AutorAnna Apolinário

Anna Apolinário

Mimetismo
Transmuto-me
sereia, onírica
deitando em tuas águas
meu corpo, meu verso
ígneos

Anna Apolinário

Imolação
Dentro dos poemas
os espelhos rosnam
cães açulados
o sangue cintila na jugular
Sou devorada pelas imagens

Anna Apolinário

Teus vocábulos são lobos vociferando nos vãos de minha vigília.
Negros chacais riscando sílabas em minha cintura.
Percorrendo a cordilheira encarnada de meus cabelos.
O terraço afogueado de meu ventre.

Anna Apolinário

Intermitências
O que em ti há de mar
sereno, brando
em mim, centelha
não pede,
vocifera

Anna Apolinário

Lince
amor sulcado de cólera
energia escura das pedras
anjo e víscera
avança, destroça
a língua aguça
o corpo epilético
da selva
caninos celebram
áurea miséria da carne
buquê de carcaças

Anna Apolinário

eis o início de um grande amor:
carniça

Anna Apolinário

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