supérfluas e os pensamentos e projetos inúteis.
Mesmo no mais alto trono do mundo estamos sempre sentados sobre o nosso traseiro.
À beira de um precipício só há uma maneira de andar para frente: é dar um passo atrás.
O sinal mais seguro da sabedoria é a constante serenidade.
Jamais dois homens julgaram igualmente a mesma coisa; é impossível verem-se duas opiniões exatamente iguais, não somente em homens diferentes mas no mesmo homem em horas diferentes.
A prova mais clara de sabedoria é uma alegria constante.
Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva. Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além.
O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais.
A verdadeira vitória tem como tarefa a batalha, não a salvação, e a honra da virtude consiste em combater, não em bater.
Saber decorado é não saber.
Cada um chama de bárbaro o que não é de seu uso, como, em verdade, não parece que tenhamos outro padrão de verdade e de razão que o exemplo e a idéia das opiniões e usanças do país de onde somos. Lá esta sempre a religião perfeita, o emprego perfeito e acabado de todas as coisas.
A fama e a tranquilidade nunca podem ser companheiras.
Nenhum governo está isento de legislar absurdos. O problema é quando tais absurdos são levadas a sério.
A melhor coisa do mundo é saber como pertencer a si mesmo.
A minha vida foi cheia de terríveis infortúnios a maioria dos quais nunca aconteceu.
Os homens (diz uma antiga máxima grega) são atormentados pelas ideias que têm das coisas, e não pelas próprias coisas. Haveria um grande ponto ganho para o alívio da nossa miserável condição humana se pudéssemos estabelecer essa asserção como totalmente verdadeira. Pois, se os males só entraram em nós pelo nosso julgamento, parece que está em nosso poder desprezá-los ou transformá-los em bem. Se as coisas se entregam à nossa mercê, por que não dispomos delas ou não as moldarmos para vantagem nossa? Se o que denominamos mal e tormento não é nem mal nem tormento por si mesmo, mas somente porque a nossa imaginação lhe dá essa qualidade, está em nós mudá-la. E, tendo essa escolha, se nada nos força, somos extraordinariamente loucos de bandear para o partido que nos é o mais penoso e dar às doenças, à indigência e ao desvalor um gosto acre e mau, se lhes podemos dar um gosto bom e se, a fortuna fornecendo simplesmente a matéria, cabe a nós dar-lhe a forma.
Porém vejamos se é possível sustentar que aquilo que denominamos por mal não o é em si mesmo, ou pelo menos que, seja ele qual for, depende de nós dar-lhe outro sabor e outro aspecto, pois tudo vem a ser a mesma coisa. Se a natureza própria dessas coisas que tememos tivesse o crédito de instalar-se em nós por poder seu, ele se instalaria exactamente da mesma forma em todos; pois os homens são todos de uma só espécie e, excepto por algo a mais ou a menos, acham-se munidos de iguais orgãos e instrumentos para pensar e julgar. Mas a diversidade das ideias que temos sobre essas coisas mostra claramente que elas só entram em nós por mútuo acordo: alguém por acaso coloca-as dentro de si com a sua verdadeira natureza, mas mil outros dão-lhes dentro de si uma natureza nova e contrária.
O homem é um louco, não pode fazer um verme, no entanto, faz deuses as dúzias.
Eu não me importo tanto com o que eu sou para os outros quanto com o que eu sou para mim mesmo.
“Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos.
A qualidade mais universal é a diversidade”.
Tire tudo de um homem, exceto seus sonhos…
O verdadeiro espelho dos nossos discursos é nossa vida.
Ignorância Sábia
Aconteceu aos verdadeiros sábios o que se verifica com as espigas de trigo, que se erguem orgulhosamente enquanto vazias e, quando se enchem e amadurece o grão, se inclinam e dobram humildemente. Assim esses homens, depois de tudo terem experimentado, sondado e nada haverem encontrado nesse amontoado considerável de coisas tão diversas, renunciaram à sua presunção e reconheceram a sua insignificância. (…) Quando perguntaram ao homem mais sábio que já existiu o que ele sabia, ele respondeu que a única coisa que sabia era que nada sabia. A sua resposta confirma o que se diz, ou seja, que a mais vasta parcela do que sabemos é menor que a mais diminuta parcela do que ignoramos. Em outras palavras, aquilo que pensamos saber é parte — e parte ínfima — da nossa ignorância.
As almas mais belas são aquelas que tem mais variedade e flexibilidade.
“Na amizade a que me refiro, as almas entrosam-se e se confundem numa única alma, tão unidas uma à outra que não se distinguem, não se lhes percebendo sequer a linha de demarcação. Se insistirem para que eu diga por que o amava, sinto que não o saberia expressar senão respondendo: porque era ele, porque era eu.”
A obsessão é a fonte da genialidade e da loucura.
É melhor uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia.
Belas almas são as universais, abertas e prontas para tudo.
É necessário emprestarmo-nos aos outros e darmo-nos a nós próprios.
Quem ensinasse os homens a morrer, os ensinaria a viver!
É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si
Do medo é que eu tenho mais medo.
Não viajo sem livros, nem nos tempos de paz nem os tempos de guerra.
Quem segue outrem, não segue coisa nenhuma; nem nada encontra, mesmo porque não procura.
Acho que prazeres devem ser evitados se acarretarão dores maiores como consequência, e que as dores a serem desejadas são aquelas que resultarão em prazeres maiores.”
O mundo é por excelência o templo sagrado a que o homem tem acesso a fim de contemplar monumentos que não foram construídos pela mão humana, mas sim erguidos pela divina sabedoria.
Todas as espécies existem em um número mais ou menos variado, o que nos induz a crer que não seja este mundo a única obra isolada de Deus nem que a matéria de que ele se serviu para criá-lo se haja esgotado.
Nosso maior prazer neste mundo são os pensamentos agradáveis e a grande arte da vida consiste em tê-los no maior número possível.
Quando alguém conhece a si mesmo está conhecendo a singularidade e não a totalidade do homem. Conhecer a nós mesmos não é a garantia de conhecer os outros.
Um homem precisa de ouvidos fortes
Para ouvir o que se diz sobre ele,
Quando é julgado com liberdade.
“O cuidar dos funerais, a escolha da sepultura, a pompa das exéquias, visam mais à consolação dos vivos do que ao interesse dos mortos.”
[O ateísmo é] uma concepção monstruosa e antinatural, e difícil de ser aceita pelo espírito humano, ainda que insolente e anárquico, embora se encontre quem a ostente, seja por rebeldia, seja pela vaidade de emitir opiniões originais e reformadoras.
Todas as coisas estão sujeitas a passar de uma
mudança a outra; a razão, buscando nelas uma subsistência real,
só pode frustrar-se, pois nada
pode apreender de permanente, já
que tudo ou está começando a ser – e absolutamente ainda não é
– ou então já está começando a morrer antes de ter sido
Cada homem tem em si a condição inteira da humanidade.
É impossível conversar de boa-fé com um tolo: não é só o meu juízo o que se corrompe nas mãos de um dono tão impetuoso, mas a minha consciência também.
Quem se vangloria de seu saber não sabe o que é o saber; o homem não é nada quando pensa ser alguma coisa; quando se exalta engana a si próprio.
Se tudo o que não vemos não existisse, nossa ciência se acharia muito empobrecida.
Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas.
— Michel de Montaigne
O lucro de um é o prejuízo de outro.
Não estamos nunca junto de nós, mas sempre para além de nós mesmos.
Não morremos porque estamos doentes, morremos porque estamos vivos.
Quem não tem boa memória não deve mentir.
Qualquer outra ciência é prejudicial para quem não tem a ciência da bondade.
O mais constante sinal de sabedoria é um constante júbilo.
Diz Cícero que filosofar não é outra coisa senão preparar-se para a morte. Isso porque de certa forma o estudo e a contemplação retiram a nossa alma para fora de nós e ocupam-na longe do corpo, o que é um certo aprendizado e representação da morte; ou então porque toda a sabedoria e discernimento do mundo se resolvem por fim no ponto de nos ensinarem a não termos medo de morrer. Na verdade, ou a razão se abstém ou ela deve visar apenas o nosso contentamento, e todo o seu trabalho deve ter como objetivo, em suma, fazer-nos viver bem e ao nosso gosto, como dizem as Santas Escrituras. Todas as opiniões do mundo coincidem em que o prazer é a nossa meta, embora adotem meios diferentes para isso; de outra forma as rejeitaríamos logo de início, pois quem escutaria alguém que estabelecesse como fim o nosso penar e descontentamento?”
Assim como nosso nascimento nos trouxe o nascimento de todas as coisas, assim nossa morte trará a morte de todas as coisas. Por isso, chorar porque daqui a cem anos não estaremos vivendo é loucura igual a chorar porque cem anos atrás não vivíamos. A morte é origem de uma outra vida.
A utilidade do viver não está na duração: está no uso que dele fizemos.
O homem deve buscar ser somente o que ele é, ou seja, um homem, e nada mais que isso. Não podemos fazer nada melhor do que sermos humanos.
A morte faz parte da nossa condição de humanos. Nós somos uma mescla de vida e morte e ambas confundem-se em nós. Aprender a viver é aprender a morrer. Quando assumimos nossa condição mortal tendemos a estimar mais a vida que temos. A morte nos faz desejar viver mais e melhor.
Para melhor nos conhecermos podemos refletir sobre a experiência dos outros e nos vermos refletidos nelas, mas isso não significa que conhecemos os outros, pois todos somos claramente diferentes.
Como cada ser humano apresenta múltiplos aspectos e cada um tem suas características próprias, não é possível estabelecer regras para todos os homens.
Não podemos indicar algo que seja comum a todos, cada indivíduo tem que elaborar seu próprio conhecimento, sua sabedoria particular, que vai ser a sua medida para conhecer a si mesmo.
A existência é um problema, uma pergunta que nunca poderá ser respondida. A nossa existência é uma experiência constante e constantemente também deve explicar a si própria. Cada pessoa traz em si a condição existencial de toda humanidade.
De nada adianta criarmos fantasias de que seremos algo mais elevado do que humanos que somos. Aspirarmos ser algo além de homens é inútil e pode nos causar danos morais.
Todo espírito preocupado com o futuro é infeliz. O mais corriqueiro dos erros humanos é o futuro. Ele falseia a nossa imaginação, ainda que ignoremos totalmente onde nos leva. Quando pensamos no futuro, nunca estamos em nós. Estamos sempre além.
O medo, o desejo, a esperança jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora o tempo passe e já não sejamos mais.