AutorGuimarães Rosa

Guimarães Rosa

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.

Guimarães Rosa

Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?

Guimarães Rosa

o coqueiro coqueirando
as manobras do vermelho
no branqueado do azul

Guimarães Rosa

outrarte
o ouro esboço
do crepúsculo

Guimarães Rosa

e um vaga-lume
lanterneiro que riscou
um psiu de luz

Guimarães Rosa

Para onde nos atrai o azul?

Guimarães Rosa

o arrozal lindo
por cima do mundo
no miolo da luz

Guimarães Rosa

tênue tecido alaranjado
passando em fundo preto
da noite à luz

Guimarães Rosa

tatalou e caiu
com onda espiralada
fragor de entrudo

Guimarães Rosa

mar não tem desenho
o vento não deixa
o tamanho…

Guimarães Rosa

verdes vindo à face da luz
na beirada de cada folha
a queda de uma gota

Guimarães Rosa

o bambual se encantava
parecia alheio
uma pessoa

Guimarães Rosa

sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube

Guimarães Rosa

alvor
avançavam parados
dentro da luz

Guimarães Rosa

entre as folhas
de um livro-de-reza
um amor-perfeito cai

Guimarães Rosa

os aloendros
em fila
nos separavam do mundo

Guimarães Rosa

há qualquer coisa no ar
além dos aviões
da Panair…

Guimarães Rosa

na barra sul do horizonte
estacionavam cúmulus
esfiapando sorveret de coco

Guimarães Rosa

Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.

Guimarães Rosa

Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também – mas Diadorim é a minha neblina…

Guimarães Rosa

Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria…
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos…
Essa… a alegria que ele quer

Guimarães Rosa

O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem

Guimarães Rosa

Viver é etecetera.

Guimarães Rosa

Felicidade se acha é em horinhas de descuido

Guimarães Rosa

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.

Guimarães Rosa

O mais importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando.

Guimarães Rosa

O mundo é mágico.
As pessoas não morrem, ficam encantadas.

Guimarães Rosa

Saudade é ser, depois de ter.

Guimarães Rosa

O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.

Guimarães Rosa

Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.

Guimarães Rosa

A gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é.

Guimarães Rosa

Quem sabe direito o que uma pessoa é? Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.

Guimarães Rosa

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.

Guimarães Rosa

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Guimarães Rosa

Quem muito se evita, se convive.

Guimarães Rosa

E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força dele, quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.

Guimarães Rosa

O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver.

Guimarães Rosa

Deus come escondido, e o Diabo sai por toda a parte lambendo o prato.

Guimarães Rosa

Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possí­vel, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vaivém, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo.

Guimarães Rosa

Infelicidade é uma questão de prefixo.

Guimarães Rosa

Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados… Como é que posso com este mundo? (…) Este mundo é muito misturado…

Guimarães Rosa

Viver é um descuido prosseguido.

Guimarães Rosa

Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma coisa só – a inteira – cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver – e essa pauta cada um tem – mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber?

Guimarães Rosa

-Adianta querer saber muita coisa? O senhor sabia, lá para cima – me disseram. Mas, de repente chegou neste sertão, viu tudo diverso diferente, o que nunca tinha visto. Sabença aprendida não adiantou para nada… Serviu algum?

Guimarães Rosa

Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

Guimarães Rosa

Mas, onde é bobice a qualquer resposta, é aí­ que a pergunta se pergunta.

Guimarães Rosa

Viver (…) é muito perigoso. (…) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (…) Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. (…) O mais difí­cil não é um ser bom e proceder honesto; dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até no rabo da palavra.

Guimarães Rosa

O rio não quer chegar, mas ficar largo e profundo…

Guimarães Rosa

Para ódio e amor que dói, amanhã não é consolo.

Guimarães Rosa

Ah, mas a fé nem vê a desordem ao redor.

Guimarães Rosa

Sorte é isto. Merecer e ter.

Guimarães Rosa

Os outros têm uma espécie de cachorro farejador, dentro de cada um, eles mesmos não sabem. Isso feito um cachorro, que eles têm dentro deles, é que fareja, todo o tempo, se a gente por dentro da gente está mole, está sujo ou está ruim, ou errado… As pessoas, mesmas, não sabem. Mas, então, elas ficam assim com uma precisão de judiar com a gente…

Guimarães Rosa

O calor do dia abrandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice, querendo me contar coisas que a idéia da gente não dá para se entender – e acho que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali, esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar a feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento, feito um decreto:
– Que você em sua vida toda toda por diante, tem de ficar para mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!… – que era como se Diadorim estivesse dizendo.

Guimarães Rosa

“Mãe, o que é que é o mar, Mãe?” Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim, Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. “Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?”

Guimarães Rosa

O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.

Guimarães Rosa

Todas as coisas surgidas do opaco.

Guimarães Rosa

Talvez não devesse, não fosse direito ter por causa dele aquele doer, que põe e punge, de dó, desgosto e desengano.

Guimarães Rosa

Representar é aprender a viver além dos levianos sentimentos, na verdadeira dignidade.

Guimarães Rosa

Na própria precisão com que outras passagens lembradas se oferecem, de entre impressões confusas, talvez se agite a maligna astúcia da porção escura de nós mesmos, que tenta incompreensivelmente enganar-nos, ou, pelo menos, retardar que prescrutemos qualquer verdade.
(Nenhum, nenhuma)

Guimarães Rosa

O passado é que veio até mim, como uma nuvem, vem para ser reconhecido; apenas não estou sabendo decifrá-lo.

Guimarães Rosa

A gente cresce sempre, sem saber para onde.
(Nenhum, nenhuma)

Guimarães Rosa

No que vagueia os olhos, contudo, surpreende-se-lhe o imanecer da bem-aventura, transordinária benignidade, o bom fantástico.

Guimarães Rosa

Inútil fugir, inútil resistir, inútil tudo.

Guimarães Rosa

As coisas mudam no devagar depressa dos tempos.

Guimarães Rosa

Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…

Guimarães Rosa

As coisas assim a gente não perde nem abarca. Cabem é no brilho da noite. Aragem do sagrado. Absolutas estrelas.

Guimarães Rosa

Viver para odiar uma pessoa é o mesmo que passar uma vida inteira dedicado à ela.

Guimarães Rosa

Penso que chega um momento na vida da gente, em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de “eternidade”.

Guimarães Rosa

Eu sou é eu mesmo. Divirjo de todo o mundo…
Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.

Guimarães Rosa

Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.

Guimarães Rosa

No mais, mesmo, da mesmice, sempre vem a novidade.

Guimarães Rosa

Cada um rema sozinho uma canoa que navega um rio diferente, mesmo parecendo que esta pertinho.

Guimarães Rosa

As pessoas não morrem, ficam encantadas!

Guimarães Rosa

Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Guimarães Rosa

O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo.

Guimarães Rosa

O de hoje é um dia que comprei fiado.

Guimarães Rosa

Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão, contente com minha terra, cansado de tanta guerra, crescido de coração.

Guimarães Rosa

De sofrer e de amar, a gente não se desfaz.

Guimarães Rosa

O trágico não vem a conta-gotas

Guimarães Rosa

Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.

Guimarães Rosa

O senhor… mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.

Guimarães Rosa

Eu não sentia nada. Só uma transformação pesável.
Muita coisa importante falta nome.

Guimarães Rosa

Natureza da gente não cabe em nenhuma certeza.

Guimarães Rosa

Ah, acho que não queria mesmo nada, de tanto que eu queria só tudo. Uma coisa, a coisa, esta coisa: eu somente queria era – ficar sendo!

Guimarães Rosa

Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o lugar. Viver é muito perigoso…

Guimarães Rosa

Eu me lembro das coisas, antes delas acontecerem…

Guimarães Rosa

Sertão: estes seus vazios.

Guimarães Rosa

Tem coisa e cousa, e o ó da raposa…

Guimarães Rosa

Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.

Guimarães Rosa

Para os almanaques
No meu relógio, de uma para outra hora,
quando o ponteiro menor sai a levar lembranças ,
passa-lhe a frente o grande, transportando intrigas

Guimarães Rosa

O corpo não traslada, mas muito sabe, adivinha se não entende.

Guimarães Rosa

PÍLULAS DO GRANDE SERTÃO
Coração da gente – o escuro, escuros.
Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.
Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar.
No sistema de jagunços, amigo era o braço, e o aço!
Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.
O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.
Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.
A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.
O diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!
O diabo, na rua, no meio do redemunho.
O Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Coxo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim, o Mafarro, o Pé-Preto, o Canho, o Duba-Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-sei-que-diga, O-que-nunca-se-ri, o Sem-Gracejos… Pois, não existe! E, se não existe, como é que se pode se contratar pacto com ele?
Quem muito se evita, se convive.
Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.
O que lembro, tenho.
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
Quem mói no asp’ro, não fantaseia.
Quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.
Vingar… é lamber, frio, o que outro cozinhou quente demais.
Quem sabe do orgulho, quem sabe da loucura alheia?
Ser chefe – por fora um pouquinho amarga; mas, por dentro, é rosinhas flores.
Um chefe carece de saber é aquilo que ele não pergunta.
Comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem.
Toda saudade é uma espécie de velhice.
Riu, de me dar nojo. Mas nojo medo é, é não?
Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor.
Tudo é e não é.
Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir.
Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!
O sertão é do tamanho do mundo.
Sertão: é dentro da gente.
O sertão é sem lugar.
O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.
O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena.
O sertão é uma espera enorme.
Sertão: quem sabe dele é urubu, gavião, gaivota, esses pássaros: eles estão sempre no alto, apalpando ares com pendurado pé, com o olhar remedindo a alegria e as misérias todas.
A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero.
A vida é muito discordada. Tem partes. Tem artes. Tem as neblinas de Siruiz. Tem as caras todas do Cão, e as vertentes do viver.
Manter firme uma opinião, na vontade do homem, em mundo transviável tão grande, é dificultoso.
Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.
Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães…
Feito flecha, feito faca, feito fogo.
Vi: o que guerreia é o bicho, não é o homem.
Até que, um dia, eu estava repousando, no claro estar, em rede de algodão rendada. Alegria me espertou, um pressentimento. Quando eu olhei, vinha vindo uma moça. Otacília.
Meu coração rebateu, estava dizendo que o velho era sempre novo. Afirmo ao senhor, minha Otacília ainda se orçava mais linda, me saudou com o salvável carinho, adianto de amor.

Guimarães Rosa

… nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.

Guimarães Rosa

Viver é um descuido prosseguido.
Mas quem é que sabe como?
Viver…
o senhor já sabe: viver é etcétera…

Guimarães Rosa

Amor é a gente querendo achar o que é da gente.

Guimarães Rosa

O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.

Guimarães Rosa

Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total. Todos os sucedidos acontecendo, o sentir forte da gente – o que produz os ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Guimarães Rosa

O sertão é dentro da gente.

Guimarães Rosa

O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria, aperta e depois afrouxa e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre e amar, no meio da tristeza. Todo caminho da gente é resvaloso, mas cair não prejudica demais. A gente levanta, a gente sabe, a gente volta.

Guimarães Rosa

Viver é etcétera!

Guimarães Rosa

Viver de graça é mais barato.

Guimarães Rosa

O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza…

Guimarães Rosa

1. Sou figura reduzida e de pouco aparecimento.
2. Quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa.
3. Quem rala no aspro não fantaseia.

Guimarães Rosa

Sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão.

Guimarães Rosa

Cada criatura é um rascunho a ser retocado sem cessar.

Guimarães Rosa

Viver é um rasgar-se e remendar-se.

Guimarães Rosa

Eu olhava esse menino, com um prazer de companhia, como nunca por ninguém eu não tinha sentido. Achava que ele era muito diferente, gostei daquelas finas feições, a voz mesma, muito leve, muito aprazível. Porque ele falava sem mudança, nem intenção, sem sobêjo de esforço, fazia de conversar uma conversinha adulta e antiga. Fui recebendo em mim um desejo que ele não fosse mais embora, mas ficasse, sobre as horas, e assim como estava sendo, sem parolagem miúda, sem brincadeira— só meu companheiro amigo desconhecido.[…] Mas eu aguentei o aque do olhar dele. Aqueles olhos então foram ficando bons, retomando brilho. E o menino pôs a mão na minha. Encostava e ficava fazendo parte melhor da minha pele, no profundo, désse as minhas carnes alguma coisa.

Guimarães Rosa

Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.

Guimarães Rosa

Malagourado de ódio: que sempre surge mais cedo e às vezes dá certo, igual palpite de amor.

Guimarães Rosa

Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de ideia e saudade de coração…

Guimarães Rosa

Não gosto desse passarinho. Não gosto de violão. Não gosto de nada que põe saudades na gente.

Guimarães Rosa

Há pessoas que estão vindo muito demoradas…

Guimarães Rosa

Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos.

Guimarães Rosa

Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto.

Guimarães Rosa

Fino, estranho, inacabado, é sempre o destino da gente.

Guimarães Rosa

Ninguém é doido. Ou, então, todos.

Guimarães Rosa

Coração da gente – o escuro, escuros.

Guimarães Rosa

Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniÃES…

Guimarães Rosa

O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos

Guimarães Rosa

A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.

Guimarães Rosa

Qual o caminho da gente? Nem para frente nem para trás: só para cima. Ou parar curto quieto. Feito os bichos fazem. Viver… o senhor já sabe: viver é etcétera…

Guimarães Rosa

Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar.

Guimarães Rosa

Merece de a gente aproveitar
o que vem e que se pode,
o bom da vida é só de chuvisco.

Guimarães Rosa

Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente.

Guimarães Rosa

Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.

Guimarães Rosa

Esperar é reconhecer-se incompleto.

Guimarães Rosa

Viver é uma questão de rasgar-se e remendar-se.

Guimarães Rosa

Hoje, temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais um do outro. E é por esse motivo que dizer adeus se torna tão complicado. Digamos, então, que nada se perderá. Pelo menos, dentro da gente.

Guimarães Rosa

Rezar muito. E ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas é em Deus.

Guimarães Rosa

Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranquilos e escuros
como o sofrimento dos homens.

Guimarães Rosa

O rio não quer chegar a lugar algum, só quer ser mais profundo

Guimarães Rosa

Todo caminho da gente é resvaloso. Mas; também, cair não prejudica demais – a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! (…)
O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

Guimarães Rosa

Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós. Mas não o só da solidão: o só da solistência.

Guimarães Rosa

Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. (…) A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. (…) Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe; e se sabe, me entende.

Guimarães Rosa

A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.

Guimarães Rosa

Tudo é real,por que tudo é inventado.

Guimarães Rosa

Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado.

Guimarães Rosa

Sigo à risca.
Me descuido e vou… Quebro a cara.
Quebro o coração.
Tropeço em mim.
Me atolo nos cinco sentidos.

Guimarães Rosa

A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

Guimarães Rosa

Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.

Guimarães Rosa

A história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida.

Guimarães Rosa

A culpa minha, maior, é meu costume de curiosidade
de coração. Isso de estimar os outros, muito ligeiro,
defeito esse que me entorpece

Guimarães Rosa

O fato se dissolve. As lembranças são outras distâncias. Eram coisas que paravam já, à beira de um grande sono. A gente cresce sempre, sem saber para onde.

Guimarães Rosa

Iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. “Afinam e desafinam”.

Guimarães Rosa

Eu eu? Eu eu?

Guimarães Rosa

Lei ladra o poder da vida. Direitinho declaro o que, durante todo tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente – tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos. Conforme, por exemplo, quando me lembrava daquelas mãos, do jeito como encostavam no meu rosto.
(GRANDE SERTÃO: VEREDAS)

Guimarães Rosa

Minha tristeza é uma volta em medida; mas minha alegria é forte demais.

Guimarães Rosa

É e não é. O senhor ache e não ache. Tudo é e não é.

Guimarães Rosa

Narrei ao senhor. No que narrei, o senhor talvez até ache mais do que eu, a minha verdade. Fim que foi. Aqui, a estória se acabou. Aqui, a estória acabada. Aqui, a estória acaba.

Guimarães Rosa

Todo caminho da gente é resvaloso.
Mas; também, cair não prejudica demais –
a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! (…)
O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim:
esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente aprendendo a
ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria,
e inda mais alegre ainda no meio da tristeza!

Guimarães Rosa

Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. E você ainda pode ter um muito pedaço bom de alegria (…) Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua.

Guimarães Rosa

Posso me esconder de mim?

Guimarães Rosa

O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.

Guimarães Rosa

Vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por dentro.

Guimarães Rosa

Alegre, embora física e metafisicamente só, sentia o universo. Chovia-se-lhe.

Guimarães Rosa

O que leva o homem para as más ações estranhas, é estar diante do que é seu, por direito, e não sabe…Não sabe…Não sabe…

Guimarães Rosa

Quem desconfia, fica sábio.

Guimarães Rosa

Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se.

Guimarães Rosa

Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.

Guimarães Rosa

Sem malícia, com paciência, sem insistência, principalmente.

Guimarães Rosa

Significa que posso não ter muito conhecimento e/ou experiência, porém desconfio de como as coisas sucedem já que possuo imaginação. (Riobaldo – Grande Sertão: Veredas)

Guimarães Rosa

Amor? Um pássaro que põe ovos de ferro.

Guimarães Rosa

Eu queria sair de tudo o que eu era, para entrar num destino melhor.

Guimarães Rosa

O que lembro, tenho.

Guimarães Rosa

O amor não precisa de memória, não arredonda, não floreia:
faz forte estilo. E fim.

Guimarães Rosa

Soneto da saudade
Quando sentires a saudade retroar
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada instante está mais vivo!
Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas…
E a te expressar que este amor em nós ungindo
Suportará toda distância sem problemas…
Quiçá, teus lábios sentirão um beijo leve
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.
Lembrar-te-ás toda ternura que expressamos,
Sempre que juntos, a emoção que partilhamos…
Nem a distância apaga a chama da paixão

Guimarães Rosa

Mas; também, cair não prejudica demais – a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! (…) O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

Guimarães Rosa

Viver é muito perigoso… Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo.

Guimarães Rosa

Um sentir é o do sentente, mas o outro é do sentidor.

Guimarães Rosa

Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.

Guimarães Rosa

Tem trechos em que a vida amolece a gente, tanto, que até referver de mau desejo, no meio da quebradeira serve como benefício.

Guimarães Rosa

Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.

Guimarães Rosa

Toda saudade é uma espécie de velhice.

Guimarães Rosa

Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir.

Guimarães Rosa

A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero.

Guimarães Rosa

Chegando na encruziada tive que me arrezolver… prá esquerda fui contigo… Coração soube escolher

Guimarães Rosa

X. Sequência:
“Suas duas almas se transformavam? E tudo à sazão do ser. No mundo nem há parvoices: o mel do maravilhoso, vindo a tais horas de estórias, o anel dos maravilhados. Amavam-se”
Conto narrado em terceira pessoa e tematiza a predestinação, o destino e o acaso.
Uma vaca de propriedade de seu Rigério foge da fazenda da Pedra e atravessa o sertão. A vaca não fugiu por acaso; fugiu por amor às suas raízes, sua “querência”, a fazenda do Pãodolhão.
Ela conhecia “o seu caminho” e estava determinada a chegar ao seu destino.
O filho de Seo Rigério prontifica-se a encontrar a vaca e trazê-la de volta.
A vaca faz o “um caminho de volta”, enquanto o vaqueiro que a persegue caminha “de oeste para leste”, chegando a perder o rastro três vezes, pois ela entrara no riacho para despistar o moço.
Por onde a vaca passava, as pessoas tentavam detê-la, mas ela escapava sempre.
À noite, o moço segue a sua busca orientando-se pelo brilho das estrelas e refletindo “aonde o animal o levava”.
A vaca chegou à fazenda Pãodolhão, atravessou a porteira-mestra dos currais, estava de volta à sua origem, cumprira o seu destino. O rapaz chega e apressa-se a subir a escada da casa-fazenda do Major Quitério e desculpar-se pelo inconveniente.
Lá, o rapaz é bem recebido. Major Quitério tinha quatro filhas. O moço apaixona-se pela segunda das filhas do Major Quitério, a mais alta, alva e mais amável. Deu-lhe de presente a vaca, já que ela era a condutora de sua travessia e de seu destino e entrega a moça “o anel dos maravilhados”.
Para Alfredo Bosi, “a trajetória das personagens exercita a noção de que o direito do livre arbítrio, possível para a vaca, é imprescindível para o homem, pois quem elegeu a busca não pode recusar a travessia.”

Guimarães Rosa

Rede é uma porção de buracos, amarrados com barbante.

Guimarães Rosa

Dando, porém, passo atrás: nesta representação de “cano”: – É um buraco, com um pouquinho de chumbo em volta…” – espritada de verve em impressionismo, marque-se rasa forra do lógico sobre o cediço convencional.
Mas, na mesma botada, puja a definição de ‘rede’: – ‘Uma porção de buracos, amarrados com barbante…” – cujo paradoxo traz-nos o ponto-de-vista do peixe”

Guimarães Rosa

Não por orgulho meu, mas antes por me faltar o raso de paciência, acho q sempre desgostei de criaturas que com pouco e fácil se contentam.

Guimarães Rosa

Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito. Eu penso é assim, na paridade. (…) Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor. O que eu quero, é na palma da minha mão.

Guimarães Rosa

Quantas mangas perfaz uma mangueira, enquanto vive? – isto, apenas. Mais, qualquer manga em si traz, em caroço, o maquinismo de outra, mangueira igualzinha, do obrigado tamanho e formato. Milhões, bis, tris, lá sei, haja números para o Infinito. E cada mangueira dessas, e por diante, para diante, as corações-de-boi, sempre total ovo e cálculo, semente, polpas, sua carne de prosseguir, terebintinas.

Guimarães Rosa

Ando a ver. O caracol sai ao arrebol. A cobra se concebe curva. O mar barulha de ira e de noite. Temo igualmente angústias e delícias. Nunca entendi o bocejo e o pôr-do-sol. Por absurdo que pareça, a gente nasce, vive, morre. Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito, será que basta? Meu duvidar é uma petição de mais certeza.

Guimarães Rosa

Até hoje, para não se entender a vida, o que de melhor se achou foram os relógios. É contra eles, também, que temos que lutar…

Guimarães Rosa

Viver é muito perigoso.

Guimarães Rosa

Quem é limpo, pensa limpo. Acho.

Guimarães Rosa

É destino das torres sobressair; e dos arrotos !

Guimarães Rosa

Quando a gente odeia uma pessoa, dedica a vida toda a ela.

Guimarães Rosa

Pãos ou Pães é questão de Opiniães.

Guimarães Rosa

Viver é plural.

Guimarães Rosa

Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!

Guimarães Rosa

O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente
aprendendo a ser capaz
de ficar alegre a mais,
no meio da alegria,
e inda mais alegre
ainda no meio da tristeza!
A vida inventa!
A gente principia as coisas,
no não saber por que,
e desde aí perde o poder de continuação
porque a vida é mutirão de todos,
por todos remexida e temperada.
O mais importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior.
Viver é muito perigoso; e não é não.
Nem sei explicar estas coisas.
Um sentir é o do sentente, mas outro é do sentidor.

Guimarães Rosa

Só, e no mais: sem ti, jamais nunca — Minas, Minas Gerais…

Guimarães Rosa

Sertão é uma terra de quem é forte, com as astucia, Deus mesmo quando vinhe que venha armado.

Guimarães Rosa

O que é o medo? Um produzido dentro da gente, um depositado; e que às vezes se mexe, sacoleja, e a gente pensa que é por causas: por isto ou por aquilo, coisas que só estão é fornecendo espelhos. A vida é para esse sarro de medo se destruir, jagunço sabe. Outros contam de outra maneira.
(Grande sertão: veredas)

Guimarães Rosa

Mas, na ocasião, me lembrei dum conselho de Zé Bebelo, na Nhanva, um dia me tinha dado. Que era: que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.
Fala de Riobaldo, in Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa

Guimarães Rosa

Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir.

Guimarães Rosa

Os outros eu conheci por acaso. Você eu encontrei porque era preciso.

Guimarães Rosa

O homem nasceu para aprender, apreender tanto quanto a vida lhe permita.

Guimarães Rosa

Amor é sede depois de se ter bem bebido.

Guimarães Rosa

Cada palavra é, segundo a sua essência, um poema.

Guimarães Rosa

Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro, e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça aos demais. Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por que é que é.

Guimarães Rosa

Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.

Guimarães Rosa

Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe – mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?

Guimarães Rosa

“Vida” é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma idéia falsa. Cada dia é um dia.

Guimarães Rosa

E nisto, que conto ao senhor, se vê o sertão do mundo. Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe – mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?

Guimarães Rosa

A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado.

Guimarães Rosa

Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.

Guimarães Rosa

A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.

Guimarães Rosa

Sapo não pula por boniteza,
Mas porém por precisão.
(um provérbio capiau)

Guimarães Rosa

Era fim de outubro, em ano resseco. Um cachorro soletrava, longe, um mesmo nome, sem sentido. E ia, no alto do mato, a lentidão da lua.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Guimarães Rosa

Gostava dela, muito…Mais do que ele mesmo dizia, mais do que ele mesmo sabia, de maneira que a gente deve gostar. E tinha uma força grande, de amor calado, e uma paciência quente, cantada, para chamar pelo seu nome.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Guimarães Rosa

Sorte nunca é de um só, é de dois, é de todos… Sorte nasce cada manhã, e já está velha ao meio-dia…

Guimarães Rosa

Quando chega o dia da casa cair (…) é um dia de chegada infalível, – o dono pode estar: de dentro, ou de fora. É melhor de fora.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Guimarães Rosa

Para quem não sai, em tempo, de cima da linha, até apito de trem é mau agouro.

Guimarães Rosa

E tudo foi bem assim, porque tinha de ser, já que assim foi.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Guimarães Rosa

Quando o coração está mandando, todo tempo é tempo!
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Guimarães Rosa

Cantar, só, não fazia mal, não era pecado. As estradas cantam. E ele achava muitas coisas bonitas, e tudo era mesmo bonito, como são todas as coisas, nos caminhos do sertão.
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Guimarães Rosa

Perto de muita água, tudo é feliz.

Guimarães Rosa

Sigo a risca, me descuido e vou. Quebro a cara, quebro o coração. Tropeço em mim. Me atolo nos sentidos. Viver não é perigoso? Então com sua licença, nasci assim. Encantado pela vida.

Guimarães Rosa

Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou.

Guimarães Rosa

“Calma. É só aos poucos que o escuro fica claro”.

Guimarães Rosa

Se fosse só eu a chorar de amor, sorria…”

Guimarães Rosa

O bom da vida é para o cavalo, que vê capim e come.

Guimarães Rosa

Quando acordei, não cri: tudo o que é bonito é absurdo – Deus estável.

Guimarães Rosa

⁠Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe. (Guimarães Rosa – Grande Sertão: veredas, p.204)

Guimarães Rosa

⁠…o mal ou o bem , estão é em quem faz; não é no efeito que dão. (Graciliano Ramos. Grande Sertão: veredas, p. 113)

Guimarães Rosa

⁠- o ódio __ é a gente se lembrar do que não deve-de; amor é a gente querendo achar o que é da gente. (Grande Sertão: Veredas. p.377)

Guimarães Rosa

⁠…tanto que me vinha a vontade, se pudesse, nessa caminhada, eu carregava Diadorim, livre de tudo, nas minhas costas.
(Grande Sertão: Veredas, p . 388)

Guimarães Rosa

⁠Mecê sabe o que é que onça pensa? Sabe não? Eh, então mecê aprende: onça pensa só uma coisa — é que tá tudo bonito, bom, bonito, bom, sem esbarrar. Pensa só isso, o tempo todo, comprido, sempre a mesma coisa só, e vai pensando assim, enquanto que tá andando, tá comendo, tá dormindo, tá fazendo o que fizer… Quando algua coisa ruim acontece, então de repente ela ringe, urra, fica com raiva, mas que não pensa nada: nessa horinha mesma ela esbarra de pensar. Daí, só quando tudo tornou a ficar quieto outra vez é que ela torna a pensar igual, feito em antes…

Guimarães Rosa

⁠O que a vida quer da gente é coragem!

Guimarães Rosa

Minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha?

Guimarães Rosa

Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração.

Guimarães Rosa

Deus é paciência. O contrário é o diabo.

Guimarães Rosa

A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?

Guimarães Rosa

Quem-sabe, a gente criatura ainda é tão ruim, tão, que Deus só pode às vezes manobrar com os homens é mandando por intermédio do diá?

Guimarães Rosa

Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito.

Guimarães Rosa

Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão.

Guimarães Rosa

Ser ruim, sempre, às vezes é custoso, carece de perversos exercícios de experiência.

Guimarães Rosa

O espírito da gente é cavalo que escolhe estrada: quando ruma para tristeza e morte, vai não vendo o que é bonito e bom.

Guimarães Rosa

Medo, não, mas perdi a vontade de ter coragem.

Guimarães Rosa

A morte é para os que morrem.

Guimarães Rosa

A vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia de ser como sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho.

Guimarães Rosa

No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo!

Guimarães Rosa

Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.

Guimarães Rosa

E sei que em cada virada de campo, e debaixo de sombra de cada árvore, está dia e noite um diabo, que não dá movimento, tomando conta.

Guimarães Rosa

Liberdade – aposto – ainda é só alegria de um pobre caminhozinho, no dentro do ferro de grandes prisões.

Guimarães Rosa

Sertão é o sozinho.

Guimarães Rosa

Para o prazer e para ser feliz, é que é preciso a gente saber tudo, formar alma, na consciência; para penar, não se carece.

Guimarães Rosa

Obedecer é mais fácil do que entender.

Guimarães Rosa

Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo.

Guimarães Rosa

Se eu fosse filho de mais ação, e menos ideia, isso sim, tinha escapulido, calado.

Guimarães Rosa

Então, onde é que está a verdadeira lâmpada de Deus, a lisa e real verdade?

Guimarães Rosa

Tive medo não. Só que abaixaram meus excessos de coragem.

Guimarães Rosa

O sertão é sem lugar.

Guimarães Rosa

Rir, antes da hora, engasga.

Guimarães Rosa

Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.

Guimarães Rosa

O sertão é do tamanho do mundo.

Guimarães Rosa

Manter firme uma opinião, na vontade do homem, em mundo transviável tão grande, é dificultoso.

Guimarães Rosa

Somente com a alegria é que a gente realiza bem – mesmo até as tristes ações.

Guimarães Rosa

Para pensar longe, sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!

Guimarães Rosa

Os fatos passados obedecem à gente; os em vir, também. Só o poder do presente é que é furiável? Não. Esse obedece igual – e é o que é.

Guimarães Rosa

O senhor não pode estabelecer em sua ideia a minha tristeza quinhoã. Até os pássaros, consoante os lugares, vão sendo muito diferentes. Ou são os tempos, travessia da gente?

Guimarães Rosa

O que ela [a vida] quer da gente é coragem.

Guimarães Rosa

O medo é uma pressa que vem de todos os lados, uma pressa sem caminho…

Guimarães Rosa

A felicidade é o cheio de um copo de se beber meio-por-meio.

Guimarães Rosa

⁠Passam. Passaram. Sumiram.

Guimarães Rosa

As linhas se estiram, levadas. Passam águas. Passa o tempo.

Guimarães Rosa

A estrada do amor, a gente já está mesmo nela, desde que não pergunte por direção nem destino. E a casa do amor – em cuja porta não se chama e não se espera – fica um pouco mais adiante.

Guimarães Rosa

⁠Em noite de roça, tudo é canto e recanto. E há sempre um cachorro latindo longe, no fundo do mundo.

Guimarães Rosa

⁠Se não fosse a borboleta, a lagarta teria razão?

Guimarães Rosa

⁠Nus e em paz é que navegamos no destino.

Guimarães Rosa

Tão longo ouvia, tanto mais eu me descompenetrava. O que produzia, próprio em mim, íntimo, um silêncio, uma diminuição de peso.

Guimarães Rosa

Jamais, aqui, hão de me ensinar o nunca. E eu queria voltar a um terno recanto perdido, universo: amorável. Se sorri, era o mundo todo coincidindo com a minha atualidade.

Guimarães Rosa

O micróbio é humilde, o vírus que se infiltra, o pó, o pão, o glóbulo de sangue, o esperma, o interminável futuro na sementinha, o vingativo chão, a água ínfima: o átomo é humilde; humilde é Deus.

Guimarães Rosa

Nada em rigor tem começo e coisa alguma tem fim, já que tudo se passa em ponto numa bola; e o espaço é o avesso de um silêncio onde o mundo dá suas voltas.

Guimarães Rosa

“metafísica”:⁠ “É um cego, com olhos vendados, num quarto escuro, procurando um gato
preto… que não está lá.”

Guimarães Rosa

O nada é uma faca sem lâmina, da qual se tirou o cabo…

Guimarães Rosa

⁠Todos toleram na gente só os dissabores do diário e pouco sal no feijão.

Guimarães Rosa

⁠A lógica é a prudência convertida em ciência; por isso não serve para nada.

Guimarães Rosa

⁠As coisas pesam mais do que as pessoas.

Guimarães Rosa

⁠Viver é obrigação sempre imediata.

Guimarães Rosa

Eu bebo para me desapaixonar… (…)
– E eu para esquecer…
– Esquecer o que?
– Esqueci.

Guimarães Rosa

⁠O obscuro das ideias, atrás da ingenuidade dos fatos.

Guimarães Rosa

⁠o vento acaba sempre depois de alguma coisa que não se sabe.

Guimarães Rosa

Se a visão cresce, o obstáculo é mutável.

Guimarães Rosa

⁠…ter cabeça leve, a fina arte da liberdade.

Guimarães Rosa

Loucos, a ponto de quererem juntas a liberdade e a felicidade.

Guimarães Rosa

⁠Sempre se deve não saber o que de nós se fala.

Guimarães Rosa

⁠Meu duvidar é uma petição de mais certeza.

Guimarães Rosa

⁠Os relógios todos, de madrugada, são galos mudos.

Guimarães Rosa

O amor é breve ou longo, como a arte e a vida.

Guimarães Rosa

… um gostar sentido e aprendido, preciso, sincero como o alecrim.

Guimarães Rosa

E é graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhecendo que o mundo é pequeno e, como sala-de-espera, ótimo, facílimo de se aturar…

Guimarães Rosa

Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhuetas de árvores. E um vagalume lanterneiro, que riscou um psiu de luz.

Guimarães Rosa

…⁠ hoje-em-dia eu nem sei o que sei, e, o que soubesse, deixei de saber o que sabia…

Guimarães Rosa

A vida também é para ser lida. Não literalmente, mas em seu supra-senso. E a gente, por enquanto, só a lê por tortas linhas.

Guimarães Rosa

Esperar é um à-toa muito ativo.

Guimarães Rosa

⁠Sábio como o sal no saleiro (…)

Guimarães Rosa

Jamais, nuncas, eu invejei ninguém: porque inveja é erro de galho, jogar jogo sem baralho.

Guimarães Rosa

⁠Invejar é querer o peso é querer o peso de bagagens alheias, vazio.

Guimarães Rosa

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.

Guimarães Rosa

Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?

Guimarães Rosa

o coqueiro coqueirando
as manobras do vermelho
no branqueado do azul

Guimarães Rosa

outrarte
o ouro esboço
do crepúsculo

Guimarães Rosa

e um vaga-lume
lanterneiro que riscou
um psiu de luz

Guimarães Rosa

Para onde nos atrai o azul?

Guimarães Rosa

o arrozal lindo
por cima do mundo
no miolo da luz

Guimarães Rosa

tênue tecido alaranjado
passando em fundo preto
da noite à luz

Guimarães Rosa

tatalou e caiu
com onda espiralada
fragor de entrudo

Guimarães Rosa

mar não tem desenho
o vento não deixa
o tamanho…

Guimarães Rosa

verdes vindo à face da luz
na beirada de cada folha
a queda de uma gota

Guimarães Rosa

o bambual se encantava
parecia alheio
uma pessoa

Guimarães Rosa

sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube

Guimarães Rosa

alvor
avançavam parados
dentro da luz

Guimarães Rosa

entre as folhas
de um livro-de-reza
um amor-perfeito cai

Guimarães Rosa

os aloendros
em fila
nos separavam do mundo

Guimarães Rosa

há qualquer coisa no ar
além dos aviões
da Panair…

Guimarães Rosa

na barra sul do horizonte
estacionavam cúmulus
esfiapando sorveret de coco

Guimarães Rosa

Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.

Guimarães Rosa

Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também – mas Diadorim é a minha neblina…

Guimarães Rosa

Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria…
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos…
Essa… a alegria que ele quer

Guimarães Rosa

O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem

Guimarães Rosa

Viver é etecetera.

Guimarães Rosa

Felicidade se acha é em horinhas de descuido

Guimarães Rosa

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.

Guimarães Rosa

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