As injúrias são as razões dos que não tem razão.
Na juventude deve-se acumular o saber. Na velhice fazer uso dele.
Quem mais demora a fazer uma promessa é quem a cumpre mais rigorosamente.
A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada.
O castigo da ocasião malograda é o não tornar a encontrar-se mais.
A fingida caridade do rico não passa, da sua parte, de mais um luxo; ele alimenta os pobres como cães e cavalos.
Amo-me a mim próprio demasiado para poder odiar seja o que for.
O povo, por ele próprio, quer sempre o bem, mas, por ele próprio, nem sempre o conhece.
Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído.
Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias, e a grande moderação à mesa geralmente anuncia costumes dissimulados e almas duplas.
Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim da caminhada um objetivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.
Não sei ver nada do que vejo; vejo bem apenas o que relembro e tenho inteligência apenas nas minhas lembranças.
Devemos corar por havermos cometido uma falta, e não por a reparar.
Odeio mais as máximas ruins do que as más ações.
Pelos mesmos caminhos não se chega sempre aos mesmos fins.
Os homens dizem que a vida é curta, e eu vejo que eles se esforçam para a tornar assim.
A inocência não se envergonha de nada.
Visto que o fundamento da propriedade é a utilidade, onde não houver utilidade possível não pode existir propriedade.
O primeiro raciocínio do homem é de natureza sensitiva…: os nossos primeiros mestres de filosofia são os nossos pés, as nossas mãos, os nossos olhos.
A arte de interrogar não é tão fácil como se pensa. É mais uma arte de mestres do que de discípulos; é preciso ter aprendido muitas coisas para saber perguntar o que não se sabe.
A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui.
Povos livres, lembrai-vos desta máxima: A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.
A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.
Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira.
As nossas paixões são os principais instrumentos da nossa conservação.
Sou escravo pelos meus vícios e livre pelos meus remorsos.
As boas ações elevam o espírito e predispõem-no a praticar outras.
Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.
Bastará nunca sermos injustos para estarmos sempre inocentes?
A consciência é a voz da alma, as paixões são a voz do corpo.
A força fez os primeiros escravos, a sua covardia perpetuou-os.
Odeio os livros; ensinam apenas a falar daquilo que não se sabe.
O homem que não conhece a dor, não conhece a ternura da humanidade.
Não há nada que esteja menos sob o nosso domínio que o coração, e, longe de podermos comandá-lo, somos forçados a obedecer-lhe.
A espécie de felicidade que me falta, não é tanto fazer o que quero mas não fazer o que não quero.
A mulher tem mais espírito, o homem mais gênio. A mulher olha, o homem compreende.
Ninguém quer o bem público que não está de acordo com o seu.
A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que nos enganamos.
Não contesto que a medicina seja útil a alguns homens, mas digo que ela é funesta ao gênero humano.
O homem verdadeiramente livre apenas quer o que pode e faz o que lhe agrada.
É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar.
Para conhecer os homens, torna-se indispensável vê-los agir.
Sempre encontrei no sexo uma grande virtude consoladora, e nada adoça mais as minhas aflições vindas dos meus problemas do que sentir que uma pessoa amável se interessa por ele.
O dinheiro que temos é o instrumento da liberdade; aquele de que andamos atrás é o da servidão.
O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado.
O que viveu mais não é aquele que viveu até uma idade avançada, mas aquele que mais sentiu na vida.
O primeiro passo para o bem é não fazer o mal.
A juventude é a época de se estudar a sabedoria; a velhice é a época de a praticar.
A falsidade é suscetível de uma infinidade de combinações; mas a verdade só tem uma maneira de ser.
Conheço muito bem os homens para ignorar que muitas vezes o ofendido perdoa, mas o ofensor não perdoa jamais.
De todos os animais, o homem é aquele a quem mais custa viver em rebanho.
Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos.
A felicidade consiste num bom saldo bancário, numa boa cozinheira e numa boa digestão.
As leis são sempre úteis aos que têm posses e nocivas aos que nada têm.
O homem não foi feito para meditar, mas para agir.
A arte de interrogar é bem mais a arte dos mestres do que as dos discípulos; é preciso ter já aprendido muitas coisas para saber perguntar aquilo que se não sabe.
Todos os homens são úteis à humanidade pelo simples fato de existirem.
Quem cora já está culpado; a verdadeira inocência não tem vergonha de nada.
Ousarei expor aqui a mais importante, a maior, a mais útil regra de toda a educação? É não ganhar tempo, mas perdê-lo.
Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém.
Nunca se conseguirá ser sábio se primeiro não se foi traquinas.
São a força e a liberdade que fazem os homens virtuosos. A fraqueza e a escravidão nunca fizeram nada além de pessoas más.
A caridade fingida do rico não é, nele, senão um luxo a mais: ele dá de comer aos pobres, como aos cachorros e aos cavalos.
A espada gasta a bainha, costuma dizer-se. Eis o que aconteceu comigo. As minhas paixões fizeram-me viver, e as minhas paixões mataram-me.
O homem fala sobre o que sabe, a mulher sobre aquilo que gostaria.
Não há como a força do Estado para garantir a liberdade dos seus membros.
Morro aos poucos em todos aqueles que gostam de mim.
Se é a razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz.
Os homens a quem se fala não são aqueles com quem se conversa.
Eis como em tudo o forte e culpado se salva à custa do inocente e fraco.
Só entendi o valor do silêncio quando precisei me calar pra não magoar alguém.
Uma das misérias das pessoas ricas é serem enganadas em tudo.
A espécie de felicidade de que preciso não é fazer o que quero, mas não fazer o que não quero.
Os animais que você come não são aqueles que devoram outros, você não come as bestas carnívoras, você as toma como padrão. Você só sente fome pelas criaturas doces e gentis que não ferem ninguém, que o seguem, o servem, e que são devoradas por você como recompensa de seus serviços.
Sejamos bons e depois seremos felizes. Ninguém recebe o prêmio sem primeiro fazer por isso.
A verdade não é a estrada para a riqueza.
A paciência é amarga, mas seu fruto é doce!
É demasiado difícil pensar com nobreza quando pensamos apenas em ganhar a vida.
Em vão buscaremos ao longe a felicidade, se não a cultivarmos dentro de nós.
O único hábito que se deve permitir a uma criança é o de não adquirir nenhum.
Só entende o valor do silêncio quem tem necessidade de calar para não ferir alguém.
Dinheiro semeia dinheiro e o primeiro franco é, muitas vezes, mais difícil de ganhar que o segundo milhão.
A unidade de todas as coisas vivas existe neste mundo onde todo o mundo e todas as coisas buscam silenciosamente a Deus. Somente os ateus vêem um silêncio eterno.
A melhor maneira de pedir a Deus é tornarmo-nos merecedores do que desejamos.
A propriedade privada introduz a desigualdade entre os homens, a diferença entre o rico e o pobre, o poderoso e o fraco, o senhor e o escravo, até a predominância do mais forte. O homem é corrompido pelo poder e esmagado pela violência.
A razão forma o ser humano, o sentimento o conduz.
Maquiavel, fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo.
O primeiro que tendo cercado um terreno se lembrou de dizer: “Isto é meu”, e encontrou pessoas bastante simples para o acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: “Livrai-vos de escutar esse impostor; estareis perdido se esquecerdes que os frutos são de todos, e a terra de ninguém”
As mulheres não foram feitas para a fuga. Quando correm é porque desejam ser perseguidas
Quem mais demora a prometer é mais fácil no cumprir.
O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles.
O primeiro homem que inventou de cercar uma parcela de terra e dizer “isto é meu”, […] , foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos crimes, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado a humanidade se aquele, arrancando as cercas, tivesse gritado: Não, impostor.
A mulher é a mais bela metade do mundo
N’este mundo existe um ser,
O primor dos seres criados,
Traz em si— doçura e prazer,
Inocência e mil pecados!
A poesia da existência
Só com ele s’encarnou;
Desde que o mundo surgiu,
Ele logo o dominou!
Dominou, dominará,
É lei…a natura o quer;
— A trindade de um só ser:
Anjo! Demónio a Mulher!
Se a liberdade consistisse em fazer o que se quer, homem algum seria livre.
A vontade fala ainda quando a natureza se cala.
Não há nada que mais estreite dois corações
do que haverem chorado juntos.
Cada idade tem as suas inclinações, mas o homem é sempre o mesmo. Aos 10 anos é levado por doces; aos 20 por uma amante; aos 30 pelo prazer; aos 40 pela ambição; aos 50 pela avareza.
O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe.
Veja que todos os homens carregam mais ou menos a mesma máscara, mas saiba também que existem rostos mais belos do que a máscara que os cobre.
As cartas de amor começam sem saber o que se vai dizer, e terminam sem saber o que se disse.
Uma parte dos homens age sem pensar e outra pensa sem agir.
Em política, tal como na moral, é um grande mal não fazer bem, e todo o cidadão inútil deve ser considerado um homem pernicioso.
Eu senti antes de pensar.
O homem, guiado pelo amor-próprio, corrompe-se; passa a ter o desejo de ser superior aos outros, aliena-se.
Não julgue e você nunca estará errado.
Tome um rumo diferente do de costume, e quase sempre estará certo.
Tudo crer é de um ingênuo. Tudo negar é de um tolo.
O mundo da realidade tem seus limites. O mundo da imaginação não tem fronteiras
Todo o mal vem da fraqueza.
A pessoa que pouco sabe, pensa que tudo o que sabe é importante e, por isso, quer contá-lo a todos. A pessoa que sabe muito, sabe que ainda há muito mais a saber, por isso só fala quando é necessário e, quando nada lhe é perguntado, permanece em silêncio.
Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém.
O encanto pelo estudo logo torna insípido qualquer outro pendor.
A razão faz o homem o sentimento o conduz.
Aos dezesseis anos, o adolescente sabe o que é sofrer porque ele próprio já experimentou o sofrimento, mas ele não percebe ainda que outros seres também sofrem.
Abandone a tua infância, meu amigo, e acorde!
O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer ‘isto é meu’ e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém’
Todas as paixões são boas quando somos senhores delas, e todas são más quando se assenhoreiam de nós.
Quem mais demora a prometer é mais fiel no cumprir.
O hábito de me recolher a mim mesmo acabou por me tornar imune aos males que me acossam, e quase me fez perder a memória deles. Desse modo, aprendi com base na minha própria experiência que não está no poder de outrem fazer com que uma pessoa se sinta miserável quando apenas a própria pode se dar esse luxo.
Coração Mais Forte que o DeverNas alturas em que o meu dever e o meu coração estavam em contradição, o primeiro raramente saiu vitorioso, a menos que bastasse eu abster-me; então, na maioria das vezes, eu era forte, mas sempre me foi impossível agir contra o meu feitio. Quer sejam os homens, o dever, ou mesmo a fatalidade quem comanda, sempre que o meu coração se cala, a minha vontade fica surda, e eu não sou capaz de obedecer. Vejo o mal que me ameaça e deixo-o chegar, em vez de agir para o evitar. Começo por vezes com esforço, mas esse esforço cansa-me e depressa me esgota, e não sou capaz de continuar. Em todas as coisas imagináveis, aquilo que não faço com prazer logo se me torna impossível de levar a cabo.
Em todos os males que nos acontecem, olhamos mais para a intenção do que para o efeito. Uma telha que cai de um telhado pode ferir-nos mais, mas não nos desola tanto como uma pedra atirada de propósito por uma mão maldosa. O golpe, por vezes, falha mas a intenção nunca erra o alvo. A dor física é a que menos se sente nos ataques da sorte e, quando os infortunados não sabem a quem culpar pelas suas infelicidades, culpam o destino, que personificam e ao qual atribuem olhos e uma inteligência disposta a atormentá-los intencionalmente.
É o caso de um jogador que, irritado com as suas perdas, se enfurece sem saber contra quem. Imagina que a sorte se encarniça intencionalmente para o atormentar e, encontrando alimento para a sua cólera, excita-se e enfurece-se contra um inimigo que ele próprio criou. O homem sábio, que em todas as infelicidades que lhe acontecem só vê golpes da fatalidade cega, não tem essas agitações insensatas; grita na sua dor, mas sem exaltação, sem cólera; do mal que o atinge só sente os ataques materiais, e os golpes que recebe podem ferir a sua pessoa, mas nenhum atinge o seu coração.
Parece, com efeito, que, se sou obrigado a não fazer nenhum mal ao meu semelhante, é menos porque ele é um ser racional do que porque é um ser sensível, qualidade que, sendo comum ao animal e ao homem, deve ao menos dar a um o direito de não ser maltratado inutilmente pelo outro.
Quantos homens entre mim e Deus.
Os velhos estão mais agarrados à vida do que as crianças e saem dela com mais má vontade do que os jovens. É que, como todos os seus trabalhos se destinaram a essa mesma vida, ao chegarem ao fim, vêem que os seus esforços foram inúteis. Todos os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos das suas laboriosas vigílias, tudo abandonam quando partem. Em vida, não pensaram em adquirir algo que pudessem levar consigo quando morressem.
Os vícios que tornam necessárias as instituições sociais são os mesmos que tornam inevitável o abuso delas; e como as leis, geralmente menos fortes que as paixões, contêm os homens sem modificá-los, seria fácil provar que um governo que seguisse sempre exatamente o fim de sua instituição, sem se corromper nem se alterar, teria sido instituído sem necessidade e que um país onde ninguém desrespeitasse as leis nem abusasse da magistratura não teria necessidade nem de magistrados nem de leis.
O que há de mais cruel ainda é que, como todos os progressos da espécie humana não cessam de afastá-la de seu estado primitivo, quanto mais acumulamos conhecimentos, mais nos privamos dos meios de adquirir o mais importante de todos; e, num certo sentido, é de tanto estudar o homem que nos tornamos incapazes de conhecê-lo.
Renunciar a liberdade é renunciar a qualidade do homem.
Nada é mais dessemelhante a mim mesmo que eu mesmo; daí por que seria inútil tentar definir o meu caráter por qualquer outra coisa que não a variedade; a mutabilidade é uma parte integrante de minha mente de um modo tal que minhas crenças se alteram de um momento para outro: algumas vezes sou um sombrio misantropo, em outras me sinto intensamente feliz em meio aos encantos da sociedade e aos prazeres do amor. Há momentos em que sou austero e piedoso[…], então subitamente me torno um franco libertino. […] Em suma, um protéico, um camaleão e uma mulher são todos criaturas menos mutáveis que eu.
Ter paciência é difícil, mas o resultado é gratificante.
“Demonstra a experiência que o homem não pode ser virtuoso sem religião.”
“O hábito de me recolher a mim mesmo acabou por me tornar imune aos males que me acossam, e quase me fez perder a memória deles. Desse modo, aprendi com base na minha própria experiência que a fonte da felicidade reside dentro de nós e que não está no poder dos homens fazer com que fique realmente desgostosa uma pessoa determinada a ser feliz. Por quatro ou cinco anos desfrutei regularmente de alegrias interiores que almas gentis e afetuosas encontram numa vida de contemplação.”
Jean-Jacques Rousseau, in Devaneios de um caminhante solitário
Que outra forma de sabedoria é mais importante que a bondade.
Desde que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicar-lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isto.
A suspensão da autoridade legislativa não a abole; o magistrado que a faz calar não a pode fazer falar, domina-a sem poder representá-la; pode fazer tudo, exceto leis.
Para conhecer os homens é preciso vê-los atuar.
É muito difícil pensar nobremente quando se pensa apenas em viver.
Há no fundo das almas um princípio inato de justiça e de virtude, com o qual nós julgávamos as nossas ações e as dos outros como boas ou más; e é a este princípio que dou o nome de consciência.
O ódio, assim como o amor, torna os seus devotos crédulos.
De que serve procurar a nossa felicidade na opinião dos outros, se podemos encontrá-la em nós mesmos?
Não exijamos o prêmio antes da vitória, nem o salário antes do trabalho
A vontade geral deve emanar de todos para ser aplicada a todos.
A única parte útil da medicina é a higiene; e esta, mais do que ciência, é virtude.
“Enquanto existirem pessoas se esbaldando no supérfluo, haverá muita gente carente do necessário”.
O homem é naturalmente bom mas, integrado na sociedade, acaba por deixar-se corromper.
Como o amor não se compra, é infalivelmente morto pelo dinheiro.”
O homem que mais viveu não é o que contou maior número de anos, mas aquele que mais sentiu a vida.
O que sinto ser bom, é bom. O que sinto ser ruim, é ruim.
0 que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo que o tenta e pode alcançar; o que ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.
Os compromissos que nos ligam ao corpo social só são obrigatórios pelo fato de serem mútuos, e é tal sua natureza que, respeitando-os, não é possível trabalhar para outrem sem trabalhar também para si mesmo.
Não se tem o direito de matar, mesmo para exemplo, senão aquele que não se pode conservar sem perigo.
Em um estado bem governado, há poucas punições, não porque se concedam muitas graças, mas pelo fato de haver poucos criminosos. A quantidade de crimes assegura a impunidade, quando o estado se deteriora.
Deixemos que discutam esses problemas o homens justos, que jamais pecaram e que nunca necessitaram para si mesmos de perdão.
No estado natural, onde tudo é comum, nada devo aqueles a quem nada prometi. Só reconheço como sendo de outrem o que me é inútil. Isso não ocorre no estado civil, onde todos os direitos são fixados pela lei.
Eu chamo de república, todo estado regido por leis, independente da forma de administração que possa ter. Porque então somente o interesse público governa, e a coisa pública algo representa.
Quem dirige os homens não deve dirigir as leis, quem dirige as leis não deve, pela mesma razão, dirigir os homens; do contrário, suas leis, ministras de suas paixões, perpetuariam muitas vezes suas injustiças, e ele jamais poderia evitar que intuitos particulares alterassem a idoneidade de sua obra.
Todo povo que, por sua posição, se acha na
alternativa entre o comércio ou a guerra, é em si mesmo débil.
Os usurpadores conduzem ou escolhem sempre esses tempos de perturbações para fazerem passar, graças ao espanto público, leis destruidoras que o povo não adotaria jamais em situação normal. A escolha do momento da instituição é um dos caracteres mais seguros pelos quais se pode distinguir a obra do legislador da obra do tirano.
Mas onde existe ainda esse homem da natureza que vive uma vida verdadeiramente humana; que não leva em consideração a opinião dos outros, e que se deixa levar pura e simplesmente pela por suas inclinações e sua razão, sem atentar para o que a sociedade e o público aprova ou censura? Procuramo-lo em vão entre nós. Em toda parte apenas um verniz de palavras; em toda parte apenas a ambição por uma felicidade que existe simplesmente na aparência. Ninguém se importa mais com a realidade; todos colocam a essência na aparência. Vivem como escravos e bufões de seu amor próprio. Não para viver, mas para fazer os outros acreditarem que eles vivem “. Rousseau, XVIII
A gratidão é uma dádiva que deve ser paga, mas que ninguém tem o direito de esperar que o seja.
A família é o primeiro modelo de sociedade política; o chefe é o pai, o povo são os filhos, e tendo nascido todos livres e iguais, não trocam sua liberdade a não ser pela utilidade. A diferença é que, na família, o amor do pais pelos filhos compensa os esforços que lhe exigem, ao passo que, no Estado, o prazer de comandar substitui o amor que o chefe não sente por seu povo.
Todo homem nascido escravo tem como destino ser escravo, nada é mais certo: os escravos perdem tudo em suas algemas, inclusive o desejo de se livrarem delas. Por isso, se há escravos por natureza, é porque houve escravos contra a natureza. A força constituiu os primeiros escravos, a covardia os perpetuou.
O mais forte nunca é forte o suficiente para mandar para sempre, se não transforma sua força em direito e a obediência em dever.
Enquanto um povo é obrigado a obedecer e obedece, faz bem; mas quando pode desfazer suas amarras e as desfaz, age ainda melhor; porque retomando a liberdade através das mesmas regras que usaram para retirarem-na, mostra que elas servem para obtê-la de volta ou não serviriam para subtraí-la de início.
A raça humana teria perecido se o homem não começasse sendo criança.
A educação vem da natureza, do homem ou das coisas. O desenvolvimento interno das nossas faculdades e órgãos é a educação da natureza; o uso que nos ensinam a fazer desse desenvolvimento é a educação do homem; e o ganho da nossa própria experiência sobre os objetos que nos afetam é a educação das coisas. O aluno em que as lições desses mestres se contrariam é mal educado; aquele em quem todas visam os mesmos fins, esse é bem educado.
Junto do estado civil vem a liberdade moral, a única que torna o homem verdadeiramente dono de si, já que obedecer apenas aos desejos é escravidão, e a obediência à lei é a liberdade.
Os escravos perdem tudo nas suas algemas, inclusive o desejo de se livrarem delas.
Se há escravidão por natureza é porque houve escravização contra a natureza.
Quando o povo não tiver mais nada pra comer, ele comerá os ricos.
A paz do coração só se mantém pelo desprezo de tudo quanto possa perturbá-la.
Os escravos perdem tudo ao serem acorrentados – até mesmo o direito de se libertar dos grilhões; amam a escravidão tanto quanto os companheiros de Ulisses amavam seu embrutecimento. Portanto, se existem escravos por natureza, é porque existem escravos contra a natureza. A força fez os primeiros escravos, a covardia os eterniza.
A respeito de tudo isso, haveria muitas observações particulares e reflexões que fazer, mas não há aqui lugar para isso e me basta haver mostrado, nesta pequena parte, o sistema mais geral da natureza, sistema que fornece uma nova razão de tirar o homem da classe dos carnívoros e de o colocar entre as espécies frugívoras.
O que julga ser senhor dos demais é de todos o maior escravo.
A poesia reflete mais a realidade do que a prosa.
As injúrias são as razões dos que não tem razão.
Na juventude deve-se acumular o saber. Na velhice fazer uso dele.
Quem mais demora a fazer uma promessa é quem a cumpre mais rigorosamente.
A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada.
O castigo da ocasião malograda é o não tornar a encontrar-se mais.
A fingida caridade do rico não passa, da sua parte, de mais um luxo; ele alimenta os pobres como cães e cavalos.
Amo-me a mim próprio demasiado para poder odiar seja o que for.
O povo, por ele próprio, quer sempre o bem, mas, por ele próprio, nem sempre o conhece.
Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído.
Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias, e a grande moderação à mesa geralmente anuncia costumes dissimulados e almas duplas.
Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim da caminhada um objetivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.
Não sei ver nada do que vejo; vejo bem apenas o que relembro e tenho inteligência apenas nas minhas lembranças.
Devemos corar por havermos cometido uma falta, e não por a reparar.
Odeio mais as máximas ruins do que as más ações.
Pelos mesmos caminhos não se chega sempre aos mesmos fins.
Os homens dizem que a vida é curta, e eu vejo que eles se esforçam para a tornar assim.
A inocência não se envergonha de nada.
Visto que o fundamento da propriedade é a utilidade, onde não houver utilidade possível não pode existir propriedade.
O primeiro raciocínio do homem é de natureza sensitiva…: os nossos primeiros mestres de filosofia são os nossos pés, as nossas mãos, os nossos olhos.
A arte de interrogar não é tão fácil como se pensa. É mais uma arte de mestres do que de discípulos; é preciso ter aprendido muitas coisas para saber perguntar o que não se sabe.
A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui.
Povos livres, lembrai-vos desta máxima: A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.
A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.
Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira.
As nossas paixões são os principais instrumentos da nossa conservação.