E eu decidi. Prometemos segredo, não é? Até a gente ser feliz e ninguém ter mais nada a fazer, senão, engolir a crítica e aceitar que pessoas de origens diferentes podem ser do mesmo mundo, sim!
Eu queria explicar tudo o que passa aqui dentro, todos esses dias e anos de espera, todo esse Universo que sempre nos rodeou. Porque, a nossa sabedoria é loucura pro mundo.
Bom… Nada de texto dramático dizendo tudo, né? Eu sempre me entrego em textos assim.
Mas você veio pra se arrumar na minha confusão, pra acender a luz que apaga a solidão, pra refletir os seus olhos nos meus e o seu sorriso no meu.
Antes de você chegar eu não sabia mais sofrer, eu não sabia mais o que pensar e foi exatamente por isso que tomei a decisão de não pensar em nada. E foi quando eu estava assim, com a mente vazia de sentimento, que você encheu ela com seu bom humor, seu jeitinho de olhar a vida e sua mania de me fazer sorrir até chorando.
Sabe como é entregue uma carta de suspiros? Pelo vento…
E as minhas são entregue a você todas as manhãs, enquanto toma seu café que mais parece um almoço.
O meu caminho continua doce porque você veio caminhando naquela via paralela, o tempo todo, sem eu saber que você estava ali. Pensando encontrar em qualquer outro a emoção que eu tenho com você.
Só com você. Meu bem querer.
Mas eu quero. Eu quero um amor todinho meu, não uma metade, nem alguns caquinhos, mas todinho. Que eu possa chamar de meu, apertar, morder, beijar, bater. É meu, caramba! Ah… E eu quero surpresa, quero loucuras, quero bagunça, crise de ciúme, briguinhas que acabam em agarros, provas de amor. Eu quero me surpreender.
Até hoje, todos esses meus amores foram pré-definidos por uma lista de objetivos na vida, por um sonho bobo, por uma aposta. Agora eu quero me surpreender.
Eu quero, na verdade, eu quero que ele leia meus textos, tente me descobrir. Até porque, hoje eu sou isso, amanhã aquilo e a mutação é constante. E, pra ser meu, ele vai precisar me descobrir todos os dias, me convencer e me encantar.
Eu quero me apaixonar todos os dias por aquele cara alto, nem magro, nem gordo, de olhos escuros, de abraço apertado, de encaixe perfeito, de barba cerrada, de amor sincero que me traz flores com um bichinho de pelúcia em plena quinta-feira, depois que eu chego do trabalho descabelada e me jogo no sofá. Que me entrega as flores com um sorriso enlouquecedor e ri quando eu quero morrer por estar horrível e que me cala com um beijo quando eu vou brigar com ele por ele não ter me avisado que viria.
Eu quero viver o que ninguém me permitiu que eu vivesse. Que ninguém me fez conhecer e que eu só conheço por que sonho, porque tenho uma mente incrivelmente fértil. Eu quero sentir falta na segunda mesmo depois de passar o sábado e domingo com ele e saber que o verei na terça. Eu quero enlouquecer de saudade, e quero que essa saudade me faça correr atrás dele onde quer que esteja só pra eu abraçá-lo e voltar correndo para o escritório.
Eu quero ser a irresponsável da relação, eu quero ser a maluca, a que não tem limites e não a que precisa se manter centrada sempre pra que nada saia dos conformes, pra que tudo fique bem e não acabe em discussão. Eu não quero ser a que presta atenção nos detalhes, que vive se preocupando exageradamente, perguntando se tudo está bem, se sentindo incapaz de fazer alguém feliz.
Eu quero ser feliz e quero ter a certeza de que ele é feliz porque me ama e porque ele me faz feliz. Que por causa dele eu deixei de me trancar num casulo pra voar ao lado dele. Que eu não preciso dele pra andar nem ser feliz, mas que é muito melhor andar e ser feliz ao lado dele.
Eu quero alguém assim… Que não tem forma, nem nome, nem cheiro… Mas que está vivo em meus sonhos e que um dia vai renascer pra mim e vai me encontrar em algum lugar, um lugar onde jamais eu espero encontrar o amor da minha vida. A vida me reserva surpresas, e a melhor delas será o dia em que ele se tornar real pra mim e eu puder sentir o cheiro, ver a forma, e pronunciar o nome.
Eu acho que tudo o que eu vivi me ensinou muito, mas não aprendi o suficiente para me tornar um adulto. Eu perdi amores, ganhei outros, e ainda sinto falta. Pra mim, o abraço sincero é mais importante que o beijo apaixonado e, o andar de mão dada expressa mais o sentimento que a serenata. Qualquer um é capaz de pegar uma viola e fazer um papelão na janela da menina, eu quero ver é suportar as crises, as brigas, as neuras dela durante toda uma vida e ainda assim caminhar de mão dada. É nisso que eu acredito, nesse sentimento raro e eterno. Porque a gente tem que viver se controlando para não matar EXATAMENTE aquilo que ama.
Digamos que eu tenha aprendido e, hoje, pode ser que ele fique por mais tempo ao meu lado, sendo meu apoio e abrigo, mas se eu o perder cedo demais, como perdi tantas outras pessoas, eu fiz a minha parte. Dei o melhor de mim e não posso dizer que não valeu à pena. O melhor é saber que depois de cada momento, a gente sabe que sempre estaremos nos buscando, mesmo que um dia a gente se perca. Eu tentei várias vezes encontrar resposta pros motivos que não deixam a gente se afastar como me afastei de tantas pessoas, mas desisti. Você mesmo me disse que não sabe explicar. Tudo bem. Eu também não sei. A gente não sabe o que sente, e se sente, o porquê do sentir. Também não temos noção do tamanho do sentimento, seja ele qual for. E se um dia nos perdermos, se vai doer muito, ou não. E se algum dia os caminhos se cruzam de novo e o mundo dê voltas, ou não.
É seguro demais a maneira como afirmamos que temos as rédeas de tudo. Que tudo está sob controle e que nada vai sair do planejado. Eu sinceramente espero que nada saia do planejado, do afirmado, do conformado. E… O importante é que teremos coisas bonitas pra contar. Você está bem e eu me orgulho de te ver assim. E eu torço muito para que você fique bem para sempre, como você merece e sempre mereceu.
Um dia me perguntaram se eu confiava em quem amava. E eu disse que sim. E a pessoa me perguntou: A que ponto?
E eu respondi: Ao ponto de me jogar de um prédio de vinte andares na certeza de que ele me pegaria em seus braços lá embaixo.
No seu caso, o prédio podia ser de quarenta andares que eu continuaria confiando. 😉
Eu queria destruir tudo com requinte, com esses textos que estão perdidos nas gavetas. Queria usar tudo isso para quebrar imediatamente qualquer tipo de relação bonita que mal comece a acontecer. Eu sei que posso, a qualquer hora, destruir tudo. Fui treinada ouvindo palavras duras, que matam mais que arma de fogo. Mas, alguma coisa aqui dentro me impede. Princípios que me fazem ver tudo com mais clareza, exatidão e bondade. Princípios que dizem a verdade: um dia eu vou ter que viver uma história clichê, isso é inegável.
Os impulsos, os meus pensamentos rápidos e toda essa compulsão me fazem querer tomar decisões precipitadas, desistir de insistir sem fé nenhuma seja lá pra permitir ou impedir. Eu sempre fui empurrada por palavras, livros, impulsos… Sorte que os princípios e a minha personalidade (que não é nada fraca) sempre me barram e me perguntam:
“Está certo isso?”
Eu queria destruir tudo pra me proteger, voltar aos meus livros, aos meus textos, aos calos nas pontas dos dedos de tanto escrever. Queria destruir tudo para que eu não saísse ferida, machucada, como antes. Eu não queria te magoar, não queria apagar o que há de mais lindo no seu olhar.
Não queria fazer mal a você, não queria que você chorasse, que soltasse a minha mão. Sempre que eu tento me proteger e tentar não me ferir eu acabo ferindo a outra pessoa sem perceber; nessa minha atitude impulsiva e nervosa, que sempre me faz voltar atrás depois, nem que seja pra pedir perdão.
Sinceramente, continuar sem te ter ao meu lado não vai ser nada fácil.
Não queria cobrar nada de você, pedir nada. Não queria te ver assim. Mas a minha mania de ser sincera, de ser realista com tudo, mesmo que me cause dores piores que cólicas me fez te ver assim, hoje a noite.
Mas eu sei que você me conhece o suficiente pra saber exatamente o que eu queria dizer, o que eu estava pensando.
Eu não queria mas deixei você ir. Foi necessário pra você e pra mim.
Não acabou aqui. Ainda não.
Nada do que se constrói em tanto tempo pode acabar assim, ficam os resíduos e é isso que me dá esperança de que tudo volte a ser parecidamente como antes. Não precisa ser igual pois, só de te ter ao meu lado me entendendo, como sempre, já seria a melhor coisa pra mim.
Eu sei que eu podia escolher, que eu podia ter a coragem que você sempre teve. Olhando o mar, você disse em LIVRE ARBÍTRIO. Ok. Eu sei que eu tenho o livre arbítrio de andar pelo caminho que eu quero mas, agora, é como se, por trás do livre arbítrio, já existisse um destino fixo, algo que eu não consigo mudar. Sobrenatural. Uma coisa pré-determinada, que eu não posso violar.
Agora, por exemplo, se você me ligasse eu juro que diria TANTA coisa… Talvez eu conseguisse dizer tudo o que sinto, tudo o que acho e das coisas que eu queria me arrepender de ter dito e feito.
Não pensei que você me doesse tanto…
Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente.
EU ESTOU AQUI
Depois que a gente vive um bocadinho de vida, a gente percebe o quanto a gente gosta de complicar as coisas, do quanto tudo é muito mais amor do que parecia ser.
Agora, vendo o sol indo embora mais uma vez, aqui dentro de mim nasce aquela certeza de que todo fim de tarde vai voltar amanhã, que tudo pode ser muito melhor e muito mais bonito. Que todo aquele sonho que eu sonhei por tanto tempo e que desapareceu em minutos, transformou-se numa realidade muito mais encantadora e plena.
É estranho demais as voltas que o mundo dá.
Aqui da janela do apartamento, eu posso ver aquela montanha que tem forma de “gente”. Os olhos, o nariz, o resto do corpo. O sol batendo no prédio do fórum, a vida passando bem na frente dos meus olhos.
Eu estive pensando em tudo o que vivi, em tão pouco tempo tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou. Toda aquela responsabilidade de fazer as pessoas que eu amava sentirem-se bem desapareceu, foi como se um peso saísse dos meus ombros. Eu confesso que eu quis carregar tudo isso, que eu quis ser útil demais, quis demonstrar demais… Mas, como sempre, eu também preciso cuidar de mim e de quem sempre esteve tão perto e eu nunca dava atenção. Com a vida, a gente também aprende que não dá pra agradar todo mundo, pra ser porto seguro de todo mundo, pra ser melhor amigo de todo mundo. Existe um mundo inteiro precisando de um melhor amigo, seria injusto demais da minha parte…
Também, a gente aprende que, uma hora ou outra, alguém tem que sair do trem, alguém vai desembarcar, parar em alguma estação esperando outro trem pra poder seguir viagem… Isso é inevitável.
Eu preciso cuidar, preciso amar um pouco, me permitir viver além do que os livros permitem. Me permitir pensar um pouco mais em tudo, viver um pouco mais intenso, brincar um pouco mais pra risada ser mais longa. Sair de toda aquela prisão que me fazia ter a falsa impressão que eu tinha asas, que eu podia voar, sem saber que meus pés estavam presos a correntes.
Somente. Algum mal nisso?
Eu não tenho escrito com tanta freqüência (eu sei que não tem mais trema, mas o maldito Word teima em colocar), confesso que andei desanimada, sem vontade, pensativa demais e confusa o suficiente para não saber nem por onde começar a escrever.
Mas, desde que me decidi a pensar em mim e no que me faz bem, eu me inspirei novamente (pro desespero de todos).
Viva a vida, ao amor, a paz, e tudo que sempre me fez sorrir!
…
Prestei atenção no detalhe daquele ser humano. Nunca trocamos mais que três palavras, mas é incrível como eu posso ler em ser olhar a vontade imensa que ele tem de sair, de fugir de si mesmo.
Não adianta. Os olhos me dizem o que a alma sente. Não, não estou me achando uma MUTANTE, mas tenho coração para ver a alma pelos olhos de quem olha. E, aqueles olhos me diziam que aquela alma precisava chorar, precisava fugir, ir embora… Eu ajudei como eu pude. Confesso que não fiz o que qualquer pessoa faria, posso até ser sido dura demais, chata demais, mas fui sincera, falei exatamente como eu estava vendo. Foi bom te acolher nos meus braços, te emprestar o ombro pra você chorar um pouco e, mesmo depois de você tentar negar tudo o que eu dizia, acabou afirmando, em silêncio, que eu estava certa. Que aquele coração que pulsava perto de mim estava cansado de amar errado, estava cansado de procurar algo que preenchesse alguma coisa que nunca te pertenceu mas que sempre te fez falta. Eu sabia, desde que te encontrei atravessando a rua cabisbaixo, que você estava cansado demais de andar, viajar, e sempre sentir-se um estrangeiro. Estava cansado de procurar um porto pra atracar e passar um bom tempo ali, em segurança, sem as tempestades que a vida te coloca, apenas com o balanço do mar que traz um profundo sono pra esquecer todas as maldades que as ironias te causaram. Eu pude sentir o seu desespero em ter que demolir mais uma fantasia que construíram na sua cabeça, mais uma vez te enganaram.
Depois de tanta conversa, aquela coisa podre, úmida, aberta, que te machucava demais, ficou seca, jogada em algum canto aí dentro de você, à espera do vento forte pra levá-la pra bem longe, bem longe das suas lembranças.
Eu me senti bem ao saber que ainda resta dentro de você um pouco de esperança, e que depois de tanto te ouvir, sentir em cada palavra sua aquela paz que te faltava e que você a teve nessa tarde.
Eu já me senti assim, como te disse. Me senti impossibilitada de expressar o que eu queria, o que eu sentia, o que eu amava. Mas essa esperança estranha que te invadiu hoje à tarde, era a minha força e a única certeza que eu tinha de viver momento bem melhores.
Também andei assim, perdida. Já andei como você, olhando para os lados, para os prédios, e tentando encontrar entre toda essa civilização, algum espaço no céu para eu me sentir um pouco mais eu.
Mas, eu tenho certeza que você vai descobrir que pode me ligar às seis da manhã só pra gente correr ali na Beira-mar e ver o sol chegando, mais uma vez, praquela esperança nos visitar de novo e nos fazer sorrir.
Eu li esses dias que a ferida não se mede pelo tamanho da cicatriz, mas pela dor que causou. Aquele foi a minha maior ferida, a pior dor. Mas, passou. Isso é bom, não é?
Depois de toda essa sua filosofia clichê e errante, a gente descobriu juntos que o que você mais queria era ser feliz, somente! E, você vai ser.
A vida sempre nos reserva uma caixinha de felicidade em algum canto da estrada… Acredite!
Um dia desses, uma pessoa me disse que eu sempre falo besteiras, que vivi pouco demais pra falar tudo isso que digo saber. Fiquei em silêncio. Mexeu comigo, me fez pensar. Mas, eu pensei…
Sou a pessoa mais feliz desse mundo por saber tanto com tão pouca vivência. Pode ser que daqui a alguns anos tudo isso mude, eu passe a acreditar em outras coisas, passe a viver um pouco mais além… Mas, o que importa, é que mesmo você dizendo que falo besteiras, você se importou e se comoveu com todas as verdades que eu disse. E mesmo negando, isso te fez pensar, te fez querer mudar e, mais cedo ou mais tarde, vai te fazer viver mais dignamente. Acredite! Você não sabe dar nomes as tuas emoções, cresceu perto de quem te queria como todo mundo, mas esqueceu de crescer pra você mesmo, pro seu bem.
Você fica aí procurando alguma coisa que nunca esteve, não está nem nunca estará aí.
Eu estou aqui
DESISTA
Ahhh… Se o céu não existisse, minha felicidade não seria completa! O mundo não teria a mínima graça. A praia não seria tão legal, nem aquele jantarzinho à luz de velas seria tão romântico. O amor não seria tão intenso, nem a amizade seria tão essencial.
Como as coisas mudam…! Como o tempo passa…!
Há 12 anos atrás eu deitei na grama, o meu cachorro Poddle deitou ao meu lado e encostou a cabeça no meu ombro, e nós dois, ali, olhamos para o mesmo céu. A minha vontade de ver uma estrela-cadente era muita, não a vi. E o sonho ainda continua.
Nada mudou, mas o tempo passou.
Não tenho mais 5 anos, o cachorro morreu e a grama foi substituída por cimento e pedras. A terra não tem mais cheiro de alegria e as flores não vem mais na Primavera.
Eu não me equilibro mais nos joelhos do meu pai e a mãe não faz mais “aviãozinho” daquelas comidas nojentas que ela fazia.
A ordem das coisas está confusa e o mundo está atrapalhado.
Mas eu continuo sonhando… E olhando para o mesmo céu!
Na vida é assim… Uma hora tudo parece estar tão certo, tudo tão harmônico. A melodia parece estar perfeita. Você pensa que o sol não causa câncer e o mar não mata afogado. Você pensa que a lua te protege e, enquanto ela existir, você não vai sofrer por aquela coisa popularmente chamada de AMOR, e que as pessoas que você ama nunca vão te decepcionar.
Você acredita que todos tem um “lado” bom e que o bem sempre vence. Você acredita que sempre vai vencer porque você pode! Você luta até conseguir e pensa que nunca vai desistir…
Mas, os maus dias chegam.
Você percebe que as coisas não são certas e, muito menos, harmônicas.
Você descobre que enquanto a melodia era criada, um músico bêbado fez tudo errado, e então, a melodia ficou horrível e impossível de ser ouvida.
Você descobre que o sol mata e o mar também. Que a lua não te protege e que o amor machuca. Você descobre que amar é bom, e ruim.
Você descobre pessoas que querem o seu mau, mesmo sem ter feito nada à elas. E que o bem nem sempre vence.
Você aprende a ganhar. Aprende a perder. Aprende a desistir.
Sim! DESISTIR. Por que não?
É ruim demais pra você? Quem sabe a melhor coisa a se fazer é DESISTIR!?
Desistir de lutar por quem não se importa, desistir daquela faculdade, daquela amizade.
Desistir daquele sonho que, agora, você sabe que não vai te fazer feliz, desistir de manter os pés no chão e aprender a voar, ou quem sabe, o contrário.
Ah… Se as pessoas soubessem desistir; sofreriam menos.
Eu, por exemplo. Se eu tivesse desistido, não teria sofrido.
Se Hitler desistisse, se Bush desistisse, se Bin Laden desistisse… Se aqueles terroristas desistissem não haveria tanto choro, não haveria corações partidos, vidas destruídas.
Se você desistir, quem sabe, não seja mais feliz?
Desista e sonhe com aquilo que te faz bem…
Desista das coisas inúteis que só te afligem, desista dos amores certos – vai pros incertos!
Desista dos amigos que te fazem mal, existem tantos cachorrinhos que querem ser adotados!
Desista de manter seu cabelo sempre arrumadinho, desista de não sujar o pé na areia, desista da dieta! Você é lindo (a) assim como você é!!!
Desista do sorriso forçado, seja o que você é!
Desista do beijo mal dado, do abraço não-apertado, do falso elogio!
Desista da mentira, da fofoca!
Desista do medo, da dúvida… Se lance na vida!
Desista de ficar deitado em casa, sem fazer nada!
Desista da televisão e opte pelo livro, pela música…
Desista desse ser MENTIROSO que você mostra ser e viva o que está escondido dentro de você:
A FELICIDADE.
Eu queria te olhar só por alguns instantes. Sei que ainda consigo ler teu olhar, e desde a última vez que te vi não consegui ler neles que você não me queria mais. É tão difícil eu entender o porquê de alguma coisa aqui dentro de mim ainda insistir em nós. Eu me despi do meu orgulho para escrever tudo isso, claro, ninguém está me olhando. Mas eu sei que quando eu terminar esse texto, vestirei o orgulho e não quererei te ver nem de longe. Terei ojeriza de você, de tudo o que vivemos. Me adaptei a sua ausência dessa maneira. Foi assim que consegui viver todo esse tempo sem você, não me culpe.
Deixar que o orgulho seja um pouco maior que eu foi a única maneira que eu encontrei de me levantar, de sorrir enquanto eu desmorono por dentro, de alegrar os outros enquanto eu choro por dentro. Foi a única maneira de esconder totalmente o que eu ainda sinto. E, eu sei que se você ainda for o mesmo por quem eu me apaixonei, assim que você me ver, irá enxergar nos meus olhos o mesmo amor que eu zelava por você.
Eu sonhei em cuidar de você. Sonhava todas as noites em velar teu sono, em andar de mãos dadas com você por todos os lugares, em assistir o show dos nossos cantores preferidos, em fazer fogueira. Eu sonhei que te teria pra sempre.
Eu não costumo sonhar assim. Mas eu sonhei.
O fato é que desde que tudo me aconteceu nunca mais fui a mesma. Você levou uma parte minha, me deixou desfalcada. Não consegui mais amar ninguém, tentei, confesso. Mas foi em vão. Também não consegui ter uma amizade como era a nossa, cometi tantos erros, desperdicei tantas alegrias.
Porque não foi um pouco antes? Porque não apareceu quando tudo era mais simples, quando a minha vida era menos complexa, quando eu estava descobrindo tudo o que me fazia bem e não tinha um pingo de medo de viver tudo o que eu tinha para viver? Porque não veio mais cedo, não cruzou meu caminho numa daquelas longas viagens, porque não nos esbarramos numa dessas calçadas, num desses bares? Porque tudo agora, tão recente, sem termos a mínima chance de descobrirmos se a gente pode ser feliz, se a gente se completa como nosso abraço diz nos completar? Porque todo esse fingimento, essa farsa de um amor embutido numa amizade linda demais, companheira demais? No entanto, só nós sabemos o quanto nos precisamos, nos fazemos bem, somos felizes juntos.
Porque tudo agora? Tão tarde?
Tudo bem. Conformei-me, já.
É só um momento. Na verdade, é que agora estou aqui sozinha lembrando e com saudades. Todas as vezes que tenho esses momentos eu me revolto com o tempo, me revolto com as ironias do destino, e escrevo. Como se fosse um surto. É rápido. Logo passa. O que não passa mesmo é essa vontade de estar ao seu lado e todas as noites ouvir a sua respiração aqui no meu ouvido, sentir o seu cheiro; mesmo você estando longe, aí, também com saudades porque acabou de me confessar por uma mensagem.
Vai ser assim, pra sempre. Só não se esquece de me levar no pensamento, porque eu te levarei.
Sempre é assim. A saudade nunca chega quando estamos perto da família, do namorado, dos amigos. A saudade nunca chega na infância, naquela música antiga ou naquela época do primeiro amor.
A saudade é um sentimento inimigo dos enamorados, dos amigos, dos apaixonados, dos vividos… Ela chega quando aquele namoro terminou, quando a infância passou, quando aquela música não toca mais na rádio.
Saudade é aquele sentimento do momento não vivido, do beijo não dado, do abraço negado… Daquele perfume, daquelas briguinhas, daquelas gargalhadas.
Saudade é a palavra vazia, o silêncio calado, a dor consentida.
Saudade é um sentimento sentido sem querer, sem perceber já somos tomados por ele. Saudade mata as pessoas, fere a alma, machuca o coração;
Mas a saudade, além de nos causar e mostrar a dor da perda, ela nos mostra o quanto aquilo nos faz falta.
A saudade é confusa, complicada, dolorida. Certa e incerta. Cheia de caminhos contrários aos do amor. Ás vezes dói tanto que parece querer matar, mas ás vezes nos causa sensações tão boas que nos fazem chorar.
A saudade leva e traz esperanças, amores, intrigas e rancores. Nos mostra que devemos dar valor enquanto temos. Mostra-nos a vida de um ângulo diferente, oculto.
A saudade faz parte de um romance, de uma amizade…
Mas faz parte da vida.
Sem ela, a vida não teria a mínima graça.
Meu mundo se resume a ressaca. Ressaca de uma mistura contínua de gênios e personalidades que eu nem imaginei que pudesse conhecer. Eu também não sabia que, além de misturar bebidas, misturar pessoas e situações também dá ressaca; e meu mundo se resume a isso. A uma ressaca constante de tudo isso que aparenta ser a ilusão do que foi vivido, quando na verdade, nada se viveu e se tem toda uma vida a descobrir, ainda. Essa ressaca de palavras repetidas, de canções mal interpretadas, de paixões que eu já nem lembro, de perguntas sem respostas e de respostas soltas ao vento, de noites mal dormidas, ressaca de acordar arrependida. Ressaca do medo, da incerteza e do espinho que se aloja na garganta todas as vezes que evito o riso tentando ser politicamente correta. Ressaca dessa faixa amarela que sempre está entre eu e alguém que eu não conheço e não poderei conhecer por ela estar exatamente ali, no meio do caminho, dando alerta para a passagem proibida, me negando a minha própria descoberta, o meu passado que eu nem sei se lembro mais. Ressaca dessa minha impulsão absurda que me faz cometer as maiores loucuras e depois tomar um banho quente rindo de mim mesma por ser tão boba e tão serena. Ressaca dessa saudade que teima em se alojar aqui e permanecer o tempo que puder por saber que é mais forte por trazer lembranças de momentos que me fazem tanta faltam. Ressaca de me olhar no espelho e ver essa menina fujona, medrosa e cheia de alguma coisa que eu não sei o nome direito, mas que a faz anular dores profundas e viver momentos imbecis os quais a faz feliz como nenhum outro. Ressaca dessa menina estranha que aparece todo dia no espelho tentando dar um jeito no cabelo, escovando os dentes três vezes e reclamando de não ter roupa. Ressaca desse silêncio que fala alto, dessa mensagem que chega mesmo que o celular não toque, a caixa do correio esteja vazia. Ressaca dessa ponta de iceberg que só deixa amostra parte do que sou.
Você se encontra nos detalhes mais bobos da vida, nas situações mais bizarras e nos dias mais estressantes. Você fica feliz quando consegue uma vaga para estacionar na avenida mais movimentada da cidade, você salta de alegria depois de comprar ingressos para o seu show preferido. Você sabe como se fazer feliz, você entende que, para ter um relacionamento de sucesso, primeiro, é preciso a gente aprender a se amar.
Sozinho, você tem tempo para escrever, para ouvir as suas músicas preferidas, para comer o que quiser sem se preocupar em agradar alguém… Sozinho, você se descobre, é bom tomar uma garrafa d’água e sentir o seu corpo sendo lavado pode dentro. Ficar sozinho, ouvir a chuva no telhado, ver a janela molhada… É bom dançar sozinho, se aproveitar. Se cuidar.
Só depois de aprender a conviver consigo mesmo que o Universo trata de conspirar a favor e te trazer um amor, um amor SÓ seu! 😉
MEU JARDIM É VOCÊ
E com cuidado, pra não te acordar, eu levanto devagar, não calço os chinelos para não fazer barulho, vou descalça até a cozinha e, sem fazer o mínimo ruído, coloco a água no fogo. Vou até o armário e pego as melhores ervas pra fazer o chá que você gosta (mesmo eu sabendo que você ama café). Enquanto escolho as ervas, olho a janela, o barulho da chuva e o cheiro molhado me lembram você. Devagar, volto ao quarto e te observo dormindo, estirado na cama, abraçando o travesseiro, num sono tão profundo que sinto vontade de te deixar dormindo sempre, só pra eu te sentir bem perto, na certeza de que você nunca vai se perder de mim.
O vapor da água embaça a vidraça, preparo o chá, adoço do seu gosto (com bastante açúcar). O cheiro das ervas tomam conta do ambiente e meu coração dispara querendo logo ouvir você tomar o chá e me elogiar por sempre te tratar tão bem.
Acelero um poucos os passos pra te encontrar, olho direto na cama, mas, você já não está mais. Penso que deve estar brincando comigo, se escondendo pra me dar um susto, mas, logo ali, perto da porta, você se olha no espelho como quem está terminando de se arrumar para sair. Paro e fico te olhando, em meus olhos você sabe que pergunto o porquê de você não estar com o teu pijama, aquele que eu disse pra você vestir porque estava frio. Você passou a mão no rosto, me olhou e nem notou a caneca de chá em minhas mãos. No fundo eu sabia que você iria, mesmo assim tentei encontrar alguma ponta de esperança que dizia que você estava só me fazendo algum tipo de surpresa e que logo abriria um sorriso, pegaria a caneca de chá das minhas mãos e me agradeceria com um beijo.
Mas, não.
Você pegou as chaves, sua carteira, olhou em volta pra ver se não se esquecia de nada e, partiu. Sem olhar pra trás, fechou a porta e a chave girou, e a porta trancou. Fiquei ali, olhando pra porta, esperando você voltar no minuto seguinte, como eu fiz tantas vezes. Mas não, o portão também fechou e eu pude ouvir seus passos se afastando de mim, podia até mesmo ver as suas mãos no bolso, como quem nada quer.
Sentei na beira da cama, encostei-me ao travesseiro que ainda estava com teu cheiro, tomei o chá (mesmo detestando chá muito doce, mas aquilo me fazia te ter ainda perto). E fiquei ali, acho que o dia se passou e eu nem vi.
Mas, não sofri. Porque eu sabia que você voltaria, como vai voltar daqui uns quinze minutos. Pedindo um abraço com o olhar ou perguntando quando é que eu posso te emprestar meu colo pra você dormir, ou o meu abraço pra você não se sentir sozinho.
Eu reguei o jardim, e você sempre volta porque as flores que eu cultivo são as que mais te atraem. Plantei novas ervas, amanhã vou colhê-las. Quando fizer sol, vou colocá-las ao sol, deixar que sequem para que o chá fique mais saboroso pra você. E, quando voltar, não hesitarei em cuidar de você, em zelar pelo teu sono, em me dedicar novamente. Até que você venha com as malas feitas e fique.
Só assim poderei me dedicar pra sempre ao jardim, cultivar as mais lindas flores, porque o meu jardim é você.
A casa era verde musgo. Nunca vou esquecer. E tinha cheiro de dama-da-noite, com uma mistura de erva-doce – que era o sabonete que ele usava para lavar o rosto depois de fazer a barba. Tinha algumas flores no portão que atraía borboletas que me faziam sorrir todas as vezes que eu chegava do colégio. A varanda do segundo andar era gigante, e lá eu sonhava todas as noites. E foi lá que eu decidi que seria injusto demais fazê-lo me esperar tanto tempo. Eu fiquei olhando as estrelas ali, sentada, por noites. Ficando nos mesmos lugares que a gente ficava, quando era noite, olhando pro nada; com você fungando meu cabelo e me fazendo sentir protegida. Fiquei sentada na rede por dias e dias, até decidir te privar de toda a espera. Sabe quando uma pessoa cruza o teu caminho e se torna TÃO especial que você tem medo de fazê-la sofrer um dia ou que ela se arrependa de ter feito tanto por você?
Sabe quando você sente tanto a falta de alguém que prefere esquecê-la só pra não voltar correndo e dizer que sente saudade? Depois do curto reencontro, lembrei de tanta coisa. É como se eu abrisse uma caixinha aqui dentro e começasse tirar as melhores lembranças de um dos melhores anos da minha vida. Das guerras de almofadas, da água gelada, da vez que trouxe o mar até mim, de quando cantou a música do Roupa Nova porque tinha perdido uma rodada do jogo, da vez que ficou me olhando enquanto eu dormia, do beijo na testa, das brigas, crises de ciúme, do medo que eu tinha de andar de carro com você, da vez que freou o carro com força só pra que eu quase batesse o rosto no painel do carro e desfizesse o bico, da noite na praia, das vezes que levou a igreja, das noites ao telefone, das crises de ciúme. Do sabonete de erva-doce que fazia questão de ficar no meu travesseiro quando você ia embora. Saudade da barba que arranhava, do abraço que apertava, do beijo que estalava, dos dentes que só mostrava pra mim (raramente, mas mostrava). Saudade das crises de riso que me fazia ter. Saudade da primeira noite que foi me levar até o portão de casa. Saudade do churrasco que eu não comi, de cantar a noite com você na varanda, de desligar o telefone na sua cara, de contar os meus sonhos, de me surpreender com você. Saudade de te ter como amigo. Como abrigo.
Eu nunca pensei que todas essas lembranças pudessem voltar um dia e você pudesse ficar perto, de novo. Mesmo que amanhã se afaste. Mas hoje, te senti perto. E isso me fez bem depois de uma segunda-feira tão agitada. Me fez bem me lembrar de tudo, lembrar de você, do cheiro, da voz, e até do sotaque que eu odeio e seu jeito de me irritar que sempre fazia eu fugir de você e correr no minuto seguinte.
Pode ser que amanhã tudo volte ao normal, e a gente finja que esqueça de tudo, de novo, como estávamos fingindo. Mas nós saberemos, sempre, que um pertence ao outro, de certa forma. Mesmo que mais tarde não exista mais o amor que une, o respeito que serve como elo, o sorriso que encanta, o sotaque que odeio. Mas sempre vai existir alguma coisa que vai te trazer de volta, pra bem perto de mim. Pode ser uma música, um cheiro de erva-doce, um gosto amargo de chimarrão, uma barba que arranhe. Pode ser qualquer coisa, desde que leve o cheiro, o aperto, as borboletas que sempre estavam por perto enquanto a gente caminhava de mãos dadas, ria um do outro, brigava, se xingava.
O tempo passou feito louco quebrando as vidraças e a gente ficou, aqui, sem ter nem pra onde ir… (8)
Enfim, obrigada por voltar, por me respeitar, respeitar meus motivos e, ainda insistir; e por existir! Não é nem um terço de tudo que eu tinha pra falar e explicar e tentar te fazer entender… Foi só o que eu senti depois, quando cheguei em casa, e tentei dormir; não consegui =S
Noite sem lua. Um cheiro distante de jasmim, as rosas que comprei hoje num vaso aqui ao meu lado. Sabe quando tudo te lembra os tempos em que você era feliz e não sabia?
Agora, eu queria estar muito longe. Numa casinha isolada, no meio da mata, perto da praia. Eu estaria na varanda, deitada na rede, ouvindo o barulho das ondas e o chiado da cigarra. O vento frio bagunçando meus cabelos, e o cheiro de terra perfumando toda a casa.
Sabe quando todas as coisas te encaminham pra uma época aparentemente distante, mas que ainda sobrevive dentro de você? É como se nada daquilo tivesse passado e, hoje, daqui a pouco, eu estaria naquele mesmo lugar, com as mesmas pessoas, sorrindo e dizendo estar feliz por tudo aquilo ser suficiente pra minha felicidade.
Aí, bate aquela saudade e aquela tristeza.
Saudade da ilusão que me causou uma das maiores tristezas.
Ninguém pode dizer que viver uma ilusão é ruim… Se não, ninguém iria se iludir. É muito bom achar que aquilo é pra sempre, é muito bom saber que todas aquelas dezenas de amigos dizem te amar e estar sempre ao seu lado, é muito bom ouvir daquela pessoa que você dedica todo o seu amor que ela nunca vai te deixar. É muito bom.
Triste mesmo é saber que tudo aquilo era uma grande mentira. Que, na verdade, tudo era uma ilusão e você sempre esteve sozinho.
Isso é o mais difícil.
Quem sabe assim eu crie vergonha na cara e vou ler um livro ao invés de me encantar com o primeiro idiota que me oferecer um suco de melancia.
Não sei as horas.
Fico perdida nas minhas lembranças do meu inconsciente, sem saber quando e onde posso acordar para a realidade do meu mundo.
Das rotinas, das pessoas, dos amigos… Da família.
Minha vida, desde que tenho evoluído e, o presente me apresenta algo que o futuro traz, me sinto como se tivesse parado no tempo onde o passado me cerca de lembranças e oportunidades inesquecíveis.
Os meses não dão conta de segurar os dias que, na velocidade da luz, passam levando toda a sua existência no envelhecimento dos corpos.
Algo diferente a se desenvolver. Cada parte, cada canto do seu corpo se modifica, e a alma se mantém como uma luz acesa, com nenhuma pretensão de se apagar.
Nessa velocidade desesperada que o tempo atingiu, nem as estações podem suportar tanto sofrimento.
Saio de casa com o raiar do dia, com o tocar da brisa que o vento traz. E, no decorrer, à tarde retorno aos sons de relâmpagos e trovões, como se houvesse fúria em seus refúgios.
Sinto-me só.
Sinto-me sem proteção e, por mais que eu saiba que Deus ao meu lado se encontra, me sinto sozinha.
A carência de uma companhia, não se sabe ao certo se divina. Sei que não.
Quem sabe amiga. Pode ser. Hoje em dia são tão poucos em minha volta.
De amor.
A distância destrói o que ainda resta da vontade de sua presença, mas o tempo e o coração me mantêm forte para suportar essa dor que corrói.
Busco a felicidade a importância de minha vida. Na simples beleza de uma flor colorida onde toca os lábios de uma linda borboleta ou, quem sabe, um beija-flor.
Fico muito preenchida e contente quando percebo que tenho uma vida magnífica e me encontro lentamente ao saber que essa simples cidade pode ser vista pelos meus olhos onde, neste momento, transbordam de lágrimas de alegria contida no encanto do barulho contínuo das gotas d’água caindo no chão e rolando pelo vidro da janela, ou no encanto do bater de asas da borboleta.
Olho para o meu interior e sinto os meus pés, concentro em minhas mãos onde se purifica o fruto do meu trabalho, cada magnitude posso transmitir através delas.
Dessa forma me sinto viva. Pronto para encarar mais desafios. Encontro a importância de ser feliz e, mais que isso, a importância de viver, além disso, a importância de minha existência.
Assim, encontro a principal resposta:
Hoje é meu dia!
“[…], jamais houve na humanidade um tempo em que predominou tanta vaidade.”
Além da minha certeza de que o mal do ser humano seja não pensar, também percebi que o ser humano anda vaidoso demais. O orgulho virou moda. Mania que as pessoas tem de achar que o perdão é inútil, que não vale à pena, e que se formos algum dia magoados não devemos, em hipótese alguma, perdoar. Eu também aprendi a exalar o mesmo perfume que a violeta deixa no sapato que a pisa.
E toda essa vaidade e orgulho por que de uns tempos pra cá passamos a viver a mercê de pessoas que se dizem soberanas e que querem nos manipular por seus belos discursos e filosofias totalmente fora dos princípios básicos mas, por status, acaba ganhando a confiança de um bocado de gente. É só prestar atenção em circunstâncias diárias na nossa vida. Vê-se pelas meninas nos colégios: se a menina da Malhação começa a usar um lenço amarrado no calcanhar, na semana seguinte, todas as meninas do colégio também estarão usando.
Nada contra a essas modinhas, eu mesma já cai em muitas delas. Mas, já presenciei meninas que sempre acharam o tênis All Star feio e depois que viu na Malhação passou a usar.
Nada contra a Malhação, também.
INFLUÊNCIAS.
Assim acontece na escola, na rua, no clube, na academia, na roda de amigos. Ninguém se valoriza como é, segue seus princípios, é teimoso em assumir a verdade que traz consigo, que aprendeu com quem sempre esteve ao seu lado ensinando tudo sobre a vida.
Não… Ficou mais fácil aprender com os amigos, ficou mais fácil aprender na rua, ou, sozinho. Ficou mais fácil viver sem opinião, é mais divertido se matar aos poucos, se acabar aos poucos. É muito mais fácil ser manipulado, não perder tempo pensando, receber ordens e nunca quebrar as regras.
“Não ouça, não pense, não fale, não cante, não sinta… Apenas finja, obedeça, siga o que eu digo.”
Todo mundo aprendeu a mentir o que realmente é, ou melhor, a OMITIR. Fica mais fácil esconder os traumas e negar a cura, esconder o amor e negar um bom momento, fingir amar e pensar estar seguro.
Lutar pelo amor verdadeiro exige inteligência, esforço e muito amor, muita dedicação. É mais fácil comer chocolate em frente à TV que perder horas se dedicando aquilo que você realmente se importa.
Mentir o que sente, o que ouve, o que vê, o que quer falar.
Mentir é mais fácil, mais cômodo. Quando se fala a verdade, aquilo passa a ser eterno e, mais tarde, pode ser cobrado da gente. Temos prazer em mentir, prazer em enganar, prazer em inventar uma história. Nos sentimos criativos, maiores que qualquer outra pessoa. Mas, também mentimos por medo de dizer a verdade. Quando aqueles olhos encontram os nossos, não conseguimos encarar, a única escapatória é baixar os olhos e mentir. Mentir parece afugentar o nosso eu verdadeiro, a felicidade que teima em vir depois de um sofrimento, de uma luta travada entre a razão, coração, e mais uma centena de sentimentos.
“Finja que acredita que os sentimentos são lâminas cegas esterilizadas que cortam sua pele superficialmente sem jamais atingir sua alma.”
Finja que o amor não é essencial pra você, que você está bem assim.
Contente-se em mentir todos os dias para o espelho que você é feliz, que o “ontem” da sua vida já está resolvido, que os seus traumas estão curados, ou melhor, nunca existiram. Minta todos os dias pra você mesmo que você não dormiu com vontade, que não acordou arrependido, que não quis sair correndo e pular nos braços dele. Minta, dói menos.
Dói menos até você descobrir que dói.
Vendo uma reportagem sobre anorexia, a moça disse:
“A pior parte da doença é quando a gente descobre que a tem, parece doer mais… Mas, só assim podemos nos curar de verdade.”
Você só vai ser feliz quando descobrir que você é um mentiroso, um fraco, que sempre se negou a se mostrar como você é, esse alguém guardado numa gaveta aí em algum canto, escondido debaixo de alguns papéis e fotografias.
Quando descobrir, vai doer demais olhar pra dentro de si e ver o quanto toda essa mentira te destruiu, quanto afastou as pessoas que sempre te amaram e que você sempre amou, mesmo mentindo as odiar. Vai doer olhar pra trás e ver como o tempo passou rápido enquanto você se enclausurava dentro de si mesmo, à espera de alguma coisa que nunca apareceu, porque essa coisa também era uma mentira.
Você vai exigir da sua alma um pouco mais de sinceridade, vai tentar correr atrás pra descobrir se é tarde demais e, se for, vai esperar que a esperança de novas chances nasça dentro de você. E, na pior das hipóteses, ir pra um ranchinho, perto de uma cachoeira, passar o resto dos dias vivendo a verdade da vida, conhecendo-se.
Até você ter coragem de se olhar no espelho novamente e dizer:
“Agora eu sou feliz.”
É nessas horas que você precisa de alguém que te ouça calado, que tente te entender e que não use nada do que você disser contra você mais tarde. É agora que eu queria sair, caminhar sem rumo como eu fazia quando me sentia livre, torcer para que chova e sentar num banco qualquer só pra sentir a chuva mais perto, mais em mim. Agora eu quero sorrir um pouco, relaxar os ombros, e chorar, se for preciso. Eu quero ouvir o mar, ver a lua e acreditar que agora eu finalmente estou bem.
Sabe quando você já estava acostumada com a solidão? Quando ter alguém por você é incrivelmente estranho? Quando você custa a acreditar que a felicidade te escolheu e custa mais ainda quando ela diz que dessa vez é pra sempre?
E aí você sente essa vontade louca de sair, de respirar um ar um pouco mais puro, de parar e ouvir o mar – ele parece dizer as coisas mais sensatas – , de ver a minha vida como está agora.
Eu amo ouvir aquela música do Lulu que diz:
“Não existiria som senão houvesse o silêncio, não haveria luz senão fosse a escuridão, a vida é mesmo assim… Dia e noite, não e sim. Cada voz que canta o amor não diz tudo o que quer dizer, tudo o que cala fala mais alto ao coração, silenciosamente, eu te falo com paixão: eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz; nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som. Tem certas coisas que eu não sei dizer.”
Já percebeu como somos inspirados pela dor? Mas… A felicidade nos ocupa e nem sempre se tem tempo para colocar no papel tudo o que se passa aqui dentro. Quando a felicidade do amor chega, ela traz o silêncio, e a luz, e as cores… E isso não pode ser escrito.
Por isso tantos textos sem coerência, só quem escreve entende e sabe. Só quem ama entende e sabe. Mesmo que não seja o amor que todo mundo pinta.
Ele chegou pra mim tão calado, tão imperceptível.
Depois de tantas alegrias, tristezas, decepções e surpresas, comecei a prestar mais atenção nos meus pedaços, partes marcadas por cada um que passou na minha vida. Sou viciada em olhar aquela caixinha rosa cheia de fotos, recentes e muito antigas, umas quando eu ainda nem era nascida. Gosto de lembrar daqueles momentos, o porquê daquela risada, a idade que eu completava aquele dia, o motivo daquele passeio, a formatura, a passagem de ano. Aquelas que eram tão especiais pra mim, que se perderam entre minhas memórias. Aquelas que eu roubei do quadro da sala de estar dele, da carteira dele.
Comecei a lembrar dos choros sem razão, das pessoas que ainda estão em meu coração por alguma razão, por algum detalhe. Lembrei dos muitos atos por impulsão, das tantas vezes que fugi e voltei no minuto seguinte. Senti saudades dos muitos lugares que conheci e não pude, não tive tempo; saudades também dos momentos que vivi e das coisas que esqueci. Lembrei das noites mal dormidas, das horas sagradas de sono que perdi sonhando acordada, escrevendo, tocando teclado… Ri de mim mesmo quando me lembrei das vezes que desisti sem ao menos ter tentado, e das vezes que eu tentei e quebrei a cara. Chorei das vezes que tentei, insisti e consegui o que eu queria. Vendo as fotos, aquelas pessoas perdidas lá atrás, senti pelas amizades que não cultivei, por aqueles que eu julguei, pelas coisas que eu falei. Lembrei das pessoas que conheci, dos amigos que deixei, das lembranças que esqueci. Lembrei dos momentos engraçados de distração, da minha mania de derrubar tudo, de só conseguir me equilibrar no salto depois de tropeçar, das vezes que comia chocolate até passar mal.
O quarto apagado, a chuva caindo lá fora e o vento cantando na janela. O edredom me aquece, o que clareia meu quarto é a luz do poste lá fora e o notebook. Não quero ouvir música. Meu dia não foi dos melhores. Parte boa? Eu andei uma hora sem rumo e mesmo assim não encontrei meu lugar, isso é bom? Pensei em ligar pra várias pessoas, pensei em correr pro colo de alguém, pensei em sentar num canto da cidade e ver o dia indo embora, ali, quieta. Queria o colo que ninguém podia me dar, mas, tudo bem. Vaguei um bom tempo, comprei suspiros, mal olhei nos olhos de quem cruzava na rua comigo, e vim pra casa.
Agora, eis-me aqui, com alguma coisa presa na garganta que, há tempos, não quer sair. Sempre tive uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo e ouvindo música. Poucos os que me conhecem tão bem para notar quando eu choro pelo telefone, para saber que por trás de uma risada existe é uma vontade imensa de deitar num ombro e pensar em nada. E, quando a gente vive pra dentro, certos dias a alma pede um pouco mais de espaço, aí, eu fico assim.
Na verdade, eu queria mesmo era caminhar na beira do mar, ver a lua se esconder nas nuvens, deixar a chuva molhar meu rosto e deixar que meus olhos se perdessem no horizonte. Queria esquecer da hora, esquecer dos compromissos e responsabilidades, viver como na época que eu achava que era adulta mas vivia como criança, dando uma aula de técnica vocal ali, outra aqui, mas vivendo a vida do meu jeito, sem ter que prestar contas, cumprir horários… Eu saía e caminhava na areia, na companhia de quem eu queria, falando sobre tudo. Queria a tranqüilidade de deitar no chão da varanda e ver o céu passar devagar, ter ainda aquele fio de esperança que eu veria uma estrela cadente; sonhar acordada.
Lembro dos dias que eu passava a tarde escrevendo com cuidado e decorando cada linha importante que eu escrevia no meu diário, hoje, solto uma frase aqui, outra ali… Mas não escrevo como antes.
A criança teve que virar adulto e, sinceramente, tô querendo pedir as contas.
Eu tinha tanto amor guardado aqui dentro de mim, hoje, restou uma coisa seca, sem graça. Não sei se era amor, até porque, eu nunca tive preparo algum para dar nomes às emoções, nem mesmo para entendê-las. Mas, confesso que, essa coisa seca que restou dentro de mim foi a coisa mais verdadeira que eu pude conhecer, e é a minha essência.
Eu tenho andado pensativa. A gente nunca prevê aquilo que pode acontecer, a gente nunca sabe em que estação o trem vai parar, se alguém vai ficar por ali e quem vai embarcar. Nos últimos tempos, as pessoas desembarcaram sem se despedir, foram saindo, o trem esvaziando e, o meu vagão ficou sozinho. Eu e mais uns poucos que precisam continuar a busca de algum vazio que preenche. Todos foram saindo, deixando gravado em mim cada detalhe da viagem… Foram, sem se despedir. E eu conheço bem esse tipo de partida, não há volta.
E, eu fiquei. Fiquei e seguro nas mãos dos que ficaram comigo, de alguns que embarcaram e de outros que estão avisando que precisam ir embora e seguir viagem em outro trem. Meu coração vai ficando espremido, como se nem existisse mais aqui dentro de mim. Vez ou outra eu sinto o seu pulsar, é a esperança de dias bem melhores, de sorrisos verdadeiros, de lágrimas de felicidade, de abraços sinceros e apertados.
Confesso que, como qualquer humano, eu penso em desistir, em deixar que o vento leve tudo, mesmo sabendo que o vento nunca trás nada de volta exatamente como era antes. Mas, não se preocupe, eu não vou desistir. Tem coisa mais autodestrutiva que insistir sem fé nenhuma? Mas, eu continuo insistindo naquele vazio que preenche, no amor sem explicação, naquele tipo de drama que foge dos clichês.
O plano não era ficarmos bem? Entonces..!
Eu sempre fico bem… Sempre.
Lendo aqui, sozinha, vi um trecho de um texto que dizia que seria muito bom que as pessoas não tivessem emoções e se relacionassem sem esperar nada um do outro. E, eu pensei “Que tipo de relação é essa?” Exatamente por esperarmos algo do outro que somos chamados de seres RACIONAIS. Esperamos e sei que nem sempre somos correspondidos, mas esperamos e, todo mundo, em algum momento, é surpreendido e recebe mais do que aquilo que esperava.
Como já dizia Caio Fernando Abreu:
“Quando você não tem amor, você ainda tem as estradas.”
Aqui dentro, o que não quer sair e nem descer, como se fosse um espinho preso na garganta. Na verdade é uma pressa, uma urgência, uma compulsão horrível de querer quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir tudo, antes que cresça e tome uma proporção tão grande que não caiba dentro de mim e, aí, eu sei que estarei perdida, que tudo sairá do meu controle, que eu não conseguirei domar meus sentimentos e irei destruir toda a confiança e cumplicidade que nossas conversas, nossos olhares e o nosso amor parcial construíram tão lentamente dentro da gente. Uma vontade de sair correndo, de negar que no fundo eu sei que as histórias que eu considero clichês são as melhores para serem vividas, vontade de tirar com a mão tudo o que possa me fazer sofrer.
Aqui dentro, aquele medo daquele vazio que preenche e transborda, daquele sentimento confuso e certo demais, daquela coragem repentina que nos faz tomar decisões que jamais pensávamos tomar. Medo do fantasma do passado. Aqui dentro, uma vontade de me enfiar em livros e escrever vários outros livros, ocupar a cabeça com tudo o que não me faça pensar que eu sou um ser humano como qualquer outro e tenho um coração capaz de amar também, assim como qualquer outro. Vontade de enterrar as probabilidades de me apaixonar.
Nesses dias a minha alma tem pedido um pouco mais de espaço, um pouco mais de ar. Eu quero mesmo é saber onde você está. Ou você acha que eu ainda consigo ser feliz longe de você? O nosso dia ta chegando, e faz quase um ano que a gente não se fala. Ultimamente, tenho me considerado uma atriz nata em conseguir esconder a falta que me faz você.
É ainda dolorido te ter tão longe, procurar você nos olhos dos seus amigos, contar a nossa história como se fosse uma ferida que não dói mais. Dói sim. Todos os dias pela manhã, eu acordo primeiro que todos, para ninguém me ver lavando a ferida, cuidando dela, colocando remédio, fazendo curativo e depois, escondendo-a na base e no pó compacto. Depois, ainda, lavo o rosto com água gelado, foco meus pensamentos numa realidade futuro, leio até ficar inconsciente, isso tudo é pra tentar esquecer de você.
Eu nem sei como consigo dizer que não te amo mais, se meus olhos não mentem. Nunca mentiram. Não posso ter sido a única a sofrer desse jeito, ainda desejo apertar a sua mão e dizer que conheço dessa dor. Que não é fácil, mas que eu posso te ajudar. Oras! O que estou dizendo? Não te quero mais! Não quero te desejo mais! Não te amo! Não!
TRECHO DE: AS MARGARIDAS DO QUINTAL DO MEU AVÔ
Você nunca entendeu o porquê eu tacava a bola com força em você, então. Não era pra te castigar, mas para te mostrar que você é tão frágil quando uma margarida. E que dependendo da força que você tacava a bola, deixava marcas, eternas. Mesmo que a eternidade da margarida durasse um dia.
Pela primeira vez a menina se sentiu livre. Livre de todo sentimento que a manteve presa durante muito tempo. Pela primeira vez a menina conseguiu respirar fundo e, sem vergonha nenhuma, chorar sem medo do que os outros podiam pensar.
Ela saiu de lá, nem sentia os passos. Mas saiu feliz.
Durante todo aquele tempo ela pensava que jamais a vida lhe daria outra oportunidade, que seria daquele jeito e que ela amou tudo o que podia amar, e já não restava mais nada.
E, naquela hora, ela descobriu que estava redondamente enganada. E foi esse o motivo de toda a sua alegria. De todas as lágrimas, e de todas as canções cantaroladas durante o caminho de volta pra casa.
O calor já nem importava tanto assim, o que importava realmente era o sentimento que ela tinha acabado de descobrir que sentia. Sim, de descobrir, porque ela já o sentia há tempo, mas não sabia.
Ela precisava ver, ouvir e não sentir, pra ter certeza.
A menina agora não estava mais presa, a lagarta finalmente virou borboleta e saiu de todo aquele drama que a acompanhava e atormentava suas noites enquanto ela tentava admirar a lua.
Agora ela está bem, e sem se preocupar se esse sentimento todo é pra sempre. Ela só quer viver o hoje e, se amanhã não existir mais nada, ela será grata. Será grata a esse amor que chegou e que a libertou sem que ela percebesse. Que fez do som dos seus passos música, e a menina não notou a presença do amor, que foi sutil demais, sem querer assustá-la e a prendeu no abismo dos olhos castanhos, já que ela querendo se salvar do amor, se prendeu a uma pétala, dentro do abismo, e aí já não havia volta. E foi a melhor viagem que ela poderia ter feito…
A menina quer ser a tua paz, quer que você volte logo. Ela quer te precisar, sem exigências. A menina não quer te fazer mal. Não quer pedir mais do que você tem, assim como não vai dar mais do que dispõe, por limitação humana. Mas o que a menina tem, é seu. E, se bem cuidado, é seu pra sempre. Pra sempre.
DANDO UM JEITO NA ALMA
Lembranças…
É como a marca que a brasa deixa na pele, depois de cair acidentalmente, ou não.Lembranças são poderosas!
Elas tem o poder de sustentar um amor por toda uma vida, ou apagá-lo de vez; pode devolver a vida, ou tirá-la de vez. Lembranças que fazem sorrir, chorar, ter medo, desespero, borboletas no estômago, raiva, arrependimento, desejos, ou, simplesmente, não nos causam nada.
Quem me conhece sabe que as lembraças me acompanham e costumam me monitorar, no entanto, elas me incentivam a escrever o que eu sinto de uma maneira quase concreta e abstrata.
Hoje, as lembranças me impulsionam a seguir meus sonhos, a ser persistente, teimosa, a conquistar aquilo que eu acredito e a acreditar naquilo que eu sonho.
Mas são essas mesmas lembranças que me fazem chorar agarrada ao meu travesseiro “meia-lua”, que me fazem ter medo do escuro e, muitas vezes, procurar abrigo num aperto de mão, num olhar.
Todas as vezes que trilho um caminho diferente, que não sei onde vai dar, as lembranças voltam e, junto, trazem o medo. Aí, eu procuro descobrir pra onde aquele caminho vai me levar e, eu defino uma trajetória e presumo tudo o que vai acontecer e como eu devo agir.
Mas eu nunca aprendo!
Sempre que faço isso, as coisas saem do meu controle e, eu ajo impulsivamente por não saber como agir. Consequentemente, alguns sonhos ficam machucados, outros, traumatizados, e eles se escondem na gaveta do criado mudo perto da janela, no canto da minha alma.
E, eu, sem notar as suas faltas, não me importo. Às vezes, algumas pessoas se importam e perguntam por eles, eu finjo não saber, mas, no fundo, eu posso sentir o cheiro deles apodrecendo trancados ali, naquela gaveta, infectando toda a minha alma.
Sonhos são como borboletas, eles devem ser livres para pousar em nosso ombro no tempo certo.
Eu andei dando um “jeito” na minha alma.
Desde a última vez que aquele vendaval destruiu quase tudo, eu não tinha voltado lá. As janelas estavam abertas, alguns vidros quebrados e estilhaçados no chão. “…certas bençãos de Deus entram estilhaçando todas as vidraças.” O vaso que ficava no cantoda minha alma estava quebrado, alguns sonhos já podres, as últimas tulipas que eu havia colocado para enfeitar a minha alma estavam no chão.
Era hora de arrumar tudo aquilo!
Já havia se passado tempo suficiente para que eu criasse força e coragem para ver o estrago que aquele vendaval havia feito. Cada caco de vidro, cada sonho, cada restinho de tulipa, me trazia lembranças de bons momentos que eu não queria ter vivido.
Os bons momentos são como anestesia, que impedem que a dor seja sentida e que nos faça ter ilusão de que não vai doer.
Os bons momentos impedem que você pense e perceba que vai sofrer, que vai ser difícil esquecer.
Varri o chão da minha alma, joguei os cacos, os sonhos apodrecso e os restos de tulipas. Troquei as vidraças, colhi outras flores e coloquei outro vaso no canto da minha alma.
Quem vê a minha alma agora, não imagina o quanto aquele vendaval feriu e bagunçou tudo o que eu havia arrumado com tanto amor.
As lembranças não me fazem esquecer. E isso é bom! Só assim eu posso dar valor a minha alma, em como é bom vê-la arrumada, com cheiro de flores e com a leve brisa entrando pelas vidraças. E, o melhor, eu não espero mais que me tragam flores, eu mesma as colho e enfeito a minha alma. Porque, para a gente se sentir bem, só depende da gente.
“Desde que Augusto começou a falar seus pais notaram a determinação que ele tinha. Era muito decidido, mesmo tão pequeno. E, em 1937, quando ele tinha 7 anos sua vizinha deu à luz a uma linda criança. Os pais dela não queriam que Augusto chegasse perto da criança, ele poderia ser desajeitado com a criança. Mas, depois de alguns dias, Augusto viu a criança e se apaixonou no mesmo instante. Os pais de Augusto, quando souberam desse amor, ficaram bravos e mandavam que ele parasse com aquilo antes que os vizinhos achassem ruim. Augusto se calou, por anos, mas não deixou de acompanhar a infância daquela menina, a adolescência. Todos achavam lindo a maneira como ele cuidava dela, e a desculpa era porque ele não tinha irmãos e nem ela, e como ele a viu crescer, tornaram-se irmãos… Augusto foi parceiro de brincadeiras, melhor amigo, acompanhou ela no dia em que um rapaz a queria pedir em namoro, fazia papel de irmão mais velho; mas ele nunca namorava, ninguém nunca o via com ninguém. Até que, ao seus vinte e seis anos e depois que ela terminou seu noivado de três anos, ele resolveu contar a verdade. A verdade era que desde que ele tinha visto ela, recém-nascida, ele reconheceu o seu grande amor e esperou por ela todo aquele tempo. Que ele tinha sido seu amigo, seu irmão mais velho, por um amor incondicional que ele carregou desde os sete anos. Ela não sabia o que dizer, ficou confusa, mas no fundo sabia que desde que seus olhos cruzaram com os dele seu coração se aqueceu e sua alma sabia que aquele era o seu grande amor. E eles casaram, depois de dois anos. Ele com vinte e oito, ela com vinte e um. Tiveram cinco filhos e foram exemplos de um amor verdadeiro. Augusto morreu há dois anos, e eu encontrei ela hoje, no banco. Ele morreu aos setenta e sete anos, segurando a mão dela, sussurrando que a esperaria do outro lado. E eu conversei com ela hoje, a Maria, o único amor de Augusto. Ela estava fazendo um seguro de vida porque sabe que seu coração está parando, aos poucos. Vai juntar todos os filhos esse final de ano, como o último final de ano que passarão juntos… E ela não cansa de dizer que sabe que vai morrer, logo; porque seu coração não sabe mais viver sem o seu amor. E, ela saiu… Andando devagar, com a mão no coração, segurando um coração que abria e mostrava uma foto em preto e branco de Augusto. E eu fiquei olhando e imaginando as lindas lembranças que ela não carrega do seu único amor…. Aquele que a viu nascer e desabrochar pra vida e pro amor. Pro amor de Augusto.”
PONTO FINAL
Quebrei o aquário com o maior prazer do mundo. Eu matei os dois peixes, deu um pouco de dó da fêmea, ela demorou mais pra morrer. Mas, sinceramente? Não estou com pena deles. Peixes morrem todos os dias, assim como pessoas. Ciclos se encerram todos os dias, assim como o dia acaba, como o amor é destruído ou construído. Todos os dias. Quem sabe, essa não seja toda a emoção da vida, não é mesmo?
Depois rasguei o embrulho do pijama, e queimei. E a tesoura me foi útil na hora de cortar o pijama em pedacinhos irreconhecíveis. O pingente de sol deve estar em algum lugar da rua, já que eu joguei da varanda aqui de casa.
Depois as coisas na parede do quarto devem estar em alguma lixeira; notei a presença da mãe tirando os papéis do chão enquanto eu dormia. Espero, sinceramente, que ela não os tenha guardado.
E, eu acho que depois que eu surtar e tacar o celular do vigésimo andar e ter o prazer de vê-lo esmigalhado no chão, eu me sinta bem melhor. Melhor do que estou agora.
Sinceramente, achei que fosse estar pior. Mas, não. A vida é feita de escolhas. Ok, eu sei que isso é muito clichê; mas é a verdade. Quem sabe, a única verdade nisso tudo.
As coisas costumam passar na nossa frente, se exibindo, prometendo felicidade. E vai da nossa coragem querer pegar e ser feliz, ou não. Daí que tem pessoas que fazem questão de deixar passar, por simples covardia ou vai saber lá o quê. As pessoas surtam e decidem ferir as outras. Depois reclamam de não serem respondidos.
Eu lembro que um dia eu escrevi sobre livre arbítrio. E, depois de tudo, continuo tendo a certeza de que existe uma coisa pré-definida por trás do livre arbítrio, que nos faz tomar aquela decisão por ser exatamente aquela que devemos tomar. Pro nosso bem ou não, mas a gente acaba vivendo uma história que já está traçada, já está escrita, já foi determinada. Aí, basta a gente entender e aceitar tudo isso pra não sofrer mais que o necessário.
E aprendi que, sofrer no dia seguinte é idiotice. Se sofre no dia da dor, o dia seguinte é outro dia e esse dia segue.
Eu já tentei várias vezes me fazer de forte, dizer que eu era durona e que jamais me apaixonaria, ou sofreria, ou cairia na lábia de um idiota que tem um rei na barriga.
Eu sofri. Não nego. Me descontrolei, quebrei o que eu podia quebrar, xinguei o que eu podia xingar, taquei almofadas na parede, me joguei na cama e me chamei de burra, prometi nunca mais ver nem ouvir falar no nome, tomei comprimidos pra dor de cabeça, meu estômago ficou atacado e eu chorava e me contorcia de dor na cama. Depois fiquei até altas horas da madrugada sentada na varanda olhando a lua cheia. Ela estava maravilhosamente linda e o céu não poderia estar mais bonito. Tudo isso normal. Coisas normais que acontece com qualquer pessoa que se entrega, que tem coração, que ama. Que ama de verdade. Que entende o perfeito significado do amor descrito em Coríntios, e que insiste em cumprir tudo o que promete. Coisas normais de uma pessoa que não é movida pela emoção, e mesmo na emoção, fala coisas que tem certeza que vai cumprir. Coisas normais de uma pessoa que mudou e que quer ser feliz, muito feliz.
Mas, no dia seguinte, a pessoa continua sendo normal e a ferida pára de sangrar. Tá dolorida por ser tão cutucada, mas não sangra mais. Depois de uns dias, cicatriza e fica a marca. E não é vergonha carregar as marcas. Pior aquele que não se entrega por medo de sofrer e carregar marcas depois. Como ele vai viver e passar toda a alegria e dor que teve pra outras pessoas? Impossível aprender sem carregar marcas, marcas que pesam, que revoltam, e que as vezes nos faz sentir idiotas. Mas são marcas, e por mais feias que sejam, devem ser motivo de orgulho para quem as carrega.
E quando você se conscientiza que foi melhor assim e que todo mundo precisa ser feliz, e não vai ser mais uma decepção que vai te fazer parar, te fazer desistir, aí você consegue não sofrer mais pela pessoa, não sentir falta. O amor fica escondido em algum canto e depois se cansa de insistir e vai embora, mais ou menos no tempo em que a ferida vira apenas uma marca.
E, mesmo depois de tudo ontem, não me arrependo de absolutamente nada. Eu vivi, fui extremamente nobre em me deixar viver, mais uma vez, tudo o que eu tinha pra viver, com toda a intensidade possível. E como todos os outros, vira mais um texto pro meu blog, mais uma história pro meu livro. De tudo o que foi vivido, de tudo o que foi dito, pra isso serviu. Pra me inspirar a escrever.
Não significa mais nada, a não ser, parágrafos de um desses textos gigantes que eu costumo escrever sem ver a hora passar.
E tudo volta como estava. Você, sendo uns papéis perdidos na minha gaveta de cartas. E eu, pra sempre, presa em algum canto em você. Porque eu ainda acredito no ser humano, ainda acredito nos olhos, na verdade das palavras, e nem tudo aquilo foi em vão ou mentira. E quanto a você, eu liberto de algum canto onde você esteve preso em mim por tanto tempo, e me esqueço, pra sempre, do que você foi e representou. Pra sempre.
E deixo de cumprir a promessa de que mais ninguém seria suficiente. Sim, existe alguém suficiente. Suficiente só pra mim. Do meu jeito. Que não tenha medo e que saiba, sempre, o que sempre quis. E que nunca, nunca desista de mim.
E ele começou a cantarolar aquela música “eu sei e você sabe, já que a vida quis assim, que nada nesse mundo levará você de mim; eu sei e você sabe que a distância não existe, que todo grande amor só é bem grande se for triste; por isso, meu amor não tenha medo de sofrer, pois todos os caminhos me encaminham pra você…”.
E, depois de uns minutos, ele tirou meu cabelo do rosto e desembestou a falar:
“eu sei que a vontade de amar ainda pulsa aí dentro, mesmo que você negue; e que o medo de amar parece palpitar mais forte que a esperança de dias melhores; mas eu quero que você entenda que esses sinais são pra te mostrar que você tem um coração sonhador batendo aí dentro, e que essas lágrimas aqui são lágrimas de quem ama, independente de quem seja. mas ama. o cheiro de erva com madeira, o coração palpitante e os lindos pores-do-sol cor-de-rosa não querem dizer que a sua pessoa certa está ao seu lado, mas são sinais de que a vida sorri pra você como sempre sorriu…”
E ele me levantou e me fez olhar o dia lindo que estava indo embora. Depois, segurou as minhas mãos e, pela primeira vez, eu não me importei com as lágrimas que caíam:
“essas mãos que seguram a sua, um dia, andaram muito ansiosas em amar novamente. elas tinham segurado mãos que não a amavam… aí, um dia, eu encontrei os olhos italianos da sua avó e amei, amei como nunca antes. você não precisa sentir o cheiro pra saber que vai amar de novo, é só olhar nos olhos e não precisa de muito tempo, segundos depois seu coração já está aceso, aquecendo a vida que esteve escondida em você enquanto você fugia…”
Na rua de casa, no canto do muro, nascia aquela florzinha que você sempre trazia pra mim. E eu lembro que quando chegava em casa e me via brincando de fazer comidinha, pegava algumas daquelas florzinhas pra eu enfeitar os bolos de terra que eu fazia. E quando eu fui pra quinta série, eu comecei a ter um professor pra cada matéria e me desesperei. E você comprou um quebra cabeça de 500 peças só pra me fazer entender que nosso cérebro é como um quebra-cabeça e que com o tempo e a vida, a gente vai montando pecinha por pecinha. Até hoje eu não montei o quebra-cabeça, e nem vou montar, porque não conseguimos “montar” nosso cérebro até o final da vida, poucos são o que conseguem montar a metade dele. E lembra das flores nos semáforos? Você nem sabia mais onde guardar tantas rosas. E as músicas? A primeira vez que você me levou pra sair? E o ciúme doentio que eu sempre tive de você? E o show do Jota Quest?
Sinceramente eu não entendo como estou viva depois de dois anos. Cada dia desde o dia 27 de julho de 2007 me lembra, em alguma partezinha dele, você. O macarrão com creme de leite, aquelas barras gigantescas de chocolate que a gente derretia e comia com morango. As longas conversas, os conselhos. Tudo isso é tão meu, faz parte de mim.
Naquele dia, dia 20, você estava tão linda. Segurou a minha mão tão forte, mas eu estava tão encantada com a sua capacidade de ser feliz ainda naquela hora que eu nem senti dor. Você me ensinou tanto naquela hora. Mal podia falar, mas não se despediu em momento algum. Em seus olhos você me dizia que iria voltar. De alguma forma, mas voltaria.
Você estava linda. Todos correndo para fazerem alguma coisa por você, mas você tranquila.
Hoje eu entendo. Você tinha tudo. A amizade, o amor, e tinha vivido com tamanha intensidade que… Estava feliz.
Nós éramos melhores amigas, você tinha um amor só seu. Era tão bom viver com você, fazer compras com você, comer chocolate com você.
Eu andei lembrando daquele dia que eu tinha perdido um concurso de soletrar da escola e, eu pedi que você me abraçasse pra eu não chorar, eu estava tão decepcionada comigo.
Eu queria ter te abraçado aquele dia. Ter dito que eu estava com você, sempre. Apesar de saber que você sempre soube disso.
Olha… Nesses dias eu ando tão frágil, pensando em você, sempre. Com uma vontade imensa de viver só um pouquinho do que vivi com você.
“eu aprendi com a gramática que saudade não tem tradução…”
Eu só queria que você soubesse que eu lembro, que eu sempre vou lembrar. Que eu ainda acho injusto tudo ter sido tirado de você assim, de repente. E, que eu quero lembrar de tudo, todos os anos, porque eu sei que se ainda estivesse aqui comigo, estaria vivendo de uma forma tão nobre… Estaria criticando os meus textos, reclamando das vezes que saio sem maquiagem, xingando os políticos, entendendo de tudo um pouco, me ajudando na escola, encontrando novos textos, comprando coisinhas de artesanatos, criticando a beleza alheia. Só com você eu sonhava em voz alta e, lembra daquele dia, debaixo da árvore, que você disse que um dia eu seria acordada assim? Eu fui ^^ E no tempo certo.
E, tomara que aquela estrela que brilhou ano passado, apareça. E que o vendedor de flores também esteja por perto. E que tudo seja lindo, como sempre foi quando você estava aqui pertinho.
Eu estou tentando ser como você sempre pediu que eu fosse, tá? Estou tentando levar tudo um pouco menos a sério, sendo mais bem humorada, rindo um pouco mais e me deixando ser humana.
Eu estou tentando… E eu te amo. E vou zelar pra sempre de você.
E, eu to sendo feliz, bem feliz.
Eu te levo aqui dentro, numa caixinha lacrada, pra sempre… (L)
Quando você nasce, cresce e começa a amadurecer dentro daquele castelo que te enclausuraram, é difícil abrir os olhos depois. Nem sempre acontece, mas, comigo aconteceu. Foi de uma hora pra outra, entre uma insônia e outra, olhando as fotos penduradas na parede da cabeceira da cama, eu percebi o quanto não vivo. Lembrei de como tudo sempre foi, de como tudo nunca muda e, depois de me olhar no espelho, perceber o modelo de filha, irmã, namorada, amiga, que criaram pra mim em algum momento da minha infância que eu não lembro, mas que eu sempre segui à risca.
O modelo que nunca segue do jeito que acha que deve seguir, que tem que estar sempre bonitinha, que não pode deixar o vento bagunçar o cabelo, que tem que agradar a todos e ser simpática com todos, que não pode chorar em público e nem deixar que percebam quando está triste. O modelo de boa menina, boa filha, boa irmã, boa namorada.
O modelo de santa, de certinha, de bonitinha, arrumadinha, educadinha, estudiosa, inteligente, motivo de orgulho pra toda a família.
Eu estava com uma caneca de chá em mãos, olhando as fotos com a luz do celular que a Denise esqueceu aqui em casa e comecei a chorar. Sem perceber, a caneca foi pesando e minha mão virando, até o chá quente cair na minha perna. Não foi nada sério além do vermelhão que ficou. Eu fiquei brava, não sabia se enxugava as lágrimas, se continuava a chorar por ter me queimado, ou se ria de tudo isso.
Eles não sabem que sou assim, desastrada. Também não sabem que já quase arranquei o queixo de alguém com o joelho porque ele estava vindo me beijar. E não sabe dos milhões de socos e tapas que dei sem querer em uma multidão de seres que cruzou meu caminho por pura distração.
Também não sabem das incontáveis vezes que derramei chá em minha roupa, e das vezes que entrei de sutiã no chuveiro e das vezes que sentava na tampa do vaso. Das milhares de vezes que machuquei pessoas pelo meu jeito impulsivo e que, na verdade, não sou tão certa assim. Sou frágil demais pra quem me vê trabalhando e brigando com o carinha da telefonia. E que sou chorona demais pra quem me vê dizendo que não quero me apaixonar, nunca mais.
E que por trás de todo esse rímel e batom rosa, existe uma criaturazinha que se derrete quando é abraçada, que se encanta fácil demais, que faz as maiores loucuras só pra fazer bem a quem gosta, e que senta várias tardes na beira-mar só para tentar escrever um poema, compor uma música, e observar as datas em que as pessoas escreveram seus nomes na árvore junto a outro nome que, provavelmente, nem esteja mais ao lado dela.
Eles não sabem da minha paixão pela lua e pelo pôr-do-sol. E também não notam os livros que ando lendo nem que, as vezes que me chamam pra jantar e eu recuso, é porque estou com a janela do quarto aberto, olhando a rua e ouvindo música. Coisas que eles nunca fizeram e não entendem o significado.
Não entendem a minha paixão por borboletas, nem pelos dias frios de chuva, nem porque meus olhos têm brilhado tanto. Não entendem que não sou o modelo que eles traçaram, que eles queriam. Que a minha profissão não é a do sonho deles, e que eu sou estranha assim.
Que eu quero acordar cedo pra estudar, almoçar correndo, ir trabalhar, ficar o dia inteiro na frente de um computador usando a minha criatividade, e quero ir de noite pro curso, e quando chegar, ir escrever poemas, encostada na janela, ouvindo as minhas músicas preferidas.
Que isso tudo sempre me fez bem e que foi o que eu sempre sonhei.
Que eu não quero namorar um modelo, como eu. Mas alguém que só queira viver intensamente. Como eu tenho tentado, ultimamente.
Que eles, algum dia, possam conhecer de verdade a pessoa que conviveu com eles todo esse tempo, e que prestem mais atenção nos simples detalhes que sempre me fizeram toda diferença.
Os detalhes que me fazem insistir no amor, na amizade, na fé. Que não me deixaram parar de remar.
Eu não tenho travas na língua. Sempre fui tão impulsiva, tão exagerada, tão sincera. Desde que fosse a verdade do que sinto, nunca me envergonhei de dizer nada do que se passa aqui dentro, do que eu penso.
E, mesmo sendo tão cruel, tão injusta, tão desumana; ainda continuou amando sozinho.
Isso foi nobre. Mais nobre do que as verdades que eu disse, do que as vezes que insiste com fé ou sem fé nenhuma. Foi mais nobre do que todas as vezes que eu te procurei querendo conversar.
Eu te olhei sem querer olhar, sem querer dizer que eu andei errado, de novo; e que seus conselhos estavam certos. Que você fez até onde pode e, depois, me entregou pra alguma coisa que nunca existiu.
E foi bom te olhar e descobrir que eu ainda encontrava o conforto, o abrigo que eu sempre tive. O amigo, acima de tudo, que sempre me viu como eu realmente sou, e nem por isso deixou de me amar.
Que não se importou com todas as verdades que eu te disse, que eu sei que te machucaram. Mas ficou ali, calado, me ouvindo, rindo de mim por ser tão boba, tão sonhadora e tão sincera.
Perguntando se ainda compro flores, se ainda olho a lua e se eu notei que ultimamente uma estrela tem brilhado mais que todas as outras.
Sabe quando você implora que alguma coisa aqui dentro te faça amar esse alguém como nunca antes?
Que você o ame como ele merece, que possa retribuir todo esse amor consentido?
Mas, eu não consigo. E foi lindo ouvir você dizer que também me entendia por eu não conseguir te amar como devia.
É exatamente por isso que eu continuo. Eu posso perder algumas pessoas, mas, eu sempre ganho uma que me surpreende, às vezes nem ganho, ela já está ali do meu lado, só esperando ser notada.
Obrigada por ter ido atrás de mim, por pedir pra eu te olhar, sem medo, como sempre fiz.
Obrigada pelo suco que eu não queria, por me ouvir, por querer saber de cada detalhe, e por parecer tão certo do que sempre sentiu.
Eu te admiro e te respeito, e te amo, de alguma forma, mas amo.
Amo pelo tempo que me conhece, que se dedica, que se importa, que se preocupa, que cuida, que liga, que me atura, que me entende, que me olha, que me ouve, que me toca, que me abraça, que cala, que fala, que sente, que dedica tanto da sua amizade, do seu amor.
Obrigada por amar sem pedir nada em troca.
Uma hora ou outra a gente sempre é amado como merece… Que alguém te ame e cuide de você como você merece.
Eu, aqui, trancada dentro de mim há dias, continuo sem a esperança de ser um dia tão nobre como você.
É confuso demais, suspeito demais, exagerado.
Não seria a minha vida se não fosse assim, não é verdade?
Não seria eu se não tivesse um bocadinho de drama.
Buenas… Vem o vento e muda tudo de lugar. Um dia eu vou dizer que ISSO É BOM.
Por enquanto, ainda estou meio perdida com a bagunça que o vento fez aqui em casa, também terei que me acostumar com a antiga situação, eu nem lembrava mais como era.
Bom… Que as coisas boas voltem, e que essa coisa seca aqui fique por pouco tempo. Sinto cheiro de bons ventos no ar 🙂 E isso é bom, de novo.
A luz volta a brilhar de manhã e você sabe que eu estou esperando você sorrir, sempre. Todos os dias tem pôr-do-sol e eu não pretendo ir tão cedo…!
O plano não era esse. O plano era que o encanto permanecesse. O plano era se encantar sempre. O plano era não ter partidas. O plano era não precisar de mudar, o plano era não cansar, o plano era que permanecesse sempre assim.
O plano não era te perder. Não era ter saudades insuportáveis. Não era te deixar nem te dar o último abraço.
Com o umbigo e tudo que vem depois do perigo, com o bonsai, haicais, jardim de inverno, girassóis, e rascunhos guardados na gaveta do criado mudo ao lado da cama, eu fico, mais uma vez, esperando que você volte, como voltou naqueles quinze minutos.
Tudo bem… Eu fico, a gente fica. A gente continua preferindo as filosofias, as tardes de encanto, as noites de inverno, as manhãs de chá quente.
É como uma rosa. Existia somente o botão, escondido num canto, até ser tocado pelo vento e iluminado pelo sol. Iludida por todo o encanto, se abre e desabrocha numa das coisas mais belas que existe, num dos maiores significados do amor, da paixão, da vida. E, sem demora, morre. Levando consigo toda a beleza, toda a luz, todo o significado.
O mar estava lindo, tudo com cara de inverno.
E no espelho, o pior e o melhor de mim. Eles já não ficam mais guardados, escondidos em algum canto aqui dentro. Mas ficam expostos, sem vergonha de mostrar exatamente o que são, o que sempre quiseram.
Você bateu aqui na porta e eu deixei você entrar, só entre com cuidado, olhando onde pisa, não toque nos quadros, nem abra as caixas do canto da sala; sente-se sem desarrumar as almofadas – elas estão pela ordem das cores. Deixe a música tocar e não abra a janela.
E se eu não sentar ao teu lado, me deixe quieta. Não faça perguntas. Não invente histórias. Não pergunte se estou bem… Também não pergunte qual a fase da lua nem se o sol saiu hoje, faz uma semana que não saio de casa.
Essa semana não estava nos planos. Nem esse ano, nem ano passado, nem ano retrasado.
Nada disso estava nos planos. E por não estar, eu me perdi, e agora vivo procurando motivos para tocar piano como antes, quando eu atraia os pássaros com os sons que eu tocava, sem partitura… Só deixando que os dedos tocassem o que saía da alma.
Queimei os rascunhos da gaveta… Não os quero mais. Eram pensamentos aleatórios, impulsões. As malditas impulsões que sempre me fizeram agir de maneira errônea, sem razão.
Talvez eu mande aquelas cartas que escrevi e termine o livro que comecei.
Talvez… Quem sabe.
A vontade aqui mesmo é de estar longe, de respirar um ar mais puro, sem esse sufoco de superar expectativas. Olhar tudo do meu jeito, sem seguir regras, sem deixar que manipulem, que suponham.
Simplesmente… Respirar um pouco mais além, sentir o ar entrando e oxigenando.
Quem sabe, depois eu penso um pouco em tudo.
Não vale à pena nada disso, nenhuma tortura, nenhuma culpa.
O que vale realmente é a vida que está sendo vivida e que, a propósito, é uma só.
Fica aí com tudo que é contrário ao que eu tenho aqui… Né, não?
ME FALTA
O dia foi estressante. Eu chorei a tarde toda.
Primeiro que o dia começou super bem. Eu mal consegui escovar os dentes, meus dedos doíam muito. A mãe de imediato sacou que eu estava com os nervinhos da mão tudo danado, e me enfiou uma tala.
Espero estar bem até sábado.
É terrível olhar pra essa tala e lembrar aquele olhar confuso diante de uma atitude totalmente nova pra mim. Eu nunca fiz aquilo. E não faria de novo. Mas foi de total impulsividade da minha parte.
Depois de falar com a única pessoa que eu podia contar isso – e até agora eu não sei o porquê – eu fiquei pensando em tudo de novo. Revivi cada situação, cada movimento, cada olhar.
O olhar permanece o mesmo. O mesmo que eu deixei ali, naquela praça, no meio da chuva. Tudo permanece igual, exceto uma ironia que eu não conheci, e uma ponta de falsidade que eu tinha a esperança que não existisse ali.
Era a mesma coisa. O anel, o relógio, o penteado, o brilho nos olhos, as mãos trêmulas, a calma, a voz, o bom humor, o jeito de andar, o carro, a mania de brincar com os dedos. Mas tinha alguma coisa ali que eu não conhecia. A companhia, quem sabe.
Me disseram hoje que o que eu não conhecia nele que estava ali era a minha ausência. O que eu não conheci nele era a falta de mim. Era a ausência da minha imagem refletida naqueles olhos, dos meus dedos entrelaçados naqueles dedos, da minha pequena estatura do lado de um ser quase gigante. Isso eu não conheci em você.
A minha ausência em você sempre foi ausente porque eu sempre estive com você. Não tinha visto aquele olhar de peixe nem a sua voz falha. Não tinha te visto sem um olhar aceso pela vida inteira de felicidade que você estava certo que teria – não que não terá, mas não vai ser do jeito que sonhou.
Exatamente isso e agora eu tenho mais certeza ainda. Foi essa minha ausência em você que eu não tinha conhecido, e não gostei de conhecer. Uma vez você me disse que não conseguiria ser o que você era sem eu, e eu achei bobagem aquilo, te chamei atenção. Mas você tinha razão. Não é mais como era, e mesmo permanecendo com todos os acessórios que usava e com aqueles olhos cintilantes falta alguma coisa que te fazia ser indescritível. Me falta.
Querido Deus;
Sou eu de novo aqui em baixo. No lugar de sempre, ajoelhada na beirada da cama, com a janela um pouco aberta para a luz da rua iluminar um pouco e tentar refletir a lágrima que provavelmente cairá do meu rosto.
Não quero soar insincera mas eu estou perdida, com medo e com uma vontade maluca de chorar.
Às vezes Você não é tão claro.
O que posso fazer? Sou pequena demais perto da Sua grandeza, e incapaz de decifrar os sinais que Tu me dás para que eu prossiga. Preciso de mais luz pra conseguir enxergar aquilo que Tu queres pra mim.
Sinto-me tão longe de Você. Frustrada, irritada, desconectada de tudo. O peso do mundo me empurrou contra a parede. A dor da decepção me trancou num quarto escuro, onde tento manter uma lanterna sempre acessa para iluminar um pouco sem que ninguém perceba como tudo isso aqui me dói.
Quero tanto que Tu venhas me salvar, me tirar desse mundo que não para de girar e machucar e me deixar sempre confusa, com medo de todas as novidades que traz a cada minuto.
Eu quero começar de novo.
Eu abrirei meu coração partido, pois eu alcancei o fim e Você é o jeito de começar. O único caminho pelo qual eu posso seguir sem medo de me perder, sem medo de pisar em falso, com coragem para olhar nos olhos daquele que me diz a verdade e ser humana para aceitar e acreditar no que ele me diz.
Eu vi um milhão de sorrisos vazios vivendo em negação, fingindo estar ali sinceramente, quando na verdade, era pura falsidade, pura ilusão. Eu não quero viver assim, quando nada é real.
Eu odeio como é se sentir frustrada, irritada e desconectada de tudo.
Eu estou quebrando e sentindo como quando algo novo quer sair, quando a flor que desabrochar, quando o caule que brotar. Eu estou desejando algo lindo!
Todos as riquezas deste mundo não poderiam encher este vazio que se aloja aqui dentro, que me faz correr atrás da Sua presença, do Seu abraço.
Precisa de muito mais e só Você pode me tomar nos braços, me carregar no colo. Você pode me fazer completa; eu sei que sim.
Só Você pode me fazer a pessoa mais feliz do mundo.
AMÉM.
O pescador nunca está só e por mais que ele saiba que o rio e a canoa sabem muito mais que ele, ele ainda é viciado em bons momentos e não vai deixar nunca de levar os detalhes consigo para fazer deles um balão de oxigênio quando o ar lhe faltar. Simplesmente.
TRECHO DE: RIO E CANOA
RIO E CANOA (COMPLETO)
Rio, Canoa e Pescador.
Esses três personagens fizeram do meu final de semana um dos mais turbulentos, mas, um dos mais felizes. Confesso que tive uma crise quando me lembrei dessa teoria e percebi que ela se encaixava perfeitamente nas circunstâncias que eu me encontro ou me encontrava.
Todo pescador tem suas histórias, suas teorias, os amores que viveu, os amores que perdeu. Dentro dele existe a esperança de ser feliz como nunca foi um dia.
O pescador é um sonhador, e, por viver todos os dias com a canoa, acaba se apegando a ela de uma maneira tão sutil que, quando ele percebe, já é tarde demais.
Mas, o pescador não pode viver vinte e quatro horas junto da canoa (infelizmente) e, uma hora, ele precisa ficar longe, se afastar. Aí que a canoa e o rio ficam sozinhos (apesar de estarem sempre juntos), se conhecendo…
O pescador sai todos os dias pela manhã com o coração palpitante de ansiedade em passar horas e horas junto da sua canoa, atravessando a imensidão do rio em busca de peixes. Volta todas as tardes com o coração radiante e a canoa cheia de peixinhos. Mas, o pescador novamente precisará ir embora e quem ficará com a canoa será o rio, fazendo companhia. Agora, estão a sós,como sempre estiveram e o pescador nunca percebeu.
O pescador sente-se dono da canoa, pensa que ela vai estar ali com ele pra sempre e que nada vai separá-los porque eles foram feitos um para o outro, e esquece-se de perceber que entre ele e a canoa existe o imenso rio que é feito um abismo entre os dois.
O pescador começa a perceber como está apegado a canoa e decide se apaixonar por uma planta. Ele vai a floricultura e compra o vaso mais lindo de orquídeas brancas. Coloca-as sobre a mesa perto da janela e as observa o dia inteiro. Ele até fica alguns dias sem sair com a canoa, sem passar algumas tardes com ela, só para tentar se apaixonar pela orquídea.
Mas, com tristeza,ele nota a beleza que a orquídea mostra mas que não chega aos pés do que a canoa um dia o mostrou.
A orquídea tem lindas pétalas, caule e folhas, também é uma terapia olhar ela por algumas horas ou regá-la; mas nada nunca se compara ao que o pescador conheceu junto da canoa. A visão que a orquídea mostra é limitada. Limita-se as folhas, pétalas, caule e um pouco de terra. Mas, a canoa ia mais longe; mostrava o pôr-do-sol de todas as tardes, viajava horas com o pescador só para que ele se desconectasse um pouco do seu mundo e pensasse em nada, fazia o pescador feliz, muito feliz.
Por mais que o pescador busque todo o amor que precisa na orquídea ele não consegue e, de tanta ansiedade, a orquídea acaba morrendo, sempre. A orquídea nunca vai superar os detalhes de cada momento que o pescador têm junto da sua canoa e, por isso, torna-se inútil buscar na orquídea o que ele encontra na canoa.
Como eu disse, o pescador traz todas as teorias de uma vida inteira, todas as histórias que viveu, todas as vitórias e derrotas e, também, traz as cicatrizes de alguns traumas que teve; mas o que o pescador não deixa de querer é viver os bons momentos que o motivam a seguir… SEMPRE.
Exatamente por acreditar que pode viver bons momentos e que os detalhes deles vão ficar pra sempre com ele, que ele criou forças para que os traumas que encontrou no caminho que trilhava em busca da felicidade virassem cicatrizes… Apenas marcas, e não doessem mais.
O pescador acredita que o destino pode ironizar e a canoa ficar pra sempre ao lado dele, mas o pescador, depois de tentar se apaixonar pela orquídea, descobre que a canoa pode estar apenas passando na sua vida e, logo, ir embora, deixando mais algumas marcas para o pescador levar para o resto da vida e juntar com mais algumas de suas histórias, portanto, por ele acreditar na teoria dos bons momentos e dos detalhes que cada pessoa leva para sempre, ele não desistiu da canoa.
Pode ser que um dia, pela manhã, a canoa não esteja mais naquele lugar de sempre; pode ser que durante a madrugada ela acabe se soltando e o rio a leve mansamente, para sempre. Pode ser que numa daquelas manhãs em que o pescador acorda ansioso em conhecer um pouco mais do mundo junto com a sua canoa ela não esteja o esperando, e, por mais que o pescador a procure, a chame e ela nunca mais volte, ele vai ter algo dela com ele, para sempre e isso ninguém pode tirar.
Ninguém pode tirar do pescador as lembranças do pôr-do-sol, dos momentos em que se divertiu brincando com a sua canoa, das longas conversas, dos longos passeios e até mesmo aquele “apego” que todos criticam… Ninguém pode tirar isso dele.
E, também, ninguém pode trazer de volta a orquídea que se foi. Ela ali, perto da janela, tentava encantar e prender a atenção do pescador enquanto ele olhava para o rio a procura da canoa. A orquídea cansou. Meu avô sempre disse que para uma planta viver ela não precisa só dos nutrientes necessários para crescer forte, mas precisa de atenção e de amor. A planta precisa sentir-se acolhida e nunca sentir que está atrapalhando. Nas florestas as plantas crescem livremente por terem a lua como apaixonada, as outras plantas, os animais e, principalmente, as borboletas.
Infelizmente, o pescador não pôde ser a borboleta que a planta precisava para sobreviver e, inconscientemente, ele o matou, aos poucos. Mas, não se sente culpado. Ele teria que escolher entre a orquídea e a canoa, mesmo sabendo que teria a orquídea por mais tempo. Mas como todo bom pescador, ele não suportaria viver sem o pôr-do-sol, sem as divertidas ou silenciosas tardes.
O pescador sabe que o rio tem influência sobre a canoa e que ele pode levá-la para onde ele quiser, até mesmo, afastá-la do pescador para sempre.
Mas a vida, de alguma maneira, se comunica com as pessoas e mesmo que elas não percebam, a vida prepara as pessoas para aquelas perdas que trarão uma dor inevitável (como toda a dor); e como todo bom pescador, ele também sabe que o sofrimento é opcional e que pode encontrar as margens do rio, em meio aquelas plantas que crescem discretas, mais um motivo para suportar a ausência da canoa.
O pescador nunca está só e por mais que ele saiba que o rio e a canoa sabem muito mais que ele, ele ainda é viciado em bons momentos e não vai deixar nunca de levar os detalhes consigo para fazer deles um balão de oxigênio quando o ar lhe faltar. Simplesmente.
Dizem que para o amor chegar não há dia, não há hora e nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala no mais sensível dos nosso orgãos: o coração (não poderia ser no fígado? by Hans).
Começo a acreditar que sim; mas percebo também que pelo fato deste momento não ser determinado pelas pessoas, quando chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores. Vira tudo às avessas e a bagunça feliz se faz instalada. Quando duas almas se encontram, o que realça primeiro não é a aparência física, mas a semelhança das almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra, se entristecem por não terem se encontrado antes, afinal, tudo poderia ser tão diferente. No entanto, sabem que o caminho é este e que não haverá retorno para suas pretensões. É como se elas falassem além das palavras, entendessem a tristeza do outro, a alegria e o desejo, mesmo estando em lugares diferentes.
Quando almas afins se entrelaçam, passam a sentir saudade uma da outra, em um processo contínua de reaproximação até a consumação. Almas que se encontram podem sofrer bastante também pois, muitas vezes, tais encontros acontecem em momentos onde não mais podem extravar toda a plenitude do amor que carregam, toda a alegria de amar e de querer compartilhar a vida com o outro, toda a emoção contida a espera de um encontro final. Desejam coisas que se tornam quase impossíveis mas que são tão simples de viver como ver o pôr-do-sol; caminhar horas na beira-mar; ver a noite chegar; olhar o mar; olhar a lua; ir ao cinema; conhecer novos lugares; rir e brincar; brigar às vezes, mas fazer as pazes com um jeitinho todo especial; contar segredos; amar e amar… Muitas vezes. Sabendo que, logo depois, poderão estar juntas de novo sem que a despedida se faça presente.
Porém, muitas vezes, elas se encontram em um tempo e em um espaço diferente do que suas realidades possam permitir, mas depois que se encontram ficam marcadas, tatudas, e ainda que nunca venham a caminhar pra sempre juntas, elas jamais conseguirão se separar, e, o mais importante, terão de se encontrar em algum lugar.
Almas que se encontram jamais se sentirão sozinhas.
E, pra sempre entenderão a infinita necessidade que uma tem da outra.
Eu acredito na bondade do ser humano, acredito que existam pessoas como eu, com coração de carne, pessoas que possuam sentimentos nobres, e que entendam que por trás dessa Mayara bonitinha (feia arrumada xD), metida a patricinha, que ama a cor rosa, que tem medo de sapos, que trabalha, que é responsável, inteligente… Existe uma menina frágil, com o coração cheio de sentimentos, sonhadora, que ainda não sabe muita coisa, que vive consertando seus erros e chora com a cabeça no travesseiro. Que existe uma menina frágil, somente.
São aquelas que você mais acredita, que te decepcionam.
Você se sente correspondido nos gostos, nas atitudes, no gestos mais simples, e se permite confiar.
Aquela pessoa te traz alegria, e te dá as mãos quando você pensa que vai escorregar.
E, aos poucos, você cria uma base sólida, e forte, onde, todas as vezes que se sente inseguro, com medo, é ali que você se apoia.
Aquela pessoa te ouve, diz entender seus medos e te consola.
Você conta seus segredos, seus mistérios mais íntimos e sua revolta com as circunstâncias que te obrigam a viver momentos que você nunca pensou viver.
Você também é fiel a essa pessoa, escuta os segredos dela, os mistérios, e o aconselha.
A amizade está firme, e você, como qualquer ser humano iludida, pensa ser recíproco aquele sentimento que você zela com amor.
Mas, aí, chega o dia em que essa pessoa nega sentir amizade por você, nega ter sido, algum dia, sua amiga, nega ter sido acolhida por você.
Chega o dia em que ela te enfia uma faca nas costas enquanto você rega as plantas no jardim.
Drama? Não! É exatamente assim!
E, agora, eu estou aqui, sentada, com os olhos cheios de lágrimas.
Eu estava revisando o meu livro, meu coração estava aquecido de amor… Mas, agora, está frio.
Eu só queria que as pessoas não usassem nada do que eu digo contra mim.
Eu só queria que ela cumprissem a promessa de serem fiéis a nossa amizade…
Eu só queria que elas não levassem tão a sério os meus momentos de revolta, e me vissem como um ser humano, e não como mais uma patricinha inteligente, cheio de talentos…!
Eu sei que eu, somente eu, sou culpada de ser traída por alguém que eu confiei.
Porque eu dei liberdade para que essa pessoa entrasse na minha vida, foi eu que entreguei os meus sonhos e desejos nas mãos dela… E, ela podia fazer com eles o que quisesse.
Eu só não esperava que fossem me decepcionar tanto…
Mas como já dizia Drummond, quem sabe, mais tarde, essa tristeza será somente o resíduo de um passado que eu quero esquecer…!
Eu não sabia o que dizer quando cheguei lá em cima. O vento estava bagunçando meu cabelo, mas pela primeira vez eu não me irritei. Senti um alívio imenso, como se ali fosse um refúgio. Eu estava a salvo. O sol estava indo embora e eu conseguia ver ele ali, sumindo por detrás da montanha, me fazendo lembrar de bons momentos que eu vivi e que por culpa de toda a confusão eu não conseguia lembrar. O silêncio que perdurou alguns minutos me fez tão bem. Até mesmo o cheiro do perfume misturado com o cheiro das folhas das árvores. Eu não conseguia sentir medo, mesmo estando num lugar tão alto, sem nenhum equipamento de segurança, Não tinha como eu sentir medo. Eu confiaria mesmo se o prédio fosse de quarenta andares. Eu me senti tão bem, como há MUITO tempo não me sentia. Eu não me importei mais com quem estava distante, com quem estava me machucando. Eu me sentia segura ali, e quando olhava pra baixo ria por ser tão boba em ter medo de altura. Eu não queria que aquilo acabasse.
Pela primeira vez, em duas semanas, eu estava conseguindo respirar fundo, sentir o ar entrando. E foi tão bom ouvir aquele ‘agora você pode respirar, May…’
E eu não pude evitar a onda de choro. Eu estava me segurando há muito tempo. Havia espinhos na minha garganta, e eles tinham que sair. Aquele choro contido estava me sufocando. O ombro emprestado foi muito útil, e as palavras me encantaram, como sempre. E mesmo depois de ouvir tudo aquilo, eu não consegui me sentir confusa, porque estava claro que por nunca podermos nos ter, é que nos teríamos para sempre.
E, hoje, mesmo depois de tudo o que aconteceu e que me tirou o sono, eu fiquei bem. O pôr-do-sol foi semelhante àquele, eu não estava num lugar tão alto, sentada numa madeira pequena, onde mal cabíamos, eu estava na varanda, sentindo o vento bagunçando meu cabelo – e dessa vez isso me irritava – mas eu me senti bem, como antes. Eu não te tinha ali pra me falar besteiras e me fazer sorrir cantando música de bêbado ou fingindo estar fora do tom, mas eu estava bem. Me senti inteira novamente.
E isso me fez tão bem.
Eu podia estar tão cansada agora, depois de fazer cinco bolos, rir um monte, ajudar na nova decoração da cantina, e comer o dia todo. Mas não. Estou disposta como naqueles dias em que eu vivia assim.
É tão bom saber que em algum lugar aqui dentro ainda permanece aquela essência. Permanece aquela substância que, misturada com uma gotinha de felicidade, me faz quicar de alegria pelos cantos da casa, cantar sozinha e fazer bolos.
Eu não sei ainda o que quero, o que decidi. Algumas coisas já estão encaminhadas. GRAÇASADEUS.
Mas, sinceramente, não quero saber. Eu não quero que isso saia aqui de dentro, e só em pensar em voltar a ser como tudo era há dois dias atrás me dá vontade de chorar.
Eu comecei a entender. Só agora.
Eu não posso esperar que alguém retribua o que eu fiz com atitudes semelhantes. Não posso. Eu aprendi a amar a minha companhia; não posso dizer que não preciso, mas eu não dependo disso pra ser feliz. Não dependo da amizade, do apoio, das conversas.
Uma hora as pessoas vão, encontram os motivos dela e vão, simplesmente. E eu não posso julgá-las por isso. Nunca.
Elas também serão felizes, como eu sempre disse.
Assim como eu também serei.
Elas precisam ir, uma hora ou outra. E elas sempre estiveram cientes disso, apesar de todo o drama e filosofias que sempre chegam àquele ponto de que todo mundo parte, uma hora, e é preciso aceitar isso.
Eu deixei tanta gente quando vim pra cá, cada mudança minha foi carregada de dor e uma saudade quase insuportável. Mas eu superei. E não vai ser agora que não vou superar.
Mesmo que eu não vá e que eu fique mais um pouco, pelo menos, até a vida amanhecer, de novo. Eu sei que haverá essa despedida, mesmo perto, e que não seremos mais tão próximos. Quem sabe você tenha razão, quem sabe eu esteja fugindo dessa provável distância, mesmo morando a uns quilômetros de distância de você. E, se for isso mesmo, não me envergonho,
Ter medo de perder alguém não é vergonha. Ainda mais quando esse ‘perder’ fora para sempre.
Nem sempre eu tive oportunidade de me despedir, e uma das maiores saudades que sinto foi de uma pessoa que partiu, sem nem me avisar. E… Eu superei, não foi?
Saudade… Foi isso que eu sempre temi, e foi isso que sempre me acompanhou. Eu fui ‘crescendo’, vivendo e… Sempre sentindo saudades.
Saudade de um cheiro, de um gosto, de um abraço, de um lugar.
O amado ia mas o amor permanecia e aquele sentimento ficou ali, alojado, agarrado àlguma planta que eu nem lembro quando plantei.
Eu lembrei de tanta coisa hoje a tarde. Dos pactos inplícitos que foram rompidos, sem sequer uma explicação. Principalmente, dos pactos. Eu sempre fui tão sincera e sempre tão entregue às promessas que eu fazia/faço. E ter esses pactos rompidos doeu demais. Ainda dói.
Eu tenho saudades, e não sou eu a culpada delas.
Ultimamente, meu grau de sanidade tem estado muito a baixo de zero. Consigo imaginar novas situações, expressões. A saudade chega a ser tanta que sinto o cheiro, ouço a voz aveludada, revivo aquela noite tão inesquecível.
Hoje, eu consigo pensar sem sentir o pesar da perda, da despedida, da ausência.
Eu sinto como algo que vivi e que está tão distante, como em outra época, mas que me fez tão feliz como nunca fui.
Ah…! Fazia tempo que eu não escrevia assim… Fazia tempo que eu não soltava os dedos sobre o teclado e deixasse sair o que quisesse.
Eu estava me manipulando, não me permitindo. Um dos motivos para eu me sentir sufocada.
Deixei os dedos rolarem, de novo… Nem lembro mais como comecei a escrever esse texto… Ah! estava falando sobre…O lindo pôr-do-sol que vi.
Foi maravilhoso… Eu vou levar pra sempre.
Sabe aquelas histórias de livro? – porque nem sempre o cinema reproduz aquela emoção com tanta perfeição – foi assim que me senti. Personagem de um livro cheio de emoção e encanto. Eu nunca imaginei estar sob aquela hélice gigante, sentada ali, com aquela mão firme na minha cintura pra não me deixar cair. Sem me irritar com aquele vento que teimava em bagunçar o meu cabelo – depois até fez um belo penteado, né?
Eu renasci. Me senti viva, de novo. E vi como tudo pode ser mais bonito. É só eu me esforçar um tico.
Todo esse lero-lero é pra agradecer.
Eu realmente me surpreendi por ver algumas pessoas ausentes, fingindo que não entendem e me acusando sempre que podem. Não esperava isso. Mas a gente nunca espera ser machucado.
A ferida logo seca e depois só fica a cicatriz, pra você lembrar que um dia deu permissão o suficiente para que alguém entrasse na sua vida e tivesse a liberdade de te conhecer um pouco mais do que a moça da padaria (que te atende todos os dias quando você vai comprar 8 pães de trigo e cinco pães doce), e pudesse usar alguma coisa contra você.
Eu permiti e… Uma hora ou outra isso poderia acontecer.
Tudo segue, não é? O mundo não pára de girar.
E, a propósito, sabia que a Terra gira em torno do sol a 80km/s? Por segundo! Eu quase desmaiei quando me disseram isso, se não fosse pela gravidade, o que seria dos meus cabelos?
Buenas… Voltando, obrigada. Quem eu nem imaginava que estaria ao meu lado por esses dias, mesmo ausente, esteve. Se fez presente por uma mensagem, uma ligação, uma ajudinha, um e-mail, um olhar.
Realmente é bom ter vocês. Eu consegui ter bons momentos no meio de toda essa guerra, dessa confusão constante que teimava em me pegar de surpresa.
Eu sempre disse que minha vida começaria de verdade quando esse problemas passassem, quando eu me formasse, quando eu casasse, quando eu fosse um pouco mais independente e tivesse as minhas coisas. Na verdade, eu não tinha percebido que esse obstáculos são exatamente parte da minha vida, é o que a faz interessante, o que a deixa com um ar de mistério e me faz viver cada hora na expectativa de um momento melhor, de uma surpresa.
A felicidade está numa caixa de bombons, deveras?
Crianças ganham caixas de bombons, adultos também.
Ouvindo aquela chuva, peguei meu caderno e fui escrever com a minha caneta sem tinta. Ninguém lê, mas o papel sabe. Hoje tirei pra escrever minha dúvidas, medos, inseguranças. Aquilo que eu não falo pra ninguém porque… Todo mundo espera ver em mim a certeza, a coragem, a segurança.
O papel sabe que eu quero descansar. Só não sei se quero descansar por estar realmente cansada ou porque quero desistir.
Apesar de cada palavra linda, cada detalhe seu olhar que mais parece um oceano… Doía em mim.
Mais do que todos os amores que tive. Você dói em mim. Dói porque as verdades, como as rosas, tem espinhos. E cada vez que você diz que me ama, com esses olhos marejados, dói. Sabia?
Embora, eu não saber mais viver sem essa dor…
Assim que se ama?
Assim que se reconhece o amor da sua vida?
E eu tenho me sentido bem. Melhor do que eu um dia esperei. Eu não me importo com o que pensem, e eu nem sei se nos reconhecemos; só sei que meus olhos não ficam os mesmos quando encontram os seus, nem quando você franzi o nariz só pra tentar desfazer o meu bico.
Falar da gente? Não… Ainda não. Espera meu coração reconhecer o teu e eu largar tudo isso aqui só pra ser feliz ao lado teu.
Você continua presente em minha vida, como uma melodia que eu não esqueço jamais.
TELESCÓPIO
Você tem um amigo telescópio?
Há quem tenha amigo anjo, daquele tipo que te salva quando você está em perigo ou que te abraça quando o chão sai dos teus pés e te faz voar alto e longe de tudo o que te amedronta.
Mas eu tenho um amigo telescópio, e a primeira coisa que ele me disse quando nos conhecemos é que ele me faria ver estrelas – é, eu também ri quando ele me disse isso -, e ele falava sério.
Não sei, sinceramente, se eu continuaria vendo estrelas hoje se não fosse por meu telescópio.
Ele ficava sentado em uma nuvem, todas as noites, me olhando na varanda de casa enquanto eu olhava as estrelas, acreditando piamente que ele me via.
Foi quase uma promessa falar sobre meu telescópio aqui, mas não tem sido fácil encontrar palavras.
Leonardo Fagundes.
Obrigada por insistir em me mostrar estrelas, mostrar o que a vida pode me oferecer, por dedicar seu tempo conversando e me entendendo.
É tarde pra gente porque o nosso tempo passou. O tempo que podíamos nos esbarrar na rua, tomar suco no shopping, se olhar da varanda.
Você sempre vai ser meu telescópio, que me faz acreditar que plutão mora ao lado, e que nada, nada é impossível.
Quando você está com medo de continuar lutando é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças pra ver a vida do meu jeito; simples assim. E quando você está rindo de tudo, é no meu estresse que você encontra o chão pra colocar os pés e ser mais realista.
E quando você precisa daquele abraço, de carinho, de mimo, é pra mim que você liga fazendo aquela voz que só eu sei como é. E é perto de mim que você se sente mais perto de tudo o que sempre te fez falta, de toda aquela essência que você resolveu deixar guardada em algum lugar aí dentro de você que só eu sei encontrar.
E só eu entendo seu olhar quando me encontra no lugar de sempre, e com aquele olhar paralisante, pede pra eu esperar mais um pouco enquanto você olha todo o ambiente pra ver se não encontra alguém que te faça mais feliz que eu. E eu sei, sempre sei. Você sempre volta. Porque a felicidade que se faz quando a gente fica perto é única, é a mistura do meu cheiro com o seu, do meu brilho com o seu, da minha frieza e crueldade com todo o seu calor e sentimentalismo.
Eu nem tenho pensado tanto assim em você ou no nosso quase romance, são momentos raros como esse em que o sol está afetando meu sistema nervoso central, sabe? Lembra de quando você dava aquelas explicações citando datas e horários de quando o inventor de um certo aparelho que lhe é muito útil tomou sua última dose de whisky antes da lâmpada acender sobre sua cabeça pensante e ele inventar a tal coisa? Isso me deixava orgulhosa de você. Mesmo que depois você soltasse uma daquelas suas piadas sem graça que tinham graça só por que você ficava sem graça, e sua cara sem graça é engraçada. Enfim, são em momentos assim, no verão, principalmente, que eu lembro de você, da sua ligeira passagem em minha vida que deixou esse coraçãozinho esperançoso em encontrar alguém no mínimo tão interessante e inteligente como você, com abraço apertado, ombros largos, cabelos bagunçados, olhos escuros, sorriso tímido e olhar constrangedor. Deve ser esse calor insuportável, né? Detesto essas roupas colando no corpo, o suor descendo na nuca, a sede que nunca cessa, a água salgada, o cloro, o cabelo ressecado, a noite mal dormida. Isso deve fritar meus miolos.
Bom… O inverno logo chega e eu esqueço você. Esqueço até sentir frio, até faltar Nescau pra fazer chocolate quente, até freqüentar sozinha o restaurante que faz o melhor founde da cidade, até caminhar na praia só pra ver as árvores secas (porque elas são bonitas sem folhas), até usar aquelas roupas super charmosas que eu amo e até ver aqueles manequins masculinos com as roupas que você costuma usar.
Lembra do nosso pacto de não ser um daqueles casais que não conversam nos restaurantes e reparam tristes nos outros? Eu me lembrei de como pra mim era o paraíso chegar à sua casa e te encontrar dormindo no sofá com o ombro caído pra frente fazendo bochechas de criança na sua cara feliz.
Acabei de lembrar do dia em que você percebeu o botão, o calo, a piada, o músculo, o arrependimento, a saudade, o vazio. Foi a primeira vez que sentiu que era tarde demais? Que eu detesto esperar e que eu esperei mais do que eu podia? Você me tirou a razão, me fez estragar tudo só pra sentir o vento na cara de novo e a música alta. Era só você berrar e assoprar em mim. Era fácil, era alcançável, era pra ser seu.
Eu sempre fui tão estabanada, tão atrapalhada. Misturo tudo, bagunço tudo. Fico admirada com aquelas pessoas adultas, evoluídas, que sabem separar a hora de ir a uma reunião de condomínio e a hora de desejar alguém na escada do prédio. A hora de chorar num ombro amigo e a hora de ceder aos encantos desse seu amigo. A hora de ir ao dentista e a hora de querer engolir alguém. A hora de procurar ‘circunciso’ no dicionário e a hora de se perder com palavras simples que parecem tão complexas. A hora de te agradar e a hora de te mandar embora.
Sem mais delongas, ainda sinto esse amor ridículo. Essa coisa inconveniente que me vence todos os minutos, segundos. Você só sabe esperar esse novo amor que sempre está pra chegar e, quando chega, você nem se importa.
Eu vou continuar, tenho sonhos maiores pra realizar. E mesmo que eu continue com esses meus momentos, sozinha, trocando passos com a solidão, serei feliz. Realizando, conquistando, ansiando e esperando. Preciso cumprir as promessas que me fiz, aquelas que você nem quis ouvir, e, se leu, só passou os olhos sobre as letras fingindo se importar comigo. Outro tempo começou pra mim e eu vou aproveitar cada minuto disso tudo. Numa noite ou outra de lua cheia eu vou lembrar você, vou lembrar de você e gente vai ser feliz assim: imaginando o que poderia ter sido e por uma milagrosa ironia não foi.
Sabe quando seu coração queima, e por queimar, arde?
E depois, depois que você já está sem fôlego por sentir tanta dor, te jogam um balde de água fria que gela todo o teu corpo, até mesmo os dedinhos dos pés?
E aí seu corpo inteiro se arrepia e você sente vontade de se encolher nos braços de quem te ama?
No abraço de quem te ama…!
Mente a mulher que diz não sentir ciúmes.
Nada é mais reconfortante do que conseguir imaginar a amiguinha da faculdade dele morrendo esmagada por um trem.
Mais reconfortante ainda é encontrar a ex dele e torcer pra que ela seja atropelada 5 vezes por um trator.
Eu sei, eu sei. É crueldade demais. Mas não é tão cruel assim quando estamos enciumadas.
Tanto eu quanto você, quando acabarmos de ler esse texto, estaremos envergonhadas por ter pensado tanta bobagem e desejado um mal tão grande à alguém que – de certa forma – nem faz parte da vida do homem que a gente ama – não faz parte como a gente faz.
Se você namora um cientista – que é o meu caso – você sabe bem do que estou falando. Quem disse que é fácil imaginar que a colega de alguma disciplina do mestrado é gorda e usa óculos fundo de garrafa?
Não é difícil imaginar uma bonitona usando óculos moderno e carregando um telescópio moderninho com ar de quem pode todas as coisas.
É difícil controlar esse lado maníaco e a vontade imensa de sair metralhando qualquer uma que cause a mínima suspeita de estar sorrindo pro seu namorado.
Eu não consigo imaginar uma mulher super equilibrada, que nunca cobra nada, super segura, nada ciumenta e calma. Não adianta! Essa mulher não existe. Mulher que é mulher vive controlando esses impulsos o tempo todo.
Daí o motivo de tantos homens reclamando de mulheres. Eles não entendem que nós pensamos muito na frente, temos a mente mais fértil que a da Stephenie Meyer e não é fácil controlar esses impulsos.
Qual o namorado que nunca ficou intrigado com o silêncio repentino da namorada? Se ele não aprontou nada, com certeza, ela lembrou de alguma sujeita que incomoda ela.
Eu combinei com o meu namorado que não ia mais ligar pra encher o saco porque eu estava com ciúmes.
Agora eu só ligo pra dizer que estou com ciúmes, mas não encho o saco – pode perguntar pra ele.
Por mais livros que você leia, a sua grande questão sempre será se dá pra você ser amada sem o corpo daquela modelo, ou o cabelo daquela outra, ou as medidas daquela outra.
No fundo eu sei que não é nada disso, é pura maluquice. Mas a maior maluquice é saber que mesmo a gente sabendo disso tudo lá no fundo, a gente insiste em morrer de ciúmes por ele.
Sabe… Essa coisa de ciúmes deve fazer parte de uma parcela de paixão que acompanha quem ama. Não dá pra não se apaixonar por alguns olhares e manias e covinhas na bochecha e olhos pequenos. Mas as pazes faz parte do amor, sem dúvida alguma.
A gente se engana mil vezes sentindo ciúmes e dizendo que ama ele de vez em quando, quando na verdade, amamos pra sempre.
Mulheres.
Ciúmes pra pessoas ansiosas é como álcool pra iniciantes. Você sente náuseas, febre, dor de cabeça. Você acorda assustada no meio da noite – isso quando consegue dormir -, chora à toa.
Argh! Uma chatice.
A melhor coisa é respirar fundo e vomitar tudo isso nele. Contar as mil coisas que gostaria de fazer com cada uma das sujeitas que você desconfia e pronto.
Ele vai rir um bocado de você e te dar um beijo na testa dizendo que você é a melhor. A melhor.
Simples e reconfortante como um copo d’água no deserto.
A gente sofre de ciúmes e quer matar algumas delas mas, antes disso tudo a vida era muito sem graça pra nós – pra você eu não sei, mas pra mim era um saco.
Amor…
Ele sabe que, no fundo, eu me declaro aqui.
Mesmo me picando – mentira, já nem estou mais me picando de ciúmes.
Agora eu tô sentindo amor.
Ah… Amor não se pede.
Amor se declara.
E, quer saber?
Ele sabe…
Ele sabe.
Você saiu e deixou um pote de iogurte com pedaços de pêssegos pra mim. Saiu deixando a imagem do seu rosto me dizendo que esses dias que te levam pra longe de mim e trazem de vez em quando vão acabar logo, e fez nascer em mim a esperança com um verde tão vivo como nos primeiros meses.
Desse jeito você não me deixa pensar em outra coisa a não ser em você, em como te agradar, te encher de mimos, tolerar suas manias e controlar as minhas.
Nós somos capazes de mandar sms no mesmo instante, ler o mesmo texto na Bíblia, ter a mesma revelação, ler o mesmo poema, comer a mesma comida, ver o mesmo filme, ouvir a mesma música, ainda que distantes.
Por você eu preparo o café enquanto apronto o almoço só pra você ter o prazer de tomar seu café-pós-refeição.
Eu sei, parece besteira, mas eu não faria isso por ninguém – você sabe.
Você saiu e junto com o pote de iogurte deixou uma chuva que refrescou a minha tarde e a minha nuca. Prendi o cabelo e fui pro quintal ver a chuva cair. Sabe aquele calor de amor que você sempre traz quando vai chegando perto de mim ou me olha de longe? A chuva me refrescou. E no instante em que fechei os olhos, vi você com seus olhos pequenos e furinhos na bochecha sorrindo pra mim e dizendo pela milésima vez que me ama e que não fico feia com o cabelo preso.
Qualquer um pode dizer que não nos entende, mas o que me interessa é o gesto, as palavras e a sua atitude de amor em tudo o que se refere a mim. Eu nunca me senti assim. Nunca ninguém fez nem disse nada disso a meu respeito.
Você me trouxe uma vida que eu ainda não conhecia. Um Cristo que eu ainda não conhecia.
Você me trouxe muito mais que amor, você me trouxe de volta – ou só me trouxe, porque tenho a impressão de que nunca estive aqui realmente.
Me trouxe risos e gargalhadas que parecem que nunca vão terminar. Me mostrou que esse meu jeito estranho não é problema pra você, que você não se importa com os dias que resolvo passar de pijama nem com os dias que só falto colocar um salto alto pra arrumar a casa.
Minha mania por cosméticos nunca te pareceu problema algum – obrigada por não espirrar quando está perto de mim. Eu sei que às vezes exagero no hidratante.
Essa chuva me trouxe uma espécia de filme de todas as suas caras e manias e momentos que me agradou mais que qualquer outra pessoa conseguiria.
Nenhuma outra pessoa consegue me fazer sentir o que só você, meu amor, consegue, porque somos tão amigos e tão namorados que já não sei dizer de quem preciso mais.
Eu preciso de você inteiro, como você é.
Sabe essa coisa de estarmos tão juntos que somos capazes de sentir o que o outro sente?
Então… É disso que eu preciso pro resto da vida. Porque desse jeito eu me sinto segura, você sempre sabe como estou.
Eu quero ser pra você tudo o que mais te agrada, te faz bem, te faz feliz. Uma vontade de rir, um banho de cachoeira, a vontade de chorar num final de filme.
Você me lembra o tempo inteiro que eu preciso ser feliz.
Que eu preciso ser feliz com você.
E se fosse pra escolher alguém pra passar a agitação de uma sexta-feira à noite, eu escolheria você. E se fosse pra escolher alguém pra passar a calma e entediante tarde de domingo, eu ainda escolheria você.
Os momentos ao seu lado são incríveis. Incríveis.
Fazer surpresa. Cozinhar juntos. Conquistar. Conversar. Sorrir. Entender. Entender o olhar. Entender o sussurro. Viajar. Imaginar. Sonhar. Amar. Fazer Carinho. Dar apelido. Fazer surpresa. Cozinhar juntos. Abraçar. Beijar. Viver o outro. Enxergar o outro. Secar as lágrimas. Chorar junto. Orar junto. Segurar a mão. Beijar as mãos. Beijar a testa. Reconciliar. Chorar de alegria. Se declarar. Fazer loucuras. Viver. Passear. Almoçar. Tomar chá no inverno. Fazer chocolate quente. Respeitar. Ser sincero. Elogiar. Elogiar até o outro ficar sem jeito. Escrever cartas. Mandar mensagens surpresas. Mandar e-mails. Contar novidades. Ficar ansioso. Churrasco no domingo. Passear de metrô. Não ter vergonha de ser cafona. Sair na rua com creme no cabelo. Sair de pijama. Fazer as unhas. Tirar mil fotos. Fazer mil vídeos. Esperar. Chorar de tanto esperar. Esperar de novo. Relicário. Desejar. Amar sem medo. Fazer piadas sem graça. Ser verdadeiro. Acreditar na gente. Enfrentar tudo. Ser amigo. Contar segredo. Sussurrar segredos às 3 horas da manhã. Cuidar. Cuidar mesmo quando não se está doente. Ser fiel. Ser fiel ao sentimento, ao que une pra sempre. Acreditar que é pra sempre. Cantar músicas de ninar. Compor músicas de ninar. Tocar teclado. Fazer enxoval. Estudar. Artesanatos. Ser sua. Me entregar. Ter coragem. Me superar. Me amar.
Tantas outras coisas que o seu nome me faz lembrar. Ouço a sua voz ou alguém pronunciar o seu nome e passam mil coisas pela minha cabeça.
Você foi especial na vida de tantas pessoas e Deus permitiu que você pudesse ser muito mais que um amigo pra mim, e saber disso me faz um pouco mais feliz todos os dias.
Parabéns pelos seus 25 anos. Essa idade é linda, você está mais lindo do que nunca, radiante.
É bom sonhar com você, planejar nosso futuro que está tão perto. E eu oro a Deus e peço que te cuide pra mim como Ele faz desde quando eu ainda brincava com a minha Barbie e sonhava em namorar o meu Ken um dia. E o meu Ken chegou *-* (você vai me matar quando ler isso.)
Obrigada por ter mudado tanto coisa, por ter trazido uma alegria imensa pra minha vida, ter me tirado daquela solidão chata e me trazido bons sonhos.
Você é o meu sonho bom, Tharsis.
Que implica comigo, com as minhas manias, fica me testando pra saber se não vou te socar todas as vezes que vai fuçar as panelas, finge que tá bravo, faz cara de criança, faz drama pra não tomar o remédio e me irrita sempre que pode só pra conseguir me fazer sorrir depois.
Eu te amo, e por isso não há fim, não há mapas, não há tristeza nem alegria sozinha, não a taxímetro estipulando preços. Eu agora ando distraída, distraída como uma alegria nova.
Eu amo flores e, particularmente, tenho amado mais ultimamente.
Sempre que posso compro algumas plantas para embelezar a casa. Gosto de colocá-las no quintal no fim-de-tarde e de espalhá-las pela casa depois que limpo tudo. Faz bem à elas, mas muito mais a mim. Me deixa com a alma um pouco mais tranquila, mais calma.
Gosto de observar o jeito de cada uma.
Algumas me dão o privilégio de ter suas flores por mais tempo, outras me fazem admirá-las o máximo que posso porque suas flores não duram mais que três dias, e suas folhas, mais que cinco.
Gosto de cuidar de cada uma delas e de conhecer o seu jeito, o canto da casa que mais lhe agrada, a maneira como rego que a deixa mais confortável. Gosto disso porque, com cada uma das minhas plantas – as que já tive e as que ainda tenho – me ensinaram que nada dura pra sempre. Me prepararam para quando eu descobrisse que a dor, e muito menos a alegria, não duram para sempre.
Tudo nessa vida se supera, inclusive algumas semanas sem as flores das plantas para embelezarem a minha tarde.
O que me incomodou hoje a tarde, enquanto eu procurava algumas coisas que irão mudar os meus próximos dias, foi o comentário de uma mulher. Ela estava comprando algumas plantas artificiais e resmungando entre uma réplica e outra de Poinsettia que preferia as plantas artificiais porque as naturais nem sempre estão bonitas, com flores deslumbrantes e folhas com um tom de verde que insiste em nos fazer lembrar da vida.
Sabe, pessoas assim não sabem conviver com ninguém. Se ela não consegue entender as fases das plantas – e ainda assim admirá-las – como fará para amar alguém?
Comprei um lírio perfumado. Coisa linda de se ver.
As flores ainda estavam fechadas e depois de uns dois dias uma flor me surpreendia a cada manhã.
Era muito bom acordar e ver uma nova flor aberta, perfumando a sala. Era branca, com alguns detalhes laranja e tinha um cheiro inconfundível.
Quanto todas as flores abriram – e eram muitas -, eu finalmente pude sentar para admirá-las. Foi bom olhar e ver tanta beleza numa coisinha tão simples. O simples fato das flores terem desabrochado deixou a casa mais bonita, alegre e leve. Não tinha como não notar.
Mas aí que no segundo dia elas começaram a murchar e caíram uma por uma, logo depois as folhas e só ficaram aqueles pauzinhos que sustentavam toda aquela beleza.
Talvez se esse lírio fosse seu, você o colocaria num lugar um pouco escondido já que ele não está tão bonito como antes. “Não serve para ser admirado”.
Cuidar de plantas é assumir a responsabilidade de cuidar e amar mesmo nos dias secos, sem flores.
Se uma pessoa não é capaz de aceitar isso em uma planta, me fala como é que ela vai conviver com alguém? Amar uma pessoa?
Quando a gente ama, a gente assume os riscos de encontrar a pessoa num dia em que ela não está tão bem, não está com as suas flores desabrochando e suas folhas esbanjando vida.
Quando se ama é preciso aceitar a pessoa como ela é. Ter coragem de deixá-la lá, no cantinho que é só dela, nos dias em que ela está bem ou não.
Me dói saber que algumas pessoas escondem amores quando esses não estão bem, quando estão feios, em uma péssima fase.
Depois há quem diga que não sabe o motivo de tanto sofrer.
Passada essa fase, as flores nascem e as folhas voltam. E não há nada mais prazeroso que acompanhar cada detalhe desse renascimento. Acompanhar o renascimento de quem você ama amadurece o seu relacionamento, traz vida para os seus olhos.
Esconder os seus amores, sentimentos e momentos te impede de viver o mais bonito da vida: o renascimento.
As pessoas renascem a todo instante e sequer são notadas.
Tem sorte aqueles que tem a alma pura e conseguem encontrar em qualquer um, independentemente da fase em que esteja, um espírito doce, límpido, verdadeiro e disposto. Disposto para o que há de melhor na vida: as coisas simples.
Um sorriso, um abraço, estar com quem nos faz bem, observar algo belo… Coisas simples como acompanhar o renascimento de um lírio. Isso faz bem. Nos lembra quem somos realmente, nos faz entender que diante disso tudo só nos resta agradecer por ter um Deus tão cuidadoso e cheio de amor.
Renascer traz novos sorrisos, novas pessoas, novas flores.
Plantas e pessoas e amores e sentimentos não são como um doce que você empurra o prato e diz: “Não quero mais”. Plantas e pessoas e amores e sentimentos precisam ser assumidos e encarados.
A gente só não desiste quando é amor. 😉
E pensar que eu sempre falei sobre essas amizades falsas que ferem a alma – melhor seria se ferissem o corpo.
Eu sempre pensei – e continuo – que a verdadeira amizade é aquela que nos permite falar de defeitos, qualidades e o que mais vier a cabeça. Porque amizade de verdade é aquela que você fala o que vem a cabeça, e não se arrepende de nada dito – podem passar meses, anos.
Não existe maneira mais bonito que justificar uma amizade defendendo um amigo. Isso pra mim é nobre.
Mais nobre ainda é termos um amigo de valor.
Nunca acreditei em alguém que não se deleita na felicidade de um amigo, a amizade não está nesse relacionamento.
Esse negócio de fingir, tentar impressionar, ser outra pessoa não tá com nada, sabe? Gente que é gente gosta de ser do jeito que é.
Triste mesmo é ver uma amizade evaporar em meio a decepção. Aí resta aquela boa esperança que, se tudo vivido foi verdade, a amizade reaproxima. Mas não acredito muito nisso.
Pessoas feridas costumam mudar.
Eu, por exemplo, não mudo só as roupas, o cabelo e o esmalte. Eu mudo a cidade, o telefone e a caderneta de anotações.
É cansativo viver de memórias – prefiro deixar as memórias pra lá, pra haver mais espaços pra coisas novas.
Eu gosto de novidade – e isso não significa que agora estou sociável.
Também gosto da verdade. Antes uma dor sincera, que uma alegria falsa.
E nada mais me irrita que saber que a alegria que tive foi falsa.
Acho que é por isso que acabo sendo tão radical. Melhor assim.
Amizade, acima de tudo, é certeza. E quando você duvida, já não é mais amizade.
Eu acredito que o sentimento fica pela pessoa que te decepcionou, mas, como disse o Pr. João Chinelato hoje pela manhã “Amores e pessoas complicadas fazem mal a saúde. Ainda que precisamos amar a todos, faça um teste, quando você se afasta de pessoas complicadas até sua saúde melhora”, então é melhor se afastar.
A gente se afasta e a amizade esfria, congela e vira memória. Por que, como já dizia Immanuel Kant “a amizade é semelhante a um bom café, uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primeiro sabor”.
É melhor virar memória, poupar conversas desgastantes e dor.
Sem dor, sem lágrimas.
É necessário mais coragem para escrever do que para falar. A escrita nasce no momento em que está sendo lida… E, particularmente, eu sempre gostei de saber disso – mesmo não escrevendo com tanta frequência ultimamente.
Eu não tenho tido muito tempo de vir postar sobre coisas corriqueiras como o susto que tomei hoje saindo do conservatório – antes disso – , da música linda de Vivaldi que ouvi um professor ensaiando hoje.
Nem tenho tido muito tempo pra falar sobre os meus dias corridos e os que insistem em passar lentamente diante dos meus olhos, sobre amizade que fiz e que tem se mantido em pé apesar das tempestades e chuvas torrenciais.
O cheiro das árvores que estão no caminho que faço todos os dias, e como tem sido incrível encontrar o meu bem todos os finais de semana – apesar de não termos muito tempo pra gente sempre, mas o simples fato de nos termos por perto deixa minha alma em paz.
Eu, sinceramente, preciso voltar a escrever as besteiras de sempre, falar sobre o meu dia, deixar a preguiça dos dedos de lado e contar… Deixar que a escrita nasça enquanto alguém que eu nem faço ideia a lê lentamente, ouvindo uma boa música, ou então curtindo o silêncio de uma noite serena.
Mas hoje eu estou aqui escrevendo porque me sinto transbordar… Porque eu vivi os dois anos mais incríveis de toda a minha vida e finalmente sinto que completei o quebra-cabeça que tanto me quebrou a cabeça durante toda a minha adolescência.
Eu sempre te disse, Tharsis, em diversos momentos, o exato momento em que eu soube que era pra sempre, que nós somos pra sempre. E acho que te deixei confuso… Porque até hoje existem momentos que me fazem ter a certeza do ‘pra sempre’ entre a gente.
Você me fez viver tantas coisas inesperadas. Eu tinha tanto medo de viver no rascunho, afinal, eu vivia me preparando pra vida e nada do que eu planejei aconteceu.
Você veio e me virou do avesso, me mostrou que eu podia continuar sendo eu e você me amaria mesmo assim.
Hoje, enquanto eu voltava pra casa, pensei em nós e no quanto você me segurou durante esses dois anos.
Não caberia em um livro tudo o que vivemos…
E eu percebi, mais uma vez, que se não fosse você me emprestando seu ombro, sendo meu melhor amigo, apertando as minhas mãos quando senti medo, me olhando nos olhos quando eu quis desistir… Se não fosse você ao meu lado, com a sua voz mansa e carregada de um sotaque só seu, eu nem sei o que teria sido de mim e dos meus joelhos fracos.
Por tantas vezes eu te olhei com olhos marejados e sussurrei que estava cansada, que queria desistir, mas você sempre fez renascer em mim o desejo de recomeçar.
Já dizia meu avô que a saudade engana tão bem que às vezes pode parecer que é amor.
E durante os 18 meses que ficamos longe um do outro eu tive medo todos os dias de que a saudade estivesse nos enganando… E quando você veio de vez, veio pra ficar, pra me ver sempre, pra morar aqui perto, eu descobri que a saudade só nos ajudou durante todo esse tempo.
E pensar que eu nem sei como foi que eu suportei todo aquele tempo longe de você.
Mas só nos fez mais fortes, mais unidos. E eu te amo por isso e muito mais.
Você não desistiu, não reclamou da intensidade, não desfez dos meus dramas e manias.
Obrigada por ainda olhar o céu comigo, acreditar que eu converso com a lua e me falar coisas tão lindas todas as noites. Se lembra de quando você me mandou essa imagem?
Eu me apaixonei por você, meu cientista, e é lindo poder ver as estrelas através dos seus olhos e de toda a sabedoria que Deus te deu. No dia que você me mandou essa imagem eu não entendi lhufas, mas através de cada pontinho branco desse que insiste em brilhar no céu, eu pude ver o seu amor.
Amar você me fez ouvir e entender estrelas, e por isso eu transbordo de amor todos os dias.
Obrigada por ter me esperado e ainda me esperar por esses dois anos.
Obrigada por me entender, me respeitar e me amar do seu jeitinho que me encanta todos os dias.
Obrigada pelos abraços que viraram colo, confissão. Você correu pra me encontrar, me esperou em vários lugares, só pra eu me aconchegar nos teus braços e chorar tudo o que eu tinha pra chorar.
Eu esperei 19 anos por você, pela pessoa que oraria junto comigo nas madrugadas, que me motivaria a continuar independentemente da situação. Esperei pelo seu abraço, pelos seus olhinhos pequenos marejados, pelas diversas vezes que choramos abraçados pensando que não conseguiríamos suportar a despedida. Eu não sei me despedir de você.
Eu sempre tento estender o abraço, o beijo… Nunca fui preparada para me despedir de você e nem serei. Mas estamos aqui, amor. Conseguimos. E como nós mesmo sussurramos todas as noites:
“O nosso dia está chegando e aí não precisaremos mais de despedidas.”
E eu quero dizer, amor, entre tantas palavras e melismas que eu estou aqui, te esperando, como desde antes mesmo de nos conhecermos.
Que eu só quero te fazer feliz sempre, segurar a sua mão e enfrentar o que tiver de ser, porque quem escreveu a nossa história está conosco.
Ele é fiel e é por isso que estamos aqui, sonhando mais do que nunca, esperando no que sequer conseguimos ver apontar no horizonte… Mas sabemos que é nosso, que está vindo.
Eu te amo porque ligamos um pro outro de noite só pra ficarmos em silêncio, esperando o outro pegar no sono. Te amo porque você me ajuda a cuidar das minhas plantas e entende meu amor por elas – mesmo eu não tendo a mão boa pra cuidar delas.
Te amo porque você consegue ouvir a música que toca dentro de mim e que me faz dançar todos os dias. Porque você faz a melhor limonada do mundo. Porque só você sabe o jeito certo de cuidar de mim, de fazer a minha cólica passar, de me entregar o chocolate certo na hora certa.
Te amo porque lê meus textos, entende minhas manias e respeita cada uma delas.
Te amo porque você me olha enquanto durmo e me acorda me enchendo de mimos, te amo porque você acha meus joelhos tortos bonitos e não implica com a minha mania de mudar de esmalte sempre.
Te amo quando você ouve jazz ou coloca reggae só pra me irritar. Te amo quando você me irrita, finge que não me ouve, pede pra eu explicar de novo, me troca pelo Flamengo ou por uma matéria qualquer do Tecnoblog.
Te amo quando você sorri e eu mordo as covinhas da sua bochecha, te amo quando você me beija, te amo quando você me aperta.
Te amo porque estudar música me faz pensar em você, porque quando componho eu penso em você. Te amo quando você me inspira.
Te amo mais ainda – e nesse momento, sinto tudo aqui dentro de mim virar do avesso e meus olhos marejam – porque você me conhece. Conhece o meu olhar, sabe ler aqui dentro, você enxerga bem depois da íris. Sabe quando a palavra me dói, quando lembrar do passado já é insuportável.
Você sabe como é dolorido pra mim ter que abraçar algumas pessoas, cumprimentar outras e até conviver com outras. E se não fosse esse seu olhar cúmplice, esse abraço acolhedor, eu não teria enfrentado nada daquilo.
Você sabe mais de mim do que eu mesma, sabe do que eu gosto, sabe do meu jeito simples de ver as coisas e da minha inconstância. Obrigada por nunca ter reclamado da minha inconstância.
Obrigada pelas noites que passou em claro depois que tive um pesadelo, pelas palavras de conforto que me ajudaram a perder o medo de viver do jeito intenso que tenho vivido.
Obrigada pelos passeios, pelos lanches no McDonald’s, pelos sorvetes, chocolates e fins de tarde cheio de amor. Obrigada pelos presentes, por toda a sua dedicação em me agradar, me fazer bem. Você é lindo comigo. E eu te amo mais que a mim.
Eu sou doida, amor. Você sabe que sou. Vou ao mercado de pijamas, tomo banho de mangueira no frio, limpo o fogão descalça, mexendo com água e com ele na tomada, sempre me queimo com a cola quente, mudo a temperatura do chuveiro batendo com o rodo, brigo com a atendente do Ragazzo quando ela diz saber tudo sobre mim, sou estressada e quando estou nervosa não meço palavras. Hoje digo que vou bordar todo o nosso enxoval, amanhã digo que vou comprar tudo pronto. Hoje digo que vou aprender tricô, amanhã nem quero mais saber. Hoje estou querendo, amanhã não quero mais. Mas a minha maior loucura é querer você. E essa loucura nunca esteve a mercê da minha inconstância porque eu te guardei aqui dentro no meu sagrado, e ele é intocável.
Nos pertencemos.
Te amo quando volto pra casa com você, quando faço compras com você, quando caminho com você.
Mas eu te amo mais ainda quando deito em seu ombro e me encaixo tão perfeitamente que fico sonolenta e o mundo gira bem devagar. Nessa hora tudo poderia parar e eu ficaria ali eternamente.
Eu ficaria aqui por meses dizendo quando e porque te amo tanto assim, e penso em você tanto assim.
Eu sempre digo que, antes de você, eu me imaginava com qualquer pessoa. Mas depois de você isso ficou impossível, porque você completou o que faltava, me encheu de vida e me fez sorrir novamente.
Os dias tem sido bons, apesar de todas as tempestades torrenciais, eu tenho me mantido em pé. E isso me faz sorrir todos os dias, me faz querer mudar a cor do cabelo, do esmalte, do batom.
É bom olhar tudo isso e saber a pessoa boa que me tornei – apesar de todos os surtos e defeitos que eu não devia ter -, eu me orgulho, sinceramente.
Essa coisa de transferir a responsabilidade, sofrer ouvindo casinhos, bancar a forte, inflexível, esclarecida e indisponível não é comigo. Ninguém é mais forte que o amor.
Amando eu descobri novidades a meu respeito, lembrei de um passado escondido e decidi ser gentil. Porque, como já dizia Carpinejar “Sem gentilezas o amor cansa”.
E eu não quero que esse amor aqui dentro canse.
Bom olhar em volta e perceber que segurei o mundo de muitas pessoas enquanto o meu desmoronava, mas agora elas estão bem, seguindo suas vidas, andando sozinhos sem ter que segurar a mão de alguém pra atravessar a rua. Elas cresceram e isso me fez bem, me faz bem.
Eu tenho esse meu lado mãe de todos e olhar os olhinhos marejados desses a quem ajudei me faz bem.
Eu não sei amar pouco.
Apesar dos traumas, eu resolvi amar muito. Mas também… Me contrario quando digo isso, porque se você me analisar alguns minutos, verá que esse amor não surge assim.
Eu só consigo amar depois que desconfio da pessoa até mesmo precisando inventar um motivo.
Depois que minha desconfiança cansa, eu amo.
Depois que eu amo, eu confesso. E aí já não haverá volta.
Falarei mais de quatro mil palavras por dia, não esconderei a resposta de uma pergunta sequer que você me fizer e continuarei falando e divagando sobre qualquer coisa enquanto eu sentir o triplo da responsabilidade caindo sobre você a cada palavra minha.
Porque, pra mim, ouvir as confissões de alguém é uma das maiores responsabilidades da vida.
Isso exige amor, paciência, bom humor, um bocado de fé e a simplicidade no olhar. Cada palavra que você ouve de uma confissão deve servir apenas para você amar aquela pessoa, e nunca usar o que ela disse contra ela em um dia cinza de raiva, mágoa ou coisa do tipo.
Confissões não servem pra fofoca: você ouve, sorri e consola. Simples assim.
E o mundo tá carente de ouvintes.
Falta quem decida morrer com e pelas confissões que ouviu. Distorcer confissões ou fazer delas fofocas apagam lembranças, podem estragar a vida de alguém. O que é dito não é pra ser devolvido.
Você não precisa ser ouvinte, mas se quiser ser, precisa aprender a cercar o silêncio de alguém com o seu silêncio. Precisa aprender que não nasceu pra julgar ninguém, mas para se julgar, e aí então, merecer amar.
Procurar alguém pra amar.
Ta aí uma coisa que eu não faria. É difícil fazer uma pessoa entender as coisas da maneira que eu prefiro entender – sim, porque a maneira mais fácil de entender tudo é entender do jeito que todo mundo entende.
Nada contra os caras que usam brincos, usam regatas, ouvem pagode, funk e have metal, que mascam chiclete colocando a língua pra fora, usam boné e não entendem nada das estrelas. Mas eu sou exigente.
Com 12 anos eu comecei a fazer a minha lista do homem perfeito, aquele com quem eu casaria. E eu vou te dizer que não era nenhum um pouco perfeito pra maioria das pessoas.
Eu escrevi que ele tinha que saber me irritar, me tirar do sério, mas também me deixar doida de amor com um só olhar. Tinha que ser nerd, falar de coisas que eu sequer sonharia em algum dia entender, ler os meus olhares e não sair do meu lado quando eu gritasse pedindo pra ficar sozinha.
Ele tinha que saber ignorar os meus chiliques, entender as minhas manias e respeitá-las – afinal, seria insuportável conviver com alguém que não respeitasse a minha organização pessoal.
Eu gostei de alguns rapazes. Gostei de verdade. Com 15 anos eu conheci um rapazinho que mexeu com meu coração. E ele me deixou ouvir as músicas que estavam no MP3 dele. Que horror! Ele ouvia pagode.
Eu desiludi.
Sofri por alguns dias, porque a amizade dele era importante pra mim, mas a minha exigência estava acima de tudo isso.
Por isso sempre fui chamada de inconstante. Uma hora gostava, outra hora não queria nem ver a cara do fulano.
Não preenchia os requisitos, me entende? Não me surpreendia. Se Deus tinha algo além do que eu pedia ou pensava, o homem que Deus separou pra eu casar deveria me surpreender. Mas eles não me surpreendiam.
Os agrados sempre eram previsíveis, as músicas nunca me agradavam, meus olhares nunca eram entendidos, e eu era nerd perto deles. Eu sempre gostei de escrever, e nenhum deles tinha a paciência de ler um dos meus textos de 3 páginas. Porque eu iria casar com um cara desses?
Mas eu tinha a maior das exigências: ele tinha que amar a Deus acima de tudo, acima de mim e de tudo o que a gente possivelmente construísse.
E lá estavam aqueles alguns que eu gostei na minha adolescência. Todos perdidos em algo dentro de si, esquecendo-se do essencial, do que sempre girou meu mundo: a vontade de Deus.
Eu até usei a amizade que tive com esses alguns pra falar do amor de Deus, e eu realmente acredito que a semente que eu plantei um dia florescerá.
Mas não passou disso.
Eu precisava me sentir segura espiritualmente com a pessoa com quem eu sonharia em me casar, não importa o preço que eu teria que pagar, o tempo que eu teria que esperar… Eu queria ele. Aquele que desde que eu estava no ventre da minha mãe Deus já cuidava pra mim.
Aquele que também estava me esperando.
Eu não acredito numa atitude de aceitar Jesus para agradar alguém.
Eu sempre digo que uma moça deve procurar por aquele que já é de Cristo, e não confiar naquele que ela traz do mundo para se converter e depois iniciarem um relacionamento.
Tenho exemplos disso dentro de casa.
Meu pai não era convertido, foi pra igreja por causa da minha mãe… E nos primeiros meses de casados, ele chegava do trabalho e ela servia Whisky pra ele. Ela orou por 15 anos para que ele se entregasse de verdade a Jesus Cristo.
E eu, definitivamente, não queria isso pra mim.
Eu preferi chorar muitas vezes mandando um ou outro rapaz que eu gostava muito sumir da minha frente, do que chorar anos a fio arrependida pela escolha que fiz.
Não me custou evangelizar nenhum deles, me custou algumas lágrimas fingir que eu não gostava, não atender o telefone, não responder o e-mail, excluí-lo das minhas redes sociais. Mas, sinceramente?
Foi a melhor coisa que eu fiz.
Eu confiei em Deus mesmo sem entender tudo o que acontecia, mesmo me achando uma louca inconstante que esperava algo que ninguém mais esperava.
Mas Deus me enviou ele.
O meu cientista que sabe me fazer ouvir e entender as estrelas. Que me mostra cada uma no céu, que me ensina sobre coisas que sempre me passaram despercebidas. Que se empolga nas suas explicações me enchendo de orgulho.
Eu esperei pela pessoa certa. A que preencheu todos os requisitos. Desse modo, não há motivos para desistência.
A gente se completa. A gente se encaixa. A gente se entende. A gente se ama como nunca amamos ninguém, e isso nem eu e nem ele precisamos dizer, porque a gente sente.
Amor, obrigada por me fazer ouvir e entender as estrelas todos os dias. Você é o que eu tenho de mais lindo, e presentes assim só são dados pelo Senhor. E à Ele eu serei grata pra sempre.
Te amo mais que a mim.
Eu sei.
Eu já devia ter vindo aqui postar um texto sobre um tema que uma leitora propôs.
Mas é que os dias tem sido tão confusos, tão poluídos sonoramente que eu não tenho tido um tempo com um silêncio precioso pra eu vir escrever.
Já ouvi alguns dizerem que só conseguem escrever ouvindo música. Mas eu não consigo.
Preciso de silêncio, mas de um silêncio tão profundo que me permita ouvir a minha respiração e os meus batimentos.
Mas o silêncio que está aqui em casa hoje não é agradável.
É aquele silêncio com cheiro de morte, lágrimas de dor e sorrisos constrangidos.
Diz a minha mãe que só viu o meu pai chorar desse jeito quando eu morri – a parte da história que eu morri eu deixo pra contar outro dia.
O meu avô faleceu ontem, às onze e pouquinho da manhã.
E dizer isso pro meu pai não foi nada fácil.
Dormir também não foi nada fácil, ainda mais porque durmo sozinha – numa cama de casal que é um exagero pra uma pessoa do meu tamanho -, e eu agradeci muito a Deus por ter um namorado tão prestativo que acordou às 4h da madrugada pra me acalmar depois de um pesadelo.
Dormir tá difícil, comer tá difícil, até fazer piadas é impossível.
Eu mal posso imaginar como vai ser daqui há algumas horas quando for a hora do sepultamento.
Como é difícil dizer esse tipo de adeus.
E exatamente por não saber me despedir de nada nem ninguém… Pela primeira vez eu não vou saber como terminar esse texto.
Descanse em paz, vô.
Sabe… Eu sempre fui meio doida, meio pra lá e pra cá, cheia das manias e sentimentos. Quando as pessoas descobriam que eu sirvo a Jesus elas ficavam espantadas… Não porque eu não dava testemunho, mas porque sempre fui muito alegre, sempre demonstrei meus sentimentos intensamente e sabia exatamente como chegar em cada tipo de pessoa com quem eu convivia.
E nessa época de escola eu tive muitos amigos, conhecidos e companheiros de altar – aquelas pessoas que tocam com você, cantam com você e trabalham na igreja com você.
Eu sei, não é de costume meu vir e escrever aqui no blog tão abertamente, falando das coisas que vivi e estou vivendo – sempre fiz isso de uma maneira meio escondida, sem que ninguém percebesse qual é o meu sagrado, pra ninguém tocar nele.
Mas é que hoje eu acordei triste – na verdade, acordei ouvindo a voz do meu amor e isso sempre me deixa bem – , mas aquele tristeza insistia em não sair daqui de dentro, e eu orei, e Deus me fez lembrar de muitas coisas e pessoas.
Durante toda a nossa vida conhecemos pessoas e coisas, pessoas que ficam um pouco no trem da nossa vida pra nos ensinar alguma coisa, nos entregar alguma coisa e depois, três ou quatro estações dali, já descem e seguem outros rumos.
Precisamos nos adaptar e readaptar a essas mudanças constantemente, porque é assim que segue a vida, nessas idas e vindas precisamos encontrar esquinas para sermos felizes tomando outros rumos, conhecendo outras pessoas, e deixar na lembrança aqueles que nos trouxeram um sorriso nos lábios ou uma lágrima nos olhos.
E numa dessas viagens – apesar de muito ter ouvido falar – eu conheci uma pessoa incrível, uma pessoa que finalmente faria toda a viagem da minha vida e jamais desceria na próxima estação. Porque, chegou um ponto que eu cansei das despedidas… E Ele chegou tão gentil, me pegou no colo e disse que jamais me deixaria.
E desde aquele momento, pra ser mais exata, uma madrugada de um inverno, prostrada no chão do meu quarto, com uma Bíblia aberta ao lado, e a janela entreaberta, uma brisa fria entrando no quarto e secando as lágrimas que escorriam no meu rosto. Eu tinha 16 anos, e nesse dia eu conheci o grande amor da minha vida.
Aquele que jamais me deixaria, que jamais morreria – porque Ele já morreu uma vez e ressuscitou.
E nessa mesma época eu tinha amigos ‘da igreja’, amigos em quem eu me inspirava sempre a compor e buscar em Deus a alegria de viver – essa alegria que muitos não sentem e tentam encontrar em muitas coisas erradas por aí. Mas eu não estou aqui pra falar o que é certo ou errado.
Eu quero entender muitas coisas, e se você se encaixa numa dessas pessoas que logo abaixo vou descrever, e você tem uma explicação para todos os meus questionamentos, eu vou ficar muito feliz se você me procurar…
Porque, nessa época, esses ‘amigos da igreja’ que eu tinha iam nos mesmos cultos que eu, e perto deles eu me achava menor ainda… Porque eles eram tão usados nas mãos de Deus que, pra mim, todo o tempo de oração que eu dedicava a Deus jamais seria o suficiente para eu ter a unção que aqueles tinham.
Eu fazia questão de ser amiga deles porque eles me inspiravam na minha vida com Deus, eu orava e pedia a Deus que me usasse como usava fulano ou sicrano.
E a gente amadurece…
Eu mudei de cidade, cresci, amadureci.
Durante esses quase 5 anos de vida com Jesus – de verdade, porque antes disso eu conhecia Jesus só de ouvir falar – , eu errei muito, quis parar, quis desistir… Mas nunca deixei de confiar em Deus, de crer que Ele é o Deus da minha vida, da minha casa, e que uma hora tudo se resolveria.
Eu passei por tantas coisas… Mas sempre crendo que Ele tava ali do meu lado, pronto pra segurar a minha mão e me tirar todo o medo.
E hoje, procurando por aqueles ‘amigos da igreja’, eu encontrei eles servindo ao deus da bebida, das drogas, da prostituição, do engano, da mentira, dos falsos amigos, e doeu aqui dentro… Doeu muito.
Porque, apesar de todos os momentos difíceis, eu nunca deixei de servir a Deus, de crer Nele.
Porque, naquela madrugada de inverno, Ele me ensinou que pra servir eu não preciso estar no altar, eu não preciso estar trabalhando na igreja – isso tudo é muito importante – , mas antes de servir na igreja, eu sirvo aqui no meu coração, aqui dentro da minha casa.
Muitos líderes, pastores e amigos me decepcionaram, me machucaram…. Mas Ele não me deixou, mesmo quando eu não conseguia ouvir a Sua voz, eu sabia que Ele estava ali.
Hoje eu queria entender o que fez os meus ‘amigos’ pararem… Desistirem de continuar servindo.
Porque eles sempre estiveram cansados de ouvir que todo mundo pode nos desamparar, mas Deus jamais fará isso.
Porque você parou? O que Deus te fez pra você deixar Ele? Ele deixou de te carregar no colo? De segurar a tua mão? De secar as tuas lágrimas?
Quando você tocava o seu violão, o seu teclado, quando você cantava, quando você dançava, você não sentia mais que Ele te via, te ouvia?
Quando você entoava a primeira nota, desenhava a melodia da adoração a Deus, você não sentia aquele friozinho na barriga? Aquela vontade de se jogar nos braços Dele sem se importar com mais nada?
Ele te deixou com medo?
O que Deus te fez pra você abandonar tudo e estar aí, agora, nesse lugar?
Que Deus me faça entender isso….
Porque eu, apesar de todas as vezes que eu achei que fosse difícil só pra mim, eu queria quebrar tudo – e já quebrei tudo muitas vezes -, queria sair correndo e fugir dali… Ele continuou segurando firme e minha mão e sussurrando que tudo ficaria bem.
Porque Jesus, antes de ser o meu Deus, ele é o meu Pai. E eu pensei que fosse assim pra você também.
Que o meu Pai te visite hoje, e eu não peço que te faça voltar… Porque quem conhece Jesus uma única vez, não quer largar Ele nunca mais.
Ver esses tantos amigos meus nessas situações só me faz pensar que eles nunca conheceram a Jesus, porque se tivessem conhecido, não veriam prazer nas coisas do mundo, porque só dá pra VIVER NUMA BOA se for aos pés de Jesus.
Eu não tenho tido muito tempo de vir aqui escrever, realmente. Meus dias tem sido um pouco estranhos, diferentes dos que eu já tinha me acostumado.
Tá tudo com um cheiro diferente, uma cor diferente. É tempo de me readaptar a tudo isso.
Eu tive que me acostumar a viver sem o cheiro do mar, sem a brisa no final de tarde, sem as paisagens que passagem despercebidas por muitos, sem o cheiro de peixe no calçadão do mercadão e o sorriso estampado nos rostos dos artistas de rua.
Aí eu tive que me acostumar com o mau cheiro das ruas, a cor acinzentada de tudo, as pessoas mal humoradas e a vida passando rápido demais.
O bom disso tudo é que mesmo vindo o vento e mudando tudo de lugar, levando as folhas secas boeiros adentro, a vida sempre nos traz flores – pessoas que realmente vem perfumar a nossa vida nos trazendo um pouco de ar puro.
Claro que eu amo a minha casa, o meu cachorro – apesar de eu estar de mal dela por um tempo – , meus livros, minhas coisinhas, minhas partituras, meu teclado, meu violino, as viagens que fiz, as músicas que ouço. Mas nada disso se compara ao prazer de ouvir o barulhinho de uma mensagem dele chegando, ou de ouvir meu celular tocando e meu coração disparando tão loucamente que eu tenho medo de morrer antes de falar ‘alô’.
Nada se compara a algumas coxinhas do Ragazzo – não pelas coxinhas, apesar de serem ótimas, mas podem ser as da padaria Real – mas o que é mesmo incomparável são as companhias.
Eu ando meio parada comparado com a vida que eu tinha. Não faço mais 300 cursos, nem escrevo com tanta frequência, nem estou escrevendo um livro, muito menos estudando física e matemática loucamente. Eu andava tão bem maquiada, com o cabelo muito bem arrumado e meu coração remendado e nenhum dos muitos que viviam ao meu redor eram capazes de notar como aquilo tudo que eu vivia e fazia não era verdade, não vinha de mim. Vendo tudo daqui de onde estou, é meio cômico pensar que eu pensava que daquele jeito tudo daria certo, que no final eu realmente seria feliz como pretendia. Meu coração parecendo um cactus, eu indiferente a todo e qualquer sentimento…
Tem horas que é preciso a gente mudar de lugar, mudar de atitude, mudar de pensamento.
Eu que pensava que distância significava tudo, descobri que não é nada quando alguém significa tudo.
Bom mesmo é quando esse vento sopra e finalmente nos ensina que recomeçar acontece todo dia, a toda hora e que é extremamente importante entender isso… Entender no sentido de mastigar, deglutir, entende? Aceitar.
Entender que é preciso recomeçar depois que todo o amor que existe em você é rejeitado, submetido a provas e, muitas vezes, esquecido.
Recomeçando eu aprendi a me completar e a deixar entrar na minha vida aqueles que me façam transbordar.
Uns 3 ou 4, mas o suficiente para que eu me sinta bem e tenha em quem confiar.
Ao meu amor, todo o amor que carrego desde sempre em mim. À minha família, sustentam tudo aqui. E aos meus amigos, que me fazem continuar sempre.
Recomeçando você aprende a cuidar de si, a cuidar dos seus. Cuidar do que você sente, do que você faz, do que você vê e agrega. Você aprende a se amar nas duras perdas, e descobre que você ali, sozinho, pode sim sentar no degrau da varanda e esperar o vento soprar forte e mudar tudo de lugar, secar as suas lágrimas, bagunças os teus cabelos e levar tudo o que não presta. Reconhecer que existem coisas que não dá pra comprar, substituir, esquecer ou implorar. Essas coisas nos são dadas de presentes, presentes divinos dados por Deus. Deus, a quem devemos ser eternamente gratos por tanta graça; porque – se for por merecimento – nada disso teríamos.
O sonho pode mover nossas vidas, mas só a fé pode iluminar o caminho. E eu tenho muita fé que o vento, finalmente, vai soprar e mudar tudo de lugar, de novo.
Quando eu era menina bastava esse sol queimar lá fora e todos os meus problemas estavam resolvidos. Eu pegava meus brinquedos e ia brincar de fazer comidinhas para as minhas bonecas, plantava alguns grãos de feijão em algodão só para vê-los crescer, e quando estavam bons, eu pedia pra minha mãe cozer eles junto com os outros que ela comprava na feira – sim, porque na minha época as donas de casa compravam feijão na feira e ele não custava o olho da cara. E olha que nem faz tanto tempo assim.
Mas hoje eu não tô afim de reclamar do preço do feijão, eu só lembrei de como era bom olhar o sol, de como eu me irritava quando a mãe vinha passar protetor solar porque eu dizia que a comidinha ia queimar. Ainda sinto o cheiro das folhas, da terra, do pouco de água que eu jogava. Lembro dos jogos de pratos e copos que o meu pai comprava pra mim e eu cuidava tão bem de tudo aquilo, eu não ia dormir sem levar e secar todos eles – mal sabia eu o quanto eu reclamaria da louça interminável que lavo e seco todos os dias.
E olhando esse mesmo sol escaldante que tá deixando todo mundo louco, com vontade de entrar numa bacia de gelo a cada meia hora, é que eu comecei a perceber – pela milésima vez – como o tempo passou rápido.
Ontem eu vestia PP, calçava 34, pedia pra mãe os brinquedos que passavam no comercial da TV – e raramente ganhava um deles – , e tomava creme de laranja todos os dias cedo. Hoje eu insisto em experimentar o P, mas já é M, calço 36, vou pra dois anos de namoro e meu pai quer que eu tire a habilitação pra ajudar na correria da semana.
E digamos que eu sou lá muito estranha porque ora quero que o tempo passe, ora quero que ele volte.
Não suporto quando o Tharsis se atrasa meia hora, mas esperaria por ele por toda a minha vida. A cozinha suja me incomoda demais e, se não estou empolgada, me irrita mais ainda ter que arrumá-la, mas nada disso me incomoda se as pessoas que eu amo estiverem esperando uma comidinha gostosa pra janta.
Não suporto que interrompam o processo de qualquer preparação que eu esteja fazendo: desde uma colherada no brigadeiro antes de enrolar até uma beliscada no bife antes que eu jogue o molho. Mas se eu sentir amor, nada disso me incomoda.
Eu sou intensa, prefiro não carregar lembranças do que faltou dizer, digo logo tudo o que preciso dizer. Essa minha mania de realismo chega a ser cruel, mas faz bem, às vezes. Às vezes faz mal, aí é hora de correr atrás, me desculpar e fazer um strogonoff pra tudo ficar bem de novo.
Eu assim: meio criança, meio mulher, meio velha, meio louca.
A canção pra mim é tudo, é nela que eu me escondo e estudar canto erudito, pra mim, tem sido abrigo.
Abrigo que começa numa canção e termina nos braços dele, porque é dele que eu tô precisando agora, que eu preciso hoje, amanhã e sempre. Sorrir renova o fôlego. Ele me faz sorrir, e é dele que eu preciso pra sorrir e renovar o fôlego que me faz cantar todos os dias.
Todos os dias.
Eu não costumo postar textos em datas comemorativas. Não porque eu não tenha tempo, é que eu não gosto, dificilmente me inspiro em dias comemorativos. Mas é que falar de natal sempre me faz desejar coisas pra mim ou pra outras pessoas, e desejar feliz natal no dia 26 de dezembro é um pouco estranho.
No dia 26 as pessoas nem lembram mais o que é o natal e só pensam na ceia da virada de ano, no vestido branco, nas sete ondas, nas lentinhas e nas promessas idiotas que não irão cumprir no ano seguinte.
Mas, deixando toda a minha revolta de lado, eu vim aqui desejar, pra quem ler ou não, coisas lindas. Eu gostaria de ouvir uma boa música agora, mas a chuva está tão forte que isso é quase impossível – e eu gosto disso. O som da chuva me acalma, o cheiro é inebriante, e depois de dias tão quentes nada melhor que uma chuva gostosa pra deixar o natal fresquinho.
Eu vim aqui mesmo desejar coisas que todo mundo quer mas dificilmente sabe como pedir e muitos deixam esses pequenos detalhes passarem despercebidos.
Eu vim desejar detalhes, esses que, mais tarde, podem fazer muita falta.
Eu desejo luzes piscando na janela do quarto, sorrisos contagiantes, música animada. Desejo Cupcakes coloridos, daqueles lindos que faz os olhos de qualquer criança brilharem como dois faróis. Desejo um abraço apertado sem muitas declarações de amor – porque, nos tempos de hoje, um abraço sincero vale mais que muitos ‘eu te amo’s. Não desejo um banquete, cheio dessas iguarias que só servem pra enfeitar a mesa mas ninguém gosta de comer… Eu desejo uma ceia de natal com as mais saborosas comidas – e essas comidas não são as mais caras, porque as mais saborosas sempre são as que tem mais amor. Desejo frutas doces, pratos coloridos, um jantar que não alimente só o corpo, mas alma. Porque o natal é pra isso, é pra alimentar a alma daqueles que passaram um ano inteiro correndo de um canto a outro tentando matar um leão todos dias e acabou esquecendo dos detalhes.
Desejo brincadeiras saudáveis, presentes que sejam guardados eternamente na memória, o amigo oculto mais divertido que puder ser.
Desejo crianças acordando ansiosas e procurando debaixo da cama ou no pé da árvore o presente esperado o ano inteiro, desejo gargalhadas gostosas – daqueles que marejam os olhos -, desejo dancinhas engraçadas, conversas que durem a madrugada. Desejo um pai cheio de amor que abrace o filho durante o jantar e que o faça ter borboletas no estômago de ansiedade pelo presente tão esperado, e uma mãe com mãos de fadas que, como mágica, seque as lágrimas dos que sentem dor e adoce a vida de quem está a sua volta.
Desejo muito amor aos apaixonados e o encanto da vida nos olhos. Desejo uma chuvinha gostosa por volta das 5 da manhã, quando os ânimos finalmente estiverem calmos, as crianças dormindo, os adultos cambaleando de sono e rindo das brincadeiras passadas e a mesa de jantar com os pratos vazios e copos também.
Desejo aquele avós fofos rindo de tudo, que dançam agarradinhos pros netos caírem na risada e que trazem em cada fiozinho branco na cabeça um pouco de sabedoria.
Eu desejo muita paz, mas não essa que as pessoas pedem da boca pra fora sem nunca terem sentido. Peço a paz de espírito, aquele sentimento que joga fora toda a dúvida e nos faz descansar em braços cautelosos e cheios de amor, com cheiro de nuvem e sabor de chocolate. A paz que faz as crianças dormirem como anjos e os adultos se amarem como se fosse a última vez. A paz que nos aproxima ainda mais dAquele que nos criou e formou com todo o amor e tem cuidado com a maior paciência, apesar de sermos teimosos e errantes.
Eu desejo a família formada com as mais diferentes personalidades mas tão cheia de amor que é capaz de passar por cima dos erros e defeitos e se unirem como um só. Eu desejo esse natal vermelho e dourado que todos estampam em suas casas e roupas para mostrarem o quanto são felizes… Mas eu desejo mais ainda: eu desejo que essas cores e decorações sejam a amostra sincera da maior conquista que um homem pode ter: A FELICIDADE!
Eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem. Ela podia estar sangrando e eu saber exatamente o que dizer pra estancar o sangramento, mas ia doer, então eu me calava e saía de fininho como se não soubesse da cura.
Foi aí que eu também sangrei, também me feri, e procurei alguém que tivesse a cura. Eu encontrei palavras doces, cheias de uma coisa colorida e flácida, sem cheiro e sabor, que não me causava reação alguma. Eu continuava sangrando, a ferida continuava ardendo. E quanto eu pensava em esfriar a cabeça, refletir um pouco, eu ia olhar o mar, e a brisa que encostava suavemente na ferida fazia arder.
Apesar de muitas conversas que tive com tantas pessoas de olhar sem brilho e mãos mais geladas que as minhas, pouca coisa foi dita. O essencial – ou seja, aquilo que eu realmente precisa ouvir e que eu ainda não sabia que era a parte mais dolorida de tudo – sempre ficou no fundo, esmagada por uma maldita superficialidade.
Todo mundo vem com a ladainha de que, nessas horas, é preciso alguém chegar, sentar ao lado com cara de piedade, segurar a sua mão e dizer: “Calma, eu estou com você.” E eu concordo – apesar da ladainha -, concordo plenamente. Mas não é só isso. E onde ficam as verdades? A mesma pessoa que segura a mão pode deixá-la, não porque quer, mas porque também precisa viver.
Se tá doendo, tá sangrando… Experimente ouvir a verdade. Eu resolvi dizer a verdade e perdi todos os meus amigos. O que eles não entendem e talvez nunca entenderão é que foi com a verdade que eu me curei, e sarei, e carrego as marcas com orgulho porque cada uma delas me lembram de como foi difícil, mas eu sobrevivi.
Eu resolvi falar a verdade e doeu neles. Porque a primeira reação que algumas verdades causam é a perca da força, o mundo desabando sobre a cabeça, a vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo. Mas depois, depois que os ânimos se acalmam e o vento seca o suor misturado com as lágrimas do rosto, aí vem uma força que vai brotando devagar e trazendo uma esperança, uma vontade de mudança que nada nesse mundo paga.
Triste é pensar que quem sofre nem sempre está disposto àquela dor do parto, àquela dor que faz mudar tudo de rumo.
Ser curado é olhar a cicatriz como algo belo. Uma cicatriz significa: Eu sobrevivi!
E eu sinto essa vontade louca de ir muito além daquilo que me espera, mas isso não significa que eu queira ir acompanhada por alguém de sorriso fácil. Sinto saudade das pessoas de riso fácil que conheci, das pessoas que me fizeram bem, dos momentos felizes que tive ao lado dessas pessoas. Mas eu não as quero de volta. Não quero porque, por culpa delas, eu desconfio de todo e qualquer sorriso fácil que me aparece entre uma música e outra.
Quem disse que a dor não faz a gente crescer?
Passei da fase da ferida mal curada, que qualquer brisa despertava aquela ardência insuportável e, argh, essa ferida cicatrizou porque eu cansei de esperar o tempo como se fosse um carrossel colorido me prometendo sonhos cor-de-rosa.
É… O tempo passa rápido demais, e a gente vai descobrindo e redescobrindo maneiras de se proteger. E porque não descobrir que estar sozinho, às vezes, é muito melhor?
Eu sempre quis um amor. Sempre quis amar, ser amada. Mas eu sempre quis isso de uma maneira diferente. Nunca quis ter um amor para sair de mão dada com ele mostrando ele pra todos os meus amigos, me gabando por estar feliz com um cara legal que me bajula o tempo todo e gruda em mim mais do que um chiclete.
Eu sempre quis um amor porque sempre imaginei que a única companhia do mundo que nunca me faria mal é a companhia de um amor de verdade.
Não sei você, mas eu não curto me socializar, e isso tem causado diversos problemas.
Eu amo o que faço, amo conhecer pessoas que gostem das mesmas coisas que eu, amo conversar sobre música, livros, cinema, escritores, coisas da infância. Eu realmente amo aconselhar, falar do que sei e do que ainda quero saber, conhecer, viver.
Mas tudo isso é apenas um momento, como quando você tá na fila do banco esperando ser atendido, ou na fila da padaria esperando o pãozinho quente. Aquilo passa, as pessoas saem, seguem suas vidas. E o que te sobre? O teu amor.
É pra ele que você vai correr quando chegar em casa, é pra ele que você vai contar que a tia da fila do pãozinho da padaria estava dando em cima do padeiro, e no colo dele você vai querer dormir depois de uma longa conversa.
O problema é que as pessoas aprenderam – não sei com quem – que as pessoas lá de fora, principalmente as de riso fácil, são dignas de confiança, devoção, dedicação e ão, ão, ão.
Desculpa, eu não sei confiar assim. Eu não sei me entregar assim. Eu não sei.
Eu gosto do silêncio, prefiro o vazio, nem sempre estou pra conversas agitadas nem gargalhadas escandalosas.
Pode ser que quando eu estiver querendo isso, você não queira…. Porque eu gosto de contrariar. É mais forte que eu.
Eu falo o que penso, sou transparente, não gosto de pessoas desleixadas, nada mais me irrita que a falta de dedicação em qualquer coisa. Se você não quer se dedicar, não faça.
Sou sincera, de poucas ou muitas palavras. Nunca me esqueço do dia que fiquei calada enquanto uma pessoa falava coisas horríveis pra mim, e depois briguei quando me zuaram porque o São Paulo estava perdendo pro Corinthians de 3 x 0. Meu avô me olhou sorrindo e disse que sou como ele. Posso ser brisa ou vendaval, só depende de como e quando você me vê passar.
Não venha me julgar porque não costumo sair nas fotos da ‘galera’, porque sou isolada, porque penso demais, porque sou quieta demais, porque sou intensa demais. Porque, porque, porque.
Eu sou feliz assim e isso me basta. E devia bastar pra você, já que tem uma mosca defecando no seu nariz e você não vê.
Eu sou assim desde sempre, e não quero mudar. Tente me conhecer, eu não vou te tratar mal – desde que você não me venha com assuntos torpes.
E se você é de sorriso fácil, vive tagarelando, gargalhando por tudo e por nada e dizendo que ama todo mundo, e ainda me vem com o papo de que tudo isso é porque você é feliz, saiba que eu não acredito nisso. Felicidade é um estado de espírito, e eu realmente espero que você seja um ser humano com preocupações, dúvidas, medos, como qualquer outro. E assim como qualquer outro ser humano, você também precise levar a vida um pouco a sério.
Tenho medo de pessoas assim, porque pessoas assim não tem noção do que dizem, não pesam as palavras e saem ferindo como se machucados cicatrizassem da noite pro dia, como se, depois de cicatrizados, eles não deixassem marcas eternas. E foram exatamente essas pessoas que me ajudaram a ser o que sou hoje. E sou grata a elas, de qualquer forma, pelas dores, decepções, ilusões, noites intermináveis.
Porque foi pelo sorriso fácil de cada uma delas que eu descobri que só quem realmente faz parte do meu mundo são aquelas pessoas que me aceitam exatamente do jeito que eu sou.
Eu lembro que era uma noite como outra qualquer. Depois de um telefone eu demorei um pouco pra dormir – já que eu nem lembro quando foi a última vez que peguei no sono sem ouvir a voz dele -, e naquela noite eu tive que dormir sem ouvir a voz dele. Foi terrível. Eu virava de um lado, virada do outro, e nada do sono chegar. Peguei o celular várias vezes, discava o número dele, mas não apertava SEND. Eu não podia. Ele tinha me dito que estava na festa de aniversário da prima dele, acabaria tarde e ele dormiria na casa da tia. Eu não queria aparentar a namorada chata – não que eu não seja, mas só ele sabe disso.
Acho que de tanto me dobrar e desdobrar na cama tentando encontrar uma maneira de conseguir pegar no sono, eu acabei dormindo. A noite passou muito rápido – não que eu tenha visto passar, mas é que eu mal fechei os olhos e o sol já estava raiando.
Minha mãe veio me acordar com um sorriso desconfiado dizendo que precisava sair com meu pai e que voltaria em 40 minutos e a mesa do café da manhã tinha que estar posta.
Não gosto de ser acordada às 07:00 da manhã pra arrumar a casa, isso eu faço depois das 10:00. Mas como eu já estava acordada e demoraria cinco horas pra pegar no sono de novo, resolvi levantar.
Lembro que vesti uma calça jeans, uma segunda pele preta e uma blusinha listrada por cima. Era Outubro de 2010, o inverno já tinha passado, mas eu ainda sentia frio.
Dei uma sacudida no cabelo, olhei a minha cara pálida enquanto escovava os dentes, e fui preparar o café.
Ouvi o motor do carro do meu pai, a Fanykita fez o escândalo de praxe que ela sempre faz quando meus pais estão chegando, e eu continuei na cozinha. O pai estacionou o carro na garagem, a mãe entrou em casa primeiro e ela estava estranha, achei que meu pai tivesse comprado kinder ovo pra me fazer uma daquelas surpresas engraçadas quando ele entra em casa segurando o kinder ovo como se fosse me entregar pra uma criança de cinco anos.
Eu apareci na porta da sala e meu pai segurava a porta do carro enquanto ele saía. Ele, o seu óculos, a sua mochila, e um sorriso que quase me fez desmaiar.
Eu mal pude acreditar.
Na noite anterior ele tinha me dito que estava no aniversário da sua prima, e naquele momento, lá estava ele, bem na minha frente, me olhando como quem olha um eclipse. Eu não tive outra reação além de dar um sorriso sem graça e abraçá-lo rapidamente antes que minhas patelas resolvessem ali mesmo caírem.
Eu queria ficar ali olhando ele por um bom tempo. Olhando por toda a minha vida.
Eu corri pro meu quarto e pulei na minha cama. Fiquei pulando em cima da cama como uma criança feliz. Eu não queria aparentar tanto nervosismo – o que foi inevitável – , mas eu precisava extravasar de alguma forma.
Cansada, eu sentei na beira da cama e naquele momento eu percebi que a vida, apesar de bruta, ela pode ser mágica.
Depois de tudo o que eu tinha passado, depois de todos os choros, decepções, ilusões, textos e músicas, eu respirei fundo e entendi que o que estava em mim era o que eu realmente precisava. Eu vi que tudo tinha passado, mas o que ficou era o que realmente me importava.
Ele estava ali. E não importava que eu tinha sido deixada uma vez, ele estava ali e alguma coisa me dizia que ele não faria igual.
Eu pensei nele durante todos aqueles meses imaginando que seria mais uma de minhas alucinações românticas, mais um dos meus quase sonhos realizados. Só de pensar que ele estava na sala, a poucos passos de mim, meus olhos marejavam.
E eu a pensar que aquela cicatriz deixada doeria horrores nos dias de chuva, que eu passaria o resto da vida olhando pela vidraça molhada pela chuva e lembrando de como eu poderia ter sido feliz. Mal sabia eu que a felicidade eu ainda não havia conhecido.
Eu ouvia aquela voz todos os dias, e eu tentei afastá-la de mim. Como eu tentei. Joguei sobre ela todos os meus medos, traumas, coisas travadas, coisas duras. E isso só me fez sentir mais amor.
Naquele instante, sentada ali, sentindo o cheiro do lírio que estava embaixo da janela do meu quarto, eu aceitei que eu não podia mais negar o que eu sentia. Respirei fundo e fui pra sala.
Ele estava sentado, arrumando o óculos, com cara de quem não estava envergonhado.
Eu sentei tensa ao lado dele, olhei-o por alguns instantes e tenho certeza que não pude conter meus olhos marejados.
Ele encostou na minha mão direita, que estava sob o sofá, e pareci levar um choque. Ele insistiu e a segurou e somente ele, com todo aquele jeitinho especial, consegue esquentar as minhas mãos.
Ele olhos os meus olhos como quem olha um aquário procurando peixes coloridos, e disse que me amava.
Eu queria tanto ele ali. Eu desejei por meses seguidos olhar ele sentado ao meu lado, eu me aproximei e encostei no ombro dele. Ele me abraçou como se nunca mais fosse me soltar, e sussurrou que nunca me deixaria.
Eu tinha esperado dezenove anos por aquela frase. Mas não somente pela frase, pelo momento, pela voz, pelas mãos, pela intensidade. Havia amor naquilo. Muito amor. E eu quis chorar litros no ombro dele, dizer o quanto eu esperei por ele, e como eu temi nunca encontrá-lo. Como eu temia os famosos desencontros da vida.
Mas você me encontrou, True. Me encontrou e me amparou.
E hoje, ao te ouvir novamente, você sussurrou a promessa que me fez aquele dia. E dessa vez eu chorei litros.
As pessoas prometem e continuam a vida como se nada tivesse acontecido. Eu sempre pensei que promessas são mais que compromissos. São coisas que te incomodam até que sejam cumpridas. Se você prometeu você perde o sono, a fome, você emagrece, engorda, fica ansioso, rói as unhas, morde os lábios… Promessas deviam incomodar.
E se você prometeu e ainda não é hora de cumprir, você se lembra da promessa todas as vezes que olha a pessoa.
E de tudo o que eu já ouvi, vi e vivi com você, hoje foi um dos momentos mais lindos. Você lembrou da promessa, e sussurrou com embargo na voz, como se faltasse pouca coisa para que as lágrimas finalmente rolassem pelo seu rosto.
Eu me lembro que quando você foi embora – levando um pedaço de mim – , eu fiquei por semanas ouvindo ‘Can’t Take My Eyes Off You – Lady Antebellum’ porque me lembrava o seu cheiro. E hoje, quando resolvi postar esse texto, voltei a ouvir essa música e sentir o seu cheiro.
Resolvi vir aqui escrever porque, assim como eu, você ainda preza pelos detalhes, e são esses seus detalhes que me fazem te amar mais do que cabe em mim.
É amor, porque, se não fosse amor, não haveria saudade nem o meu pensamento o tempo todo em você.
Hoje eu descobri que as flores crescem mais rápido quando ouvem música, e aí que eu entendi porque as margaridas do vô sempre cresceram rápido e lindamente.
Engraçado, né? Alguma coisa sempre faz falta. E como por um equívoco, eu senti falta de tudo o que você não foi pra mim. De tudo o que você fez questão de não ser pra mim. De todas as vezes que eu, com esse meu olhar marejado desde o momento que abri os olhos pra vida, te olhei com ternura esperando que você tirasse meus sonhos das minhas gavetas e realizá-se-os – já que você era o único que podia.
Eu fugi de escrever sobre isso que tem me atormentado durante toda a semana, até que o meu namorado mandou eu respirar fundo, ouvir uma boa música e fazer o que de melhor eu sei fazer: ser eu mesma.
Eu sei que, daqui a pouco, eu esqueço esses pontapés, chutes, tapas e golpes baixos que a vida me deu e que ainda pode dar, e eu vou por esse meu sorriso sem jeito no rosto, cantar uma música qualquer e continua vivendo e sonhando com as coisas que você nunca se importou. Na verdade, hoje eu sinto como se mil pessoas se importassem comigo, menos uma. E, de alguma forma, era a única que eu necessitava que se importasse.
Eu martelei uma porção de coisas pra escrever e pra te dizer durante toda a semana, dessas que não se diz costumeiramente. Mas, eu travo.
Eu sempre travo diante de você e do seu ar de sou-bem-maior-que-você.
É tarde demais pra você se importar.
É estranho pra qualquer um me observar e ver o quanto me sinto um peixe fora do aquário perto de vocês e de todos esses que fazem parte de você.
Eu me esforço, prometo. Me esforço – mais do que pensei que podia – pra tentar te aceitar e entender o porquê de todas as palavras, olhares, atitudes, mas eu não consigo.
E cada vez que eu tento dói, dói mais ainda ver o quanto de amor carrego aqui dentro. Dói saber que se você me olhasse com um pouco de amor e abrisse um pouco os braços eu correria chorando pra te abraçar prometendo esquecer tudo o que me fez, o que me falou… Porque, por mais que você e todo mundo negue, um pouco do teu sangue corre aqui nas minhas veias, e as nossas almas são ligadas como devia ser as almas de todos que fazem parte de uma família.
E eu sou essa pessoa de coração mole e pequeno tentando guardar todo mundo aqui dentro, tentando não viver das más lembranças, mas encontrar nas boas lembranças um motivo pra continuar acreditando.
E mesmo depois de tudo ontem, eu continuo acreditando que a gente um dia vai se olhar nos olhos e se reconhecer, como toda sobrinha reconhece um tio, e todo tio reconhece uma sobrinha.
E o que você faz com os seus sentimentos, fantasias e essa necessidade vital e instintiva de amar?
Você ama. Você deve amar, mesmo que te doa. Deve amar.
Sempre vai existir essa incansável busca por alguém que escute suas histórias, seus medos, seus fracassos, seus sonhos. Alguém que lhe escute. Não é fácil encontrar, mas não é impossível. Não é rápido, mas também não é eterna a busca.
Um dia você encontra uma voz doce que te acalma, alguém que sorri pra você e te abraça sem ao menos se mover, encontra um olhar terno que te faz derreter só de olhar, encontra palavras que sempre quis escutar. Palavras que sempre disse mas não costumavam dizer pra você.
Quando isso acontecer agarre, cuide. Porque você acabou de encontrar seu mais lindo esconderijo.
“Se é pra amar me ame de verdade, se é pra viver que seja juntos, se não for assim nunca mencione tal frase “eu te amo”, pois para algumas pessoas ela pode siginificar o mundo. “
(500 dias com ela)
E eu estou aqui sob efeito do remédio, lutando contra o sono – já que dormi a tarde inteira e continuo com sono -, e lembrando de mim há meses atrás. Na verdade, estou sentindo uma saudade insuportável da peça que faltava no meu quebra cabeças, da metade da minha laranja, da cutícula da minha unha, dessa minha metade toda amor que me fez a pessoa mais feliz do mundo.
Eu me lembrei de mim, lembrei das minhas filosofias – aquelas que eu criava sobre tudo e qualquer coisa que pudesse fazer o ser humano sentir qualquer coisa -, lembrei das muitas vezes que achei que amar era só conseguir ver, e desamar era só não ver mais. Lembrei de como sempre foi fácil pra mim largar tudo e seguir outro rumo, jogar tudo pro alto sem me importar se iria voltar ou não. Simplesmente virar as costas e esquecer de tudo. Deixar tudo guardado num baú que eu abriria num dia chuvoso, onde eu não teria nada pra fazer além de rever umas fotografias e reler algumas cartas, tomando um chocolate quente debaixo de um edredon qualquer. Eu sempre fui de esquecer das pessoas com tanta facilidade. Não que eu não amava, que eu não me importava, mas eu sinto que fui treinada – mesmo que inconscientemente – a descer do trem e deixar que as pessoas que eu amo continuem nele. Fui treinada a descer do trem sem olhar pra trás, parar na estação, observar o trem ir embora e não sentir dor. Eu sempre soube que passaria outro trem, e eu conheceria outros que me fariam felizes, de maneiras diferentes, mas me fariam.
E depois, quando o vazio da saudade batia, eu olhava o céu, suspirava, colocava o vazio no bolso e ia ouvir uma sinfonia, assistir um filme ou ler um bom livro. E seguia. Sempre segui. Sempre segui achando que jamais encontraria um olhar que me faria ficar no trem, que faria todos os meus caminhos me encaminharem pra um único lugar. Sempre segui achando que jamais seria pouco dizer que amo, que quero, que preciso, que desejo. Segui jamais imaginando que seria tão pouco qualquer palavra perto do que eu fosse sentir.
Você foi lindo comigo. Lindo, mesmo distante e tão perto. Me estudou e sabia exatamente que qualquer surto que eu pudesse ter era um sinal de que eu estava reagindo, de que eu estava me aproximando de tudo de novo. Aquelas inúmeras vezes que você me olhou quase sorrindo, me curaram e me fizeram sonhar que um dia nosso encontro iria acontecer inteiro.
E eu deixei de buscar em filmes, músicas, livros e bonsais aquele certo tipo de consolo que eu jamais encontrei. E eu voltei a ter o gosto doce de menina romântica, e aquele gosto ácido de mulher moderna.
Fazia tempo que eu não parava pra escrever qualquer coisa, ouvindo uma boa música.
Estou pensando em você. Eu penso, repenso e trepenso em você. E eu apenas fecho os olhos, e te sinto mais perto. Bem perto. Cheirando o meu cabelo e sussurrando que me ama, e que eu tô linda mesmo com os olhos inchados e com o nariz vermelho depois de tanto chorar de saudade.
Ei, senta aqui. Tá vendo como a sala dessa casa é confortável? Eu amo esse fim de tarde aqui… A cortina é verde e deixa um cheiro agradável na sala.
Sente a brisa entrando pela janela.
Engraçado…
Quando eu te vi pela primeira vez saindo daquele carro, com aquele óculos e aquela pasta que te deixava com uma cara de estudante irresistível, eu saí dizendo aos quatro ventos que eu te precisava independentemente se fosse perto ou longe.
Mas agora… Com essa brisa batendo em nosso rosto eu só consigo sussurrar que eu te preciso assim bem perto. Bem perto de mim.
Chega mais perto. Tá vendo meus olhos marejados? Todas as vezes que eu te olho eu penso o quanto vai valer à pena esperar todo esse tempo pra te ter comigo sempre.
Eu sabia, no fundo eu sabia, que continuando por aquele caminho por onde eu vinha eu tropeçaria em algo maravilhoso.
E eu não me arrependo de cada palavra, de cada olhar, de cada gesto. E eu nunca vou esquecer de cada momento, de cada encontro.
Eu me apaixono ainda mais cada vez que eu te olho. Acredite, se eu te olhar cem vezes, vou me apaixonar ainda mais cem vezes por você.
Segura a minha mão. Segura como naquele primeiro dia em que a gente sentou nesse mesmo sofá e pela primeira vez eu te olhei nos olhos. Naquele dia foi quando eu senti que amar não tem remédio.
Eu não sinto falta da Mayara que eu fui. Hoje eu só sei sentir falta de você, do seu cheiro, do seu abraço, do seu carinho.
Tá difícil. Pelo menos pra mim. Eu tô olhando tudo aqui agora e tá difícil. Mas quando eu penso em nós, nessa força que subestima tudo ao meu redor, quando eu penso nisso tudo eu penso que o nosso amor pode ser maior que todos esses ventos contrários.
Eu sentei aqui com você porque eu precisava te dizer tanta coisa. Mas agora, olhando os teus olhos marejados e as tuas mãos nas minhas, eu não consigo pensar em mais nada.
Me abraça e diz que você também quer isso, que daqui a pouco a gente vai rir de tudo isso e a gente vai estar feliz, ouvindo jazz e fazendo strogonoff.
Fecha os olhos. Meu avô dizia que quando se ama é mais fácil ver a vida de olhos fechados.
Sabe o que eu vejo quando eu fecho os meus? Você tirando alguma coisa do bolso do seu terno na porta da igreja. Eu só gostaria muito de saber o que é.
Eu amo seu sorriso.
Quer ver como a minha cabeça encaixa perfeitamente no teu ombro?
Eu gosto do que é simples, gosto de situações claras, gosto de olhares honestos e eu não gosto de me perder de nada disso. A questão é que nem eu e nem você temos o poder de controlar a força das coisas quando elas precisam acontecer e eu até posso sentir saudade das coisas que perco, mas não as desejo de volta. Penso que se já doeu uma vez, não compensa ter de novo.
Eu sempre falei que todo mundo se adapta a sentimentos, lugares, climas e amores, só não lembro de ter dito que isso dói. Adaptar-se dói.
Eu não sou lá a amiga que qualquer pessoas gostaria de ter. Se você quer a minha amizade, tem que querer a verdade, mesmo que ela doa. Mesmo que a realidade seja cruelmente dolorida. Porque eu aprendi a ser cruelmente realista, e isso também sufoca.
Eu nunca fui de me entregar a amizades, de sofrer com o rompimento de uma amizade… E se você quer ser meu amigo, você precisa saber disso.
Eu cuido, aconselho, empresto o ombro e sou loucamente insensata quando quero fazer um amigo sentir-se melhor. Eu faço companhia, sou engraçada – ou tento ser – , ouço músicas, leio textos, toco teclado e até ensino técnica vocal. Faço comida, limpo a casa, passo roupas e jogo Forca. Penteio os seus cabelos, escolho a maquiagem, palpito na roupa e ajudo você a colocar as suas pulseiras.
Brigo com você, te ensino a cozinhar, te mostro que antes de cortar o pepino pra por na salada é preciso tirar aquela ‘espuminha’ dele. Eu chego sem você perceber.
A questão é que eu sei que a amizade cresce, fica intensa e tudo mais, como qualquer outra amizade… Mas aí que na saída eu surpreendo.
Eu saio, sumo, desapareço como se nada tivesse acontecido.
Eu aprendi assim… Apesar de tudo, você chegou até a varanda da minha casa. Eu não deixo amigos entrarem. Eu não deixo crescer, não deixo tomar conta.
Eu posso contar segredos, fazer promessas e te dar presentes. Mas não vai doer quando você for embora.
Vira lembrança.
Não que eu trate isso como algo descartável. Eu só não deixo entrar em casa porque eu aprendi que se você entrar em casa eu posso me decepcionar.
Eu prefiro te ver ir embora me deixando com o seu doce, do que te mandar embora me deixando amarga.
É desnecessário sofrer por alguém que um dia vai embora. É desnecessário deixar alguém entrar em casa se não vai ficar pra sempre.
Toda casa só devia ter lugar pra dois e a minha já está devidamente ocupada, decorada e perfumada.
Você pode me chamar de monstro, mas desistir de não me decepcionar com as pessoas foi meu maior ato de coragem.
Eu posso ser sua amiga, mas não espere meu sofrimento ao te ver partir seguindo o seu caminho.
Ninguém me ensinou ou me motivou a isso. Eu me virei sozinha, aprendi sozinha, isso me endureceu um pouco mais.
Calos. Calos daqueles que não doem mais.
Me respeite. Tem coisas da gente que não são defeitos nem erros, são só jeito da gente ser.
E eu decidi. Prometemos segredo, não é? Até a gente ser feliz e ninguém ter mais nada a fazer, senão, engolir a crítica e aceitar que pessoas de origens diferentes podem ser do mesmo mundo, sim!
Eu queria explicar tudo o que passa aqui dentro, todos esses dias e anos de espera, todo esse Universo que sempre nos rodeou. Porque, a nossa sabedoria é loucura pro mundo.
Bom… Nada de texto dramático dizendo tudo, né? Eu sempre me entrego em textos assim.
Mas você veio pra se arrumar na minha confusão, pra acender a luz que apaga a solidão, pra refletir os seus olhos nos meus e o seu sorriso no meu.
Antes de você chegar eu não sabia mais sofrer, eu não sabia mais o que pensar e foi exatamente por isso que tomei a decisão de não pensar em nada. E foi quando eu estava assim, com a mente vazia de sentimento, que você encheu ela com seu bom humor, seu jeitinho de olhar a vida e sua mania de me fazer sorrir até chorando.
Sabe como é entregue uma carta de suspiros? Pelo vento…
E as minhas são entregue a você todas as manhãs, enquanto toma seu café que mais parece um almoço.
O meu caminho continua doce porque você veio caminhando naquela via paralela, o tempo todo, sem eu saber que você estava ali. Pensando encontrar em qualquer outro a emoção que eu tenho com você.
Só com você. Meu bem querer.
Mas eu quero. Eu quero um amor todinho meu, não uma metade, nem alguns caquinhos, mas todinho. Que eu possa chamar de meu, apertar, morder, beijar, bater. É meu, caramba! Ah… E eu quero surpresa, quero loucuras, quero bagunça, crise de ciúme, briguinhas que acabam em agarros, provas de amor. Eu quero me surpreender.
Até hoje, todos esses meus amores foram pré-definidos por uma lista de objetivos na vida, por um sonho bobo, por uma aposta. Agora eu quero me surpreender.
Eu quero, na verdade, eu quero que ele leia meus textos, tente me descobrir. Até porque, hoje eu sou isso, amanhã aquilo e a mutação é constante. E, pra ser meu, ele vai precisar me descobrir todos os dias, me convencer e me encantar.
Eu quero me apaixonar todos os dias por aquele cara alto, nem magro, nem gordo, de olhos escuros, de abraço apertado, de encaixe perfeito, de barba cerrada, de amor sincero que me traz flores com um bichinho de pelúcia em plena quinta-feira, depois que eu chego do trabalho descabelada e me jogo no sofá. Que me entrega as flores com um sorriso enlouquecedor e ri quando eu quero morrer por estar horrível e que me cala com um beijo quando eu vou brigar com ele por ele não ter me avisado que viria.
Eu quero viver o que ninguém me permitiu que eu vivesse. Que ninguém me fez conhecer e que eu só conheço por que sonho, porque tenho uma mente incrivelmente fértil. Eu quero sentir falta na segunda mesmo depois de passar o sábado e domingo com ele e saber que o verei na terça. Eu quero enlouquecer de saudade, e quero que essa saudade me faça correr atrás dele onde quer que esteja só pra eu abraçá-lo e voltar correndo para o escritório.
Eu quero ser a irresponsável da relação, eu quero ser a maluca, a que não tem limites e não a que precisa se manter centrada sempre pra que nada saia dos conformes, pra que tudo fique bem e não acabe em discussão. Eu não quero ser a que presta atenção nos detalhes, que vive se preocupando exageradamente, perguntando se tudo está bem, se sentindo incapaz de fazer alguém feliz.
Eu quero ser feliz e quero ter a certeza de que ele é feliz porque me ama e porque ele me faz feliz. Que por causa dele eu deixei de me trancar num casulo pra voar ao lado dele. Que eu não preciso dele pra andar nem ser feliz, mas que é muito melhor andar e ser feliz ao lado dele.
Eu quero alguém assim… Que não tem forma, nem nome, nem cheiro… Mas que está vivo em meus sonhos e que um dia vai renascer pra mim e vai me encontrar em algum lugar, um lugar onde jamais eu espero encontrar o amor da minha vida. A vida me reserva surpresas, e a melhor delas será o dia em que ele se tornar real pra mim e eu puder sentir o cheiro, ver a forma, e pronunciar o nome.
Eu acho que tudo o que eu vivi me ensinou muito, mas não aprendi o suficiente para me tornar um adulto. Eu perdi amores, ganhei outros, e ainda sinto falta. Pra mim, o abraço sincero é mais importante que o beijo apaixonado e, o andar de mão dada expressa mais o sentimento que a serenata. Qualquer um é capaz de pegar uma viola e fazer um papelão na janela da menina, eu quero ver é suportar as crises, as brigas, as neuras dela durante toda uma vida e ainda assim caminhar de mão dada. É nisso que eu acredito, nesse sentimento raro e eterno. Porque a gente tem que viver se controlando para não matar EXATAMENTE aquilo que ama.
Digamos que eu tenha aprendido e, hoje, pode ser que ele fique por mais tempo ao meu lado, sendo meu apoio e abrigo, mas se eu o perder cedo demais, como perdi tantas outras pessoas, eu fiz a minha parte. Dei o melhor de mim e não posso dizer que não valeu à pena. O melhor é saber que depois de cada momento, a gente sabe que sempre estaremos nos buscando, mesmo que um dia a gente se perca. Eu tentei várias vezes encontrar resposta pros motivos que não deixam a gente se afastar como me afastei de tantas pessoas, mas desisti. Você mesmo me disse que não sabe explicar. Tudo bem. Eu também não sei. A gente não sabe o que sente, e se sente, o porquê do sentir. Também não temos noção do tamanho do sentimento, seja ele qual for. E se um dia nos perdermos, se vai doer muito, ou não. E se algum dia os caminhos se cruzam de novo e o mundo dê voltas, ou não.
É seguro demais a maneira como afirmamos que temos as rédeas de tudo. Que tudo está sob controle e que nada vai sair do planejado. Eu sinceramente espero que nada saia do planejado, do afirmado, do conformado. E… O importante é que teremos coisas bonitas pra contar. Você está bem e eu me orgulho de te ver assim. E eu torço muito para que você fique bem para sempre, como você merece e sempre mereceu.
Um dia me perguntaram se eu confiava em quem amava. E eu disse que sim. E a pessoa me perguntou: A que ponto?
E eu respondi: Ao ponto de me jogar de um prédio de vinte andares na certeza de que ele me pegaria em seus braços lá embaixo.
No seu caso, o prédio podia ser de quarenta andares que eu continuaria confiando. 😉
Eu queria destruir tudo com requinte, com esses textos que estão perdidos nas gavetas. Queria usar tudo isso para quebrar imediatamente qualquer tipo de relação bonita que mal comece a acontecer. Eu sei que posso, a qualquer hora, destruir tudo. Fui treinada ouvindo palavras duras, que matam mais que arma de fogo. Mas, alguma coisa aqui dentro me impede. Princípios que me fazem ver tudo com mais clareza, exatidão e bondade. Princípios que dizem a verdade: um dia eu vou ter que viver uma história clichê, isso é inegável.
Os impulsos, os meus pensamentos rápidos e toda essa compulsão me fazem querer tomar decisões precipitadas, desistir de insistir sem fé nenhuma seja lá pra permitir ou impedir. Eu sempre fui empurrada por palavras, livros, impulsos… Sorte que os princípios e a minha personalidade (que não é nada fraca) sempre me barram e me perguntam:
“Está certo isso?”
Eu queria destruir tudo pra me proteger, voltar aos meus livros, aos meus textos, aos calos nas pontas dos dedos de tanto escrever. Queria destruir tudo para que eu não saísse ferida, machucada, como antes. Eu não queria te magoar, não queria apagar o que há de mais lindo no seu olhar.
Não queria fazer mal a você, não queria que você chorasse, que soltasse a minha mão. Sempre que eu tento me proteger e tentar não me ferir eu acabo ferindo a outra pessoa sem perceber; nessa minha atitude impulsiva e nervosa, que sempre me faz voltar atrás depois, nem que seja pra pedir perdão.
Sinceramente, continuar sem te ter ao meu lado não vai ser nada fácil.
Não queria cobrar nada de você, pedir nada. Não queria te ver assim. Mas a minha mania de ser sincera, de ser realista com tudo, mesmo que me cause dores piores que cólicas me fez te ver assim, hoje a noite.
Mas eu sei que você me conhece o suficiente pra saber exatamente o que eu queria dizer, o que eu estava pensando.
Eu não queria mas deixei você ir. Foi necessário pra você e pra mim.
Não acabou aqui. Ainda não.
Nada do que se constrói em tanto tempo pode acabar assim, ficam os resíduos e é isso que me dá esperança de que tudo volte a ser parecidamente como antes. Não precisa ser igual pois, só de te ter ao meu lado me entendendo, como sempre, já seria a melhor coisa pra mim.
Eu sei que eu podia escolher, que eu podia ter a coragem que você sempre teve. Olhando o mar, você disse em LIVRE ARBÍTRIO. Ok. Eu sei que eu tenho o livre arbítrio de andar pelo caminho que eu quero mas, agora, é como se, por trás do livre arbítrio, já existisse um destino fixo, algo que eu não consigo mudar. Sobrenatural. Uma coisa pré-determinada, que eu não posso violar.
Agora, por exemplo, se você me ligasse eu juro que diria TANTA coisa… Talvez eu conseguisse dizer tudo o que sinto, tudo o que acho e das coisas que eu queria me arrepender de ter dito e feito.
Não pensei que você me doesse tanto…
Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente.
EU ESTOU AQUI
Depois que a gente vive um bocadinho de vida, a gente percebe o quanto a gente gosta de complicar as coisas, do quanto tudo é muito mais amor do que parecia ser.
Agora, vendo o sol indo embora mais uma vez, aqui dentro de mim nasce aquela certeza de que todo fim de tarde vai voltar amanhã, que tudo pode ser muito melhor e muito mais bonito. Que todo aquele sonho que eu sonhei por tanto tempo e que desapareceu em minutos, transformou-se numa realidade muito mais encantadora e plena.
É estranho demais as voltas que o mundo dá.
Aqui da janela do apartamento, eu posso ver aquela montanha que tem forma de “gente”. Os olhos, o nariz, o resto do corpo. O sol batendo no prédio do fórum, a vida passando bem na frente dos meus olhos.
Eu estive pensando em tudo o que vivi, em tão pouco tempo tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou. Toda aquela responsabilidade de fazer as pessoas que eu amava sentirem-se bem desapareceu, foi como se um peso saísse dos meus ombros. Eu confesso que eu quis carregar tudo isso, que eu quis ser útil demais, quis demonstrar demais… Mas, como sempre, eu também preciso cuidar de mim e de quem sempre esteve tão perto e eu nunca dava atenção. Com a vida, a gente também aprende que não dá pra agradar todo mundo, pra ser porto seguro de todo mundo, pra ser melhor amigo de todo mundo. Existe um mundo inteiro precisando de um melhor amigo, seria injusto demais da minha parte…
Também, a gente aprende que, uma hora ou outra, alguém tem que sair do trem, alguém vai desembarcar, parar em alguma estação esperando outro trem pra poder seguir viagem… Isso é inevitável.
Eu preciso cuidar, preciso amar um pouco, me permitir viver além do que os livros permitem. Me permitir pensar um pouco mais em tudo, viver um pouco mais intenso, brincar um pouco mais pra risada ser mais longa. Sair de toda aquela prisão que me fazia ter a falsa impressão que eu tinha asas, que eu podia voar, sem saber que meus pés estavam presos a correntes.
Somente. Algum mal nisso?
Eu não tenho escrito com tanta freqüência (eu sei que não tem mais trema, mas o maldito Word teima em colocar), confesso que andei desanimada, sem vontade, pensativa demais e confusa o suficiente para não saber nem por onde começar a escrever.
Mas, desde que me decidi a pensar em mim e no que me faz bem, eu me inspirei novamente (pro desespero de todos).
Viva a vida, ao amor, a paz, e tudo que sempre me fez sorrir!
…
Prestei atenção no detalhe daquele ser humano. Nunca trocamos mais que três palavras, mas é incrível como eu posso ler em ser olhar a vontade imensa que ele tem de sair, de fugir de si mesmo.
Não adianta. Os olhos me dizem o que a alma sente. Não, não estou me achando uma MUTANTE, mas tenho coração para ver a alma pelos olhos de quem olha. E, aqueles olhos me diziam que aquela alma precisava chorar, precisava fugir, ir embora… Eu ajudei como eu pude. Confesso que não fiz o que qualquer pessoa faria, posso até ser sido dura demais, chata demais, mas fui sincera, falei exatamente como eu estava vendo. Foi bom te acolher nos meus braços, te emprestar o ombro pra você chorar um pouco e, mesmo depois de você tentar negar tudo o que eu dizia, acabou afirmando, em silêncio, que eu estava certa. Que aquele coração que pulsava perto de mim estava cansado de amar errado, estava cansado de procurar algo que preenchesse alguma coisa que nunca te pertenceu mas que sempre te fez falta. Eu sabia, desde que te encontrei atravessando a rua cabisbaixo, que você estava cansado demais de andar, viajar, e sempre sentir-se um estrangeiro. Estava cansado de procurar um porto pra atracar e passar um bom tempo ali, em segurança, sem as tempestades que a vida te coloca, apenas com o balanço do mar que traz um profundo sono pra esquecer todas as maldades que as ironias te causaram. Eu pude sentir o seu desespero em ter que demolir mais uma fantasia que construíram na sua cabeça, mais uma vez te enganaram.
Depois de tanta conversa, aquela coisa podre, úmida, aberta, que te machucava demais, ficou seca, jogada em algum canto aí dentro de você, à espera do vento forte pra levá-la pra bem longe, bem longe das suas lembranças.
Eu me senti bem ao saber que ainda resta dentro de você um pouco de esperança, e que depois de tanto te ouvir, sentir em cada palavra sua aquela paz que te faltava e que você a teve nessa tarde.
Eu já me senti assim, como te disse. Me senti impossibilitada de expressar o que eu queria, o que eu sentia, o que eu amava. Mas essa esperança estranha que te invadiu hoje à tarde, era a minha força e a única certeza que eu tinha de viver momento bem melhores.
Também andei assim, perdida. Já andei como você, olhando para os lados, para os prédios, e tentando encontrar entre toda essa civilização, algum espaço no céu para eu me sentir um pouco mais eu.
Mas, eu tenho certeza que você vai descobrir que pode me ligar às seis da manhã só pra gente correr ali na Beira-mar e ver o sol chegando, mais uma vez, praquela esperança nos visitar de novo e nos fazer sorrir.
Eu li esses dias que a ferida não se mede pelo tamanho da cicatriz, mas pela dor que causou. Aquele foi a minha maior ferida, a pior dor. Mas, passou. Isso é bom, não é?
Depois de toda essa sua filosofia clichê e errante, a gente descobriu juntos que o que você mais queria era ser feliz, somente! E, você vai ser.
A vida sempre nos reserva uma caixinha de felicidade em algum canto da estrada… Acredite!
Um dia desses, uma pessoa me disse que eu sempre falo besteiras, que vivi pouco demais pra falar tudo isso que digo saber. Fiquei em silêncio. Mexeu comigo, me fez pensar. Mas, eu pensei…
Sou a pessoa mais feliz desse mundo por saber tanto com tão pouca vivência. Pode ser que daqui a alguns anos tudo isso mude, eu passe a acreditar em outras coisas, passe a viver um pouco mais além… Mas, o que importa, é que mesmo você dizendo que falo besteiras, você se importou e se comoveu com todas as verdades que eu disse. E mesmo negando, isso te fez pensar, te fez querer mudar e, mais cedo ou mais tarde, vai te fazer viver mais dignamente. Acredite! Você não sabe dar nomes as tuas emoções, cresceu perto de quem te queria como todo mundo, mas esqueceu de crescer pra você mesmo, pro seu bem.
Você fica aí procurando alguma coisa que nunca esteve, não está nem nunca estará aí.
Eu estou aqui
DESISTA
Ahhh… Se o céu não existisse, minha felicidade não seria completa! O mundo não teria a mínima graça. A praia não seria tão legal, nem aquele jantarzinho à luz de velas seria tão romântico. O amor não seria tão intenso, nem a amizade seria tão essencial.
Como as coisas mudam…! Como o tempo passa…!
Há 12 anos atrás eu deitei na grama, o meu cachorro Poddle deitou ao meu lado e encostou a cabeça no meu ombro, e nós dois, ali, olhamos para o mesmo céu. A minha vontade de ver uma estrela-cadente era muita, não a vi. E o sonho ainda continua.
Nada mudou, mas o tempo passou.
Não tenho mais 5 anos, o cachorro morreu e a grama foi substituída por cimento e pedras. A terra não tem mais cheiro de alegria e as flores não vem mais na Primavera.
Eu não me equilibro mais nos joelhos do meu pai e a mãe não faz mais “aviãozinho” daquelas comidas nojentas que ela fazia.
A ordem das coisas está confusa e o mundo está atrapalhado.
Mas eu continuo sonhando… E olhando para o mesmo céu!
Na vida é assim… Uma hora tudo parece estar tão certo, tudo tão harmônico. A melodia parece estar perfeita. Você pensa que o sol não causa câncer e o mar não mata afogado. Você pensa que a lua te protege e, enquanto ela existir, você não vai sofrer por aquela coisa popularmente chamada de AMOR, e que as pessoas que você ama nunca vão te decepcionar.
Você acredita que todos tem um “lado” bom e que o bem sempre vence. Você acredita que sempre vai vencer porque você pode! Você luta até conseguir e pensa que nunca vai desistir…
Mas, os maus dias chegam.
Você percebe que as coisas não são certas e, muito menos, harmônicas.
Você descobre que enquanto a melodia era criada, um músico bêbado fez tudo errado, e então, a melodia ficou horrível e impossível de ser ouvida.
Você descobre que o sol mata e o mar também. Que a lua não te protege e que o amor machuca. Você descobre que amar é bom, e ruim.
Você descobre pessoas que querem o seu mau, mesmo sem ter feito nada à elas. E que o bem nem sempre vence.
Você aprende a ganhar. Aprende a perder. Aprende a desistir.
Sim! DESISTIR. Por que não?
É ruim demais pra você? Quem sabe a melhor coisa a se fazer é DESISTIR!?
Desistir de lutar por quem não se importa, desistir daquela faculdade, daquela amizade.
Desistir daquele sonho que, agora, você sabe que não vai te fazer feliz, desistir de manter os pés no chão e aprender a voar, ou quem sabe, o contrário.
Ah… Se as pessoas soubessem desistir; sofreriam menos.
Eu, por exemplo. Se eu tivesse desistido, não teria sofrido.
Se Hitler desistisse, se Bush desistisse, se Bin Laden desistisse… Se aqueles terroristas desistissem não haveria tanto choro, não haveria corações partidos, vidas destruídas.
Se você desistir, quem sabe, não seja mais feliz?
Desista e sonhe com aquilo que te faz bem…
Desista das coisas inúteis que só te afligem, desista dos amores certos – vai pros incertos!
Desista dos amigos que te fazem mal, existem tantos cachorrinhos que querem ser adotados!
Desista de manter seu cabelo sempre arrumadinho, desista de não sujar o pé na areia, desista da dieta! Você é lindo (a) assim como você é!!!
Desista do sorriso forçado, seja o que você é!
Desista do beijo mal dado, do abraço não-apertado, do falso elogio!
Desista da mentira, da fofoca!
Desista do medo, da dúvida… Se lance na vida!
Desista de ficar deitado em casa, sem fazer nada!
Desista da televisão e opte pelo livro, pela música…
Desista desse ser MENTIROSO que você mostra ser e viva o que está escondido dentro de você:
A FELICIDADE.
Eu queria te olhar só por alguns instantes. Sei que ainda consigo ler teu olhar, e desde a última vez que te vi não consegui ler neles que você não me queria mais. É tão difícil eu entender o porquê de alguma coisa aqui dentro de mim ainda insistir em nós. Eu me despi do meu orgulho para escrever tudo isso, claro, ninguém está me olhando. Mas eu sei que quando eu terminar esse texto, vestirei o orgulho e não quererei te ver nem de longe. Terei ojeriza de você, de tudo o que vivemos. Me adaptei a sua ausência dessa maneira. Foi assim que consegui viver todo esse tempo sem você, não me culpe.
Deixar que o orgulho seja um pouco maior que eu foi a única maneira que eu encontrei de me levantar, de sorrir enquanto eu desmorono por dentro, de alegrar os outros enquanto eu choro por dentro. Foi a única maneira de esconder totalmente o que eu ainda sinto. E, eu sei que se você ainda for o mesmo por quem eu me apaixonei, assim que você me ver, irá enxergar nos meus olhos o mesmo amor que eu zelava por você.
Eu sonhei em cuidar de você. Sonhava todas as noites em velar teu sono, em andar de mãos dadas com você por todos os lugares, em assistir o show dos nossos cantores preferidos, em fazer fogueira. Eu sonhei que te teria pra sempre.
Eu não costumo sonhar assim. Mas eu sonhei.
O fato é que desde que tudo me aconteceu nunca mais fui a mesma. Você levou uma parte minha, me deixou desfalcada. Não consegui mais amar ninguém, tentei, confesso. Mas foi em vão. Também não consegui ter uma amizade como era a nossa, cometi tantos erros, desperdicei tantas alegrias.
Porque não foi um pouco antes? Porque não apareceu quando tudo era mais simples, quando a minha vida era menos complexa, quando eu estava descobrindo tudo o que me fazia bem e não tinha um pingo de medo de viver tudo o que eu tinha para viver? Porque não veio mais cedo, não cruzou meu caminho numa daquelas longas viagens, porque não nos esbarramos numa dessas calçadas, num desses bares? Porque tudo agora, tão recente, sem termos a mínima chance de descobrirmos se a gente pode ser feliz, se a gente se completa como nosso abraço diz nos completar? Porque todo esse fingimento, essa farsa de um amor embutido numa amizade linda demais, companheira demais? No entanto, só nós sabemos o quanto nos precisamos, nos fazemos bem, somos felizes juntos.
Porque tudo agora? Tão tarde?
Tudo bem. Conformei-me, já.
É só um momento. Na verdade, é que agora estou aqui sozinha lembrando e com saudades. Todas as vezes que tenho esses momentos eu me revolto com o tempo, me revolto com as ironias do destino, e escrevo. Como se fosse um surto. É rápido. Logo passa. O que não passa mesmo é essa vontade de estar ao seu lado e todas as noites ouvir a sua respiração aqui no meu ouvido, sentir o seu cheiro; mesmo você estando longe, aí, também com saudades porque acabou de me confessar por uma mensagem.
Vai ser assim, pra sempre. Só não se esquece de me levar no pensamento, porque eu te levarei.
Sempre é assim. A saudade nunca chega quando estamos perto da família, do namorado, dos amigos. A saudade nunca chega na infância, naquela música antiga ou naquela época do primeiro amor.
A saudade é um sentimento inimigo dos enamorados, dos amigos, dos apaixonados, dos vividos… Ela chega quando aquele namoro terminou, quando a infância passou, quando aquela música não toca mais na rádio.
Saudade é aquele sentimento do momento não vivido, do beijo não dado, do abraço negado… Daquele perfume, daquelas briguinhas, daquelas gargalhadas.
Saudade é a palavra vazia, o silêncio calado, a dor consentida.
Saudade é um sentimento sentido sem querer, sem perceber já somos tomados por ele. Saudade mata as pessoas, fere a alma, machuca o coração;
Mas a saudade, além de nos causar e mostrar a dor da perda, ela nos mostra o quanto aquilo nos faz falta.
A saudade é confusa, complicada, dolorida. Certa e incerta. Cheia de caminhos contrários aos do amor. Ás vezes dói tanto que parece querer matar, mas ás vezes nos causa sensações tão boas que nos fazem chorar.
A saudade leva e traz esperanças, amores, intrigas e rancores. Nos mostra que devemos dar valor enquanto temos. Mostra-nos a vida de um ângulo diferente, oculto.
A saudade faz parte de um romance, de uma amizade…
Mas faz parte da vida.
Sem ela, a vida não teria a mínima graça.
Meu mundo se resume a ressaca. Ressaca de uma mistura contínua de gênios e personalidades que eu nem imaginei que pudesse conhecer. Eu também não sabia que, além de misturar bebidas, misturar pessoas e situações também dá ressaca; e meu mundo se resume a isso. A uma ressaca constante de tudo isso que aparenta ser a ilusão do que foi vivido, quando na verdade, nada se viveu e se tem toda uma vida a descobrir, ainda. Essa ressaca de palavras repetidas, de canções mal interpretadas, de paixões que eu já nem lembro, de perguntas sem respostas e de respostas soltas ao vento, de noites mal dormidas, ressaca de acordar arrependida. Ressaca do medo, da incerteza e do espinho que se aloja na garganta todas as vezes que evito o riso tentando ser politicamente correta. Ressaca dessa faixa amarela que sempre está entre eu e alguém que eu não conheço e não poderei conhecer por ela estar exatamente ali, no meio do caminho, dando alerta para a passagem proibida, me negando a minha própria descoberta, o meu passado que eu nem sei se lembro mais. Ressaca dessa minha impulsão absurda que me faz cometer as maiores loucuras e depois tomar um banho quente rindo de mim mesma por ser tão boba e tão serena. Ressaca dessa saudade que teima em se alojar aqui e permanecer o tempo que puder por saber que é mais forte por trazer lembranças de momentos que me fazem tanta faltam. Ressaca de me olhar no espelho e ver essa menina fujona, medrosa e cheia de alguma coisa que eu não sei o nome direito, mas que a faz anular dores profundas e viver momentos imbecis os quais a faz feliz como nenhum outro. Ressaca dessa menina estranha que aparece todo dia no espelho tentando dar um jeito no cabelo, escovando os dentes três vezes e reclamando de não ter roupa. Ressaca desse silêncio que fala alto, dessa mensagem que chega mesmo que o celular não toque, a caixa do correio esteja vazia. Ressaca dessa ponta de iceberg que só deixa amostra parte do que sou.
Você se encontra nos detalhes mais bobos da vida, nas situações mais bizarras e nos dias mais estressantes. Você fica feliz quando consegue uma vaga para estacionar na avenida mais movimentada da cidade, você salta de alegria depois de comprar ingressos para o seu show preferido. Você sabe como se fazer feliz, você entende que, para ter um relacionamento de sucesso, primeiro, é preciso a gente aprender a se amar.
Sozinho, você tem tempo para escrever, para ouvir as suas músicas preferidas, para comer o que quiser sem se preocupar em agradar alguém… Sozinho, você se descobre, é bom tomar uma garrafa d’água e sentir o seu corpo sendo lavado pode dentro. Ficar sozinho, ouvir a chuva no telhado, ver a janela molhada… É bom dançar sozinho, se aproveitar. Se cuidar.
Só depois de aprender a conviver consigo mesmo que o Universo trata de conspirar a favor e te trazer um amor, um amor SÓ seu! 😉
MEU JARDIM É VOCÊ
E com cuidado, pra não te acordar, eu levanto devagar, não calço os chinelos para não fazer barulho, vou descalça até a cozinha e, sem fazer o mínimo ruído, coloco a água no fogo. Vou até o armário e pego as melhores ervas pra fazer o chá que você gosta (mesmo eu sabendo que você ama café). Enquanto escolho as ervas, olho a janela, o barulho da chuva e o cheiro molhado me lembram você. Devagar, volto ao quarto e te observo dormindo, estirado na cama, abraçando o travesseiro, num sono tão profundo que sinto vontade de te deixar dormindo sempre, só pra eu te sentir bem perto, na certeza de que você nunca vai se perder de mim.
O vapor da água embaça a vidraça, preparo o chá, adoço do seu gosto (com bastante açúcar). O cheiro das ervas tomam conta do ambiente e meu coração dispara querendo logo ouvir você tomar o chá e me elogiar por sempre te tratar tão bem.
Acelero um poucos os passos pra te encontrar, olho direto na cama, mas, você já não está mais. Penso que deve estar brincando comigo, se escondendo pra me dar um susto, mas, logo ali, perto da porta, você se olha no espelho como quem está terminando de se arrumar para sair. Paro e fico te olhando, em meus olhos você sabe que pergunto o porquê de você não estar com o teu pijama, aquele que eu disse pra você vestir porque estava frio. Você passou a mão no rosto, me olhou e nem notou a caneca de chá em minhas mãos. No fundo eu sabia que você iria, mesmo assim tentei encontrar alguma ponta de esperança que dizia que você estava só me fazendo algum tipo de surpresa e que logo abriria um sorriso, pegaria a caneca de chá das minhas mãos e me agradeceria com um beijo.
Mas, não.
Você pegou as chaves, sua carteira, olhou em volta pra ver se não se esquecia de nada e, partiu. Sem olhar pra trás, fechou a porta e a chave girou, e a porta trancou. Fiquei ali, olhando pra porta, esperando você voltar no minuto seguinte, como eu fiz tantas vezes. Mas não, o portão também fechou e eu pude ouvir seus passos se afastando de mim, podia até mesmo ver as suas mãos no bolso, como quem nada quer.
Sentei na beira da cama, encostei-me ao travesseiro que ainda estava com teu cheiro, tomei o chá (mesmo detestando chá muito doce, mas aquilo me fazia te ter ainda perto). E fiquei ali, acho que o dia se passou e eu nem vi.
Mas, não sofri. Porque eu sabia que você voltaria, como vai voltar daqui uns quinze minutos. Pedindo um abraço com o olhar ou perguntando quando é que eu posso te emprestar meu colo pra você dormir, ou o meu abraço pra você não se sentir sozinho.
Eu reguei o jardim, e você sempre volta porque as flores que eu cultivo são as que mais te atraem. Plantei novas ervas, amanhã vou colhê-las. Quando fizer sol, vou colocá-las ao sol, deixar que sequem para que o chá fique mais saboroso pra você. E, quando voltar, não hesitarei em cuidar de você, em zelar pelo teu sono, em me dedicar novamente. Até que você venha com as malas feitas e fique.
Só assim poderei me dedicar pra sempre ao jardim, cultivar as mais lindas flores, porque o meu jardim é você.
A casa era verde musgo. Nunca vou esquecer. E tinha cheiro de dama-da-noite, com uma mistura de erva-doce – que era o sabonete que ele usava para lavar o rosto depois de fazer a barba. Tinha algumas flores no portão que atraía borboletas que me faziam sorrir todas as vezes que eu chegava do colégio. A varanda do segundo andar era gigante, e lá eu sonhava todas as noites. E foi lá que eu decidi que seria injusto demais fazê-lo me esperar tanto tempo. Eu fiquei olhando as estrelas ali, sentada, por noites. Ficando nos mesmos lugares que a gente ficava, quando era noite, olhando pro nada; com você fungando meu cabelo e me fazendo sentir protegida. Fiquei sentada na rede por dias e dias, até decidir te privar de toda a espera. Sabe quando uma pessoa cruza o teu caminho e se torna TÃO especial que você tem medo de fazê-la sofrer um dia ou que ela se arrependa de ter feito tanto por você?
Sabe quando você sente tanto a falta de alguém que prefere esquecê-la só pra não voltar correndo e dizer que sente saudade? Depois do curto reencontro, lembrei de tanta coisa. É como se eu abrisse uma caixinha aqui dentro e começasse tirar as melhores lembranças de um dos melhores anos da minha vida. Das guerras de almofadas, da água gelada, da vez que trouxe o mar até mim, de quando cantou a música do Roupa Nova porque tinha perdido uma rodada do jogo, da vez que ficou me olhando enquanto eu dormia, do beijo na testa, das brigas, crises de ciúme, do medo que eu tinha de andar de carro com você, da vez que freou o carro com força só pra que eu quase batesse o rosto no painel do carro e desfizesse o bico, da noite na praia, das vezes que levou a igreja, das noites ao telefone, das crises de ciúme. Do sabonete de erva-doce que fazia questão de ficar no meu travesseiro quando você ia embora. Saudade da barba que arranhava, do abraço que apertava, do beijo que estalava, dos dentes que só mostrava pra mim (raramente, mas mostrava). Saudade das crises de riso que me fazia ter. Saudade da primeira noite que foi me levar até o portão de casa. Saudade do churrasco que eu não comi, de cantar a noite com você na varanda, de desligar o telefone na sua cara, de contar os meus sonhos, de me surpreender com você. Saudade de te ter como amigo. Como abrigo.
Eu nunca pensei que todas essas lembranças pudessem voltar um dia e você pudesse ficar perto, de novo. Mesmo que amanhã se afaste. Mas hoje, te senti perto. E isso me fez bem depois de uma segunda-feira tão agitada. Me fez bem me lembrar de tudo, lembrar de você, do cheiro, da voz, e até do sotaque que eu odeio e seu jeito de me irritar que sempre fazia eu fugir de você e correr no minuto seguinte.
Pode ser que amanhã tudo volte ao normal, e a gente finja que esqueça de tudo, de novo, como estávamos fingindo. Mas nós saberemos, sempre, que um pertence ao outro, de certa forma. Mesmo que mais tarde não exista mais o amor que une, o respeito que serve como elo, o sorriso que encanta, o sotaque que odeio. Mas sempre vai existir alguma coisa que vai te trazer de volta, pra bem perto de mim. Pode ser uma música, um cheiro de erva-doce, um gosto amargo de chimarrão, uma barba que arranhe. Pode ser qualquer coisa, desde que leve o cheiro, o aperto, as borboletas que sempre estavam por perto enquanto a gente caminhava de mãos dadas, ria um do outro, brigava, se xingava.
O tempo passou feito louco quebrando as vidraças e a gente ficou, aqui, sem ter nem pra onde ir… (8)
Enfim, obrigada por voltar, por me respeitar, respeitar meus motivos e, ainda insistir; e por existir! Não é nem um terço de tudo que eu tinha pra falar e explicar e tentar te fazer entender… Foi só o que eu senti depois, quando cheguei em casa, e tentei dormir; não consegui =S
Noite sem lua. Um cheiro distante de jasmim, as rosas que comprei hoje num vaso aqui ao meu lado. Sabe quando tudo te lembra os tempos em que você era feliz e não sabia?
Agora, eu queria estar muito longe. Numa casinha isolada, no meio da mata, perto da praia. Eu estaria na varanda, deitada na rede, ouvindo o barulho das ondas e o chiado da cigarra. O vento frio bagunçando meus cabelos, e o cheiro de terra perfumando toda a casa.
Sabe quando todas as coisas te encaminham pra uma época aparentemente distante, mas que ainda sobrevive dentro de você? É como se nada daquilo tivesse passado e, hoje, daqui a pouco, eu estaria naquele mesmo lugar, com as mesmas pessoas, sorrindo e dizendo estar feliz por tudo aquilo ser suficiente pra minha felicidade.
Aí, bate aquela saudade e aquela tristeza.
Saudade da ilusão que me causou uma das maiores tristezas.
Ninguém pode dizer que viver uma ilusão é ruim… Se não, ninguém iria se iludir. É muito bom achar que aquilo é pra sempre, é muito bom saber que todas aquelas dezenas de amigos dizem te amar e estar sempre ao seu lado, é muito bom ouvir daquela pessoa que você dedica todo o seu amor que ela nunca vai te deixar. É muito bom.
Triste mesmo é saber que tudo aquilo era uma grande mentira. Que, na verdade, tudo era uma ilusão e você sempre esteve sozinho.
Isso é o mais difícil.
Quem sabe assim eu crie vergonha na cara e vou ler um livro ao invés de me encantar com o primeiro idiota que me oferecer um suco de melancia.
Não sei as horas.
Fico perdida nas minhas lembranças do meu inconsciente, sem saber quando e onde posso acordar para a realidade do meu mundo.
Das rotinas, das pessoas, dos amigos… Da família.
Minha vida, desde que tenho evoluído e, o presente me apresenta algo que o futuro traz, me sinto como se tivesse parado no tempo onde o passado me cerca de lembranças e oportunidades inesquecíveis.
Os meses não dão conta de segurar os dias que, na velocidade da luz, passam levando toda a sua existência no envelhecimento dos corpos.
Algo diferente a se desenvolver. Cada parte, cada canto do seu corpo se modifica, e a alma se mantém como uma luz acesa, com nenhuma pretensão de se apagar.
Nessa velocidade desesperada que o tempo atingiu, nem as estações podem suportar tanto sofrimento.
Saio de casa com o raiar do dia, com o tocar da brisa que o vento traz. E, no decorrer, à tarde retorno aos sons de relâmpagos e trovões, como se houvesse fúria em seus refúgios.
Sinto-me só.
Sinto-me sem proteção e, por mais que eu saiba que Deus ao meu lado se encontra, me sinto sozinha.
A carência de uma companhia, não se sabe ao certo se divina. Sei que não.
Quem sabe amiga. Pode ser. Hoje em dia são tão poucos em minha volta.
De amor.
A distância destrói o que ainda resta da vontade de sua presença, mas o tempo e o coração me mantêm forte para suportar essa dor que corrói.
Busco a felicidade a importância de minha vida. Na simples beleza de uma flor colorida onde toca os lábios de uma linda borboleta ou, quem sabe, um beija-flor.
Fico muito preenchida e contente quando percebo que tenho uma vida magnífica e me encontro lentamente ao saber que essa simples cidade pode ser vista pelos meus olhos onde, neste momento, transbordam de lágrimas de alegria contida no encanto do barulho contínuo das gotas d’água caindo no chão e rolando pelo vidro da janela, ou no encanto do bater de asas da borboleta.
Olho para o meu interior e sinto os meus pés, concentro em minhas mãos onde se purifica o fruto do meu trabalho, cada magnitude posso transmitir através delas.
Dessa forma me sinto viva. Pronto para encarar mais desafios. Encontro a importância de ser feliz e, mais que isso, a importância de viver, além disso, a importância de minha existência.
Assim, encontro a principal resposta:
Hoje é meu dia!
“[…], jamais houve na humanidade um tempo em que predominou tanta vaidade.”
Além da minha certeza de que o mal do ser humano seja não pensar, também percebi que o ser humano anda vaidoso demais. O orgulho virou moda. Mania que as pessoas tem de achar que o perdão é inútil, que não vale à pena, e que se formos algum dia magoados não devemos, em hipótese alguma, perdoar. Eu também aprendi a exalar o mesmo perfume que a violeta deixa no sapato que a pisa.
E toda essa vaidade e orgulho por que de uns tempos pra cá passamos a viver a mercê de pessoas que se dizem soberanas e que querem nos manipular por seus belos discursos e filosofias totalmente fora dos princípios básicos mas, por status, acaba ganhando a confiança de um bocado de gente. É só prestar atenção em circunstâncias diárias na nossa vida. Vê-se pelas meninas nos colégios: se a menina da Malhação começa a usar um lenço amarrado no calcanhar, na semana seguinte, todas as meninas do colégio também estarão usando.
Nada contra a essas modinhas, eu mesma já cai em muitas delas. Mas, já presenciei meninas que sempre acharam o tênis All Star feio e depois que viu na Malhação passou a usar.
Nada contra a Malhação, também.
INFLUÊNCIAS.
Assim acontece na escola, na rua, no clube, na academia, na roda de amigos. Ninguém se valoriza como é, segue seus princípios, é teimoso em assumir a verdade que traz consigo, que aprendeu com quem sempre esteve ao seu lado ensinando tudo sobre a vida.
Não… Ficou mais fácil aprender com os amigos, ficou mais fácil aprender na rua, ou, sozinho. Ficou mais fácil viver sem opinião, é mais divertido se matar aos poucos, se acabar aos poucos. É muito mais fácil ser manipulado, não perder tempo pensando, receber ordens e nunca quebrar as regras.
“Não ouça, não pense, não fale, não cante, não sinta… Apenas finja, obedeça, siga o que eu digo.”
Todo mundo aprendeu a mentir o que realmente é, ou melhor, a OMITIR. Fica mais fácil esconder os traumas e negar a cura, esconder o amor e negar um bom momento, fingir amar e pensar estar seguro.
Lutar pelo amor verdadeiro exige inteligência, esforço e muito amor, muita dedicação. É mais fácil comer chocolate em frente à TV que perder horas se dedicando aquilo que você realmente se importa.
Mentir o que sente, o que ouve, o que vê, o que quer falar.
Mentir é mais fácil, mais cômodo. Quando se fala a verdade, aquilo passa a ser eterno e, mais tarde, pode ser cobrado da gente. Temos prazer em mentir, prazer em enganar, prazer em inventar uma história. Nos sentimos criativos, maiores que qualquer outra pessoa. Mas, também mentimos por medo de dizer a verdade. Quando aqueles olhos encontram os nossos, não conseguimos encarar, a única escapatória é baixar os olhos e mentir. Mentir parece afugentar o nosso eu verdadeiro, a felicidade que teima em vir depois de um sofrimento, de uma luta travada entre a razão, coração, e mais uma centena de sentimentos.
“Finja que acredita que os sentimentos são lâminas cegas esterilizadas que cortam sua pele superficialmente sem jamais atingir sua alma.”
Finja que o amor não é essencial pra você, que você está bem assim.
Contente-se em mentir todos os dias para o espelho que você é feliz, que o “ontem” da sua vida já está resolvido, que os seus traumas estão curados, ou melhor, nunca existiram. Minta todos os dias pra você mesmo que você não dormiu com vontade, que não acordou arrependido, que não quis sair correndo e pular nos braços dele. Minta, dói menos.
Dói menos até você descobrir que dói.
Vendo uma reportagem sobre anorexia, a moça disse:
“A pior parte da doença é quando a gente descobre que a tem, parece doer mais… Mas, só assim podemos nos curar de verdade.”
Você só vai ser feliz quando descobrir que você é um mentiroso, um fraco, que sempre se negou a se mostrar como você é, esse alguém guardado numa gaveta aí em algum canto, escondido debaixo de alguns papéis e fotografias.
Quando descobrir, vai doer demais olhar pra dentro de si e ver o quanto toda essa mentira te destruiu, quanto afastou as pessoas que sempre te amaram e que você sempre amou, mesmo mentindo as odiar. Vai doer olhar pra trás e ver como o tempo passou rápido enquanto você se enclausurava dentro de si mesmo, à espera de alguma coisa que nunca apareceu, porque essa coisa também era uma mentira.
Você vai exigir da sua alma um pouco mais de sinceridade, vai tentar correr atrás pra descobrir se é tarde demais e, se for, vai esperar que a esperança de novas chances nasça dentro de você. E, na pior das hipóteses, ir pra um ranchinho, perto de uma cachoeira, passar o resto dos dias vivendo a verdade da vida, conhecendo-se.
Até você ter coragem de se olhar no espelho novamente e dizer:
“Agora eu sou feliz.”
É nessas horas que você precisa de alguém que te ouça calado, que tente te entender e que não use nada do que você disser contra você mais tarde. É agora que eu queria sair, caminhar sem rumo como eu fazia quando me sentia livre, torcer para que chova e sentar num banco qualquer só pra sentir a chuva mais perto, mais em mim. Agora eu quero sorrir um pouco, relaxar os ombros, e chorar, se for preciso. Eu quero ouvir o mar, ver a lua e acreditar que agora eu finalmente estou bem.
Sabe quando você já estava acostumada com a solidão? Quando ter alguém por você é incrivelmente estranho? Quando você custa a acreditar que a felicidade te escolheu e custa mais ainda quando ela diz que dessa vez é pra sempre?
E aí você sente essa vontade louca de sair, de respirar um ar um pouco mais puro, de parar e ouvir o mar – ele parece dizer as coisas mais sensatas – , de ver a minha vida como está agora.
Eu amo ouvir aquela música do Lulu que diz:
“Não existiria som senão houvesse o silêncio, não haveria luz senão fosse a escuridão, a vida é mesmo assim… Dia e noite, não e sim. Cada voz que canta o amor não diz tudo o que quer dizer, tudo o que cala fala mais alto ao coração, silenciosamente, eu te falo com paixão: eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz; nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som. Tem certas coisas que eu não sei dizer.”
Já percebeu como somos inspirados pela dor? Mas… A felicidade nos ocupa e nem sempre se tem tempo para colocar no papel tudo o que se passa aqui dentro. Quando a felicidade do amor chega, ela traz o silêncio, e a luz, e as cores… E isso não pode ser escrito.
Por isso tantos textos sem coerência, só quem escreve entende e sabe. Só quem ama entende e sabe. Mesmo que não seja o amor que todo mundo pinta.
Ele chegou pra mim tão calado, tão imperceptível.
Depois de tantas alegrias, tristezas, decepções e surpresas, comecei a prestar mais atenção nos meus pedaços, partes marcadas por cada um que passou na minha vida. Sou viciada em olhar aquela caixinha rosa cheia de fotos, recentes e muito antigas, umas quando eu ainda nem era nascida. Gosto de lembrar daqueles momentos, o porquê daquela risada, a idade que eu completava aquele dia, o motivo daquele passeio, a formatura, a passagem de ano. Aquelas que eram tão especiais pra mim, que se perderam entre minhas memórias. Aquelas que eu roubei do quadro da sala de estar dele, da carteira dele.
Comecei a lembrar dos choros sem razão, das pessoas que ainda estão em meu coração por alguma razão, por algum detalhe. Lembrei dos muitos atos por impulsão, das tantas vezes que fugi e voltei no minuto seguinte. Senti saudades dos muitos lugares que conheci e não pude, não tive tempo; saudades também dos momentos que vivi e das coisas que esqueci. Lembrei das noites mal dormidas, das horas sagradas de sono que perdi sonhando acordada, escrevendo, tocando teclado… Ri de mim mesmo quando me lembrei das vezes que desisti sem ao menos ter tentado, e das vezes que eu tentei e quebrei a cara. Chorei das vezes que tentei, insisti e consegui o que eu queria. Vendo as fotos, aquelas pessoas perdidas lá atrás, senti pelas amizades que não cultivei, por aqueles que eu julguei, pelas coisas que eu falei. Lembrei das pessoas que conheci, dos amigos que deixei, das lembranças que esqueci. Lembrei dos momentos engraçados de distração, da minha mania de derrubar tudo, de só conseguir me equilibrar no salto depois de tropeçar, das vezes que comia chocolate até passar mal.
O quarto apagado, a chuva caindo lá fora e o vento cantando na janela. O edredom me aquece, o que clareia meu quarto é a luz do poste lá fora e o notebook. Não quero ouvir música. Meu dia não foi dos melhores. Parte boa? Eu andei uma hora sem rumo e mesmo assim não encontrei meu lugar, isso é bom? Pensei em ligar pra várias pessoas, pensei em correr pro colo de alguém, pensei em sentar num canto da cidade e ver o dia indo embora, ali, quieta. Queria o colo que ninguém podia me dar, mas, tudo bem. Vaguei um bom tempo, comprei suspiros, mal olhei nos olhos de quem cruzava na rua comigo, e vim pra casa.
Agora, eis-me aqui, com alguma coisa presa na garganta que, há tempos, não quer sair. Sempre tive uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo e ouvindo música. Poucos os que me conhecem tão bem para notar quando eu choro pelo telefone, para saber que por trás de uma risada existe é uma vontade imensa de deitar num ombro e pensar em nada. E, quando a gente vive pra dentro, certos dias a alma pede um pouco mais de espaço, aí, eu fico assim.
Na verdade, eu queria mesmo era caminhar na beira do mar, ver a lua se esconder nas nuvens, deixar a chuva molhar meu rosto e deixar que meus olhos se perdessem no horizonte. Queria esquecer da hora, esquecer dos compromissos e responsabilidades, viver como na época que eu achava que era adulta mas vivia como criança, dando uma aula de técnica vocal ali, outra aqui, mas vivendo a vida do meu jeito, sem ter que prestar contas, cumprir horários… Eu saía e caminhava na areia, na companhia de quem eu queria, falando sobre tudo. Queria a tranqüilidade de deitar no chão da varanda e ver o céu passar devagar, ter ainda aquele fio de esperança que eu veria uma estrela cadente; sonhar acordada.
Lembro dos dias que eu passava a tarde escrevendo com cuidado e decorando cada linha importante que eu escrevia no meu diário, hoje, solto uma frase aqui, outra ali… Mas não escrevo como antes.
A criança teve que virar adulto e, sinceramente, tô querendo pedir as contas.
Eu tinha tanto amor guardado aqui dentro de mim, hoje, restou uma coisa seca, sem graça. Não sei se era amor, até porque, eu nunca tive preparo algum para dar nomes às emoções, nem mesmo para entendê-las. Mas, confesso que, essa coisa seca que restou dentro de mim foi a coisa mais verdadeira que eu pude conhecer, e é a minha essência.
Eu tenho andado pensativa. A gente nunca prevê aquilo que pode acontecer, a gente nunca sabe em que estação o trem vai parar, se alguém vai ficar por ali e quem vai embarcar. Nos últimos tempos, as pessoas desembarcaram sem se despedir, foram saindo, o trem esvaziando e, o meu vagão ficou sozinho. Eu e mais uns poucos que precisam continuar a busca de algum vazio que preenche. Todos foram saindo, deixando gravado em mim cada detalhe da viagem… Foram, sem se despedir. E eu conheço bem esse tipo de partida, não há volta.
E, eu fiquei. Fiquei e seguro nas mãos dos que ficaram comigo, de alguns que embarcaram e de outros que estão avisando que precisam ir embora e seguir viagem em outro trem. Meu coração vai ficando espremido, como se nem existisse mais aqui dentro de mim. Vez ou outra eu sinto o seu pulsar, é a esperança de dias bem melhores, de sorrisos verdadeiros, de lágrimas de felicidade, de abraços sinceros e apertados.
Confesso que, como qualquer humano, eu penso em desistir, em deixar que o vento leve tudo, mesmo sabendo que o vento nunca trás nada de volta exatamente como era antes. Mas, não se preocupe, eu não vou desistir. Tem coisa mais autodestrutiva que insistir sem fé nenhuma? Mas, eu continuo insistindo naquele vazio que preenche, no amor sem explicação, naquele tipo de drama que foge dos clichês.
O plano não era ficarmos bem? Entonces..!
Eu sempre fico bem… Sempre.
Lendo aqui, sozinha, vi um trecho de um texto que dizia que seria muito bom que as pessoas não tivessem emoções e se relacionassem sem esperar nada um do outro. E, eu pensei “Que tipo de relação é essa?” Exatamente por esperarmos algo do outro que somos chamados de seres RACIONAIS. Esperamos e sei que nem sempre somos correspondidos, mas esperamos e, todo mundo, em algum momento, é surpreendido e recebe mais do que aquilo que esperava.
Como já dizia Caio Fernando Abreu:
“Quando você não tem amor, você ainda tem as estradas.”
Aqui dentro, o que não quer sair e nem descer, como se fosse um espinho preso na garganta. Na verdade é uma pressa, uma urgência, uma compulsão horrível de querer quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir tudo, antes que cresça e tome uma proporção tão grande que não caiba dentro de mim e, aí, eu sei que estarei perdida, que tudo sairá do meu controle, que eu não conseguirei domar meus sentimentos e irei destruir toda a confiança e cumplicidade que nossas conversas, nossos olhares e o nosso amor parcial construíram tão lentamente dentro da gente. Uma vontade de sair correndo, de negar que no fundo eu sei que as histórias que eu considero clichês são as melhores para serem vividas, vontade de tirar com a mão tudo o que possa me fazer sofrer.
Aqui dentro, aquele medo daquele vazio que preenche e transborda, daquele sentimento confuso e certo demais, daquela coragem repentina que nos faz tomar decisões que jamais pensávamos tomar. Medo do fantasma do passado. Aqui dentro, uma vontade de me enfiar em livros e escrever vários outros livros, ocupar a cabeça com tudo o que não me faça pensar que eu sou um ser humano como qualquer outro e tenho um coração capaz de amar também, assim como qualquer outro. Vontade de enterrar as probabilidades de me apaixonar.
Nesses dias a minha alma tem pedido um pouco mais de espaço, um pouco mais de ar. Eu quero mesmo é saber onde você está. Ou você acha que eu ainda consigo ser feliz longe de você? O nosso dia ta chegando, e faz quase um ano que a gente não se fala. Ultimamente, tenho me considerado uma atriz nata em conseguir esconder a falta que me faz você.
É ainda dolorido te ter tão longe, procurar você nos olhos dos seus amigos, contar a nossa história como se fosse uma ferida que não dói mais. Dói sim. Todos os dias pela manhã, eu acordo primeiro que todos, para ninguém me ver lavando a ferida, cuidando dela, colocando remédio, fazendo curativo e depois, escondendo-a na base e no pó compacto. Depois, ainda, lavo o rosto com água gelado, foco meus pensamentos numa realidade futuro, leio até ficar inconsciente, isso tudo é pra tentar esquecer de você.
Eu nem sei como consigo dizer que não te amo mais, se meus olhos não mentem. Nunca mentiram. Não posso ter sido a única a sofrer desse jeito, ainda desejo apertar a sua mão e dizer que conheço dessa dor. Que não é fácil, mas que eu posso te ajudar. Oras! O que estou dizendo? Não te quero mais! Não quero te desejo mais! Não te amo! Não!
TRECHO DE: AS MARGARIDAS DO QUINTAL DO MEU AVÔ
Você nunca entendeu o porquê eu tacava a bola com força em você, então. Não era pra te castigar, mas para te mostrar que você é tão frágil quando uma margarida. E que dependendo da força que você tacava a bola, deixava marcas, eternas. Mesmo que a eternidade da margarida durasse um dia.
Pela primeira vez a menina se sentiu livre. Livre de todo sentimento que a manteve presa durante muito tempo. Pela primeira vez a menina conseguiu respirar fundo e, sem vergonha nenhuma, chorar sem medo do que os outros podiam pensar.
Ela saiu de lá, nem sentia os passos. Mas saiu feliz.
Durante todo aquele tempo ela pensava que jamais a vida lhe daria outra oportunidade, que seria daquele jeito e que ela amou tudo o que podia amar, e já não restava mais nada.
E, naquela hora, ela descobriu que estava redondamente enganada. E foi esse o motivo de toda a sua alegria. De todas as lágrimas, e de todas as canções cantaroladas durante o caminho de volta pra casa.
O calor já nem importava tanto assim, o que importava realmente era o sentimento que ela tinha acabado de descobrir que sentia. Sim, de descobrir, porque ela já o sentia há tempo, mas não sabia.
Ela precisava ver, ouvir e não sentir, pra ter certeza.
A menina agora não estava mais presa, a lagarta finalmente virou borboleta e saiu de todo aquele drama que a acompanhava e atormentava suas noites enquanto ela tentava admirar a lua.
Agora ela está bem, e sem se preocupar se esse sentimento todo é pra sempre. Ela só quer viver o hoje e, se amanhã não existir mais nada, ela será grata. Será grata a esse amor que chegou e que a libertou sem que ela percebesse. Que fez do som dos seus passos música, e a menina não notou a presença do amor, que foi sutil demais, sem querer assustá-la e a prendeu no abismo dos olhos castanhos, já que ela querendo se salvar do amor, se prendeu a uma pétala, dentro do abismo, e aí já não havia volta. E foi a melhor viagem que ela poderia ter feito…
A menina quer ser a tua paz, quer que você volte logo. Ela quer te precisar, sem exigências. A menina não quer te fazer mal. Não quer pedir mais do que você tem, assim como não vai dar mais do que dispõe, por limitação humana. Mas o que a menina tem, é seu. E, se bem cuidado, é seu pra sempre. Pra sempre.