Descalço a palavra pois o pé da letra já tem calos demais.
Quem é bobo na vida sabe: ser bobo na vida cansa. Mas ser bobo é viver em plena infância. É acreditar que não há maldade nos olhos dos outros. E viver os seus dias sem esboço, sem premeditar outra coisa que não poesia. É dormir toda noite de barriga vazia mas a mente fértil de sonhos tolos.
Viver é um ofício imposto. Uma vocação hereditária. Um quase que “nasci para isso”.
Quando ela decidiu ir ser feliz, partiu apressada. No entanto, só percebeu no caminho – havia esquecido a felicidade dentro de casa.
O erro de ser tudo o tempo todo, quando ser tudo o tempo todo é dar-se inteira a vida inteira. E dar-se inteira a vida inteira é perder-se inteira o tempo inteiro. É restar vazia no chão do banheiro, carente de algo de si mesma que se fez disperso e moribundo. Carente de um eu mais profundo, que hoje simplesmente não é mais seu. É do mundo.
Não molde seus medos. Sua sensualidade se confessa quando me pronuncia as estrelas.
Meu pecado é sublime.
O ronco da poesia não me deixa dormir.
O verdadeiro altruísmo opera em silêncio.
Sinto tanto, pressinto tudo. A vida me inflama.
O fim rasgou o meu peito como se aquilo fosse só o começo.
desesperada pela sua própria vida
gritou ao mundo: independência ou morte.
só esqueceu de olhar para o lado.
foi atropelada pela sorte.
teu amor
junto ao meu
é nosso.
nele não cabe mais ninguém.
e com mais amor não posso.
minha mãe me dá à luz
todos os dias
a cada abraço seu
renasço
floresço
e me refaço.
perdoa a trovoada
é que o céu e eu já suportamos muito
vez ou outra
a gente precisa chorar
levo
leve
meu bruto ser
tão breve.