Enlouquecer é como voltar de viagem e encontrar a casa vazia, a despensa revirada e as camas desfeitas, porém, jamais saber quem dormiu na sua cama, quem comeu sua comida.
A literatura não é um concurso de popularidade, é uma caminhada ao redor de um enorme buraco que traga tudo, e que tragará a mim também, cedo ou tarde.
Eu não conheço a loucura sequer de longe, mas desde criança sempre tive a suspeita de que havia algo fundamentalmente torcido, algo muito extraordinário logo abaixo da pele das coisas.
Nunca entendemos o mundo. Só entendemos as histórias que contamos sobre a realidade.
[A literatura] nos permite ser adeptos do mistério em um mundo obcecado em revelar tudo.
Não podemos viver em um mundo desprovido de enigmas. Não há um ser humano mais pobre do que aquele que sabe tudo. A escuridão também ilumina. Se só tivéssemos a luz, viveríamos completamente cegos.
Se você gosta de escrever, tudo o que o mundo exterior pode oferecer – aplausos, dinheiro, prêmios –, é indiferente. Nada disso te faz escrever melhor. E é só isso o que importa.
As pessoas estão absolutamente algemadas pelo que pensam sobre o mundo, sobre si próprias e sobre os outros. Não entendem que seriam mais livres se fechassem a boca, os ouvidos e olhos e se concentrassem na experiência. O que você pensa é a capa menos importante da sua mente. O que você vive é o que importa.
A literatura não só nos dá acesso especial à verdade, mas tem sua própria verdade, uma que opera sob uma lógica distorcida e sinuosa.
A ficção é uma das maneiras pelas quais o ser humano dá sentido ao mundo. É uma camada, um bálsamo que espalhamos sobre as coisas, sobre cada uma das coisas, para lhes dar forma humana.