Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis.
Nunca se deve deixar que aconteça uma desordem para evitar uma guerra, pois ela é inevitável, mas, sendo protelada, resulta em tua desvantagem.
Os que vencem, não importa como vençam, nunca conquistam a vergonha.
Uma mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança.
Quem seja a causa de alguém se tornar poderoso, desgraça-se a si próprio: pois esse poder é produzido por si quer através de engenho quer de força; e ambos são suspeitos para aquele que subiu à posição de poder.
Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos.
Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu.
Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é.
Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.
As injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, saboreando-as menos, ofendam menos: e os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, a fim de que sejam mais bem saboreados.
Quanto mais próximo o homem estiver de um desejo, mais o deseja; e se não consegue realizá-lo, maior dor sente.
Quem se torna senhor de uma cidade habituada a viver em liberdade e não a destrói, espera para ser destruído por ela.
O desejo de conquistar é realmente muito natural e comum; e, sempre que os homens conseguem satisfazê-lo, são louvados, nunca censurados; mas, quando não conseguem e querem satisfazê-lo de qualquer modo, é que estão em erro, e são merecedores de censura.
Todos os profetas armados venceram, e os desarmados foram destruídos.
São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar.
Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição.
Quando um homem é bom amigo, também tem amigos bons.
Tornamo-nos odiados tanto fazendo o bem como fazendo o mal.
E se poderia num longo discurso para mostrar como são melhores os frutos da pobreza que os da riqueza e como uma tem trazido honra às cidades, às províncias e aos partidos, enquanto a outra os tem arruinado, se este assunto já não tivesse sido tratado muitas vezes por outras pessoas.
Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio.
Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.
Dizem a verdade aqueles que afirmam que as más companhias conduzem os homens à forca.
Os homens devem ser adulados ou destruídos, pois podem vingar-se das ofensas leves, não das graves; de modo que a ofensa que se faz ao homem deve ser de tal ordem que não se tema a vingança.
Nunca foi sensata a decisão de causar desespero nos homens, pois quem não espera o bem não teme o mal.
Toda a ação é designada em termos do fim que procura atingir.
O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta.
Precisando, portanto, um príncipe, de saber utilizar bem o animal, deve tomar como exemplo a raposa e o leão: pois o leão não é capaz de se defender das armadilhas, assim como a raposa não sabe defender-se dos lobos.
Julgo poder ser verdadeiro o fato de a sorte ser árbitro de metade das nossas ações, mas que, mesmo assim, ela permite-nos governar a outra metade ou parte dela.
Para bem conhecer o caráter do povo, é preciso ser príncipe, e para bem conhecer o do príncipe, é preciso pertencer ao povo.
Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles.
Não é a intenção que valida um ato, mas seu resultado.
A mediocridade e o anonimato são a melhor escolha.
O fim justifica os meios.
Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.
Homens ofendem por medo ou por ódio.
Não se pode chamar de valor assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar à palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória.
Pelo que se nota que os homens ou são aliciados ou aniquilados
Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, fazer-se amar e a temer pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque.
Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso”
Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons.
Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!
“Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso””
Um povo corrompido que atinge a liberdade tem maior dificuldade em mantê-la.
A primeira imprensão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam.
Creio que seriam desejáveis ambas as coisas, mas, como é difícil reuni-las, é mais seguro ser temido do que amado.
Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, é fazê-lo de uma vez só.
Há uma dúvida se é melhor sermos amados do que temidos, ou vice-versa. Deve-se responder que gostaríamos de ter ambas as coisas, sendo amados e temidos; mas, como é difícil juntar as duas coisas, se tivermos que renunciar a uma delas, é muito mais seguro sermos temidos do que amados… pois dos homens, em geral, podemos dizer o seguinte: eles são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos; eles furtam-se aos perigos e são ávidos de lucrar. Enquanto você fizer o bem para eles, são todos teus, oferecem-te seu próprio sangue, suas posses, suas vidas, seus filhos. Isso tudo até em momentos que você não tem necessidade. Mas, quando você precisar, eles viram-lhe as costas.
Deve o conquistador exercer todas aquelas ofensas que se lhe tornem necessárias, fazendo-as a um tempo só para não precisar renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos homens e conquistá-los com benefícios.(…)Portanto, as ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam melhor apreciados. (O Príncipe)
Não há outro meio de guardar-se da adulação, a não ser fazendo com que os homens entendam que não te ofendem dizendo a verdade; mas quando todos podem dizer te a verdade, passam a faltar-te com a reverencia. (O Príncipe)
O tempo lança à frente todas as coisas e pode transformar o bem em mal e o mal em bem.
Nunca se deve deixar prosseguir uma crise para escapar a uma guerra, mesmo porque dela não se foge mas apenas se adia para desvantagem própria. (O Príncipe)
Todos veem o que tu aparentas, poucos sentem aquilo que tu és, e esses poucos não se atrevem a contrariar a opinião dos muitos.
Quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição.
Os homens em geral formam suas opiniões guiando-se antes pela vista do que pelo tato, pois todos sabem ver mas poucos sentir. Cada qual vê o que parecemos ser, poucos sentem o que realmente somos.
Há duas maneiras de combater: uma, segundo as leis; a outra, pela força. A primeira forma é própria dos homens, a segunda, dos animais. Mas, como a primeira frequentemente não basta, é preciso recorrer à segunda. Não há lei nem Constituição que possa pôr um freio à corrupção universal.
Uma mudança sempre deixa o caminho aberto para outras.
Tudo se degenera, se sucede e se repete fatalmente.
Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos.
Se seu melhor cavalo quebrar a perna abandone-o. Se seu melhor amigo o trair, esqueça.
Nada pode saciar os apetites humanos, pois a natureza nos deu a faculdade de tudo desejar, mas não nos deixa senão provar poucas coisas, disto resultando um descontentamento permanente, e um desgosto pelo que possuímos, o que nos faz culpar o presente, louvar o passado e desejar o futuro, ainda que sem razão.
Porque a todos é concedido ver, mas a poucos é dado perceber. Todos veem o que tu aparentas ser, poucos percebem aquilo que tu és.
Não há nada mais certo que nossos próprios erros. Vale mais fazer e arrepender, que não fazer e arrepender.
É melhor ser temido do que amado.
(Livro: Príncipe)
Você não terá piedade diante de seus inimigos. E ao se voltarem contra você, calar-se-ão diante de sua grandeza de alma.
A prudência persiste em saber reconhecer a natureza dos inconvenientes, aceitando como bom o menos mal.
Os homens são tão simples que quem quer enganar sempre encontra alguém que se deixa enganar.
Empreendedores são aqueles que entendem que há uma pequena diferença entre obstáculos e oportunidades e são capazes de transformar ambos em vantagem.
Não se evita uma guerra, ela é apenas adiada para sua própria desvantagem.
Aos amigos os favores, aos inimigos a lei.
Todos os Estados bem governados e todos os príncipes inteligentes tiveram cuidado de não reduzir a nobreza ao desespero, nem o povo ao descontentamento.
Mesmo as leis bem ordenadas são impotentes diante dos costumes.
Desde que o amor e o medo dificilmente podem coexistir, se escolhêssemos, é mais seguro ser temido do que amado.
“Todos podem ver, mas poucos são os que sabem sentir… Todos vêem o que tu pareces, mas poucos o que realmente és”
Antes de tudo, esteja armado
Dê o poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é.
A política tem pelo menos duas caras. A que se expõe aos olhos do público e a que transita nos bastidores do poder.
Não há nada mais difícil ou perigoso do que tomar a frente na introdução de uma mudança.
Alguns pensam que eu deveria ensinar aos homens o caminho do céu. Mas eu preferiria ensinar-lhe o caminho para o inferno, assim eles saberiam como desviar-se dele.
A sorte, para dominá-la, é necessário bater nela e contrariá-la.
E, durante quatro horas, não sinto tédio nenhum, esqueço-me de toda a ansiedade, não temo a pobreza, nem a morte me assusta: transfiro para eles todo o meu ser.
E ao se voltarem contra você, calar-se-ão diante de sua grandeza de alma.
Não se pode definir como virtude a matança dos próprios concidadãos, a traição aos amigos e a demonstração de falta de lealdade, de piedade, de consciência e de ideal moral: essas práticas podem conquistar poder ao príncipe, nunca a glória.
Os homens costumam julgam mais pelos olhos do que pelas mãos, uma vez que todos podem enxergar, mas poucos sabem sentir.
Justa, na verdade, é a guerra quando necessária, e piedosas as armas quando apenas nelas se encontra a esperança.
Deve-se compreender que um príncipe, e em particular um príncipe novo, não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons, uma vez que, frequentemente, é obrigado, para manter o Estado, a agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade, contra a religião.
Os Estados que surgem rapidamente, como todas as demais coisas da natureza que nascem e crescem depressa, não podem ter raízes e estruturação perfeitas, de forma que a primeira adversidade os extingue.
É melhor ser temido do que amado.
Em política, os aliados de hoje são os inimigos de amanhã.
Você é aquele que tem de eleger seus inimigos.
(O príncipe)
“Os povos que perdem a liberdade pela força, pela força haverão de reconquista-la. Mas os que perdem a liberdade por descuido, estes demorarão muito a voltar a ser livres.”
Cada um vê o que pareces, poucos sentem o que és.
Não desejaria jamais cair por acreditar encontrar quem me levante.
Para punir use terceiros e para elogiar apareça
Divisão interna só beneficia o inimigo
Mais importante do que ser é parecer ser.
Os preconceitos têm raízes mais profundas que os princípios.
“Os homens mudam de senhor com prazer, pois acreditam que melhorarão; tal crença os farão tomar as armas contra o antigo, cometendo um erro, pois veem, depois, com a experiência, que pioraram.”
(O Príncipe)
Foi necessário, para que se conhecesse a virtude de Moisés, que o povo de Israel estivesse escravizado no Egito; para que se conhecesse a grandeza de Ciro, que os Persas estivessem oprimidos pelos Medas; e para se conhecer o valor de Teseu, que os atenienses estivessem dispersos – assim, presentemente, querendo-se conhecer o valor de um príncipe italiano, seria necessário que a Itália chegasse ao ponto em que se encontra agora. Que estivesse mais escravizada do que os Hebreus, mais oprimida do que os Persas, mais desunida que os atenienses, sem chefe, sem ordem, batida, espoliada, lacerada, invadida, e que houvesse, enfim, suportado toda sorte de calamidades.
Vê-se que a Itália roga a Deus envie alguém que a redima dessas crueldades e insolências dos estrangeiros. Vê-se, ainda, que se acha pronta e disposta a seguir uma bandeira, uma vez que haja quem a levante.
Niccolò Machiavelli in O Principe
Veem-se aqui extraordinárias ações de Deus, como ainda não se teve exemplo: o mar se abriu, uma nuvem revelou o caminho, da pedra brotou água, aqui choveu o maná; tudo concorreu para a vossa grandeza. O que resta a fazer é tarefa que a vós compete. Deus não quer fazer tudo, para não nos tolher o livre-arbítrio e parte da glória que nos cabe.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
Aqui existe bastante valor no povo, embora faltem chefes. Observai, nos duelos e nos torneios, quanto os italianos são superiores em força, destreza e inteligência. (…) é necessário, antes de mais nada, como verdadeira base de qualquer empreendimento, prover-se de tropas próprias, porque não existem outras mais fiéis nem melhores. E embora cada soldado possa ser bom, todos juntos tornar-se-ão melhores ainda, quando se virem comandados pelo seu príncipe e por ele honrados e bem tratados. É necessário, pois, preparar essas armas, para se poder defender dos estrangeiros com a própria bravura italiana. (…) Não se deve, portanto, deixar passar esta ocasião a fim de fazer com que a Itália, depois de tanto tempo, encontre um redentor. Não tenho palavras para exprimir o amor e entusiasmo com que o príncipe seria recebido em todas as províncias que sofreram ataques e invasões estrangeiras, nem com que sede de vingança, com que fé obstinada, com que piedade, com que lágrimas. Que portas se lhe fechariam? Que povos lhe negariam obediência? Que inveja se lhe oporia? Qual italiano seria capaz de lhe negar o seu favor? Já está fedendo, para todos, este domínio de bárbaros. Tome, pois, a vossa ilustre casa esta tarefa com aquele ânimo e com aquela fé com que se esposam as boas causas, a fim de que, sob o seu brasão, esta pátria seja enobrecida, e sob os seus auspícios se verifique aquele dito do Petrarca: “A virtude tomará armas contra o furor e será breve o combate, pois o antigo valor ainda não está morto nos corações italianos”.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
A virtude tomará armas contra o furor e será breve o combate, pois o antigo valor ainda não está morto nos corações italianos”.
(Petrarca)
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
A sorte, como mulher, é sempre amiga dos jovens porque são menos circunspectos, mais ferozes e com mais audácia a dominam.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
E é geralmente reconhecido que a sorte se deixa dominar mais pelos impetuosos do que pelos circunspectos que procedem friamente.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
Em relação aos caminhos que levam os homens à finalidade que procuram, isto é, glória e riquezas, costumam eles proceder de modos diversos: um com circunspecção, outro com impetuosidade, um pela violência, outro pela astúcia, um com paciência, outro com a qualidade contrária, e cada um por estes diversos modos pode alcançar aqueles objetivos.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
… penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade . Comparo-a a um desses rios impetuosos que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores, as construções, arrastam montes de terra de um lugar para outro: tudo foge diante dele, tudo cede ao seu ímpeto, sem poder obstar-lhe e, se bem que as coisas se passem assim, não é menos verdade que os homens, quando volta a calma, podem fazer reparos e barragens, de modo que, em outra cheia, aqueles rios correrão por um canal e o seu ímpeto não será tão livre nem tão danoso.
Do mesmo modo, acontece com a fortuna; o seu poder é manifesto onde não existe resistência organizada, dirigindo ela a sua violência só para onde não se fizeram diques e reparos para contê-la.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
… muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo são governadas pela fortuna e por Deus, de sorte que a prudência dos homens não pode corrigi-las, e mesmo não lhes traz remédio algum. Por isso, poder-se-ia julgar que não deve alguém incomodar-se muito com elas, mas deixar-se governar pela sorte.
(…) penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade .
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
É que os homens são muito mais sujeitos às coisas presentes do que às passadas e, quando encontram o bem naquelas, alegram-se e nada mais procuram, (…)
O Príncipe
…é comum nos homens não se preocupar, na bonança, com as tempestades.
O Príncipe
… é fraco o meio de defesa que não depende de ti. E somente são bons, certos e duradouros os meios de defesa que dependem de ti mesmo e do teu valor.
O Príncipe
Os bons conselhos, venham de onde vier, resultam da prudência de quem os analisa e os acata. Os bons conselhos, por mais sábio que seja o conselheiro não pode incutir prudência em ninguém e quem não é prudente por si mesmo não pode ser bem aconselhado.
(O Príncipe – trad. Francis Iácona)
Muitos entendem que os príncipes que granjearam fama de prudentes, devem-no não à sua natureza, mas aos bons conselhos dos que lhe estão ao redor. É um erro manifesto, porque é regra geral, que não falha nunca: um príncipe que não seja prudente por si mesmo não pode ser bem aconselhado, se por acaso não acatar o juízo de um só, muito sábio, que entenda de tudo. (…)
Os bons conselhos, de onde quer que provenham, nascem da prudência do príncipe e não a prudência do príncipe dos bons conselhos.
Niccolò Machiavelli – O Príncipe – cap.XXIII
Um príncipe deve, portanto, aconselhar-se sempre, mas quando ele entender e não quando os outros quiserem; antes, deve tirar a vontade a todos de aconselhar alguma coisa sem que ele solicite. Todavia, deve perguntar muito e ouvir pacientemente a verdade acerca das coisas perguntadas. Até, achando que alguém, por qualquer temor, não lhe diga a verdade, não deve o príncipe deixar de mostrar o seu desprazer.
Niccolò Machiavelli – O Príncipe – cap XXIII
Um príncipe prudente deve, portanto, conduzir-se de uma terceira maneira, escolhendo no seu Estado homens sábios e só a estes deve dar o direito de falar-lhe a verdade a respeito, porém, apenas das coisas que ele lhes perguntar. Deve consultá-los a respeito de tudo e ouvir-lhes a opinião e deliberar depois como bem entender e, com conselhos daqueles, conduzir-se de tal modo que eles percebam que com quanto mais liberdade falarem, mais facilmente as suas opiniões serão seguidas.
Niccolò Machiavelli – O Príncipe – cap XXIII
Livrando-se da adulação e bajuladores:
… porque os homens se comprazem tanto nas coisas próprias e de tal modo se enganam nestas, que é com dificuldade que se defendem dessa peste; querendo-se evitá-la, há o perigo de se ser desconsiderado, pois não há outro modo de guardar-se da adulação, senão fazer com que os homens entendam não fazer-te ofensa por dizer a verdade;
Niccolò Machiavelli – O Príncipe – cap.XXIII
… um erro do qual os príncipes só com dificuldade se defendem, se não são muito prudentes ou não fazem boa escolha. Refiro-me aos aduladores de que as cortes estão cheias;
Niccolò Machiavelli – O Príncipe – cap XXIII
Conselho ao príncipe depois de escolhido o ministro:
“quando vires que o ministro pensa mais em si próprio do que em ti, e que em todas as suas ações procura tirar proveito pessoal, podes ter a certeza de que ele não é bom, e nunca poderás fiar-te nele. Aquele que tem em mãos os negócios de Estado não deve pensar nunca em si próprio, mas sempre no Príncipe e nunca lembrar-lhe coisas que estejam fora da esfera do Estado”.
[Niccolò Machiavelli in O Príncipe
cap.XXII]
“… há três espécies de cabeças – uma, que entende as coisas por si mesma, outra que sabe discernir o que os outros entendem, e, finalmente, uma que não entende nem por si, nem sabe ajuizar do trabalho dos outros. A primeira é excelente, a segunda muito boa e terceira inútil”.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe – cap.XXII
A primeira conjetura que se faz, a respeito das qualidades de inteligência de um príncipe, repousa na observação dos homens que ele tem no seu redor.
Quando estes são competentes e fiéis, pode-se reputá-lo sábio, porque soube reconhecer as qualidades daqueles e mantê-los fiéis. Mas, quando não são assim, pode-se ajuizar sempre mal do senhor, porque o primeiro erro que cometeu está nessa escolha.
[Niccolò Machiavelli in O Príncipe – cap.XXII]
Fugir da neutralidade:
O príncipe faz-se estimado quando sabe ser verdadeiro amigo e verdadeiro inimigo, isto é, quando, sem qualquer preocupação, age abertamente em favor de alguém contra um terceiro. Essa atitude será sempre mais útil do que conservar-se neutro.
Niccolò Machiavelli in O Principe – cap.XXI
Consequências da neutralidade:
… se dois vizinhos poderosos teus (do príncipe) se puserem a brigar, ou são de qualidade que, vencendo um deles tenhas que temer o vencedor, ou não. Em qualquer caso ser-te-á sempre mais útil descobrir-te e fazer guerra de fato, porque no primeiro caso, se não te descobrires, serás sempre presa de quem vencer, com grande prazer daquele que foi vencido, e não tens razão nem coisa alguma em tua defesa, nem quem te acolha.
(O Príncipe – cap.XXI)
[Caso o Príncipe prefira a neutralidade durante uma briga de dois poderosos, é bom se preparar para enfrentar as consequências, pois] :
“Quem vence não quer amigos suspeitos e que não ajudem nas adversidades; quem perde não te aceitará porque não quiseste, de armas na mão, correr a mesma sorte”.
(O Príncipe – cap.XXI)
“Quanto à opinião de que não deveis intervir na guerra, nada é mais nocivo aos nossos próprios interesses, pois sem compensação e ingloriamente, sereis presa do vencedor”. (opinião do delegado dos romanos no Concílio dos Aqueos)
citação em O Príncipe – XXI
E acontecerá sempre que aquele que não é teu amigo pedir-te-á que sejas neutro e aquele que é teu amigo pedirá que tomes de armas abertamente.
(O Príncipe – cap XXI)
Mas, quando o príncipe corajosamente toma partido franco por um dos contendores, se aquele com quem te ligaste vencer, ainda que seja poderoso e que fiques à sua mercê, terá ele obrigações para contigo e é compelido a ter amizade por ti; e os homens não são nunca tão maus que queiram oprimir a quem devem ser gratos.
(O Príncipe – cap.XXI)
“Os homens não são nunca tão maus que queiram oprimir a quem devem ser gratos”.
O Príncipe – cap.XXI
“Nenhum governo nunca deve pensar que tem poder para tomar decisões absolutamente certas; pense antes em ter que tomá-las sempre incertas, pois isto está na ordem das coisas, que nunca deixa, quando se procura evitar algum inconveniente, de incorrer em outro”.
(O Príncipe – cap.XXI)
“A prudência está justamente em saber conhecer a natureza dos inconvenientes e adotar o menos prejudicial como sendo bom”.
(O Príncipe – cap.XXI)
Costumam dizer que os homens prudentes, e não casualmente ou sem razão, que aqueles que desejam ver o que será, ponderam sobre o que já foi: porque todas as coisas do mundo, em todo tempo, têm sua própria relação com os tempos antigos. Isso acontece porque se as coisas são feitas pelos homens, que têm e sempre tiveram idênticas paixões, é inevitável que produzam idêntico efeito.”
…é comum nos homens não se preocupar, na bonança, com as tempestades.
Niccolò Machiavelli in O Príncipe
… muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo são governadas pela fortuna e por Deus, de sorte que a prudência dos homens não pode corrigi-las, e mesmo não lhes traz remédio algum. Por isso, poder-se-ia julgar que não deve alguém incomodar-se muito com elas, mas deixar-se governar pela sorte
(Niccolò Machiavelli – O Príncipe)
… quando um príncipe se apoia totalmente na Fortuna, arruina-se segundo as variações dela. Também julgo feliz aquele que combina o seu modo de proceder com as particularidades dos tempos, e infeliz o que faz discordar dos tempos a sua maneira de proceder.
(Niccolò Machiavelli – O Príncipe)
Quando cai a noite, volto para casa e entro em meu escritório; e, à porta, dispo-me das vestes cotidianas, cheias de lama e lodo, e me enfio em panos reais e curiais; e, vestido decentemente, entro nas antigas cortes dos antigos homens, onde, recebido amorosamente por eles, farto-me daquele alimento que é só meu e para o qual nasci; lá, não me envergonho de falar com eles e perguntar-lhes a razão de suas ações; e eles, por sua humanidade, me respondem; e, por quatro horas de tempo, não sinto nenhum tédio, esqueço qualquer aflição, não temo a pobreza, não me assusta a morte; transfiro-me todo para eles.
Os homens cometem o erro de não saber quando limitar suas esperanças
Todo homem é de alguma forma político, mesmo que muitos cabeçudos alienados não tenham consciência disso e até afirmem que são apolíticos. Crassa tolice pois, se não são agentes em menor ou maior escala da política, são os instrumentos, objetos ou marionetes dos agentes políticos que os manipulam.
Todos os seres, a partir do momento em que nascem, estão destinados uns a obedecer e outros a comandar.
O ser humano é um animal político, o homem é necessariamente governante ou governado.
Mesmo que se disponha de poderosos exércitos, há sempre necessidade dos favores dos habitantes de uma província.
Os homens devem ser afagados ou aniquilados, visto que se vingam das pequenas ofensas.
Deve fazer-se chefe e defensor dos vizinhos menos poderosos.
Deve-se prever a desordem para facilmente poder remediá-la, pois se aguardar sua aproximação, o medicamento chegará tarde demais, e a doença terá se tornado incurável.
O desejo de conquista é coisa verdadeiramente muito natural e ordinária, e sempre que os homens capazes da conquista a realizam serão por isso louvados e não censurados; mas quando não a podem fazer e desejam fazê-la de qualquer modo, eis que estarão presentes o erro e a censura.
Destrua quem pode ou deve lhe causa dano.
Não podendo fabricar um papa segundo sua vontade, pode ao menos fazer com que não fosse papa aquele que não desejava que fosse.
Alguns meios traz a conquista do poder, mas não a glória.
Ao conquistar um Estado, o conquistador deve avaliar rapidamente todas as violências que lhe são necessárias cometer e cometê-las todas de um só golpe para não ter que repeti-las todos os dias, assim, não as repetindo, irá tranquilizar os homens e conquistá-los. Quem fizer de outra forma, seja por timidez, seja porque mal aconselhado, será obrigado a ter sempre o punhal à mão.
As violências devem ser feitas todas em conjunto para que, dispondo-se de menos tempo para provar seu gosto, pareçam menos amargas; os benefícios devem ser concedidos pouco a pouco para que sejam mais bem saboreados.
O bem que fazes por obrigação não te favorece pois é considerado forçado e não te traz nenhum reconhecimento.
Para conquistar algumas coisas não se é preciso ter grande valor nem grande fortuna, mas sim uma astúcia afortunada.
Os homens demonstram mais gratidão quando recebem o bem daquele de quem acreditavam que iriam receber o mal.
Não estará seguro de si mesmo com armas alheias. As armas alheias ou escapam ao teu controle, ou te pesam ou te constrangem.
Pouca prudência pode induzir os homens a optar por coisas que de momento têm sabor agradável mas que internamente estão repletas de veneno.
Sem dispor de tropas próprias, nenhum principado é seguro.
Um dos maiores males resultantes do fato de não dispor armas é que te tornas objeto de desprezo.
Deve exercitar-se mais nos períodos de paz que nos tempos de guerra.
É inevitável que um homem que queira sempre agir como boa pessoa em meio a tantos que não o são acabe por se arruinar.
O amor se mantém por um laço de obrigações, o qual, considerando-se que os homens são maus, é rompido toda vez que se apresenta a oportunidade de uma vantagem particular. O temor, diferentemente, é mantido pelo medo de ser castigado, o qual não te abandona jamais.
Os homens amam conforme sua vontade e teme conforme a do príncipe, um príncipe sábio deve se apoiar naquilo que depende de sua vontade e não naquilo que depende da vontade de outros.
Se tiver bons exércitos sempre terá bons amigos.
Quem conspira não pode aturar isoladamente e só pode aliar-se àqueles que julga insatisfeitos. Mas no momento em que revelas as tuas intenções a alguém insatisfeito, dás a ele a oportunidade de se satisfazer, porque se te denunciar poderá esperar tudo o que é do seu agrado; de modo que, vendo um ganho certo deste lado e incertezas e perigos na conspiração, só permanecerá leal a ti se for um amigo extraordinário ou inimigo ferrenho do outro.
Deve dar pouca importância a conspirações quando conta com a simpatia do povo, porém, quando este lhe é hostil e o odeia, deve temer a tudo e a todos.
Deve confiar a outros os encargos melindrosos que provocam ressentimentos, reservando para si aqueles que atraem reconhecimento.
Deve ter em consideração os grandes, mas não fazer odiado pelos pequenos.
A melhor fortaleza que existe é não ser odiado pelo povo, pois mesmo que possuas fortalezas, se o povo lhe odiar, elas não te salvarão.
Em um conflito, aquele que não é amigo te solicitará a neutralidade, enquanto aquele que é te solicitará que tomes posição abertamente de armas nas mãos.
Quando abertamente se coloca a favor de alguém contra outra pessoa, é reconhecido como verdadeiro amigo e inimigo, opção que se revela sempre mais vantajosa que a neutralidade. Pois o vencedor não deseja amigos dúbios que deixam de apoiá-los nas adversidades, e o perdedor não te socorre porque não quiseste de armas em punho partilhar da sorte dele.
Se aquele a quem te uniste vencer, mesmo que seja poderoso e que fiques à sua mercê, ele se sentirá ligado a ti por uma obrigação e afeto; e os homens não são jamais tão desonestos a ponto de, com tal exemplo de ingratidão, te oprimirem. Mas se aquele a quem te uniste perde, serás amparado por ele, te ajudará enquanto puder e se tornará parceiro de uma sorte que pode ressurgir.
Deve tomar o cuidado de jamais se aliar a um outro mais poderoso que si para guerrear contra terceiros.Pois em caso de vitória ficará prisioneiro do aliado, e deve evitar sempre que possível estar a mercê de outros.
Nunca se pode tentar fugir de um inconveniente sem esbarrar em outro. Todavia, a prudência consiste em saber distinguir as qualidades dos inconvenientes e tomar o menos ruim por bom.
Deve reunir-se com o povo e dar exemplos pessoais de humanidade e generosidade, mantendo sempre firme a majestade e dignidade de sua posição, a qual não deve ser dispensada jamais, em circunstância nenhuma.
Há três tipos de cérebro: O excelente que compreende por si só, o bom que discerne aquilo que outros compreendem, e o inútil que não compreendem nem por si só e nem por intermédio de outros.
Quando percebes que seu conselheiro pensa mais em si do que em ti e que em todas as ações procura tirar proveito para si, saberás que tal pessoa não será jamais um bom conselheiro e jamais poderás nele confiar. E como príncipe por sua vez, deve pensar no conselheiro honrando-o, enriquecendo-o, assegurando sua gratidão, dando-lhe participação nas honras e responsabilidades, de maneira que ele se dê conta que não pode prescindir de ti e que a profusão de honras de que é beneficiário não o faz desejar mais honras, a profusão de riqueza não o faz almejar mais riquezas, e a grande quantidade de responsabilidades o faz temer as mudanças.
Deve conceder a poucos conselheiros a liberdade de se dirigir a ti dizendo a verdade e somente das coisas sobre as quias deles indagar e não outras; mas deve consultá-los acerca de tudo, ouvir suas opiniões e depois deliberar por si só e a seu modo.
Deve comportar-se de maneira que cada um destes conselheiros perceba que quanto mais livremente lhe dirigir a palavra, mais facilmente contarão com sua aceitação. Além deste não se deve ouvir mais ninguém, ater-se ao que decidiu e perseverar firmemente nessa sua deliberação, pois quando qualquer um puder dizer-te a verdade, te faltará ao respeito devido.
Deve aconselhar-se apenas quando queres e não quando outros o queiram; deve desencorajar todos de fornece-lhe conselhos se não os solicitados.
Os homens acabarão sempre te servindo mal se não houver uma necessidade que os torne bons.
Os homens estão mais presos presos às coisas presentes do que às do passado; e quando nas presentes se encontram o bem, dele usufruem e não procuram dar importância ao passado.
Falha comum dos homens – Esquecer que existe tempestade quando faz bom tempo.
Não se deve jamais deixar-se levar pela ideia de que alguém vai te amparar, o que ou não acontece, ou acontece ma sem te oferecer segurança por constituir uma proteção de pouco valor e não depender de ti. E as proteções somente são boas, seguras e duradouras quando dependem de ti próprio e de teu valor.
Se alguém procede com cautela e paciência em tempos que exigem tais qualidades, então tudo se sai bem; mas se os tempos sofrem mudanças e os comportamentos permanecem inalterados, então é a ruína.
O homem não se desvia de sua tendência natural e, se obteve êxito seguindo um certo caminho, não se persuade a abandoná-lo.
É um vício comum a todos os homens, o não se importar-se com a tempestade no perdurar da bonança.
(O Príncipe – Cap. XXIV, Pág. 119[2])
Faça o bem mitigado e o mal todo de uma vez.
A maldade deve ser feita sem aviso prévio, rápida e profundamente.
Embora outros homens sigam cegamente a verdade … lembre-se: nada é verdade.
Mesmo que outros homens se deixem conter por moral ou lei … lembre-se: tudo é permitido.
Trabalhamos nas sombras para servir a luz, somos assassinos.
Qualquer um vê o que você aparente ser, poucos conhecem o que você é de fato…
A maneira mais fácil de crescer é se cercar de pessoas mais inteligentes que você…
A poucos homens é dado retificar os erros que cometem…
Há três tipos diferentes de mente:
uma compreende as coisas sem ajuda;
a segunda compreende as coisas demonstradas por outrem; a terceira nada consegue compreender, nem só, nem com a assistência dos outros…
Será preciso, contudo, ser cauteloso ter equilíbrio, com aquilo que fizer, e no que acreditar; é necessário que não tenha medo da própria sombra, e que aja com prudência e humanidade, de modo que o excesso de
confiança não o torne incauto, e a desconfiança excessiva não o faça intolerante…
Note-se que é preciso tratar bem os homens ou então aniquilá-los.
Eles se vingarão de pequenas injurias, mas não poderão vingar-se de agressões graves; por isso só podemos injuriar alguém se não temermos sua vingança…
Porque a todos é concedido ver,
mas a poucos é dado perceber…
A maioria vê o que tu pareces, poucos sentem aquilo que tu és.
Governar é fazer acreditar.
É fácil persuadir o povo de algo, difícil é manter essa persuasão.
Nunca faltará ao príncipe razões legítimas para burlar a lei.
Grande dificuldade pede grande disposição.
Quem engana sempre vai encontrar alguém por quem se deixará enganar.
Um governante eficaz não deve ter piedade.
Em tempos de paz devemos pensar na guerra.
As pessoas ofendem mais a quem amam do que a quem temem.
A liberdade consome a si mesma, pois sua força acaba logo.
O desejo de conquista é algo natural e comum; aqueles que obtêm sucesso na conquista são sempre louvados, e jamais censurados; os que não têm condições de conquistar, mas querem fazê-lo a qualquer custo, cometem um erro que merece ser recriminado.
Arruína-se quem é instrumento para que o outro se torne poderoso, porque esse poder é dado pela astúcia ou pela força e ambos são suspeitos a quem se torna poderoso.
Os homens que desejam fazer algo devem antes preparar-se com toda indústria, para estarem, chegada a ocasião, aparelhados para cumprir aquilo que se propuseram executar.
Existe uma distância tão grande entre como se age e como se deveria agir, que aquele que despreza o mundo real para viver num mundo imaginário encontrará antes sua ruína do que sua salvação.
Quem deveria ostentar maior amor à paz senão aquele que foi ferido pela guerra?
Ninguém teme enfrentar uma situação pelo qual foi treinado.
Os homens se devoram uns aos outros e sempre se sai mal quem menos pode.
A guerra nunca é evitada, apenas adiada para sua própria desvantagem.
A única maneira de se proteger da bajulação é fazer as pessoas entenderem que dizer a verdade nunca o ofenderá.
Não tem outro modo de esquivar-se das adulações senão fazendo os homens entenderem que eles não o ofendem dizendo-lhe a verdade.
O amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca.
Um povo corrupto, liberto, com dificuldade grandíssima pode manter-se livre.
É tanta a ambição dos grandes que, se por várias vias e de várias maneiras, ela não for abatida em uma cidade, logo conduzirá tal cidade à ruína.
Um povo totalmente contaminado pela corrupção não pode viver livre mais do que um curto período.
Aos amigos do Rei, exceções e favores.
Aos desconhecidos e inimigos, nada além do que o rigor da lei.
O homem acostumado a agir de um modo só nunca muda.
Contra quem tem boa reputação com dificuldade se conspira, com dificuldade é atacado
Decidir com lentidão é sempre prejudicial.
Um homem que quiser fazer profissão de bondade, é natural que se arruine entre tantos que são maus.
O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons.
Em verdade, há tanta diferença de como se vive e como se deveria viver, que aquele que abandone o que se faz por aquilo que se deveria fazer, aprenderá antes o caminho de sua ruína do que o de sua preservação.
Não podemos atribuir à fortuna ou à virtude o que é alcançado sem nenhuma delas.
Deve-se, em todas as coisas, considerar o fim.
Quem quiser praticar sempre a bondade em tudo o que faz está condenado a penar, entre tantos que não são bons.
O amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca.
Aos amigos do Rei, exceções e favores.
Aos desconhecidos e inimigos, nada além do que o rigor da lei.
Decidir com lentidão é sempre prejudicial.
Um povo corrupto, liberto, com dificuldade grandíssima pode manter-se livre.
É tanta a ambição dos grandes que, se por várias vias e de várias maneiras, ela não for abatida em uma cidade, logo conduzirá tal cidade à ruína.
Um povo totalmente contaminado pela corrupção não pode viver livre mais do que um curto período.
Em verdade, há tanta diferença de como se vive e como se deveria viver, que aquele que abandone o que se faz por aquilo que se deveria fazer, aprenderá antes o caminho de sua ruína do que o de sua preservação.
Não podemos atribuir à fortuna ou à virtude o que é alcançado sem nenhuma delas.
Deve-se, em todas as coisas, considerar o fim.
Quem deveria ostentar maior amor à paz senão aquele que foi ferido pela guerra?
Contra quem tem boa reputação com dificuldade se conspira, com dificuldade é atacado
Quem quiser praticar sempre a bondade em tudo o que faz está condenado a penar, entre tantos que não são bons.
Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis.
Nunca se deve deixar que aconteça uma desordem para evitar uma guerra, pois ela é inevitável, mas, sendo protelada, resulta em tua desvantagem.
Os que vencem, não importa como vençam, nunca conquistam a vergonha.
Uma mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança.
Quem seja a causa de alguém se tornar poderoso, desgraça-se a si próprio: pois esse poder é produzido por si quer através de engenho quer de força; e ambos são suspeitos para aquele que subiu à posição de poder.
Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos.
Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu.
Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é.
Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.
As injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, saboreando-as menos, ofendam menos: e os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, a fim de que sejam mais bem saboreados.
Quanto mais próximo o homem estiver de um desejo, mais o deseja; e se não consegue realizá-lo, maior dor sente.
Quem se torna senhor de uma cidade habituada a viver em liberdade e não a destrói, espera para ser destruído por ela.
O desejo de conquistar é realmente muito natural e comum; e, sempre que os homens conseguem satisfazê-lo, são louvados, nunca censurados; mas, quando não conseguem e querem satisfazê-lo de qualquer modo, é que estão em erro, e são merecedores de censura.
Todos os profetas armados venceram, e os desarmados foram destruídos.
São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar.
Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição.
Quando um homem é bom amigo, também tem amigos bons.
Tornamo-nos odiados tanto fazendo o bem como fazendo o mal.
E se poderia num longo discurso para mostrar como são melhores os frutos da pobreza que os da riqueza e como uma tem trazido honra às cidades, às províncias e aos partidos, enquanto a outra os tem arruinado, se este assunto já não tivesse sido tratado muitas vezes por outras pessoas.
Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio.
Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.
Dizem a verdade aqueles que afirmam que as más companhias conduzem os homens à forca.
Os homens devem ser adulados ou destruídos, pois podem vingar-se das ofensas leves, não das graves; de modo que a ofensa que se faz ao homem deve ser de tal ordem que não se tema a vingança.
Nunca foi sensata a decisão de causar desespero nos homens, pois quem não espera o bem não teme o mal.
Toda a ação é designada em termos do fim que procura atingir.