Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.
Temer o amor é temer a vida, e os que temem a vida já estão meio mortos.
Uma vida feliz deve ser em grande parte uma vida tranquila, pois só numa atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer.
Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.
O truque da filosofia é começar por algo tão simples que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo que ninguém entenda.
Quando se diz às pessoas que a felicidade é uma questão simples, querem-nos sempre mal.
Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro. Há bastante por onde escolher.
Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.
Nada se pode criar num lado senão à custa da dissolução no outro.
O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata.
Se a todos fosse dado o poder mágico de ler nos pensamentos dos outros, suponho que o primeiro resultado seria o desaparecimento de toda a amizade.
Poucas pessoas conseguem ser felizes, a menos que odeiem alguém.
O homem hoje, para ser salvo, só tem necessidade de uma coisa: abrir o coração à alegria.
A vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por todas as coisas, mas é bom que nos interessemos por tantas quantas forem necessárias para preencher os nossos dias.
As equações não explodem.
Todas as ciências exactas são dominadas pela ideia da aproximação.
O homem não é um animal solitário, e enquanto perdura a vida em sociedade, a realização de si mesmo não pode ser o supremo princípio ético.
É a ambição de possuir, mais do que qualquer outra coisa, que impede os homens de viverem de uma maneira livre e nobre.
Quanto mais o homem procura apenas que o admirem, mais longe está de conseguir o seu objetivo.
Temer o amor é temer a vida, e quem teme a vida já está três quartos morto.
A experiência não permite nunca atingir a certeza absoluta. Não devemos procurar obter mais que uma probabilidade.
Pedir demasiado é a maneira mais segura de receber ainda menos do que é possível.
A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.
O amor é uma experiência pela qual todo o nosso ser é renovado e refrescado como o são as plantas pela chuva após a seca.
A matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade, mas também suprema beleza – uma beleza fria e austera, como a da escultura.
A matemática é a única ciência exata em que nunca se sabe do que se está a falar nem se aquilo que se diz é verdadeiro.
Quantos mais motivos de interesse um homem tem, mais ocasiões tem também de ser feliz e menos está à mercê do destino, pois se perder um pode recorrer logo a outro.
A raiz do mal reside no fato de se insistir demasiadamente que no êxito da competição está a principal fonte de felicidade.
O coração humano, tal como a civilização moderna o modelou, está mais inclinado para o ódio do que para a fraternidade.
Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil.
O amor sob a sua forma mais elevada revela valores que sem ele ficariam ignorados.
Os nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um fato inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar.
Mesmo quando todos os especialistas estão de acordo podem muito bem estar enganados.
Se a raça humana sobreviveu, foi graças à ineficiência.
O homem moderno não combate as calamidades com a humildade; descobriu que elas devem ser combatidas com os conhecimentos científicos.
Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade.
O segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reações em relação às coisas e às pessoas sejam tão amistosas quanto possam ser.
O trabalho é desejável, primeiro e antes de tudo como um preventivo contra o aborrecimento, pois o aborrecimento que um homem sente ao executar um trabalho necessário embora monótono, não se compara ao que sente quando nada tem que fazer.
O problema com o mundo é que os estúpidos são excessivamente confiantes, e os inteligentes são cheios de dúvidas.
Com um pouco de agilidade mental e algumas leituras em segunda mão, qualquer homem encontra as provas daquilo em que deseja acreditar…
Muitos homens cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que eles desejam.
Se houvesse no mundo um grupo grande de pessoas que desejasse mais a sua própria felicidade do que a infelicidade dos outros, em breve teríamos o paraíso.
O que os homens realmente querem não são conhecimentos, mas certezas.
Muitos ortodoxos falam como se fosse obrigação dos céticos contraprovar dogmas consagrados, e não dos dogmáticos comprová-los. Isso é, claro, um equívoco. Se eu sugerisse que entre a Terra e Marte há um bule de chá chinês rodando em torno do Sol numa órbita elíptica, ninguém seria capaz de contraprovar minha afirmação, desde que eu tenha tido o cuidado de acrescentar que o bule é pequeno demais para ser revelado até pelos nossos telescópios mais potentes. Mas, se eu prosseguisse dizendo que, como minha afirmação não pode ser contraprovada, é uma presunção intolerável por parte da razão humana duvidar dela, imediatamente achariam que eu estava falando maluquices. Se, porém, a existência do bule tivesse sido declarada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todos os domingos e instilada na cabeça das crianças na escola, a hesitação em acreditar em sua existência se tornaria um traço de excentricidade e garantiria ao questionador o atendimento por psiquiatras numa era esclarecida ou por um inquisidor em eras anteriores.
Eu acredito que quando morrer, irei apodrecer e nada do meu ego sobreviverá. Mas me recuso a tremer de terror diante da minha aniquilação. A felicidade não é menos felicidade porque deve chegar a um fim, nem o pensamento e o amor perdem seu valor porque não são eternos.
A menos que se admita a existência de Deus a questão que se refere ao propósito de Deus para a vida não tem sentido.
Moralistas são pessoas que renunciam às alegrias corriqueiras para poder, sem culpa e recriminação, estragar a alegria dos outros.
A causa fundamental dos problemas no mundo de hoje é que os estúpidos são convencidos enquanto os inteligentes são cheios de dúvidas.
O mal dos tempos de hoje é que os estúpidos vivem cheios de si e os inteligentes cheios de dúvidas.
Por que cometer erros antigos se há tantos erros novos a escolher?
De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada;o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunimente,como também se torna infeliz por causa da sua inveja
O pensamento é grande livre e rápido: é a luz do mundo e a glória mais alta do ser humano.
Grande parte dos maiores males que o homem tem infligido sobre o homem surgiu de pessoas que se sentiam absolutamente certas sobre algo que, na realidade, era falso.
A intuição, não testada e não comprovada, é uma garantia insuficiente da verdade.
Inestimável é o valor do sentimento que faz um homem e uma mulher se amarem com paixão, imaginação e ternura; desconhecê-lo é uma grande desventura.
O mundo tem gente demais,
Acreditando em coisas demais,
Se houvesse menos gente acreditando em menos coisas,
Talvez tudo fosse melhor!
O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas…
Uma vida boa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento.
O Universo pode ter um objetivo, mas nada que nós sabemos sugere que, se for assim, esse objetivo tenha qualquer semelhança com o nosso.
O defeito fundamental dos pais é desejarem que os filhos sejam motivo de glória para eles.
Se a paz não puder ser mantida com honra deixa de ser paz.
Continuamos a desperdiçar tanto tempo e energia como os que eram necessários antes da invenção das máquinas; nisto fomos idiotas, mas não há motivo para que continuemos a ser.
Se Deus conhecia de antemão os pecados de que a humanidade seria culpada, Ele foi então claramente responsável por todas as consequências desses pecados quando decidiu criar o homem.
Existe um artista aprisionado em cada um de nós. Deixe-o solto para espalhar alegria por toda parte.
Os homens nascem ignorantes, não estúpidos. Eles se tornam estúpidos pela educação.
A humanidade tem dupla moral: uma que prega mas não pratica, outra que pratica mas não prega.
Precisamos mais de sentimentos afirmativos do que de negativos. Se os afirmativos tomarem toda a amplitude que justifique um exame estritamente objectivo da nossa situação, os negativos desagregar-se-ão, perdendo a sua razão de ser. Mas se insistirmos em demasia nos negativos, nunca sairemos do desespero.
O aborrecimento que um homem sente ao executar um trabalho necessário embora monótono, não se compara ao que sente quando nada tem que fazer.
As ciências se desenvolveram na ordem inversa ao esperado: o que estava mais longe foi trazido primeiro para o domínio da lei e, depois, o que estava mais perto. Primeiro foi o céu, depois a terra. Em seguida, a vida animal e vegetal. Finalmente, foi a vez do corpo humano e, por último, da mente humana – até agora, muito imperfeitamente.
Todo conhecimento torna-se, devido à necessária vinculação do meio ao indivíduo que pertence ao próprio meio, um autoconhecimento. Essa interação faz-se cogente pela gênese unívoca entre os muitos integrantes do mundo da vida, sem olvidar que o homem é um desses integrantes […] Ocorre, deste modo, um acoplamento estrutural entre o sistema nervoso do observador e o meio, proporcionando, assim, uma mútua transformação/adaptação. O ser é modificado pelo meio ao qual o próprio ser pertence e modifica.
Assim, chegamos à conclusão de que a opinião se forma do mundo apresentado pelos sentidos, enquanto o conhecimento é de um mundo eterno; a opinião, por exemplo, trata de coisas belas determinadas; o conhecimento ocupa-se da beleza em si.
Opiniões defendidas apaixonadamente são aquelas para as quais não há boas justificativas.
SEM ESFORÇO NÃO SE TEM FELICIDADE…
O animal humano, como os outros animais, está adaptado para uma certa luta pela vida e quando, graças à sua riqueza, o homo sapiens pode satisfazer todos os desejos sem esforço, a simples ausência do esforço na sua vida afasta dele um elemento essencial de felicidade. O homem que adquire facilmente as coisas pelas quais sente apenas um desejo moderado, conclui que a realização do desejo não dá felicidade. Se tem disposição para a filosofia, conclui que a vida humana é essencialmente desprezível, pois o homem que tem tudo o que precisa ainda assim é infeliz. Esquece-se de que privar-se de algumas coisas que precisa é parte indispensável da felicidade.
As pessoas dirão que, sem os consolos da religião, elas seriam intoleravelmente infelizes. Tanto quanto este argumento é verdadeiro, também é covarde. Ninguém senão um covarde escolheria conscientemente viver no paraíso dos tolos. Quando um homem suspeita da infidelidade de sua esposa, não lhe dizem que é melhor fechar os olhos à evidência. Não consigo ver a razão pela qual ignorar as evidências deveria ser desprezível em um caso e admirável no outro.
Sem o seu abraço que conforta, sem os seus beijos que me enchem de alegria e amor, sem a sua companhia. Não consigo mais imaginar um futuro em que você não esteja, porque você sempre está lá!
De todas as formas de cautela, a cautela no amor é talvez a mais fatal para a felicidade.
O amor é sábio, o ódio é tolo.
É importante aprender a não se aborrecer com opiniões diferentes das suas, mas dispor-se a trabalhar para entender como elas surgiram. Se depois de entendê-las ainda lhe parecerem falsas, então poderá combate-las com mais eficiência do que se você tivesse se mantido simplesmente chocado.
Uma das causas da infelicidade, da fadiga e da tensão nervosa é a incapacidade para tomar interesse por tudo o que não tenha uma importância prática na vida. Daí resulta que o consciente está sempre ocupado com um número restrito de problemas, cada um dos quais comporta certamente algumas inquietações e cuidados.
O invejoso, em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm.
Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
O medo é a principal fonte de superstição e uma das principais fontes de crueldade. Saber vencer o medo é o princípio da sabedoria.
Ninguém fofoca sobre as virtudes secretas das outras pessoas.
O segredo da felicidade é encarar o fato de que o mundo é horrível, horrível, horrível.
O processo que levou uma célula a se transformar no homem é considerado um progresso pelos cientistas – se a célula concordaria com essa opinião, não se sabe!
Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.
Uma vida feliz deve ser em grande parte uma vida tranquila, pois só numa atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer.
Veja as coisas como elas realmente são.
Há muitas espécies de liberdade. Umas tem o mundo de menos, outras tem o mundo de mais. Mas ao dizer que pode haver mais de uma certa espécie de liberdade, devo apressar-me a acrescentar que a única espécie de liberdade que considero indesejável é aquela que permite diminuir a liberdade de outrem, por exemplo, a liberdade de fazer escravos.
(Realidade e Ficção)
No seu sentido mais elementar, liberdade significa a ausência de controles externos sobre os atos de indivíduos ou grupos. Trata-se, portanto, de um conceito negativo, e a liberdade, por si só, não confere a uma comunidade qualquer alta valia.
(Realidade e Ficção)
Os Esquimós podem dispensar o Governo, a educação obrigatória, o código das estradas, e até as complicações incríveis do código comercial. A sua vida, portanto, goza de um alto grau de liberdade; contudo, poucos homens civilizados prefeririam viver assim a viver no seio de uma comunidade mais organizada.
(Realidade e Ficção)
A liberdade é um requisito indispensável para a obtenção de muitas coisas valiosas; mas essas coisas valiosas têm de partir dos impulsos, desejos e crenças daqueles que desfrutam dessa liberdade. A existência de grandes poetas confere um certo brilho a uma comunidade, mas não se pode ter a certeza de que a comunidade produzirá grande poesia só pelo fato de não existir uma lei que a proíba. De uma maneira geral, consideramos justo que se obrigue a juventude a ler e a escrever, ainda que a maioria dos jovens preferisse o contrário; fazemos isso porque acreditamos em bens positivos que só um alto grau de alfabetização torna possível. Mas, ainda que a liberdade não constitua o total das coisas socialmente desejáveis, é tão necessária para a obtenção da maioria delas, e corre tanto o risco de ser insensatamente limitada, que mal será possível exagerar a sua importância.
“Jamais morreria pelas minhas crenças, porque elas podem estar erradas”.
DA INVEJA
De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio. Se uma tal paixão toma proporções desmedidas, torna-se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excepcional.
Por que é que o médico deve ir ver os seus doentes de automóvel quando o operário vai para o seu trabalho a pé? Por que é que o investigador científico pode passar os dias num quarto aquecido, quando os outros têm de expor-se à inclemência dos elementos? Por que é que um homem que possui algum talento raro de grande importância para o mundo deve ser dispensado do penoso trabalho doméstico? Para tais perguntas a inveja não encontra resposta. Afortunadamente, porém, há na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração. Todos os que desejam aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.
(A Conquista da Felicidade)
Por que o médico deve ir ver os seus doentes de automóvel quando o operário vai para o seu trabalho a pé? Por que o investigador científico pode passar os dias num quarto aquecido, quando os outros têm de expor-se à inclemência dos elementos? Por que um homem que possui algum talento raro de grande importância para o mundo deve ser dispensado do penoso trabalho doméstico? Para tais perguntas a inveja não encontra resposta. Afortunadamente, porém, há na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração. Todos os que desejam aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.
Admiração x Inveja
Afortunadamente, porém, há na natureza humana um sentimento compensador pelo sentimento da inveja, chama-se admiração. Todos os que desejam aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.
De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada. O invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio. Se uma tal paixão toma proporções desmedidas, torna-se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excepcional.
Se uma opinião contrária à sua própria faz você sentir raiva, isso é um sinal de que você está subconscientemente ciente de não ter nenhuma boa razão para pensar como pensa. Se alguém afirma que dois e dois são cinco, ou que a Islândia está na linha do equador, você sente pena ao invés de raiva. As controvérsias mais selvagens são aquelas onde nenhum dos dois lados possuem boas evidências. A perseguição é usada na teologia, não em aritmética, porque na aritmética há conhecimento, mas na teologia existe apenas opinião. Assim, sempre que você se ver ficando com raiva devido a uma diferença de opinião, esteja alerta; provavelmente você vai descobrir, em exame, que a sua crença está indo além do que a evidência garante.
A questão da verdade de uma religião é uma coisa, mas a questão de sua utilidade é outra, diferente. Estou tão firmemente persuadido de que as religiões são nocivas, como o estou de que são falsas.
[in: Porque não sou cristão]
Gostaria de ver um mundo em que a educação tivesse por objetivo antes a liberdade mental do que o encarceramento do espírito dos jovens numa rígida armadura de dogmas, que tem em vista protegê-los, através da vida, contra os dardos das provas imparciais. O mundo precisa de corações e de cérebros francos,
e não é mediante sistemas rígidos, quer sejam velhos ou novos, que isso pode ser conseguido.
[Bertrand Russell in: Porque não sou cristão – Prefácio]
O amor é sábio, o ódio é tolo. Nesse mundo que está cada vez mais interconectado, nós temos que aprender a tolerar uns aos outros, nós temos que aprender aceitar o fato de que algumas pessoas dizem coisas que não gostamos. Nós precisamos aprender a bondade da caridade e da tolêrancia. Que é absolutamente vital para a continuação da vida humana neste planeta.
Nenhuma opinião deveria ser defendida com fervor. Ninguém mantém fervorosamente que 7 X 8= 56, pois se pode mostrar que esse é o caso. O fervor apenas se faz necessário quando se trata de sustentar uma opinião que é duvidosa ou demonstravelmente falsa.
O universo é o que é, não o que eu escolher o que ele deve ser. Se é indiferente aos desejos humanos, como parece ser; se a vida humana é um episódio passageiro, quase imperceptível na imensidão de processos cósmicos; Se não há um propósito sobre-humano, e nenhuma esperança de salvação final, é melhor saber e reconhecer essa verdade do que se esforçar, na fútil auto-afirmação, em ordenar o universo a ser o que achamos confortável.
Se um homem pretende beber e ao mesmo tempo estar apto para o trabalho no dia seguinte. Julgamo-lo imoral se ele adota o rumo que lhe proporciona a menor satisfação do seu desejo (…) está claro que o código moral de qualquer comunidade não é definitivo nem auto-suficiente, mas deve ser examinado com vistas a descobrir-se se é tal qual o que a sabedoria e a benevolência teriam decretado. Nem sempre os códigos morais foram impecáveis (…) as normas morais não deveriam ser tais que tornassem impossível a felicidade instintiva.
Se eu sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá chinês girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada.
“…quando se vence ao medo começa a sabedoria.”
O que faz um livre pensador não são suas crenças, mas a maneira pela qual ele as mantém.
A felicidade não deixa de ser verdadeira porque deve necessariamente chegar a um fim; tampouco o pensamento e o amor perdem seu valor por não serem eternos
Não sou jovem e amo a vida, mas desdenharia estremecer de pavor diante o pensamento da aniquilação.
A filosofia nada mais é que a ciência dos resíduos.
Quando um homem age de maneiras que nos incomodam, desejamos considerá-lo mau. Nós nos refutamos a encarar o fato de que seu comportamento irritante é o resultado de causas antecedentes que, se você as seguir por tempo suficiente, o levará além do momento de seu nascimento e, portanto, a eventos pelos quais ele não pode ser responsabilizado por qualquer estiramento da imaginação. Quando um automóvel não liga, não atribuímos seu comportamento irritante ao pecado. Nós não dizemos, você é um carro perverso, e você não pode ter mais gasolina até que você vá.
Existe a sabedoria, ou aquilo que nos parece tal não passa do último refinamento da loucura?
Dos primórdios da civilização até quase os dias de hoje – e ainda hoje na China e no Japão – os pais têm sacrificado a felicidade de seus filhos no casamento ao decidir com quem se casarão, escolhendo quase sempre a noiva ou noivo mais rico disponível. No mundo ocidental (exceto em parte na França) as crianças libertaram-se dessa escravidão pela rebelião, mas os instintos dos pais não mudaram. Nem a felicidade nem a virtude, mas o sucesso material é o desejo de um pai médio para seus filhos. Ele quer que seja de tamanha relevância que ele possa se vangloriar dele para seus amigos, e esse desejo domina em grande parte seus esforços para educá-los.
O governo pode facilmente existir sem leis, mas as leis não podem existir sem governo.
Historicamente, a existência de Jesus é duvidosa, se ele realmente existiu, não sabemos quase nada sobre ele. Portanto, não me preocupo com o aspecto histórico.
”Devido à identificação da religião com a virtude, juntamente com o facto de a maioria dos homens religiosos não serem os mais inteligentes, uma educação religiosa encoraja os estúpidos a resistir à autoridade dos mais cultos, como aconteceu, por exemplo, quando o ensino da doutrina na evolução foi declarado ilegal. Até onde me lembro, não há em todos os evangelhos uma única palavra em louvor da inteligência; e, a este respeito, os ministros da religião seguem a autoridade evangélica muito mais rigorosamente que em muitos outros aspectos.”
– Bertrand Russell: Educação e Sociedade (Lisboa: Livros Horizonte, 1982), pp. 68-77.
A obviedade é sempre inimiga da exatidão.
O medo coletivo estimula o instinto de rebanho e tende a gerar agressividade contra aqueles que não são considerados membros do rebanho.
A matemática é um estudo que, quando partimos de suas partes mais conhecidas, pode ser continuado em uma de duas direções opostas. A direção mais conhecida é construtiva, rumo a uma complexidade gradualmente crescente: de números inteiros para frações, números reais, números complexos; de adição e multiplicação para diferenciação e integração, e adiante, para a matemática superior. A outra direção, menos conhecida, procede, por análise, rumo à abstração e à simplicidade lógica cada vez maiores; em vez de perguntar o que pode ser definido e deduzido do que é inicialmente suposto, perguntamos que ideias e princípios mais gerais podem ser encontrados em termos dos quais o que foi nosso ponto de partida pode ser definido ou deduzido. É o fato de seguir essa direção oposta que caracteriza a filosofia matemática em contraposição à matemática comum.
Muito do que se passa como o idealismo é ódio disfarçado ou amor disfarçado de poder.
Eu tendo a me considerar um agnóstico; mas, para todos os propósitos práticos, sou um ateísta. Eu não vejo a existência do Deus cristão como sendo nem um pouco mais provável que a existência dos Deuses do Olimpo ou de Valhalla. Ilustrando de outra forma: ninguém pode provar que não existe, entre a Terra e Marte, um bule de porcelana girando em uma órbita elíptica, e no entanto ninguém vê este fato como provável o suficiente para ser levado em conta na prática. Eu vejo o Deus Cristão como igualmente improvável.
O problema do mundo é que tolos e fanáticos estão sempre cheios de convicção, enquanto os sábios estão sempre cheios de dúvidas.
O que o mundo precisa não é de dogma, mas de uma atitude de investigação científica, combinada à crença de que a tortura de milhões de pessoas não é desejável, seja ela infligida por Stalin ou por uma divindade imaginária à semelhança dos que acreditam.
Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.
Temer o amor é temer a vida, e os que temem a vida já estão meio mortos.
Uma vida feliz deve ser em grande parte uma vida tranquila, pois só numa atmosfera calma pode existir o verdadeiro prazer.
Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.
O truque da filosofia é começar por algo tão simples que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo que ninguém entenda.
Quando se diz às pessoas que a felicidade é uma questão simples, querem-nos sempre mal.
Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro. Há bastante por onde escolher.
Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.
Nada se pode criar num lado senão à custa da dissolução no outro.
O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata.
Se a todos fosse dado o poder mágico de ler nos pensamentos dos outros, suponho que o primeiro resultado seria o desaparecimento de toda a amizade.
Poucas pessoas conseguem ser felizes, a menos que odeiem alguém.
O homem hoje, para ser salvo, só tem necessidade de uma coisa: abrir o coração à alegria.
A vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por todas as coisas, mas é bom que nos interessemos por tantas quantas forem necessárias para preencher os nossos dias.
As equações não explodem.
Todas as ciências exactas são dominadas pela ideia da aproximação.
O homem não é um animal solitário, e enquanto perdura a vida em sociedade, a realização de si mesmo não pode ser o supremo princípio ético.
É a ambição de possuir, mais do que qualquer outra coisa, que impede os homens de viverem de uma maneira livre e nobre.
Quanto mais o homem procura apenas que o admirem, mais longe está de conseguir o seu objetivo.
Temer o amor é temer a vida, e quem teme a vida já está três quartos morto.
A experiência não permite nunca atingir a certeza absoluta. Não devemos procurar obter mais que uma probabilidade.
Pedir demasiado é a maneira mais segura de receber ainda menos do que é possível.
A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.
O amor é uma experiência pela qual todo o nosso ser é renovado e refrescado como o são as plantas pela chuva após a seca.
A matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade, mas também suprema beleza – uma beleza fria e austera, como a da escultura.