Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação,
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
aperto de mãos
Apenas bons amigos…
Pra ser sincero eu não espero que você minta
Não se sinta capaz de enganar
Quem não engana a si mesmo
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito,
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos
Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
Aperto de mãos,
apenas bons amigos…
Pra ser sincero não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo
Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre,
Talvez a gente encontre explicação
Um dia desses num desses encontros casuais
Talvez eu diga, minha amiga,
Pra ser sincero… prazer em vê-la
Até mais…
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.
A vida e uma longa espera do nada
Nada é facil cara, euforia e depressão… muitas pedras no caminho e uma flor em cada mão…
Pra ser sincero eu não espero de você, mais do que educação, beijo sem paixão, crime sem castigo, aperto de mãos… apenas bons amigos
Se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal na minha pele o teu desenho
Feitos um pro outro
Feitos pra durar
Uma luz que não produz sombra..
não peça perdão, a culpa não é sua
estamos no mesmo barco e ele ainda flutua
não perca a razão, ela já não é sua
onda após onda, o barco ainda flutua
ao sabor do acaso
apesar dos pesares
ao sabor do acaso… flutua
então, preste atenção: o mar não ensina, insinua
estamos no mesmo barco, sob a mesma lua
no mar, em marte, em qualquer parte
estaremos sempre sob a mesma lua
ao sabor da corrente
tão fortes quanto o elo mais fraco
ao sabor da corrente… sob a mesma lua
âncora, vela
?qual me leva?
?qual me prende?
mapas e bússola
sorte e acaso
?quem sabe (?) do que depende?
Você, que tem idéias tão modernas
é o mesmo homem que vivia nas cavernas…
Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí… não é por nada não
Não, não pode ser… é claro que não é, será?
Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear
(solidez)
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder
Na verdade “nada” é uma palavra esperando tradução…
Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos húmidos
Eu posso estar completamente enganado
Posso estar correndo pro lado errado
Mas a dúvida é o preço da pureza
e é inútil ter certeza
Já não vejo diferença entre os
dedos e os anéis
Já não vejo diferença entre a
crença e os fiéis
Tudo é igual quando se pensa em
como tudo poderia ser
Há tão pouca diferença e há tanta
coisa a fazer
Esquerda e direita, direitos e deveres,
os 3 patetas, os 3 poderes
Ascenção e queda, são os dois
lados da mesma moeda
Tudo é igual quando se pensa em
Como tudo poderia ser
Há tão pouca diferença
há tanta coisa a escolher
é tanta coisa a fazer
Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar
Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar
Pensei que houvesse um muro
entre o lado claro e o lado escuro
Pensei que houvesse diferença entre
gritos e sussurros
Mas foi engano, foi tudo em vão
Já não há mais diferença entre a raiva e a razão
Esquerda e direita, direitos e deveres,
os 3 patetas, os 3 poderes
Ascenção e queda, são os dois lados da mesma moeda
Tudo é igual quando se pensa em
como tudo poderia ser
Há tão pouca diferença,tanta coisa a fazer
Tanta coisa a fazer
E os nossos sonhos são os mesmos,a tanto tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Nossos sonhos são os mesmos,a tanto tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Tempo pra sonhar
Nossos sonhos são os mesmos,amuito tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Nossos sonhos são os mesmos,a muito tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Tempo pra sonhar
Tempo pra sonhar
Tempo pra sonhar
Tempo pra sonhar
Vamos possuir retrato no real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o Rock inglês
A dúvida é o preço da pureza.
somos quem podemos ser
sonhos que podemos ter
Se você quiser remar contra a mare, tem que remar muito mais forte.
Pra entender, basta uma noite de insônia, um sonho que não tem fim, um filme sem muita graça, uma praça sem muito sol, seis cordas pra guitarra, seiscentos anos de estudo ou seis segundos de atenção.
Tenho muito mais dúvidas do que certezas, hoje com certeza eu só tenho você
é preciso fé cega e pé atrás, olho vivo, faro fino e tanto faz…
Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
Vamos voltar pra aquele lugar
Vamos voltar
Ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo e tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais
Quantas vezes eu estive
cara a cara com a pior metade?
A lembrança no espelho,
a esperança na outra margem
Quantas vezes a gente sobrevive
à hora da verdade?
Na falta de algo melhor
nunca me faltou coragem
Se eu soubesse antes o que sei agora
erraria tudo exatamente igual…
Tenho vivido um dia por semana
acaba a grana, mês ainda tem
Sem passado nem futuro,
eu vivo um dia de cada vez
Quantas vezes eu estive
cara a cara com a pior metade?
Quantas vezes a gente sobrevive
à hora da verdade?
Se eu soubesse antes o que sei agora
iria embora antes do final…
Surfando karmas e DNA
eu não quero ter o que eu não tenho
não tenho medo de errar!
Surfando karmas e DNA
não quero ser o que eu não sou
eu não sou maior que o mar…
Surfando karmas e DNA…
na falta do que fazer, inventei a minha liberdade!!
(Engenheiros do Hawaii)
“A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante”
E tudo ficou tão claro
o que era raro, ficou comum
como um dia depois do outro
como um dia, um dia comum…
Senti saudade, vontade de voltar. Fazer a coisa certa: aqui é o meu lugar. Mas sabe como é difícil encontrar a palavra certa, a hora certa de voltar. A porta aberta, a hora certa de chegar. Eu que não fumo, queria um cigarro. Eu que não amo você, envelheci dez anos ou mais nesse último mês. Eu que não bebo pedi um conhaque, pra enfrentar o inverno que entra pela porta que você deixou aberta ao sair.
Tudo queimava, mas nada aquecia.
Não quero ser o que eu não sou, eu não sou maior que o mar.
Eu sou o coração, não sou o cardiologista.
Não procure paz onde paz não há, não procure alguém onde não há ninguém, não procure o céu azul no mar vermelho, não procure outras pessoas no espelho.
Quantas bocas se fecharão quando a bomba beijar o chão da cidade em chamas?
Não viro vampiro, prefiro sangrar, me obrigue a morrrer, mas não me peça pra matar.
Não é que eu faça questão de ser feliz, eu só queria que parassem de morrer de fome a um palmo do meu nariz.
Você esquece que eu não sou de ferro
(Até o ferro pode enferrujar)
Você esquece que eu não sou de aço
E faço questão de provar:
Olhe pra mim…. enquanto eu me quebro
Às vezes parece que eu não tenho medo
Às vezes parece que eu não tenho dúvidas
Às vezes parece que eu não tenho…
.. Nenhuma razão pra chorar
Você esquece que eu não sou de ferro
(Até o ferro pode enferrujar)
Você esquece que eu não sou de aço
E faço questão de provar:
Olhe pra mim…. enquanto eu me quebro
Às vezes parece que eu tenho muito medo
Às vezes parece que eu só tenho dúvidas
Às vezes parece que eu não tenho…
.. Nenhuma chance de escapar
Acontece que eu não nasci ontem
(Até hoje sempre escapei com vida)
Pra quem duvida de tudo que eu faço
Eu faço questão de provar:
Olhe pra mim.. enquanto… desapareço no ar
Não queira estar no meu lugar
Não queira estar em lugar nenhum
Às vezes tudo muda
E continua tudo no mesmo lugar
Não queira estar no meu lugar
Não queira estar em lugar nenhum (UM LUGAR COMUM)
Às vezes uma prece ajuda
Às vezes nem adiante rezar
Já desisti de ser uma pessoa só
Já desisti de ser uma multidão
Já não ponho todas as fichas na mesa
Agora … jogo algumas no chão
Jogo algumas no chão
Às vezes tudo, às vezes nada
Às vezes tudo ou nada, às vezes 50%
Às vezes a todo momento, às vezes nunca
Como tudo na vida, não é sempre
Às vezes de bem com a vida, às vezes de mau humor
Às vezes sem saída, às vezes seja onde for
Não é sempre, não é sempre
Como tudo na vida… nunca é sempre
Berros da Liberdade
Ah se a multidão da terra pudesse ouvir ou tentasse escutar o som da reflexão.
e revelasse o filme do pensamento, paciente dos problemas das pessoas que vivem na aflição.
Ah se eu pudesse fazer o video tape das belas histórias, que a gente vive nos sonhos bons.
Ah se o perfume da comunicação, exalasse sempre as mensagens concretas e otimistas e envolvesse a harmonia das cores como o som infinito das galáxias.
Seria bom se a gente usasse mais o nosso tempo na construção da sabedoria e pintasse os painéis da ignorância com tinta branca da aprendizagem, e com o fogo da verdade, queimasse o lixo da inveja, da calúnia, da traição, da indecência desonesta, que habitam na elite da hipocrisia das pessoas que se vestem com a inocência de cordeiro e se perfumem com o hálito fúnebre da maldade.
Porém é preciso cultivar, o jardim da esperança determinada e regar todos os dias as flores do afeto, do perdão, do amor, da humildade, semeando o bem, e deixar crescer com abundância os espinhos sérios que protejam as raríssimas rosas da honestidade.
e florescer de novo a fé, no seio da sociedade, todos querem subir bem alto, por exemplo: no azul do céu!
No pico do mundo e cantar com a força da emoção sentindo o eco das montanhas nos Berros da Liberdade!
se os romanos te tiram pra Cristo
e os cristãos te chamam Satã
se te dizem que foi ontem
ou mandam voltar amanhã
se colorados te acham gremista
e gremistas te acham pé-frio
se te deixam fora da lista
gregos, troianos, judeus e gentios
se, no fim das contas,
chegas à triste conclusão
de que “não tem jeito,
todos eles têm razão”
relax…
respira fundo…
mesmo que o som do telefone
pareça o fim do mundo
embaixo da cama, atrás da porta
vindo na tua direção
pode não ser uma jibóia
pode ser paranóia, meu irmão
…
por todos os lados
o mesmo inimigo
quando fogo cruzado
é fogo amig
Tentativas infantis de resumir tudo de bom que a natureza têm. Sem espinhos, sem o trabalho de preparar a terra, regar. Tristes rosas vermelhas morrendo. Sufocadas pelo celofane.
(*) Não acredito que a memória seja um lugar esperando nossa visita. Me parece mais algo que construímos a cada visita. E nunca construímos da mesma forma. Sempre que lembrarmos do primeiro beijo, será um beijo diferente. Será sempre outra pessoa, a pessoa que nos tornamos, a lembrar do mesmo beijo.
Música sempre foi uma atividade social. Com o surgimento do walkman começou a individualização do que era coletivo. Na contramão, resta a praga dos caras que abrem o porta-mala do carro num posto de gasolina pra beber cerveja quente e ouvir a eguinha pocotó.
Existe o melhor beijo? Até pode existir, mas só na opinião de, no máximo, duas pessoas. O melhor beijo jamais será hegemônico.
Bons fones, se possível. Boa música, sempre!
Sou melancólico por natureza. Ver a manada sair da mesma sessão do mesmo filme para entrar no mesmo restaurante e pedir o mesmo prato que será saudado com os mesmos adjetivos depois de ser pago com um cartão de crédito da mesma marca me deixa ainda mais melancólico.
Num dia desses, minha andança por POA coincidiu com o horário de saída de um colégio. Crianças invadiram a calçada enquanto eu passava. Algumas ficaram me olhando fixamente. Na verdade, olhavam para meus cabelos. E riam. Saquei que elas nunca tinham visto um cara cabeludo! Estranho é que havia, entre as crianças, vários moicanos. Fala um pouco a respeito do nosso tempo o fato deste corte de cabelo complexo, que necessita aditivos químicos para dribar a gravidade, parecer mais natural às crianças do que cabelos que… simplesmente… naturalmente… crescem.
“Se pensam que eu tenho as mãos vazias e frias, melhor assim! Se pesam que as minhas mãos estão presas… Supresa! Mãos e coração livres e quentes, chimarrão e leveza!”
Tenho fãs melhores e em maior número do que mereço. Não entendo como nem porque, mas agradeço a Deus. Quem começa a trabalhar comigo sempre se surpreende. Acho sintomática esta surpresa e cumprimento todos os “de fé” com um piscar de olhos imaginário: nós conhecemos a força da teia que tecemos. Silenciosamente.
Azar teve Eddie Van Halen. Nunca fez minha cabeça o som dele (pelo contrário, foi um dos motivos que me fizeram achar o baixo um instrumento mais interessante do que a guitarra em 87), mas reconheço sua maestria. Um gênio. Foi um cara seminal na revolução que colocou uma guitarra no quarto de cada adolescente americano nos anos 80 (ok, depois as guitarras viraram computadores, mas isso é outro papo, outra década).
Aquele roquenrrou pirotécnico ficou espremido entre o nervo exposto do grunge e o atleticismo musical de caras como Joe Satriani e Steve Vai. Sufocado entre uma postura mais visceral e outra mais cerebral. É assim na vida e na arte: ciclos, movimentos pendulares, ondas que vêm e vão. Injustificável é que os fãs do Eddie tenham se calado. É raríssimo, hoje em dia, alguém dar crédito ao cara pela influência que teve.
faça uma prece pra Freud Flintstone
acenda uma vela pra Freud Flintstone
sacrifique o bom senso no seu altar
…
esqueça a prece pra Freud Flintstone
acenda a fogueira pra Freud Flintstone
vamos queimá-lo vivo, enterrá-lo vivo
(*) Cazuza cantou que seus heróis morreram de overdose. Imagino que se referisse a Jimi, Jim, Janis… Atemporal, a canção fala das meninas Amy e Cássia, dos bateristas Boham e Moon, dos baixistas Pastorius e Lynnot. Metafórica, ela fala dos carros de James Dean e Albert Camus, dos voos de Steve Ray Vaughan e Buddy Holly, dos mistérios de Robert Johnson e Jeff Buckley, dos absurdos disparos-para-o-coração de Lennon e Cobain. Prematuras, estas mortes condenam os mitos à vida eterna. Todas têm um pouco de encenação da Paixão de Cristo. Adorados, os posters ficarão para sempre imitando crucifixos na “parede da memória”.
Há heróis que continuam por aí, fazendo de conta que o tempo não passa (Jagger/Richards e McCartney, por exemplo). E há aqueles que, de uma forma ou outra, em um momento ou outro, saltaram do bonde (o bonde chamado desejo?). É pensando nestes que escrevo: os caras que me ensinaram a ser jovem e estão me ensinando a envelhecer.
Joni Mitchell encheu o saco da forma como as mulheres são vistas na indústria cultural e foi pintar. Bjorn Borg achou que era muita pressão ter que acertar todas as bolas e foi errar um pouco na vida. Leonard Cohen raspou o cabelo e foi ver de perto qualé a do budismo. Roger Waters ergueu, demoliu e cantou (não necessariamente nesta ordem) seu próprio muro. Dylan por várias vezes saltou do bonde (a primeira: depois do acidente de moto em 66; a mais recente: o mergulho no trabalho, na Never Ending Tour).
O que há de comum nestes exemplos? Eles acharam que o solo estava muito duro, seco demais para receber sementes? Acharam que a esponja não absorveria mais nada por estar molhada demais? Pode não haver nada em comum, eu posso estar forçando a barra… mas realmente acho que estes caras assumiram as rédeas, traçaram os próprios rumos. Parece pouca coisa? Só para quem nunca fez isso.
09ago2011
(*) “Supervisor das tempestades” era a resposta de HD Thoreau a quem perguntasse, objetivamente, qual era sua profissão. Resposta bem subjetiva. Qual é a minha profissão? Toco num power-duo, escrevo num blog toda terça-feira e faço uma TwitCam no dia 11 de cada mês. Fui objetivo?
Ele estendeu a mão de forma insuficiente. Uma isca. Para me obrigar a virar a cabeça. Queria cruzar olhares. Eu nem teria notado, não fosse o sino das chaves batendo uma na outra. Meu olhar saiu do painel do carro, onde eu procurava uma rádio em que não estivessem dizendo bobagens. Do painel para as chaves, das chaves para os olhos dele, quase invisíveis sob a sombra do boné.
O tanque estava cheio, o troco estava certo. Não era isso que ele queria dizer. Queria dizer que era meu fã. E que agora não era mais. Havia se convertido: só ouvia música religiosa. Fiquei feliz. Só não pedi desculpas pelo tempo que ele perdera com minha música porque soava deslocada minha felicidade. Eu perdera um fã, ele ganhara um sentido para a vida. Por que, então, eu estava alegre e ele parecia triste, constrangido?
Fiquei constrangido por ele estar constrangido. Seria contagioso? E se a corrente de constrangimento saísse do carro, jorrasse da bomba de gasolina e contaminasse todo o posto, a loja de conveniência, os prédios ao lado? Constrangeria o mundo inteiro?
Uma buzina trouxe minha mente de volta ao triste rosto no posto. Tentei animá-lo. Falei que trocaria de lugar com ele, na boa, pois deve ser bom ter as respostas definitivas pro espírito e um emprego fixo pro corpo. Foi como se eu não tivesse dito nada. Ele já não me ouvia.
Voltei pra abastecer outras vezes. Nunca mais o encontrei.
“Mesmo que eu fosse apreciador dos bons restaurantes, não me imagino visitando a cozinha deles. Quando vou doar sangue, não olho para a enfermeira, muito menos para a agulha. O que acontece sob o capô do meu carro é um completo mistério para mim, beira a magia. Deve ser desmistificante para quem não está familiarizado com o processo de criação ver rascunhos, sementes de músicas que frutificaram longe de onde foram plantadas. (…) Natural, há um oceano na cabeça. As músicas, livros, desenhos, gritos, sussurros e silêncios são apenas as ondas que chegam à praia. E as ondas voltam. Sempre. Nunca iguais. Deve ser o que chamam “ponta do iceberg”. Talvez, depois de 25 anos, o resto do iceberg fique mais visível. Talvez não. Há quem diga que a função das palavras é esconder o que sentimos. Eu não digo.”
Tenho um pé atrás com pessoas que estão sempre de bem com a vida. Já vivi o suficiente para saber quando alguém está querendo enganar a si mesmo enchendo as frases com adjetivos exagerados e excessivos pontos de exclamação. Conheço artistas que perderam o brilho nos olhos depois de anos se obrigando a achar tudo legal, dando tapinhas nas costas de cada colega, paparicando cada fã. São gente finíssima, fina camada, verniz superficial sob o qual já não existem.
O outro pé também tenho atrás: com pessoas que estão sempre de mal com a vida. Já vivi o suficiente para saber que o fim do mundo não pode ser todo dia. Profissionais do máu humor apocalíptico não me convencem. Conheço artistas que perderam o brilho no olho depois de anos se obrigando a odiar tudo, dando punhaladas nas costas de cada colega e virando a cara para cada fã. Grosserias, sob grossa camada de gelo, estes caras já não existem.
A virtude está no meio termo. Mas o meio termo a gente nunca sabe onde é, né? E William Blake disse que “o caminho do excesso leva ao castelo da sabedoria”! Ah, aforismos são o band-aid do pensamento: só servem para cortes superficiais. Ih, acabei de criar outro aforismo, né?
Não procure paz onde paz não há, não procure alguém onde não há ninguém.
Bons fones, se possível. Boa música, sempre!
Não acredito que a memória seja um lugar esperando nossa visita. Me parece mais algo que construímos a cada visita. E nunca construímos da mesma forma. Sempre que lembrarmos do primeiro beijo, será um beijo diferente. Será sempre outra pessoa, a pessoa que nos tornamos, a lembrar do mesmo beijo.
Num dia desses, minha andança por POA coincidiu com o horário de saída de um colégio. Crianças invadiram a calçada enquanto eu passava. Algumas ficaram me olhando fixamente. Na verdade, olhavam para meus cabelos. E riam. Saquei que elas nunca tinham visto um cara cabeludo! Estranho é que havia, entre as crianças, vários moicanos. Fala um pouco a respeito do nosso tempo o fato deste corte de cabelo complexo, que necessita aditivos químicos para dribar a gravidade, parecer mais natural às crianças do que cabelos que… simplesmente… naturalmente… crescem.
Enquanto saia do estádio, depois do GreNal. Vi dois caras caminhando, lado a lado, pacificamente, cada um com a camisa de um time. Pensei nisso por que esta paz me surpreendeu. Seria melhor se não surpreendesse: esta paz deveria ser normal!
Eu fui sincero como não se pode ser. (Refrão de Bolero)
A ilusão de que se pode ter tudo é um passaporte para a angústia.
Cuidar do corpo pq a alma cuida Deus.
Dinheiro. Astral estranho cerca esta palavra. Seja na especulação online, global e sem cheiro, seja nas imundas notas amassadas do mundo físico; é um astral estranho.
Tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim (com exceção dos LPs do Pink Floyd, que tinham dois lados bons)
Falar de amor não é amar.
Com exceção das religiões (que são indiscutíveis por se basearem na fé e em dogmas) todos os sistemas pra explicar o mundo, por melhor que sejam, são parciais. Eles têm limites. A realidade nunca se deixa capturar completamente. Algumas vezes até parece que ela não existe, né?
Nascemos velhos e somos eternas crianças
Excesso de atenção em alguma coisa é desatenção pra outras.
O mundo, assim como a gente, nunca tá pronto. Vive mudando. Muda pra viver. Ser contra todas as transformações faz tão pouco sentido quanto ser a favor de todas elas.
A cada dia encontro mais gente que sabe, com certeza absoluta, o que é melhor pra mim
“Hoje eu sinto cada um no seu nicho, ai tu liga a tv, um cara jogou o outro do trem, porque o cara estava com a camisa de uma banda punk e o outro é heavy metal. O outro é heavy metal de esquerda e o outro é heavy metal de direita. Eu acho tão nonsense… música para separar as pessoas, é uma noção tão absurda na minha cabeça, já tem tantas coisas para separar as pessoas, classe social, time de futebol, ainda música os caras usam para isso?”
As coisas mudam de nome
Mas continuam sendo o que sempre serão.
Não há alternativa, é a única opção: unir o otimismo da vontade e o pessimismo da razão contra toda expectativa, contra qualquer previsão, há um ponto de partida, há um ponto de união: sentir com inteligência, pensar com emoção
Os tempos são outros, os erros os mesmos
Muitas flores no caminho e uma pedra em cada mão.
Entre a vertigem de um cavalo alado e o óleo diesel de um cavalo vapor.
Não se qual foi a causa
E quais serão as conseqüências
A borboleta bate as asas
E o vento vira violência
Não sei a soma exata
Só a ordem de grandeza
Não sermos literais as vezes faz nossa beleza
As vezes faz nossa cabeça um par de olhos
Um por de sol as vezes faz a diferença
Sobretudo, tenho certeza de que Deus está nos detalhes e as coisas simples são as melhores. Taí uma dessas velhas e surradas sabedorias que a gente teima em esquecer.
No caos me sinto à vontade:
a tempestade é meu elemento
no pampa o vento violino minuano
na fria janela de um apartamento
Se é o medo que te move
!não se mexa: fique onde está!
se é o ódio que te inspira
!não respire o ar viciado deste lugar!
Eu tenho medo do medo que as pessoas têm
o sol nasce pra todos todo dia de manhã
o mal nasce do medo da escuridão
Eu tenho medo do medo que as pessoas têm
o mal nasce do medo como o ovo e a galinha
nasce do medo do medo que as pessoas têm
Hoje estamos a perigo
Hoje estamos separados, divididos
Mas um dia, um dia, nós seremos a maioria
Eu sigo em frente, pra frente eu vou
Eu sigo enfrentando a onda
Onde muita gente naufragou
Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Esquecemos o que somos: simples de coração
Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Agora é bola pra frente, agora é bola no chão
Já brincamos muito tempo (até perder a direção)
Na santa paz de Deus
No mais perfeito caos
No fundo tudo é ritmo
A dança foge do salão
Invade a autoestrada do átomo ao caminhão
O fim é puro ritmo
O último suspiro é purificação
Os deuses dão as costas… agora é só você
O céu é só uma promessa
Eu tenho pressa, vamos nessa direção
Atrás de um sol que nos aqueça
Minha cabeça não aguenta mais…
Estamos tão ligados, já não temos o que temer
Nada faz a menor diferença
Quando a gente pensa no que ainda pode ser
Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver
Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer
Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém
Não há nada que me prenda
Hey, garota, não fique esperando o telefone tocar
De volta ao passado, tecendo tapetes,
Esperando o guerreiro voltar
Com o tempo, a gente se acostuma a abrir mão de algumas coisas em favor de outras. Até aprende a conviver com a possibilidade de ter feito a escolha errada. Afinal, a dúvida é o preço da pureza.”
“(…) Seguinte: fim de ano é hora de olhar pra trás e pra frente, né? Geralmente tentamos organizar o passado e prever o futuro. Mas, cá pra nós, não são ambos igualmente misteriosos? Seja uma simples lista de livros lidos ou o complexo mapa geopolítico de uma nova ordem global, passado e futuro não nos pertencem. Nisso, são iguais.”
Eu levo tudo a sério. Podem me acusar disto. Mesmo que, sem linha, uma agulha possa surfar mais livremente pelo tecido, eu prefiro o comprometimento da costura. Mais do que encarar as consequências: contar com as consequências. Estranho que o ditado “não dar ponto sem nó” geralmente seja usado de forma pejorativa. “Costurar sem linha” me parece um diagnóstico apurado dos tempos que correm. Mas este não é um ditado. Ainda.
Os deuses dão as cartas… agora é só você… jogue !
Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez,
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês
Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão
Mas, hey mãe!
Alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer
Nessa terra de gigantes
Que trocam vidas por diamantes
A juventude é uma banda
Numa propaganda de refrigerantes
110, 120, 160 Só pra ver até quando o motor agüenta
Na boca em vez de um beijo, um chiclete de menta
E a sombra de um sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway
No ar da nossa aldeia
Há mais do que poluição
Há poucos que já foram
E muitos que nunca serão
As aranhas não tecem suas teias
Por loucura ou por paixão
Se o sangue ainda corre nas veias
É por pura falta de opção
Se você sentisse
O medo que eu sinto do escuro
Se você soubesse
O mal que o sol me faz
Não me pediria pra repetir
Revoltas banais das quais eu já me esqueci
Se você ouvisse
Às vozes que ouço à noite
Às vezes me assustam
Outras vezes me atraem
Se você sofresse
Tanto quanto eu sofro com a solidão
Se você soubesse
O quanto eu preciso da solidão
Não me pediria pra repetir
Frases banais das quais já me arrependi
Duas pessoas são duas verdades
E, na verdade, são dois mundos
A cada segundo, o pânico aumenta
E uma sombra arrebenta a porta dos fundos
Acontece que eu não tenho escolha
Por isso mesmo é que eu sou livre
Além do mito que limita o infinito
Além do dia-a-dia
Que esvazia a fantasia
E o que nos devem
Queremos em dobro
Queremos em dólar
O que nos devem
Queremos em dobro
Queremos agora
Se te disseram pra não virar a mesa
Se te disseram que o ataque é a pior defesa
Se te disseram pra esperar a sobremesa
Ouça o que eu digo: não ouça ninguém
As chances estão contra nós
Mas nós estamos por aí
A fim de sobreviver
No meio da confusão
Andando sem direção
A fim de sobreviver
Enquanto as bombas caem do avião
Deixando de recordação
A cidade em chamas
A cidade em chamas
Não basta ter coragem
É preciso estar sozinho
É preciso trair tudo
E trazer a solidão
Eu sei que eles tem razão
Mas a razão é só o que eles tem
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum
?o que seria de nós
Se não fosse a ilusão
Que nos trouxe até aqui?
Quanto mais se foge
Tanto mais se quer fugir
?O que seria de nós
Se não fosse a ilusão
A doce ilusão de conseguir?
Sei que parecem idiotas
As rotas que eu traço
Mas tento traçá-las eu mesmo
E, se chego sempre atrasado
Se nunca sei que horas são
É porque nunca se sabe
Até que horas os relógios funcionarão
Sem dúvida a dúvida é um fato
Sem fatos não sai um jornal
Sem saída ficamos todos presos
Aqui dentro faz muito calor
Não quero perder a razão
Pra ganhar a vida,
nem perder a vida.
Pra ganhar o pão,
não é que eu faça questão de ser feliz.
Eu só queria que parassem
de morrer de fome a um palmo do meu nariz.
Mesmo que pareçam bobagens
as viagens que eu faço,
eu traço meus rumos eu mesmo (a esmo).
E se nunca sei a quantas ando
Se ando sem direção
É porque nunca se sabe.
Nem sempre faço o que é melhor pra mim
Mas nunca faço o que eu
Não tô afim de fazer
Não viro vampiro, eu prefiro sangrar
Me obrigue a morrer
Mas não me peça pra matar, não!
Na hora “h”
No dia “d”
Na hora de pagar pra ver
Ninguém diz o que disse
(não era bem assim)
Na hora “h”
No dia “d”
Na hora de acender a luz
Ninguém dá nome aos bois
(tudo fica pra depois)
Na hora “h”
No dia “d”
Ninguém paga pra ver
Tudo fica pra trás
Querem mais é esquecer
Mas é impossível repetir
O que só acontece uma vez
É impossível reprimir
O que acontece toda vez
Que alguém acorda
Porque já não aguenta mais
E a corda arrebenta
No lado mais forte
É muito engraçado
Que todos tenham os mesmos sonhos
E que o sonho nunca vire realidade
É muito engraçado
Que estejam do mesmo lado
Os que querem iluminar
E os que querem iludir
É muito engraçado
Que todo mundo tenha
Armas capazes de tudo
De todo mundo acabar
No dia “d”, na hora “h”
Todo dia a gente inventa uma alegria
A gente esquenta a água fria
E ignora a bola fora
Toda hora a gente dá um desconto
A gente faz de conta
Mas chega a um ponto em que ninguém mais quer saber
Crimes passionais
Profissionais liberais demais
Segredos de estado
Centroavante recuado
Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem
Tem muita gente se queimando na fogueira
E muito pouca gente se dando muito bem
Agente secreto
Agente imobiliário
Gente como a gente
Presidente e operário
Empresas estatais
Estátuas de generais
Heróis de guerra
Guerra pela paz
Hindus, industriais
Tribos e tribunais
Pessoas que nunca aparecem
Ou aparecem demais
Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem
Tem muita gente se queimando na fogueira
E muito pouca gente se dando muito bem
Críticos da arte
Arte pela arte
Pink Floyd sem Roger Waters (Welcome To The Machine)
Formas sem função
Fascistas de direita
Fascistas de esquerda
Empresas sem fins lucrativos
Empresas que lucram demais
E todo dia a gente inventa e fantasia
A gente tenta todo dia
Feitos cegos
Egos em agonia
Pra entender
Basta um tapa num cigarro
Uma olhada no mapa do Brasil
Uma caminhada por qualquer caminho
Um carinho qualquer
Basta ver o que não se enxerga
O que só se enxerga nos olhos de
uma mulher
Basta olhar pro que acontece
Esteja onde estiver
Pra entender
Pra entender
Nada disso é tudo
Tudo isso é fundamental
Eu tenho os meus problemas, você tem os seus.
Variações de um mesmo tema, ateus procurando Deus.
Eu tenho os meus problemas, você tem os seus.
Variações de um mesmo tema, dylan e seus dilemas.
Onde estamos? Pra onde vamos? Onde já se viu?
num retrato, num espelho, no mapa do Brasil…
Qual é seu signo?Que sangue você gosta de sugar?
Qual é o seu limite (se é que ele existe)?
Se não existe, qual é?
Não procure paz onde paz não há
Não procure alguém onde não há ninguém
Não procure um céu azul no mar vermelho
Não procure outras pessoas no espelho.
Não procure mais, tá tudo aí
E ai de nós se o disco acabar
Se o rastro ficar invisível a olho nu
pois nossos olhos não usam black-tie
Ouça o que eu digo: não ouça ninguém
Ouça o que eu digo: não ouça ninguém
Só obedeça à lei da infinita highway
Piloto automático não leva a nenhum lugar
(não, não ouça o que eu digo: não ouça ninguém)
Piloto automático não leva a lugar nenhum
(não, não ouça o que eu digo: não ouça ninguém)
…não ouça ninguém…
Não tenha medo.
Nem tudo tem explicação
Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul
O coração sempre arrasa a razão
O que é preciso, ninguém precisa explicar
O mundo é muito grande pra quem anda de avião
Pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão
O coração sempre arrasa a razão
O que não tem explicação, ninguém precisa explicar
O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão,
No meio da madrugada ele ilumina o Japão…
O coração nunca cansa da canção
O que tá escrito na canção
Ninguém precisa aceitar
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde quer chegar
Estamos vivos sem motivos
Mas que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entre linhas do horizonte
Desta highway
Hey mãe!
Eu já não esquento a cabeça
Durante muito tempo
Isso era só o que eu podia fazer
Mas, hey hey mãe!
Por mais que a gente cresça
Há sempre alguma coisa que a gente
Não consegue entender
Pensei que houvesse um muro
entre o lado claro e o lado escuro
Pensei que houvesse diferença entre
gritos e sussurros
Mas foi engano, foi tudo em vão
Já não há mais diferença entre a raiva e a razão
Esquerda e direita, direitos e deveres,
os 3 porquinhos, os 3 poderes
Ascenção e queda, são os dois lados da mesma moeda
Tudo é igual quando se pensa em
como tudo poderia ser
Há tantos sonhos a sonhar
há tantas vidas a viver
Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar
Não importa se só tocam
O primeiro acorde da canção
A gente escreve o resto em linhas tortas
Nas portas da percepção
Em paredes de banheiro
Nas folhas que o outono leva ao chão
Em livros de historias seremos a memória dos dias que
virão
Se é que eles virão
eu entendo você que não me entende
eu surpreendo você
que não me prende
“Tire as mãos de mim!”
“Me dê a sua mão!”
cada um tem o seu ponto de vista
encare a ilusão da sua ótica
os olhos dizem sim
o olhar diz não
a pampa é pop
o país é pobre
é pobre a pampa
(o PIB é pouco)
o povo pena mas não pára
(poesia é um porre)
o poder
o pudor
VÁRIAS VARIÁVEIS
o pão
o peão
GRANA, ENGRENAGENS
a pátria
à flor da pele
pede passagem…PQP
ando só
pois só eu sei
pra onde ir
por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei
pergunte ao pó
desça o porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó
por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei
desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio
ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando
ando só
eu já fui cego
já vi de tudo
já vi de tudo e fiquei mudo
já fui tão pouco e fui demais
eu estive longe
longas tardes à procura
a loucura esteve perto
eu estive longe dela
longe da cidade
cidades por toda parte
sempre estive por perto
por pouco Porto Alegre
por certo estive louco
de satisfação
deve ser o que chamam TÚNEL DO TEMPO
ano 2000 era futuro há pouco tempo atrás
há uma luz no fim do túnel
e não é um trem na contramão
(eterna luz em fuga)
há um tempo certo para tudo
para tudo uma razão (ou não)
há uma luz no fim do túnel
uma chama que nos chama, nos atrai
(lanterna sangra e suga)
é a luz do fim do túnel do tempo
fogo fátuo, falta de ar
âncora, vela
qual me leva?
qual me prende?
mapas e bússola
sorte e acaso
quem sabe do que depende?
Em livros de histórias seremos a memória dos dias que virão. Se é que eles virão
força não há
capaz de enfrentar
uma idéia cujo tempo tenha chegado
a força não é
capaz de salvar
uma idéia cujo tempo tenha passado
pra pegar a onda tem que estar
na hora certa num certo lugar
pra pegar a onda, deixa estar
deixa a onda te pegar
deixa a onda te levar
pra pegar a onda tem que estar
surfando karmas & DNA
não dá pra domar a força do mar
deixa a onda te pegar
deixa a onda te levar
surfando karmas e DNA
não quero ter o que eu não tenho
não tenho medo de errar
surfando karmas e DNA
não quero ser o que eu não sou
eu não sou maior que o mar
“Ideia de felicidade: A mente quieta e o coração tranquilo.”
Claro, poderíamos fazer tudo por amor. Mas… ah, o amor! Melhor não sobrecarregá-lo, né? Melhor deixá-lo florescer ao seu modo. Onde e quando menos se espera. Frágil e imortal.
A cada dia encontro mais gente que sabe, com certeza absoluta, o que é melhor pra mim. Apontam, decepcionados, o caminho que eu deveria ter seguido. Apontam, como última chance, o caminho que devo seguir. Nos seus conselhos, elas só se esquecem de uma coisa: de mim.
Não me venha com incríveis carros do ano, restaurantes badalados, quinquilharias digitais e passaportes cheios de carimbos exóticos. Luxo é ter o tempo e o silêncio que se quer e precisa.
Quero ser fra(n)co e quero receber a fra(n)queza como um presente. Quero discordar ao pé do ouvido, com um sorriso tímido no rosto. Quero a mão na mão trêmula, sem luvas de box. Quero o olho no olho marejado, sem óculos escuros. Quero o frio dos pés sob o cobertor, sem coturnos
Talvez o tempo não corra linear como água saindo de uma torneira… talvez se pareça mais com catchup saindo aos trancos das antigas embalagens de vidro. Talvez o tempo esteja se lixando pro que eu penso dele. Talvez? Certamente.
Tenho fãs melhores e em maior número do que mereço. Não entendo como nem porque, mas agradeço a Deus. Quem começa a trabalhar comigo sempre se surpreende. Acho sintomática esta surpresa e cumprimento todos os “de fé” com um piscar de olhos imaginário: nós conhecemos a força da teia que tecemos. Silenciosamente.
Se é pra ser sincero como não se deve ser, conte comigo. Sempre fui explícito quanto às minhas preferências. Por mais fora de moda que pudessem estar. Nunca quis ser parecido com os cadernos de cultura dos jornais. Não me interessa quais são seus filmes da semana, bandas do dia, livros do mês. Nada de heroísmo aqui: talvez eu seja assim mais por preguiça do que por virtude.
Não Procure paz onde paz não há.
Se tudo passa, talvez você passe por aqui.
“A gente faz as contas, projeta uma vida na outra, tenta se enxergar como se fosse outra pessoa… a gente busca espelhos por que viver é solitário. Busca simetrias porque a vida é torta. A simetria acalma. Talvez acalme por que nós mesmos somos simétricos. Uma linha imaginária, dos pés à cabeça, nos divide em duas partes iguais. Buscamos o que já somos? Será? Esquecemos que esta simetria nunca é perfeita.”
Mas a dúvida é o preço da impureza.
Ok, vou ser sincero como não se deve ser: achei o Vestibular e tudo que ele envolve um saco! Na melhor das hipóteses, uma peça surrealista fora de hora e sem graça.
A escolha apressada e superficial da profissão… A gritaria dos professores de cursinho… o cheiro de vela da promessa que alguém da família fez… As questões de múltipla escolha tentando resumir todo o conhecimento ocidental pós-iluminismo: Nonsense! As fórmulas e resumos escritos nas paredes do quarto onde deveriam estar as bandas de rock, o time do coração e mulheres maravilhosas… o portão das escolas fechando inapelavelmente e as reportagens no dia seguinte com alunos que não conseguiram entrar… A espera dos resultados… As contas do que precisa na prova seguinte: Nonsense!
Absurdo como decidir um campeonato nos pênaltis. Todas as potencialidades resumidas numa única habilidade: marcar o “xis” no lugar certo.
Numa cena sintomática deste filminho de terror, o rádio me avisou da estúpida morte de John Lennon. Assassinado numa tarde em que eu estudava biologia, preservação da vida.
Para o bem da humanidade e do alto dos meus 43 mil anos de idade, é meu dever transformar este limão em limonada, passando minhas experiências para as novas gerações numa lista do que eu fiz e deve ser evitado:
1- Não mate aula para ficar namorando guitarras que não sairão da vitrine da loja para tuas mãos.
2- Não tente suicídio quando aquela menina abandonar o cursinho e for morar em Floripa.
3- Meia xícara e café preto não vai segurar sozinha tua onda alimentar no dia da prova.
4- Não faça a prova correndo, em 10 minutos, por medo de que algo horrível aconteça: um tsunami… Uma crise de catalepsia… A invasão do Brasil por forças conjuntas de W. Bush e Hugo Chavez. Relaxe! Respire generosamente.
Lembre-se: Passando ou não no Vestibular a vida volta a sua normal anormalidade no dia seguinte.
Conheci pessoas que passaram pelo funil para a Escola de Arquitetura onde encontraram amigos espertos, engraçados e sensíveis. Acabaram montando uma banda cujo nome brincava com de engenharia que pegavam onda: Engenheiros do Hawaii. Finalmente, por vias tortas, encontraram o bom combate.
Há um muro de Berlim dentro de mim.
Se eu olhasse o relógio, ele diria: hora certa para ver as coisas como elas realmente são.
A vida é assim, num dia estamos no lixo; no outro, em capas de disco…
“O preço é uma prece… pague pra ver.”
“Nada de meias palavras de duplo sentido.”
“Quando se anda em círculos nunca se é rápido demais”
“Deixei de ser criança quando descobri que Roger Waters, a cabeça do Pink Floyd, era defensor da caça como esporte. Voltei a ser criança nos primeiros acordes de Julia Dream.”
“O nosso amor é uma abobrinha”
Não sou contra a beleza. Sou contra a noção de que ela não está na flor e sim no bouquet sem cheiro nem insetos nem vida, envolto em celofane.
“Fisicamente a distancia é ínfima. Espiritualmente pode ser intransponível.”
“Se eu olhasse o relógio, ele diria: hora certa para ver as coisas como elas realmente são.”
“Vez por outra, em vez de tentar harmonizar os ciclos, é bom aceitar o caos.”
A vida é assim, num dia estamos no lixo; no outro, em capas de disco.
A vida é mesmo muito curta para ser pequena.
Quem tem medo do fracasso tem medo da vida. Quem foge das dificuldades foge de si mesmo.
Se eu soubesse antes
o que sei agora
erraria tudo
exatamente igual…
Oscilo entre duas sensações contraditórias: nada mudou e nada é como era. Estranho embate entre intuição e percepção sensorial.
Qualquer formatura de colégio, hoje, é mais produzida do que os shows que os Beatles fizeram.
”…Certo é que nossa mente busca
simetria nas pinturas, nas catedrais e nas notas musicais. Entre passado e futuro, entre os óculos do John e o olhar do Paul, entre Beatles e Stones
me diz? porque será?
que a gente cruza o rio atrás de água
e diz que não está nem aí
Cada situação tem uma dimensão humana pessoal, específica, e outra simbólica, comum a uma coletividade.
Uma eterna juventude já não seria juventude, né?
Eu tive um sonho, o mesmo do outro dia
Lembranças do futuro que a gente merecia
O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom
Certas coisas deveriam durar, senão para sempre, pelo menos mais do que a gente.
Seguir viagem, tirar os pés do chão
Viver à margem, correr na contramão
A tua imagem e perfeição
Segue comigo e me dá a direção
Se dizem que é impossível
Eu digo: é necessário !
Se dizem que estou louco
(fazendo tudo ao contrário)
Eu digo que é preciso
Eu preciso… é necessário
Seguir viagem, tirar os pés da terra firme
E seguir… viagem
Seguir viagem, tirar os pés do chão
Outros ares…sete mares…voar…mergulhar
O que nos dá coragem
Não é o mar nem o abismo
É a margem, o limite e sua negação
Se dizem que é impossível
Eu digo: é necessário!
Se dizem que é loucura
(eu provo o contrário)
E digo que é preciso
Eu preciso…é necessário
Seguir viagem, tirar os pés da terra firme
E seguir…, viagem.
“…Perder é bem pior do que não ter. Quem já teve casa, quem já teve asas, pode me entender.. Perder é bem pior do que não ter, eu já tive as chaves como as aves tem o céu…”
“Gosto das palavras. E do silêncio. Por isso me chateia quando não nos deixam confiar nelas, quando não dão espaço a ele.”
“É frustrante quando situações cada vez mais complexas geram atitudes cada vez mais simplistas. Há quem associe esse descompasso ao imediatismo das redes sociais. Será? Não sei… acho que rola também uma preguiça e falta de noção que se expressam ali por conveniência mas são naturais das pessoas. Ainda mais quando estão assustadas. E como me parecem assustadas as pessoas no momento!”
“Hinos não têm dúvidas. Eu as tenho. Mais do que certezas.”
“O outono, na falta de alguma obviedade que o caracterize, é mais propício a devaneios espirituais.”
“Para quem tem olhar atento, as folhas das árvores começam a cair lentamente, deixando mais aparente a estrutura dos galhos. Fica mais clara a relação entre o que é perene e o que é transitório. No próximo ano, serão outras as folhas na mesma árvore. Mudando de escala, chegará o tempo em que será outra árvore no mesmo chão. A vida e seu eterno bailado entre o que passa e o que permanece.”
“Motivos bobos (uma canção no rádio, um sonho que mate a saudade – um mate! -, um telefone em silêncio, um passeio sobre folhas secas) têm mais chances de fazer a diferença no outono e, (quem diria!), me fazer feliz.”
“…algo deve ser dito a favor da passagem do tempo: é divertido observar a dança das cadeiras.”
“Gosto dos artistas que surpreendem quando falam, aqueles que não dão literalmente o que se espera, na hora que se espera. Suspeito, por exemplo, dos que dizem que suas canções prediletas são seus maiores sucessos. Acho muita coincidência.”
“Não é uma complexidade paralisante, daquelas que nos fazem andar em círculos. Mas optei por não colocar ideias que tanto custei a costurar no liquidificador histérico das redes sociais. Só digo que, apesar das dificuldades, acredito num futuro melhor para todos nós. “Vamo que dá”.”
“Alargar os laços da racionalidade que prendem a causa à consequência, num mundo tão prisioneiro da objetividade, pensar na vida como uma sucessão de pontos e não como uma linha contínua, pode ser interessante, ainda que assuste um pouco. Um exercício de humildade.”
“Uma infância cíclica, que se renova com o passar do tempo ou a ideia de que o envelhecimento e a fadiga não são frutos de um processo gradual, mas acontecem de repente, são conceitos de difícil defesa. Mas não deixa de ser interessante brincar com eles por uns momentos.”
A segunda-feira amanheceu cinzenta e fria. Mas por algum dos tortuosos caminhos da afetividade, simpatizei com ela.
“Dias nublados também podem ser belos dias. Se os ventos da mudança fossem previsíveis, não seriam os ventos da mudança, né?”
“Certeza de estar no caminho certo, dúvida sobre aonde ele nos levará. Fé cega e pé atrás. Sempre é bom mixar instinto e reflexão pois, sabe como é, quem está 100% certo de algo não está 100% certo.”
“Há que ter cuidado com as primeiras impressões, afinal, elas nos dizem que é o sol que gira em torno da terra e que a grama é mais verde no jardim do vizinho.
É recomendável, também, que nenhuma impressão seja a última. Que nos mantenhamos sempre impressionáveis; curiosos e dispostos a ver qualé.”
“Quem mandou esperar a situação perfeita? Na vida, ela só existe como imagem poética (ou no photoshop).”
“Ok, o importante, por mais que a vida vá nos limitando, é não perder a capacidade de observar (criar) pequenas belezas cotidianas. Mesmo que só possamos fotografá-las com a mente. Há sempre muita coisa legal por aí, em suas pequenas imperfeições. Nota mental para uma próxima vida. “
“Distâncias, se não afastam, só fazem aumentar (aproximar) o mistério.”
“Não quero reviver o passado. Me interessa que ele dialogue com o presente, …’mostre o que permaneceu apesar das tantas mudanças desses tempos malucos. E que também mostre a beleza efêmera das coisas que, sintomaticamente, ficaram pelo caminho. Afinal, mesmo que os ponteiros de um relógio parado não marquem o tempo, suas marcas estarão sempre lá.”
Amanhã numa cidade diferente, não haverá diferença no ar. As noites passarão do mesmo jeito, as estrelas estarão no mesmo lugar.
Eu conto as horas que passam, eu conto estrelas no céu, na solidão das noites sem graça nos quartos de hotel.
Se o que importa não importa, não dá nada ser irrelevante.
As vezes você não mexe na coisa que você criou e ela simplesmente se altera.
Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer
Que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar
Que o dia já chegou
No alto da montanha, num arranha-céu
No alto da montanha, num arranha-céu
Se eu pudesse, ao menos te contar
O que se enxerga lá do alto
Com céu aberto, limpo e claro
Ou com os olhos fechados
Se eu pudesse ao menos te levar comigo lá
Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer
Que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar
Que o dia já chegou
Enquanto meus colegas brigavam com seus pais na saudável busca de identidade, à noite, eu colocava os chinelos do meu pai para andar no escuro da casa. Fisicamente não nos parecíamos, mas o som dos chinelos caminhando era igual. Matava um pouco da saudade.
”Não interessa o que o bom senso diz;
Não interessa o que diz o rei;
Se no jogo não há juíz, não há jogadas fora da lei!
Não interessa o que diz o ditado;
Não interessa o que o Estado diz;
Nós falamos outra língua, moramos em outro país.”
Eles querem te vender;
Eles querem te comprar;
Quem te matar de rir, querem te fazer chorar.
Quem são eles? Quem eles pensam que são?
Corrida contra o relógio;
Silicone contra a gravidade;
Dedo no gatilho, velocidade;
Quem mente, antes diz a verdade.
Satisfação garantida;
Obsolescência programada;
Eles ganham a corrida antes mesmo da largada.
Eles querem te vender;
Eles querem te comprar;
Querem te matar a sede, eles querem te sedar.
Quem são eles? Quem eles pensam que são?
Gostar de ser criança é coisa de adulto.
Se fosse bom ser criança, as crianças brincariam de… ser crianças. Do que elas brincam? De ser mãe das bonecas, de dirigir seus carrinhos. Gostar de ser criança é coisa de adulto.
A gente deixa de ser criança quando percebe coisas maiores e mais fortes do que nossos mimados caprichos.
É fácil ver o absurdo na vida dos outros. Na nossa, tudo sempre parece normal e justificável.
Será que alguma civilização fez do momento emblemático da alimentação algo solitário e introspectivo? É a hora em que mais nos aproximamos do pó do qual viemos e ao qual voltaremos. Abocanhar, mastigar e engolir matéria para continuar sendo matéria!
Nenhuma maquiagem esconde a falta de conteúdo.
Não tenho nada a ensinar e não quero que minha melancolia ou minha excitação, minhas crenças ou meu ceticismo, sirvam de exemplo para ninguém.
Sempre que nos lembrarmos do primeiro beijo, será um beijo diferente. Será sempre outra pessoa, a pessoa que nos tornamos, a lembrar do mesmo beijo.
O passo é uma queda evitada por outro passo.
Meu pai segue firme e forte na minha lembrança. Gostaria de sonhar mais com ele.
Respeito minha ignorância. Convivo bem com coisas que não entendo, cantos escuros e encontros silenciosos.
Quem toca baixo fica com calo no dedo, quem é sapateiro fica corcunda, quem é crítico fica meio rancoroso.
(Programa Livre 1991, resposta sobre críticos)
Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação,
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
aperto de mãos
Apenas bons amigos…
Pra ser sincero eu não espero que você minta
Não se sinta capaz de enganar
Quem não engana a si mesmo
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito,
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos
Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
Aperto de mãos,
apenas bons amigos…
Pra ser sincero não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo
Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre,
Talvez a gente encontre explicação
Um dia desses num desses encontros casuais
Talvez eu diga, minha amiga,
Pra ser sincero… prazer em vê-la
Até mais…
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.
A vida e uma longa espera do nada
Nada é facil cara, euforia e depressão… muitas pedras no caminho e uma flor em cada mão…
Pra ser sincero eu não espero de você, mais do que educação, beijo sem paixão, crime sem castigo, aperto de mãos… apenas bons amigos
Se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal na minha pele o teu desenho
Feitos um pro outro
Feitos pra durar
Uma luz que não produz sombra..
não peça perdão, a culpa não é sua
estamos no mesmo barco e ele ainda flutua
não perca a razão, ela já não é sua
onda após onda, o barco ainda flutua
ao sabor do acaso
apesar dos pesares
ao sabor do acaso… flutua
então, preste atenção: o mar não ensina, insinua
estamos no mesmo barco, sob a mesma lua
no mar, em marte, em qualquer parte
estaremos sempre sob a mesma lua
ao sabor da corrente
tão fortes quanto o elo mais fraco
ao sabor da corrente… sob a mesma lua
âncora, vela
?qual me leva?
?qual me prende?
mapas e bússola
sorte e acaso
?quem sabe (?) do que depende?
Você, que tem idéias tão modernas
é o mesmo homem que vivia nas cavernas…
Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez
Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí… não é por nada não
Não, não pode ser… é claro que não é, será?
Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear
(solidez)
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder
Na verdade “nada” é uma palavra esperando tradução…
Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos húmidos
Eu posso estar completamente enganado
Posso estar correndo pro lado errado
Mas a dúvida é o preço da pureza
e é inútil ter certeza
Já não vejo diferença entre os
dedos e os anéis
Já não vejo diferença entre a
crença e os fiéis
Tudo é igual quando se pensa em
como tudo poderia ser
Há tão pouca diferença e há tanta
coisa a fazer
Esquerda e direita, direitos e deveres,
os 3 patetas, os 3 poderes
Ascenção e queda, são os dois
lados da mesma moeda
Tudo é igual quando se pensa em
Como tudo poderia ser
Há tão pouca diferença
há tanta coisa a escolher
é tanta coisa a fazer
Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar
Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar
Pensei que houvesse um muro
entre o lado claro e o lado escuro
Pensei que houvesse diferença entre
gritos e sussurros
Mas foi engano, foi tudo em vão
Já não há mais diferença entre a raiva e a razão
Esquerda e direita, direitos e deveres,
os 3 patetas, os 3 poderes
Ascenção e queda, são os dois lados da mesma moeda
Tudo é igual quando se pensa em
como tudo poderia ser
Há tão pouca diferença,tanta coisa a fazer
Tanta coisa a fazer
E os nossos sonhos são os mesmos,a tanto tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Nossos sonhos são os mesmos,a tanto tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Tempo pra sonhar
Nossos sonhos são os mesmos,amuito tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Nossos sonhos são os mesmos,a muito tempo
mas não há mas tanto tempo pra sonhar..
Tempo pra sonhar
Tempo pra sonhar
Tempo pra sonhar
Tempo pra sonhar
Vamos possuir retrato no real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o Rock inglês
A dúvida é o preço da pureza.
somos quem podemos ser
sonhos que podemos ter
Se você quiser remar contra a mare, tem que remar muito mais forte.
Pra entender, basta uma noite de insônia, um sonho que não tem fim, um filme sem muita graça, uma praça sem muito sol, seis cordas pra guitarra, seiscentos anos de estudo ou seis segundos de atenção.
Tenho muito mais dúvidas do que certezas, hoje com certeza eu só tenho você
é preciso fé cega e pé atrás, olho vivo, faro fino e tanto faz…
Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
Vamos voltar pra aquele lugar
Vamos voltar
Ao tempo em que nada nos dividia
Havia motivo pra tudo e tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais
Quantas vezes eu estive
cara a cara com a pior metade?
A lembrança no espelho,
a esperança na outra margem
Quantas vezes a gente sobrevive
à hora da verdade?
Na falta de algo melhor
nunca me faltou coragem
Se eu soubesse antes o que sei agora
erraria tudo exatamente igual…
Tenho vivido um dia por semana
acaba a grana, mês ainda tem
Sem passado nem futuro,
eu vivo um dia de cada vez
Quantas vezes eu estive
cara a cara com a pior metade?
Quantas vezes a gente sobrevive
à hora da verdade?
Se eu soubesse antes o que sei agora
iria embora antes do final…
Surfando karmas e DNA
eu não quero ter o que eu não tenho
não tenho medo de errar!
Surfando karmas e DNA
não quero ser o que eu não sou
eu não sou maior que o mar…
Surfando karmas e DNA…
na falta do que fazer, inventei a minha liberdade!!
(Engenheiros do Hawaii)
“A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante”
E tudo ficou tão claro
o que era raro, ficou comum
como um dia depois do outro
como um dia, um dia comum…
Senti saudade, vontade de voltar. Fazer a coisa certa: aqui é o meu lugar. Mas sabe como é difícil encontrar a palavra certa, a hora certa de voltar. A porta aberta, a hora certa de chegar. Eu que não fumo, queria um cigarro. Eu que não amo você, envelheci dez anos ou mais nesse último mês. Eu que não bebo pedi um conhaque, pra enfrentar o inverno que entra pela porta que você deixou aberta ao sair.
Tudo queimava, mas nada aquecia.
Não quero ser o que eu não sou, eu não sou maior que o mar.