Cabe ao cidadão não deixar de falar as coisas.
Até os maus livros são livros e portanto sagrados.
A arte é inflexível e a vida é cheia de compromissos.
Nenhuma ideia permanece pura. Mesmo o florescimento da arte não é puro. E o sol tem manchas. Todos os gênios menstruam. Na tristeza flutua o riso. No coração do rugido espreita o silêncio.
Se o trabalho e lazer estão prestes a ser subordinados a este princípio utópico – ocupação absoluta – então a utopia e melancolia irão coincidir: nascerá uma era sem conflito, perpetuamente ocupada – e sem consciência.
A arte é tão maravilhosamente irracional, exuberantemente sem sentido, mas ainda assim é necessária. Inútil, porém necessária, e isso é difícil para um puritano compreender.
Eu continuo inquieto e insatisfeito; o que eu amarro com a mão direita, desamarro com a mão esquerda, o que a mão esquerda cria, minha mão direita destrói.
Acreditar: significa acreditar nas suas próprias mentiras. E eu posso dizer que sou grato por ter aprendido essa lição muito cedo.
A melancolia deixou de ser um fenômeno individual, uma exceção. Tornou-se uma espécie de privilégio dos assalariados, um grande estado de espírito que encontra a sua causa onde quer que a vida for governada pela parcela da produção.
A memória gosta de brincar de esconde-esconde, de rastejar para longe. Ela tende a se prolongar, para se disfarçar, muitas vezes desnecessariamente. A memória se contradiz, e como ela é pedante, quer as coisas do seu jeito.
Eu sempre fico espantado por uma floresta. Ela me faz entender que a fantasia da natureza é muito maior do que a minha própria fantasia. Ainda tenho coisas para aprender.
Fiquei em silêncio. Porque tantos outros têm mantido silêncio, a tentação é grande… para transferir a responsabilidade em culpa coletiva, ou para falar sobre si mesmo apenas figurativamente na terceira pessoa: Ele foi, viu, fez, disse, ele ficou em silêncio…