AutorEça de Queirós

Eça de Queirós

Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações – mesmo as boas.

Eça de Queirós

O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência.

Eça de Queirós

Pensar e fumar são duas operações idênticas que consistem em atirar pequenas nuvens ao vento.

Eça de Queirós

Os sentimentos mais genuinamente humanos logo se desumanizam na cidade.

Eça de Queirós

Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.

Eça de Queirós

É o comer que faz a fome.

Eça de Queirós

O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

Eça de Queirós

A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação.

Eça de Queirós

Para aparecerem no jornal, há assassinos que assassinam.

Eça de Queirós

É o coração que faz o caráter.

Eça de Queirós

O coração é ordinariamente um termo de que nos servimos, por decência, para designar outro órgão.

Eça de Queirós

Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!

Eça de Queirós

O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.

Eça de Queirós

Que mérito há em amar os que nos amam?

Eça de Queirós

É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! Seria pois necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir?

Eça de Queirós

O Primo Basílio
… tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!
Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela… Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho.

Eça de Queirós

Quando não se tem aquilo que se gosta é necessário gostar-se daquilo que se tem.

Eça de Queirós

Nem a ciência, nem as artes, nem mesmo o dinheiro, nem o amor, poderiam ja dar um gosto interno e real as nossas almas saciadas. Todo o prazer que extraía de criar, estava esgotado. Só restava, agora, o divino prazer de destruir.

Eça de Queirós

… a única emoção, verdadeiramente fina, seria aniquilar a civilização.

Eça de Queirós

Os políticos e as fraldas devem ser mudadas pela mesma razão.

Eça de Queirós

Os políticos e a as fraldas são semelhantes, possuem o mesmo conteúdo.

Eça de Queirós

A curiosidade leva por um lado a escutar às portas e por outro a descobrir a América.

Eça de Queirós

A todo viver corresponde um sofrer.

Eça de Queirós

O maior espetáculo para o homem será sempre o próprio homem.

Eça de Queirós

Nos amores deste mundo, desde Eva, há sempre um que ama e outro que se deixa amar.

Eça de Queirós

Curiosidade: instinto que leva alguns a olhar pelo buraco da fechadura, e outros a descobrir a América.

Eça de Queirós

Era a primeira vez que se separava de Luísa; e perdia-se já em saudades daquela salinha, que ele mesmo ajudara a forrar de papel novo nas vésperas do seu casamento, e onde, depois das felicidades da noite, os seus almoços se prolongavam em tão suaves preguiças!

Eça de Queirós

Quem não conhece o poder da oração,
é porque não viveu as amarguras da vida!

Eça de Queirós

Chorai!, chorai! Enquanto a mim, a dor sufoca-me.

Eça de Queirós

Porque nos temperamentos sensíveis as alegrias do coração tendem a completar-se com as sensualidades do luxo: o primeiro erro que se instala numa alma até aí defendida, facilita logo aos outros entradas tortuosas – assim, um ladrão que se introduz numa casa vai abrindo sutilmente as portas à sua quadrilha esfomeada.

Eça de Queirós

Nunca desalojarei um espírito do conceito onde ele encontra segurança, disciplina e motivo de energia. (A cidade e as serras)

Eça de Queirós

O pessimismo é excelente para os inertes, porque lhes atenua o desgracioso delito da inércia.

Eça de Queirós

Não haveria o direito de vencer se não houvesse o direito de perdoar.

Eça de Queirós

Nunca houve numa vida única uma afeição única: e se nos parece que há casos em que houve é que essa vida não durou o bastante para que a desilusão e a mudança se produzisse, ou quando se produziu ficou orgulhosamente guardada no segredo do coração que a sentiu.

Eça de Queirós

Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.

Eça de Queirós

O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.

Eça de Queirós

A curiosidade, instinto de complexidade infinita, leva por um lado a escutar às portas e por outro a descobrir a América.

Eça de Queirós

A gente nunca sabe se o que lhe sucede é, em definitivo, bom ou mau.

Eça de Queirós

Não há nada novo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe mais se pena. E o justo como o perverso, nascidos do pó, em pó se tornam.

Eça de Queirós

O riso é a mais antiga e mais terrível forma de crítica.

Eça de Queirós

Nada há de mais ruidoso – e que mais vivamente se saracoteie com um brilho de lantejoulas – do que a política.

Eça de Queirós

A alma modela a face, como o sopro do antigo oleiro modelava o vaso fino.

Eça de Queirós

A mais pequenina dor que diante de nós se produz e diante de nós geme, põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus. Um homem caído a um poço na minha rua mais ansiadamente me sobressalta que cem mineiros sepultados numa mina da Sibéria.

Eça de Queirós

A História é uma velhota, que se repete sem cessar

Eça de Queirós

O Amor e uma cabana.
“Tudo que não seja viver escondido numa casinhola, pobre ou rica, com uma pessoa que se ame, e no adorável conforto espiritual que dê esse amor – me parece agora vão, fictício, inútil, oco e ligeiramente imbecil.”

Eça de Queirós

Ondas de Solidão
Se possuísse uma canoa e um papagaio, podia considerar-me realmente como um Robinson Crusoé, desamparado na sua ilha. Há, é verdade, em roda de mim uns quatro ou cinco milhões de seres humanos.
Mas, que é isso? As pessoas que nos não interessam e que se não interessam por nós, são apenas uma outra forma da paisagem, um mero arvoredo um pouco mais agitado.
São, verdadeiramente como as ondas do mar, que crescem e morrem, sem que se tornem diferenciáveis uma das outras, sem que nenhuma atraia mais particularmente a nossa simpatia enquanto rola, sem que nenhuma, ao desaparecer, nos deixe uma mais especial recordação.
Ora estas ondas, com o seu tumulto, não faltavam decerto em torno do rochedo de Robinson – e ele continua a ser, nos colégios e conventos, o modelo lamentável e clássico da solidão.

Eça de Queirós

Para quem vive exclusivamente entre o metal, no cuidado do metal, e que por isso se metalizou, a perda do metal é a única dor verdadeira.

Eça de Queirós

A curiosidade, instinto de complexidade infinita, leva por um lado a escutar às portas e por outro, a descobrir a América.

Eça de Queirós

Onde aparece o ouro, o terrível ouro, imediatamente os homens em redor se entreolham com rancor e levam as mãos às facas.

Eça de Queirós

O Brasil é Império, será República e depois será Império novamente.

Eça de Queirós

⁠O amor é essencialmente perecível, quando nasce começa a morrer.
(Primo Basilio)

Eça de Queirós

⁠O lucro é o deleite moral do trabalho

Eça de Queirós

⁠O amor espiritualiza o homem e materializa a mulher.

Eça de Queirós

⁠São graves, perante Deus e perante a sociedade, as responsabilidades dum chefe de família.

Eça de Queirós

Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações – mesmo as boas.

Eça de Queirós

O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência.

Eça de Queirós

Pensar e fumar são duas operações idênticas que consistem em atirar pequenas nuvens ao vento.

Eça de Queirós

Os sentimentos mais genuinamente humanos logo se desumanizam na cidade.

Eça de Queirós

Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.

Eça de Queirós

É o comer que faz a fome.

Eça de Queirós

O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

Eça de Queirós

A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação.

Eça de Queirós

Para aparecerem no jornal, há assassinos que assassinam.

Eça de Queirós

É o coração que faz o caráter.

Eça de Queirós

O coração é ordinariamente um termo de que nos servimos, por decência, para designar outro órgão.

Eça de Queirós

Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!

Eça de Queirós

O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.

Eça de Queirós

Que mérito há em amar os que nos amam?

Eça de Queirós

É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! Seria pois necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir?

Eça de Queirós

O Primo Basílio
… tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!
Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela… Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho.

Eça de Queirós

Quando não se tem aquilo que se gosta é necessário gostar-se daquilo que se tem.

Eça de Queirós

Nem a ciência, nem as artes, nem mesmo o dinheiro, nem o amor, poderiam ja dar um gosto interno e real as nossas almas saciadas. Todo o prazer que extraía de criar, estava esgotado. Só restava, agora, o divino prazer de destruir.

Eça de Queirós

… a única emoção, verdadeiramente fina, seria aniquilar a civilização.

Eça de Queirós

Os políticos e as fraldas devem ser mudadas pela mesma razão.

Eça de Queirós

Os políticos e a as fraldas são semelhantes, possuem o mesmo conteúdo.

Eça de Queirós

A curiosidade leva por um lado a escutar às portas e por outro a descobrir a América.

Eça de Queirós

A todo viver corresponde um sofrer.

Eça de Queirós

O maior espetáculo para o homem será sempre o próprio homem.

Eça de Queirós

Nos amores deste mundo, desde Eva, há sempre um que ama e outro que se deixa amar.

Eça de Queirós

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